Tragicômico

Os que estão se posicionando contra a reforma do estatuto atual agem de forma, no mínimo, retrógrada e nós do Casaca! estamos muito à vontade a respeito disso, pois fomos a favor dela desde o princípio deste mandato quando ela se reuniu pela primeira vez, como já éramos antes e fomos a favor de todas as alterações estatutárias feitas em Conselho Deliberativo nessa gestão.

Os críticos de outros grupos, seis, sete, nove, mandaram emendas das mais variadas (10 anos para alguém presidir o clube, 3 anos para votar, fechando mais ainda o quadro eleitoral), achando que numa lógica de reforma o grande obstáculo seria a aprovação de eleições diretas.

A lição dada a esses seis, sete, nove grupos, que levam, juntos, ao Conselho Deliberativo dezenas de votos, foi dada pelo todo do próprio Conselho Deliberativo, o qual aprovou por unanimidade as eleições diretas, mas, claro, sabendo que tal mudança deveria acolher medidas preventivas em defesa do Vasco, como, por exemplo, fazer com que candidatos à direção do clube tenham, ao menos um mandato de Conselho Deliberativo para poderem vir a geri-lo e isso valendo não para agora, mas sim apenas em 2023.

Houve uma reunião no Conselho Deliberativo há cerca de um mês, com vários grupos falando que eram favoráveis a 80% do estatuto ou mais, todos favoráveis à reforma como um todo, com alguns ajustes a serem feitos apenas.

Diferentemente da maioria, o Casaca! fez uma reunião aberta anterior, da qual participaram pessoas do grupo e fora do grupo para tecerem e ouvirem de nós as críticas inerentes ao que não estava de acordo com o sentido popular do Vasco, entre outros aspectos.

Fomos, por princípio, contrários à extinção do sócio geral, ao prazo de três anos para dar direito a voto (o que fecha aos poucos o quadro social) e entendemos como uma possibilidade de flexibilização do tempo para elegível, que passou, no último texto, oito para sete anos.

Também nos preocupamos com a facilitação para a migração de sócio geral para proprietário ser aplicada na prática, fomos contra medidas que poriam o sócio à mercê da administração, podendo serem eles eventualmente punidos por “atentar contra a boa imagem do clube”, tal era a subjetividade disso. Isso, também, foi retirado do texto final.

Surgiu emenda de última hora, de um desses seis, sete, nove, dezoito grupos dizendo que os sócios não poderiam ser punidos por atitudes racistas fora do clube!!! Até isso. E estamos falando de Vasco!

Claro que essa emenda deve ter vindo sem que as pessoas tivessem dimensão do que estavam propondo emendar, mas é uma forma de se perceber a falta de cuidado, de medição das consequências.

Também entendemos que a atitude tomada pelos seis, sete, nove grupos é de total desrespeito ao trabalho de quase uma dezena de homens, de várias correntes políticas no clube, que se esmeraram em fazer com que a reforma saísse e contemplasse tudo que fosse possível, com discussões sobre o tema e inúmeras reuniões.

Não abrimos mão de todas as responsabilidades cabidas aos gestores, bem como dos itens relativos à aprovação das contas, a fim de que isso não proporcione segunda época a quem preside, como aconteceu nos tempos do MUV, quando se buscava politicamente a aprovação das contas, não se conseguia e aí elas eram reformadas (para inglês ver).

Tivemos como resultado disso uma declaração de um dos vice-presidentes do clube à época dizendo que o Vasco devia 250 milhões de reais em janeiro de 2012, quando se viu no ano seguinte que o valor era mais que o dobro e em 2014 chegou a quase o triplo daquele numerário supostamente real dito anos antes.

Mas isso não foi discurso para a internet, ou conversa fiada não posta em prática. Nós registramos nossas discordâncias em ata com emendas no próprio dia marcado para a votação. Todas elas tinham, como tem, o condão de não elitizar o clube.

Contra o fim da categoria sócio geral – que naquele plenário já foi posto no ano passado por gente da situação (deve ser parte de um desses seis, sete, nove dezoito grupos que são contra a reforma do estatuto) como o antigo sócio torcedor dos anos 70, o que é um absurdo, pois uma coisa nada tem a ver com a outra e o sócio geral no Vasco existe desde 1900 – buscamos uma medida conciliatória caso houvesse seu encerramento.

Nossa proposta, então, foi a de que se reduzisse a um salário mínimo o teto para cobrança da joia de sócio proprietário, o que inibiria a diminuição do quadro social do clube e, pelo contrário, fomentaria um título, transmissível a terceiros, inter vivos ou causa mortis, por um valor, de fato, popular, visto que o título de sócio proprietário é um bem e a condição de sócio geral um direito. Ninguém transmite sua condição de sócio geral para outrem.

Da mesma forma, brigamos para a manutenção do período atual de carência para voto, primeiro entendendo que o direito em relação a 2020 não poderia ser modificado de jeito algum e segundo considerando que o prazo para que o associado tenha direito a voto como está no atual estatuto é suficiente, mas, mais uma vez buscamos uma forma de acordar um período maior de carência, desde que no decorrer do segundo ano de gestão, o que pode ser, evidentemente, debatido e resolvido ainda em plenário. Maio, junho, por exemplo, ou até um pouco antes, mas do segundo ano de gestão.

O grupo Sempre Vasco apresentou na última reunião da comissão de reforma do estatuto sobre o tema, irredutibilidade, no que diz respeito ao prazo, considerando o atual como correto. Temos a mesma opinião, mas se esse prazo aumentar dois, três meses, algo assim, é uma catástrofe? Claro que não.

Buscamos e permaneceremos nessa busca, para que o clube cumpra seu atual estatuto e que os sócios gerais que somaram mais de três meses de atraso possam pagar seu débito, conforme prevê o estatuto atual no artigo 42, de forma clara e concisa. Tentamos e continuaremos tentando isso através de uma disposição transitória em plenário.

Por sinal, sobre essa situação, tivemos dezenas de pessoas dois tais 6, 8, 9 grupos, concordando com a gestão em não permitir que pessoas pertencentes a essa modalidade de sócio paguem o seu débito e sejam reincorporadas ao clube.

Esses mesmos grupos que abrem a boca em defesa do sócio geral, contrariam seu discurso pelo voto proferido contra os próprios, mesmo sabedores, e isso foi elucidado em reunião do Conselho Deliberativo, o que está previsto no artigo 42 do estatuto hoje em vigor.

À época o sócio geral era algo menor para os tais 6, 8, 9 grupos (pelo menos na prática do voto), tinham, para gente desses grupos, que ser até considerados eliminados (o que o estatuto proíbe) pela inadimplência superior a três meses (três meses contados pela administração em 71 dias até, conforme conviesse a quem está lá).

E a cara de pau do dia é uma suposta preocupação dos conselheiros dos 6, 8, 9 grupos com o Sócio Geral? O mesmo que diminuíram em falas e discursos, inclusive contrariando o estatuto do Vasco? Pera lá.

Há, também, interesse do atual presidente do clube que esse estatuto não saia e os motivos devem ser perguntados a ele próprio. A justificativa oficial é a de que não é o momento. E a real? Deve ser porque também está preocupado com os sócios gerais.

Uma outra questão que vimos levantada nos discursos de alguns dos 6, 8, 9 grupos políticos do Vasco é a de que haja urna eletrônica para o associado de fora do Rio poder votar.

Em primeiro lugar haver votação dos associados de fora do Rio não presencial é, também, pleito nosso e há formas de se fazer isso sem urna eletrônica. Tem de se discutir o modus operandi disso para que seja acertado o meio pelo qual isso se torne algo prático.

Um pleito do grupo Sempre Vasco foi levantado na última reunião de reforma do estatuto, sobre a remuneração dos dirigentes. Não é novidade alguma. Foi apresentado isso pelo Casaca! lá no início da discussão pela reforma do estatuto.

E sabem por que o Casaca! pode apresentar isso? Porque o Casaca! esteve três anos junto à direção do Vasco e seus membros não ganharam um centavo nela. Trabalhamos de GRAÇA, pura e simplesmente.

Entendendo ser isso passível de remodelação foi posta a emenda e publicado isso no próprio Casaca!, mas não foi proposto numa gestão em que éramos situação e sim o contrário, ou seja, para benefício até mesmo de quem atualmente gere o clube.

Finalmente sobre o Conselho de Beneméritos. É nítido que se pretende acabar com tal conselho no clube.

O motivo de haver Conselho de Beneméritos no Vasco é exatamente para trazer equilíbrio ao Conselho Deliberativo.

Pouco importa se alguém acha A desequilibrado, B atabalhoado, C causador de tumultos, D bom ou ruim.

O fato é que como não há comprometimento com busca por cadeiras a cada eleição entre essas pessoas, elas podem tomar as medidas que acharem adequadas por livre e espontânea vontade, sabedores todos que mesmo numa eleição indireta esse poder não teria condição alguma de sozinho virar o resultado de um pleito, tanto é que o corpo se viu em janeiro de 2018 obrigado a votar entre dois candidatos da chapa vencedora, quando nenhum deles era de preferência da grande maioria.

A eleição direta, portanto, só é questão se não há anteparos para evitar qualquer um de querer gerir o clube sem jamais ter participado de qualquer poder dele (nem mesmo como conselheiro).

A tentativa, portanto, de acabar com o Conselho de Beneméritos, no caso fazendo com que ele vá diminuindo até não poder mais influenciar nas votações de Conselho Deliberativo, traria como resultado apenas e tão somente a que a situação mantivesse uma proporção de 4/5 com número superior a 150 pessoas e, com isso, usasse a máquina para passar por cima de tudo, aprovasse tudo que quisesse, gerisse como quisesse e fizesse do Vasco o que bem lhe conviesse. Porque a prática seria essa.

Até mesmo uma questão levantada com relação a um poder demasiado do presidente do Conselho Deliberativo, também foi excluída do texto final, embora tal retirada, em nossa opinião, possa fazer com que 60 assinaturas sejam utilizadas o tempo inteiro para impedir o clube de andar, com solicitações e mais solicitações de reuniões do próprio conselho. De qualquer forma não está mais lá.

A questão primordial disso tudo não é os 10%, 15% que o Casaca! não concorda, como outros grupos diziam em plenário não concordar, a questão reside no fato de que se quer reformar estatuto estando no poder, nos moldes que convenham a quem estiver e, para isso, joga-se de forma desavergonhada para a galera.

Essa história de compromisso com o Vasco, discursos, palavras ao vento, precisam ser comprovadas na prática.

O Casaca! comprovou como oposição ou situação que age dentro de preceitos claros e não desviou deles, não desviou de rumo, muito menos de conceito. Concordar ou discordar é de cada um.

Agora, jogar para a galera, em conluio, por interesses menores, como se fosse uma grande preocupação com o Vasco manter tudo como está, após tantos discursos em plenário de ótimo estatuto em 80, 90%, aí é conversa para boi dormir.

Sérgio Frias

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