No dia 11 de fevereiro de 1960, o Vasco disputava contra o Atlético Nacional o primeiro de uma série de amistosos em território colombiano. E já na primeira partida, apresentou todo seu arsenal de gols, massacrando a equipe local por 7 a 0. Marcaram Roberto Peniche (3), Roberto Pinto (2), Teotônio e Waldemar.
Os jornalistas da Colômbia ficaram maravilhados com o futebol apresentando pela equipe cruzmaltina:
“Em virtude de termos saído de Medelin às pressas, não podemos mandar os jornais nem mesmo transcrever os hinos que estão tecendo por aqui ao Vasco da Gama. Voltamos hoje ao assunto, iniciando esta reportagem retrospectiva com uma manchete em oito colunas de “El Colombiano”, que diz o seguinte: “Vasco da Gama: La perfection en futebol bailó ‘La Carioca’ y doblegó al Nacional per siete a cero”.
E, depois, em subtítulo: “Los Criollos (apelido da equipe do Atlético Nacional) foram humildes novamente frente à potencialidade dos visitantes”.
Diz o articulista do El Colombiano que “o Vasco da Gama só precisou de um primeiro tempo para assegurar uma vitória contundente sobre o Atlético Nacional , ao qual derrotou finalmente pelo marcador de sete a zero, o que por si só indica a potencialidade do quadro, o vigor de todas as suas linhas, com onze homens que sabem seu oficio: marcar gols e dar espetáculo.”
Quadro Perfeito
“Não se imaginava – diz o critico – ao começar o cotejo aquilo que iria ocorrer na cancha, onde se tinha urna remota esperança de que os ‘crioulos’ pelo menos oferecessem alguma resistência. Porém, aos três minutos já dois violentos tiros da linha atacante se haviam chocado contra os paus, culminando assim entradas espetaculares sobre o arco defendido por Lopera”.
Perfeição em Football
Depois de dar a seqüência dos gols, o articulista empolga-se e exalta a exibição dos brasileiros, dizendo assim: “Não havia necessidade de mais para justificar a presença do Vasco da Gama na cancha. Porém, pondo de lado os gols, temos de dizer que o quadro brasileiro é a perfeição do futebol. Ofereceu classe aos montões e um espetáculo que muito poucas vezes temos tido no Estádio Atanásio Girardot. Vale dizer, talvez sem nos equivocarmos, que este é o melhor conjunto que vimos nos últimos anos.”
“La Carioca en acion”
“Para o segundo tempo, já sem afanar-se, Vasco da Gama entrou a jogar como equipe. Foi quando entrou em ação ‘La Carioca’ por todos os cantos da cancha do Atanásio Girardot, para rematar seu bom desempenho com o último gol por intermédio de Peniche.
Podemos assegurar que o Vasco da Gama não perderá uma só partida na Colômbia, não obstante ter jogado praticamente sozinho. Porém, vendo-o em ação, entregando de primeira, tomando todas as bolas pelo alto e por baixo; ostentando um estado físico invejável e com um movimento como se os homens fossem de borracha, num espetáculo que merece ser presenciado em qualquer cancha do mundo. Sinceramente, todo o elogio para dizer o que é o Vasco da Gama resulta muito curto.
‘Maracanazzo del Vasco’
Referindo-se à mesma exibição e não encontrando uma expressão suficientemente forte para comunicar a sua admiração, “El Correo” deu a seguinte manchete, também em oito co-lunas: “Maracanazo” del Vasco: 7×0!”. Resta saber se o neologismo vai fazer carreira em Medelin.
Triunfo Límpido
Depois de fazer o retrospecto da contagem, o cronista entra no mérito da atuação vascaína dizendo: “O triunfo conquistado sobre o Atlético Nacional, pelo Vasco da Gama foi límpido e os torcedores tiveram ocasião de admirar a grande qualidade de seu jogo e o virtuosismo de todos os seus elementos especialmente do mundialmente famoso “marcador de punta” (!) Bellini que controlou eficientemente os dianteiros contrários. Pode-se notar que o citado elemento foi incomparável na extrema defesa, pois não deixou um só claro em sua zona, pela qual se poderiam “colar los contrários”.
“Não somente pelo resultado mas também, pela apresentação cumprida por seus integrantes, pode-se considerar o Vasco da Gama como um dos maiores conjuntos do Brasil, embora isso não queira dizer que seja imbatível.” (Jornal dos Sports – 18/02/1960)
PS: O jornal “O Globo” fez confusão com o nome da equipe colombiana, chamando o Atlético Nacional de “Independiente Nacional”. Na verdade são duas equipes diferentes: o Club Atlético Nacional de Meddellin e o Deportivo Independiente Medellín, adversário seguinte com o qual o Vasco empatou em 1 a 1, três dias após a goleada histórica relembrada nesta matéria.
Fonte: História Cruzmaltina