Vasco hoje (13/05/1923) – Tempos de afirmação

 

Todos sabem quão difícil foi para o Vasco comprovar para a elite do futebol carioca seu valor no início dos anos 20 do século passado.

Apesar de já ter disputado três partidas no certame carioca da primeira divisão naquele ano e obtido duas vitórias convincentes, contra Flamengo e Botafogo, apagando a desconfiança deixada na rodada inicial, após a fraca atuação e o empate diante do Andarahy, o jogo esperado por todos era o do time miscigenado cruzmaltino contra o campeão da cidade, América, em Campos Sales, território rubro.

Correio da Manhã – 14/05/1923

A equipe da casa não fazia lá uma grande campanha. Apesar da boa estreia diante do São Cristovão, quando goleou por 4 x 1, o revés diante do Bangu logo na segunda rodada, fora de casa, por retumbantes 6 x 1, com show dos ponteiros Nestor e Antenor, deixou os torcedores americanos com o cabelo em pé e a última disputa diante do Andarahy, sem abertura da contagem pelas equipes, desagradou definitivamente a todos no clube. Vencer o Vasco era, diante disso, embolar o campeonato e comprovar que o bi não era apenas um sonho, mas algo plausível de ocorrer naquela temporada.

Às 16 horas em ponto começou a peleja.

Na primeira meia hora nenhuma grande chance das duas equipes, mas mesmo assim o trabalho dos arqueiros Nelson Conceição, pelo Vasco e Mirim, defendendo a meta rubra com duas seguras defesas cada um.

Aos 33 minutos o gol do Vasco. Arlindo recebeu de Torterolli, levou a bola pelo centro e próximo aos beques adversários viu uma brecha dada pelo zagueiro Álvaro Martins, do que se aproveitou para marcar, abrindo a contagem.

Na segunda etapa o América voltou pressionando. O vascaíno Nicolino tocou a bola com a mão dentro da área e em seguida cedeu escanteio. O árbitro Mário Araújo, do Clube de Regatas do Flamengo, não marcou a penalidade, preferindo assinalar o tiro de canto. Na cobrança excelente defesa de Nelson, em cabeçada executada por Simas. Pouco depois Mattoso chutou e Nelson defendeu. Em seguida, nova chance desperdiçada por Simas, após receber bom passe de Oswaldinho.

A reação do Vasco se deu com Arlindo, obrigando Mirim a uma boa defesa, mas na sequência nova ação ofensiva do América. Os rubros desperdiçaram a chance do empate com Gonçalo, que chutou encobrindo a trave, após defesa parcial de Nelson.

O Paiz – 14/05/1923

Uma falta desleal e desnecessária de Oswaldinho no vascaíno Torterolli e mais duas defesas seguras (uma de cada lado) dos arqueiros Nelson e Mirim foram os últimos destaques da partida, que terminava com o Vasco mantendo a liderança invicta do certame e comprovando sua força no nele mais uma vez.

Apesar da vitória, o jornal “A Noite” afirmava na sua edição de segunda-feira ter a equipe vascaína mais fama que valor, embora elogiasse os extremas Paschoal e Negrito, a leitura de jogo de Torterolli, o center half Claudionor, a segurança do zagueiro Leitão e, principalmente, a qualidade de Nelson, goleiro vascaíno tido já àquela altura como um dos melhores da cidade. O conjunto da linha média e os rushs de Cecy e Arlindo também foram pontuados.

O Imparcial – 14/05/1923

Já o jornal “O Imparcial” julgou ter sido o defensor rubro Álvaro Martins o responsável pela derrota. Tanto “O Imparcial” como “A noite” entenderam serem os destaques do América na partida os meias Oswaldinho e Gonçalo, a despeito de terem criticado o primeiro por faltas duras praticadas no decorrer do clássico.

O Vasco era a surpresa do certame, mas para muitos precisaria mostrar mais a fim de convencer torcedores e críticos do seu valor. O tempo faria com que todos enxergassem a realidade dos fatos.

Outras vitórias do Vasco em 13 de maio:
SC BRASIL 1X4 VASCO (CARIOCA 1928)

VASCO 3 x 0 BANGU (CARIOCA 1973)

VASCO 2 x 1 SÃO PAULO DA FLORESTA-SP (AMISTOSO 1930)

ADN-NITERÓI 0 x 3 VASCO (CARIOCA 1979)

VASCO 3X1 AMÉRICA-RJ (CARIOCA 1987)

VASCO 6X1 OLARIA (CARIOCA 2000)

AMÉRICA-RN 0X1 VASCO (BRASILEIRO 2007)

VASCO 4X0 VITÓRIA (COPA DO BRASIL 2009)

Casaca!

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