Na luta pela liderança do Torneio Municipal em 1948, o Vasco, Campeão Sul-Americano Invicto, enfrentaria o Flamengo no campo das Laranjeiras.
O Tetracampeão da cidade, entretanto, preferiu atuar com seu time titular no Quadrangular de Belo Horizonte. A competição, da qual participavam os mineiros América e Atlético tinha também a participação da equipe do São Paulo. Mesmo tendo sido derrotado pelo América-MG por 4 x 2 na rodada inicial três dias antes (ocasião na qual foi inaugurado o estádio do adversário), o Vasco não abriu mão de manter a equipe principal naquele certame e a reserva na competição municipal.
Com isso, no mesmo dia o Almirante atuaria em dois clássicos brasileiros tradicionais. Contra o Bicampeão Mineiro jogariam os titulares e frente ao líder invicto do Municipal, há 14 jogos sem perder na temporada, atuariam os reservas.
Em Belo Horizonte a partida foi definida a favor do Vasco com um gol no início de cada tempo.
Com apenas cinco minutos de jogo o “half” direito Mexicano jogou contra o patrimônio, desviando a bola para as redes atleticanas num auto gol.
Apesar da tentativa de reação do onze carijó na primeira etapa, Barbosa e as traves salvaram a equipe de São Januário do empate.
Logo aos três minutos do período final, Dimas marcou o segundo, escorando um centro de Djalma.
Mesmo após ter levado mais um gol o time mineiro permaneceu valente no gramado e esteve várias vezes por descontar a vantagem adversária, mas a defensiva vascaína e particularmente Barbosa bloquearam as intenções contrárias e mantiveram o resultado, enquanto o quinteto ofensivo treinado por Flávio Costa levava à loucura a defesa mineira, com boa movimentação e troca de posições. Placar final, 2 x 0.
Os melhores do Vasco foram Barbosa, Rafanelli, Danilo e Ademir, destacando-se pelo galo mineiro o clássico zagueiro Murilo e o meia Lauro.
No Torneio Municipal, cerca de uma hora e meia após o início de Atlético-MG e Vasco em Belo Horizonte, o Almirante entrava em campo com o seu já famoso “Expressinho”, time reserva. O Fla havia perdido apenas um ponto no certame, contra dois do time de São Januário, mas ambos permaneciam invictos no torneio.
A equipe rubro-negra atuaria desfalcada de Jair Rosa Pinto e Zizinho, mas mesmo assim era considerada levemente favorita, diante de um Vasco sem qualquer das estrelas que despontaram no Sul-Americano meses antes.
Jogando contra o vento na primeira etapa, o Vasco não comprometia em campo, mas aos 16 minutos foi surpreendido com um gol até certo ponto inesperado.
Interrompendo manobra ofensiva do rubro-negro Vevé, Laerte foi obrigado a cortar para escanteio. Na cobrança efetuada pelo próprio Vevé a bola chegou à cabeça de Durval e foi às redes. Fla 1 x 0.
O empate do Vasco surgiu dois minutos depois, após uma jogada armada por Nestor na direita, aproveitando-se da falha do lateral Miguel, que lhe deu espaço para o lançamento, executado de forma precisa na direção de Ipojucan. O ponta de lança vascaíno teve tranquilidade para igualar o marcador.
Aproveitando-se da desorganização defensiva do adversário, Pacheco, e depois Nestor, perderam chances preciosas para virar o placar ainda antes do intervalo.
Encerrado o primeiro tempo, a atuação do Vasco fazia crer ao público que lotava as dependências do estádio das Laranjeiras ser uma questão de tempo a construção da vitória cruzmaltina, pois se contra o vento fora superior ao rival, com a natureza a seu favor a tendência era o Expressinho exercer um domínio ainda maior.
Ocorre que o time da Gávea voltou para a segunda etapa melhor estruturado e consciente em campo. Não se aventurava em bolas longas, alçadas, mas sim procurava manter a pelota no chão.
Depois de reequilibrar a partida nos primeiros 15 minutos, o Flamengo passou a dominar as ações e no tempo restante, principalmente nos últimos 20 minutos, foi grande a pressão, a ponto de um novo tento rubro-negro não ter saído por puro capricho (ou falta dele). Na melhor oportunidade Gringo cabeceou e Durval emendou livre, mas por cima da meta defendida por Barqueta.
O tempo foi passando e a sensação dos presentes era de um empate definitivo no clássico.
A 20 segundos do fim, entretanto, a cidadela rubro-negra cairia pela segunda vez. Gringo tentou um passe no meio de campo, a bola bateu no árbitro e sobrou para Tuta. O ponta atraiu Vaguinho e centrou na direção de Pacheco. O centroavante avançou e deu a Ipojucan, que entre dois zagueiros adversários controlou a bola, ameaçou chutar de um lado e com o pé direito arremessou no outro, enganando Luís Borracha e fechando o marcador. Vasco 2 x 1. Delírio da galera cruzmaltina. Dupla alegria dela naquela tarde de domingo.
Era a quarta vitória seguida do Vasco sobre o rival. E mais viriam na sequência. Questão de tempo.
O Globo (31/05/1948)
A Noite (31/05/1948)
Jornal do Brasil (31/05/1948)
Jornal dos Sports (01/06/1948)
Outros jogos do Vasco em 30 de maio:
30/05 – Vasco 5 x 4 Bangu (Carioca 1926)
30/05 – Vasco 1 x 0 Carioca (Carioca FMD 1937)
30/05 – Vasco 1 x 0 São Paulo (Torneio Rio-São Paulo 1954)
30/05 – Alemannia Aachen-ALE 2 x 3 Vasco (Amistoso 1961)
30/05 – Comerciário-SC 0 x 2 Vasco (Amistoso 1965)
30/05 – Tupi-MG 1 x 4 Vasco (Taça Cidade Juiz de Fora 1986)
30/05 – Universidade Autônoma Guadalajara-MEX 0 x 1 Vasco (Amistoso 1990)
30/05 – Vasco 4 x 0 Botafogo (Brasileiro 2004)
Casaca!