O Flamengo não sabe o que é vencer o Vasco desde o dia 22 de março de 2015, quando, no Maracanã, superou o seu principal rival pelo placar de 2 a 1, gols de Alecsandro, com Gilberto descontando para o Gigante da Colina. De lá para cá, são 7 jogos de jejum.
Do dia 23 de março do ano passado, até a presente data, se vão 1 ano em que o Fla não sabe o que é vencer o Vasco. Em 7 jogos, foram 5 vitórias para o Cruzmaltino e 2 empates, sendo que em 2 oportunidades o time de São Januário eliminou o Rubro-Negro de competições importantes: Campeonato Carioca e Copa do Brasil.
Este ano, o 1º duelo da temporada terminou justamente como os 6 jogos de 2015: sem o Vasco perder. Com um gol de Rafael Vaz, o Vasco venceu por 1 a 0 em São Januário. Agora, o próximo encontro entre as equipes acontece no dia 30 de março, no estádio Mané Garrincha, às 21h45min.
Levantamento do Blog do Garone mostra que o Vasco não iniciava uma temporada com 10 jogos de invencibilidade desde 2010. O aproveitamento atual, de 86,67%, também é o melhor da década.
Confira, abaixo, o desempenho vascaíno em seus 10 primeiros compromissos nos últimos 7 anos:
A atmosfera foi contagiante. O cenário, o desejado pela diretoria do Vasco, que viu mais de 18 mil pagantes lotarem o Estádio Kleber Andrade na primeira partida do Gigante da Colina pela Taça Guanabara na tarde deste sábado. Como o mandante era o Boavista, o clube arrecadou mais de R$ 800 mil somente com a venda dos ingressos. O público total foi o maior desde a reabertura do novo Kleber Andrade, ultrapassando o amistoso entre Flamengo e Desportiva Ferroviária, que teve pouco mais de 16 mil presentes em 2015.
E não é a primeira vez que o Vasco é recordista de público neste palco. Antes da reforma, com capacidade ampliada, o estádio recebeu mais de 30 mil pessoas – e há quem diga que passou de 50 mil na derrota para o Rio Branco em 1986. A cidade capixaba de Vila Valério é a que tem maior percentual de torcedores vascaínos no país e o estado do Espírito Santo, um dos que mais têm vascaínos no Brasil.
– O torcedor do Vasco está presente em todos os lugares do país e do mundo. O Vasco é muito grande e sabemos disso. Não é nenhuma surpresa ver o estádio cheio. Ingressos esgotados. Essa é a turma da fuzarca – disse o presidente Eurico Miranda.
O presidente, por sinal, foi ovacionado pela torcida. Em vídeo publicado pelo grupo político Casaca!, o dirigente é saudado pelos vascaínos até puxar o grito de “casaca”, tradicional canto de guerra em celebrações e títulos do clube de São Januário.
Apesar de atrair muitos torcedores, os preços cobrados – R$ 50 a R$ 100 – desagradaram parte dos capixabas torcedores do time carioca. O clima dentro do estádio era o melhor possível, mas fora dele houve protestos antes da partida começar. “Futebol é do povo e não da elite” e “Chega de exploração” foram os gritos que alguns torcedores manifestavam em frente ao portão de entrada do Kleber Andrade.
Presença das mulheres
Os estádios de futebol há tempos já não trazem mais aquele modelo de que somente os homens podem frequentar as arquibancadas. Agora, o papel da mulher nos estádios de futebol tornou-se fundamental.
Na partida contra o Boavista, as vascaínas não decepcionaram. Muito pelo contrário, as torcedoras compareceram em peso para incentivar o Vasco. E nesse intuito, a bancária Paula Dornellas fez valer a paixão pelo time e ficou rouca, de tanto gritar e cantar as músicas de apoio.
– Sou vascaína e também musa da Desportiva Ferroviária, que é uma paixão dupla que tenho. Gosto de futebol, sempre vou ao estádio e cada vez mais as mulheres têm assumido esse papel de torcedora fanática. Estou até sem voz, mas vale a pena – diz Paula Dornellas.
Entre as revelações que Jorginho resolveu bancar desde que assumiu o Vasco, Caio Monteiro é a menos badalada. Sem o mesmo status de Evander, Andrey e Mateus Vital, que passaram a treinar com os profissionais ainda aos 17 anos, o atacante de 19 tem recebido oportunidades graças às lesões de Eder Luis e Riascos. Com personalidade, vem agradando.
Na vitória de sábado sobre o Boavista, por 1 a 0, em Cariacica (ES), sua entrada tornou o time mais ofensivo. O garoto fez boas jogadas pela esquerda e, numa delas, deixou Nenê com o gol vazio para marcar. Deu azar, porque o camisa 10 chegou atrasado.
TABELA: Jogos e classificação da Taça Guanabara
Foi a terceira participação seguida de Caio no Estadual. Ele é a promessa que mais entrou em campo no período, à frente de Vital, antes titular, e Mateus Índio. Na disputa no ataque, ultrapassou William Barbio na preferência do técnico Jorginho.
— Estou muito feliz com meu momento — disse o atacante ao site do Vasco. — É a realização de um sonho. Estou no clube desde pequeno. Quero seguir sendo utilizado pela comissão técnica.
Depois de grande temporada em 2014, quando marcou 36 gols, Caio sofreu com lesões ano passado, o que retardou seu aproveitamento entre os profissionais. Recuperado e convocado para a seleção brasileira sub-20, o atacante é a bola da vez entre as promessas vascaínas para a temporada.
Líder da Taça Guanabara, com duas vitórias e seis pontos, o Vasco volta a campo só no próximo domingo, no clássico contra o Botafogo, em São Januário.
O retrospecto recente do Vasco nem de perto lembra o time que foi rebaixado para a segunda divisão em 2015. Em uma sequência invejável, o clube está há quase cinco meses sem perder, um recorde entre os grandes do país. A última derrota vascaína aconteceu no dia 1 de novembro do ano passado – derrota para o Fluminense pelo Campeonato Brasileiro. Se não fosse este tropeço, os cariocas estariam invictos há aproximadamente sete meses.
Nenhum dos outros 19 clubes que vão disputar a Série A do Campeonato Brasileiro neste ano está tão bem.
Para ter uma ideia, o Corinthians, atual campeão Nacional, somou quatro derrotas no mesmo período. Quem chegou minimamente perto foi a Chapecoense, que ainda não perdeu em 2016 e acumula 10 partidas de invencibilidade. O Botafogo, outro que não tropeçou nesta temporada, tem sete vitórias e dois empates.
Confira o retrospecto dos times da elite desde a última derrota do Vasco:
Vasco
10 vitórias, 4 empates
América-MG
6 vitórias, 4 empates, 5 derrotas
Atlético-MG
11 vitórias, 5 derrotas, 5 empates
Atlético-PR
8 vitórias, 7 empates, 3 derrotas
Botafogo
9 vitórias, 3 empates, 2 derrotas
Chapecoense
11 vitórias, 3 empates, 1 derrota
Corinthians
12 vitórias, 5 empates, 4 derrotas
Coritiba
8 vitórias, 4 empates, 5 derrotas
Cruzeiro
10 vitórias, 4 empates, 2 derrotas
Figueirense
9 derrotas, 5 empates e 6 vitórias
Flamengo
4 derrotas, 4 empates e 10 vitórias
Fluminense
8 derrotas, 4 empates e 7 vitórias
Grêmio
5 derrotas, 5 empates e 11 derrotas
Internacional
2 derrotas, 8 empates e 9 vitórias
Palmeiras
8 derrotas, 6 empates e 8 vitórias
Ponte Preta
7 derrotas, 4 empates, 3 vitórias
Santa Cruz
12 vitórias, 3 empates, 4 derrotas
Santos
8 vitórias, 5 empates, 4 derrotas
São Paulo
9 vitórias, 4 empates, 7 derrotas
Sport
10 vitórias, 4 empates, 4 derrotas
Vitória
8 vitórias, 1 empate, 3 derrotas
Fonte: ESPN
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Nota do Casaca:
O retrospecto acima não conta a rodada deste final de semana, quando o Vasco conquistou mais um vitória, se isolando na liderança da Taça Guanabara.
E o Vasco não foi rebaixado. Foi arremessado para a série B.
O vascaíno reconhece a luta e trajetória de quem doou sua vida pelo clube. Hoje, ao reencontrar a torcida capixaba antes do jogo contra o Boa Vista, Eurico Miranda acompanhou a belíssima festa, puxando o Casaca a pedido dos torcedores.
Parabéns a torcida do Vasco, juntos somos imbatíveis!
A torcida vascaína deu mais uma demonstração de grandeza no fim da manhã desta sexta-feira (18/03). Mais de 500 cruzmaltinos compareceram ao Aeroporto Eurico de Aguiar Salles, em Vitória, capital do Espírito Santo, para receber a delegação do Gigante da Colina. Antes mesmo do desembarque, os torcedores se aglomeraram e transformaram o saguão num verdadeiro caldeirão.
O presidente Eurico Miranda, os jogadores e membros da comissão técnica foram recepcionados com músicas que costumam ser entoadas na Colina Histórica. Felizes com a recepção calorosa, os atletas distribuíram autógrafos, posaram para fotos e fizeram a alegria dos presentes. Tetracampeão mundial com a Seleção Brasileira, o treinador Jorginho foi bastante assediado. O mesmo vale para o zagueiro Luan e o meio-campista Nenê.
Em primeiro lugar na Taça Guanabara, o Vasco duela neste sábado (19), às 16 horas, com o Boavista. A partida será realizada no estádio Kléber Andrade, em Cariacica (ES). Antes do confronto, na tarde desta sexta-feira (18), o elenco cruzmaltino realizará um treinamento no palco do jogo. A atividade será iniciada às 16 horas.
O Madureira não encarou bem a derrota por 1 a 0 para o Flamengo neste sábado. Lembrando do confronto entre as equipes no ano passado, quando o Rubro-Negro buscou empate por 1 a 1 com um gol que não chegou a ultrapassar a linha, o Tricolor Suburbano reclamou da arbitragem de Mauricio Machado Coelho Junior.
– O resultado foi injusto. Jogamos bem. No gol do Flamengo, ele estava um metro impedido. Depois tivemos um pênalti a nosso favor que não foi dado… Talvez um empate teria sido um placar mais justo. Parabenizei a equipe pelo modo como eles se comportaram e isso é o que importa – disse o técnico Alfredo Sampaio, após a partida, ao site “Fim de jogo”.
No Carioca do ano passado, Flamengo e Madureira empataram por 1 a 1, mas o gol do zagueiro Bressan foi validado mesmo sem ter ultrapassado totalmente a linha. De acordo com o clube, o resultado deixou o Tricolor Suburbano fora das semifinais do campeonato, causando um prejuízo de mais de R$ 1 milhão.
Neste sábado, o Tricolor Suburbano reclama de impedimento no lance do pênalti que originou o gol do Flamengo, de um impedimento mal marcado em contra-ataque do Madureira, além de um pênalti a seu favor.
Confira o texto do site oficial do Madureira na íntegra:
“Já está na hora de mudar o disco. Nos últimos três jogos em Volta Redonda contra a dupla Fla-Flu, o Madureira foi prejudicado pela arbitragem. Se “brigar”com a FERJ tem o benefício dos lances duvidosos, então o Madureira também vai “brigar”com a FERJ.
Em 2015, o mundo viu que a bola não entrou no gol do Flamengo, mas o árbitro validou o gol. Aquele gol mal assinalado tirou a classificação do Madureira para as semifinais da competição e levou o clube a não ter uma receita de mais de R$1 milhão.
Em 2016 a situação se repete. Em jogo equilibrado, em que os detalhes decidem, um impedimento claro não marcado a favor do Flamengo no lance do pênalti, um impedimento marcado equivocadamente para o Madureira em contra ataque 3 contra 2, dentro da área rubro-negra. Um pênalti para o Flamengo marcado e lance idêntico para o Madureira não marcado. Critério para cartões amarelos que para os tricolores tinha peso diferente dos rubro-negros. E por aí vai…
O plano mais caro do programa de sócio-torcedor do Vasco foi ampliado. A diretoria cruz-maltina acertou a ampliação de vagas do “Sempre ao teu lado”, que prevê ingressos gratuitos, para 4,6 mil. Antes, a ideia era ter 3 mil associados neste patamar do projeto. A expansão se deve ao número de pré-cadastrados na categoria: 17 mil, de acordo com o vice-presidente de marketing do clube, Marco Antônio Monteiro.
– Achamos que esse é um bom número, bem razoável. Vamos estudar como vai ser na hora efetiva do cadastro. Foram 17 mil pré-cadastrados, então achamos que vamos conseguir completar as 4,6 mil vagas disponíveis – explicou o dirigente.
O plano “Sempre ao teu lado” é o mais caro do projeto e inclui três divisões: área VIP, social e arquibancada. Em cada uma delas, o sócio-torcedor paga um valor diferente e tem garantido seu ingresso – por isso, as vagas são limitadas.
Quem se pré-cadastrou no programa de sócio-torcedor terá o direito de confirmar sua adesão ao plano com antecedência em relação aos que não se inscreveram. O clube vai divulgar as datas para isso. No geral, o início do projeto será no dia 28 de março.
Como ainda há mais pré-cadastrados do que vagas, o critério será simples: quem confirmar primeiro, consegue a inscrição. Ao todo, 35 mil pessoas se inscreveram na pré-adesão, que terminou no último domingo.
Confira os planos do sócio-torcedor:
Aumento de vagas:
Área Premium: de 500 para 600
Social: de 500 para 1000
Arquibancada: de 2000 para 3000
“A façanha do Vasco foi a maior jamais realizada por clube brasileiro. Nenhuma outra se lhe pode sequer comparar […] por isso a conquista do título de campeão sul-americano dos campeões pertence tanto a ele quanto ao football brasileiro” (FILHO, Mario. Críticas e Sugestões. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 16 de março de 1948, p. 2)
“Viva o Vasco! Gritam assim cariocas, paulistas, mineiros, baianos, brasileiros de todos os recantos. Viva o Vasco! Gritam assim flamenguistas, palmeirenses, são-paulinos, atleticanos, torcedores de todos os clubes do Brasil. Porque o Vasco, vencendo o torneiro de Santiago do Chile, nacionalizou a sua conquista. Pela primeira vez o futebol brasileiro ganhou um título no estrangeiro! (Mundo Esportivo, São Paulo, 18 de março de 1948, p. 7)
“E com esse resultado o Vasco sagrou-se campeão invicto do primeiro torneio sul-americano de campeões. Uma vitória verdadeiramente notável, honra para o football brasileiro” (O Globo, Rio de Janeiro, 15 de março de 1948, Ed. vespertina, p. 1)
“O Brasil bem merece glórias assim. Coloco o Torneio dos Campeões no mesmo plano de qualquer sul-americano entre seleções. Sou ‘fan’ particular do football brasileiro e estou satisfeito com o brilhante feito do Vasco em Santiago em Santiago” (Álvaro Gestido, campeão olímpico de 1928 e da Copa do Mundo de 1930 pelo Uruguai. O Globo, Rio de Janeiro, 16 de março de 1948, Ed. vespertina, p. 12)
“A Associação Brasileira de Imprensa, sempre atenta a todas as festas que assinalam tanto os triunfos da inteligência como os da vida desportiva na sua mais alta expressão, não pode deixar de compartilhar com o maior entusiasmo as manifestações vibrantes do regozijo público pela vitória grandiosa que vem de alcançar denodadamente o grêmio da Cruz de Malta nesta parte do hemisfério, conquistando o título de campeão invicto num certame glorioso de campeões. Esse acontecimento equivale à consagração de nossa indisputada primazia no esporte continental. Cordiais saudações” (MOSES, Herbert. Presidente da Associação Brasileira de Imprensa. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 18 de março de 1948, p. 3)
El título, el más honroso que club alguno pudo obtener por la supremacía del balompié continental, quedó en el mejor equipo; el más parejo, el más rendidor: el que con su FUTBOL MODERNO ha pasado a revolucionar el ambiente futbolístico de America Latina, colocándose a la vanguardia por sobre los demás. Y que conste, que de golpe, superó al argentino; este muy técnico, lleno de grandes figuras, pero con exceso de preciosismo, que como resultado final, es improductivo. […] Al nombrar futbol brasileño y argentino y hacer un parangón tan audaz, si quiere lo hacemos demostrando hechos: en este campeonato se reunieron los clubes campeones de los respectivos países participantes y el mejor fue: VASCO DE GAMA (El Siglo, Santiago de Chile, 15 de março de 1948, p. 1)
Capa da revista oficial do Campeonato Sul-Americano de Campeões (1948)
No contexto histórico do pós-Segunda Guerra Mundial, impulsionado por um Chile que procurava se inserir melhor no cenário internacional, surgiram as condições favoráveis para a criação da primeira competição a nível continental da América. Neste dia 14 de março de 2016, completam-se 68 anos da conquista do “I Campeonato Sudamericano de Campeones” (Campeonato Sul-Americano de Campeões) pelo CR Vasco da Gama, um título obtido de forma invicta. Podemos ainda nos referir a referida competição como “Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões de Futebol”. O evento foi organizado pelo Club Social y Deportivo Colo-Colo, cujo presidente era Robinson Alvarez Marín, com apoio e participação da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) através de seu presidente, o chileno Luis Valenzuela.
“El chileno Luis Valenzuela, presidente de la Federación de Chile desde 1937 y de CSF desde el 15 de enero de 1939, fue quien hizo realidad esos anhelos. En su tercera presidencia en Colo Colo, Robinson Álvarez manifestó su decisión de organizar, en Santiago la Copa de Campeones de América. Durante febrero y marzo de 1948 se llevó a cabo el torneo con los clubes coronados de 1947. Vasco da Gama (Brasil) se consagró campeón”
(Site Oficial da CONMEBOL. A respeito da organização do Campeonato Sul-Americano de Campeões)
Luis Valenzuela (Chile) – Presidente da Conmebol de 1939 – 1955
A vitoriosa campanha no Sul-Americano de 1948 transformou-se na primeira conquista de um título por um clube brasileiro fora do território nacional. A Seleção Brasileira, inclusive, somente conseguiria vencer uma competição fora do país em 1952, nos Jogos Pan-Americanos, que também teve como sede o Chile. Como a história demonstrou com o passar dos anos, o feito vascaíno “abriu as portas” para uma longa trajetória de vitórias do futebol brasileiro no exterior e de títulos internacionais para o “país do futebol”. Através do êxito obtido neste campeonato, o Vasco tornou-se o primeiro clube campeão continental no mundo e, consequentemente, o Primeiro Clube Campeão da América. Com o intuito de fazermos uma singela recordação desta conquista histórica, vamos expor algumas informações.
O Campeonato e a Conquista da América
Em 1947, o Vasco tornava-se mais uma vez Campeão Carioca invicto, era a base da Seleção Brasileira e da seleção carioca. O “Expresso da Vitória” consolidava-se como a maior equipe do país, alcançando vitórias para além do Rio de Janeiro. As façanhas vascaínas espraiavam-se pela na América do Sul e Europa.
O Ministro da Educação Nacional, de Portugal, o Sr. Fernando Pires de Lima, entrega a Lelé, capitão do Vasco, a Taça Centenários, como prêmio pela vitória do Vasco por 4×3 sobre o combinado português B.S.B. (Benfica-Sporting-Belenenses)
Troféus conquistados pelo Vasco na excursão à Europa no ano de 1947
Campeão Carioca de 1947 (invicto)
Em decorrência da qualidade de seu elenco, da sua força no cenário esportivo brasileiro frente a outras equipes, pelo fato de ainda não existir um campeonato de caráter nacional e o campeão carioca ser enxergado internacionalmente como um digno representante do futebol do Brasil, o Vasco recebeu no dia 18 de dezembro de 1947 o convite oficial para participar do Campeonato Sul-Americano de Campeões. Em visita a sede de São Januário no dia seguinte (19), o presidente do Colo-Colo, o Sr. Robinson Alvarez Marín, estabeleceu um acordo definitivo com o presidente vascaíno, Cyro Aranha, selando a participação do Vasco no torneio.
O campeonato possuía formato de pontos corridos. Os sete clubes participantes se enfrentariam em turno único e quem somasse mais pontos seria o campeão. Todos os jogos seriam disputados no Estadio Nacional, localizado em Santiago de Chile, capital do referido país. Os seguintes clubes foram selecionados:
Colo-Colo: Campeão chileno de 1947.
Emelec: Campeão equatoriano de 1946 (Não houve campeonato de 1947, pois, esteve suspenso em decorrência do Campeonato Sul-Americano de Seleções, cuja sede foi o Equador. A equipe do Emelec foi base de sua seleção nacional, em decorrência disso, foi convidada a participar pelo anfitrião Colo-Colo.
Litoral: Campeão de La Paz em 1947.
Municipal: Vice-Campeão peruano de 1947 (O campeão peruano, Atlético Chalaco, estava com várias baixas em seu elenco devido a contusões. Dessa forma, não conseguiu enviar uma equipe para o torneio. O forte conjunto do Municipal, que ficou apenas 1 ponto atrás do Chalaco, foi reforçado por elementos de outras equipes peruanas e convocado para representar o seu país no “Torneio dos Campeões”).
Nacional: Campeão uruguaio de 1947.
River Plate: Campeão argentino de 1947 (“La Maquina” havia conquistado os campeonatos de 1942/1943, 1945 e 1947).
Vasco: Campeão Carioca (invicto) de 1947.
Os vascaínos partiram de avião no dia 07 de fevereiro de 1948, fizeram uma parada na Argentina (Buenos Aires) e desembarcaram na capital chilena no domingo (8). A delegação vascaína era uma verdadeira “embaixada brasileira” e estava composta desta forma:
O Vasco possuía fama de vencedor, dentro e fora do Brasil. Porém, não era apontado como uma das equipes favoritas por parte da crônica internacional. Chilenos, uruguaios e argentinos esperavam que o poderoso River Plate (“La Maquina”), o Nacional ou mesmo o próprio Colo-Colo se sagrassem como primeiro campeão do continente. Os dois primeiros tinham o favoritismo por representarem os países (Argentina e Uruguai) que possuíam as melhores seleções nacionais da América. A seleção argentina já havia vencido 9 títulos do Campeonato Sul-Americano de Seleções (Copa América) e a seleção uruguaia, além de possuir 8 títulos sul-americanos, havia conquistado as Olimpíadas de 1924 e 1928, e a primeira Copa do Mundo, em 1930. Por sua vez, o Brasil tinha apenas 2 títulos do Campeonato Sul-Americano de Seleções (1919-1922), ambos conquistados no Rio de Janeiro. No que se refere ao Colo Colo, a expectativa era a de que o fato de ser o anfitrião do campeonato pudesse pesar a favor do clube chileno.
O Vasco precisou enfrentar o descrédito por conta de insucessos internacionais da seleção brasileira e de clubes brasileiros em competições e amistosos anteriores, e também encarar o olhar racista para com uma equipe vascaína recheada de craques negros, mulatos e brancos que constituíam uma equipe sui generis. A despeito das desconfianças e da “torcida contra”, o Vasco “partiu para o título e venceu”. O “Expresso da Vitória” fez história e conquistou o campeonato de forma invicta, demonstrando para o mundo a evolução do futebol brasileiro. Foram 6 jogos, com 4 vitórias e apenas 2 empates. No Chile, o Vasco obteve a glória de ser eternamente o Primeiro Campeão da América e levou para casa 8 troféus (1 troféu do campeonato, 6 troféus por ter sido a melhor equipe em campo e 1 troféu por ter sido a equipe com melhor defesa da competição). Confira a descrição dos jogos e dos troféus conquistados pelo “Gigante da Colina”:
1ª Partida – CR Vasco da Gama 2×1 Club Deportivo Litoral Data: 14/02/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Carlos Leeson
Público pagante: 36.024
Renda: CPL$699.305,00 Vasco: Barbosa, Augusto (Rafagnelli) e Wilson; Ely, Danilo e Jorge; Friança, Maneca (Ismael), Dimas (Djalma), Lelé e Chico. Litoral: Gafure (Millan), Arraz e Bustamante; Vargas, Valencia e Ibanez; Sandoval, Rodriguez, Caparelli, Gutierrez e Orgaz . Gols: Vasco – Lelé (8′, 68′)
Litoral – Caparelli (69′)
Imagens da revista Estadio (Chile)
Troféu “PARQUE ROSEDAL – TORTILLERO”
2ª Partida – CR Vasco da Gama 4×1 Club Nacional de Football Data: 18/02/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Higinio Madrid
Público pagante: 45.728
Renda: CLP$919.490,00 Vasco: Barbosa, Wilson e Rafagnelli; Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca, Friaça, Ademir (Ismael) e Chico. Nacional: Paz, Raul Pini e Tejera; Gambetta (Talba), Rodolfo Pini e Cajiga; Castro, Wálter Gomez, Mari, José Garcia e Orlandi. Gols: Vasco – Ademir (11’), Maneca (68’), Danilo (71’), Friaça (89’)
Nacional – Walter Gómez (25’)
Imagens da revista Estadio (Chile)
Troféu “ESTABELECIMIENTOS ORIENTE”
3ª Partida – CR Vasco da Gama 4×0 Club Deportivo Municipal Data: 25/02/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Julio White
Público pagante: 17.233
Renda: CLP$379.914,40 Vasco: Barbosa (Barcheta), Wilson e Rafagnelli; Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca (Dimas), Friaça, Lelé (Ismael) e Chico. Municipal: Suárez, Cavadas e C. Perales; Calunga, Castilho e Cellis (Ruiz); Loret de Mola (Navarrete), Mosquera (López), Drago, Guzmán e Torres. Gols: Vasco – Lelé (12’), Friaça (57’, 65’), Ismael (61’)
Imagens da revista Estadio (Chile) Troféu “MALTERIA CONTINENTAL”
4ª Partida – CR Vasco da Gama 1×0 Club Sport Emelec Data: 28/02/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbtitro: Higinio Madrid
Público pagante: 36.376
Renda: CLP$744.725,40 Vasco: Barbosa, Augusto e Rafagnelli; Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca (Dimas), Friaça, Lelé (Ismael) e Chico (Nestor). Emelec: Arias, Henríquez e Zurita; Ortiz (Riveros), Alvarez e Mendoza I; Fernández, Jiménez, Alcívar, Yépez e Mendoza II. Gol: Ismael (46’)
Imagens da revista Estadio (Chile)
Troféu “MUSALEM HERMANOS”
5ª Partida – CR Vasco da Gama 1×1 Club Social y Deportivo Colo-Colo Data: 07/03/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Carlos Paredes
Público pagante: 37.569
Renda: CLP$816.760,40 Vasco: Barbosa, Augusto e Wilson; Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca (Lelé, depois Maneca), Friaça, Ismael e Chico (Nestor). Colo-Colo: Fernández, Fuenzalida (Urroz) e Pino; Machuca, Miranda e Muñoz; Castro( G. Clavero), Farías, Infante (Lorca), Varela e López Gols: Vasco – Friaça (67’)
Colo-Colo – (35’)
Imagens da revista Estadio (Chile)
Troféu “CAFÉ CASA DO BRASIL – LA DOMA”
6ª Partida – CR Vasco da Gama 0x0 Club Atletico River Plate Data: 14/03/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Nobel Valentini
Público pagante: 58.717
Público presente (estimativa): 70.000
Renda: CLP$1.628.403,00 Vasco: Barbosa, Augusto e Wilson (Rafagnelli); Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca (Lelé), Friaça (Dimas), Ismael e Chico. River Plate: Grizetti, Vaghi e Rodríguez, Iácono (Méndez), Rossi e Ramos (Ferrari); Reyes (Muñoz), Moreno, Di Stéfano, Labruña e Loustau.
Imagens da revista Estadio (Chile)
Troféu “PRESIDENTE JUAN PERÓN”
Troféu “BAND & SALAS”, fornecido ao Vasco por ter sido a melhor defesa do campeonato
Equipe que entrou em campo no jogo decisivo contra o River Plate
Da esquerda para a direita: Diogo Rangel (Chefe da delegação), Maneca, Chico, Friaça, Augusto, Danilo, Ely, Jorge, Ismael, Wilson, Barbosa, Djalma e Flávio Costa (treinador). Fonte: CR Vasco da Gama. Boletim Mensal de Informações aos Associados, agosto de 1948, p. 14
TROFÉU DO CAMPEONATO: “TAÇA AMÉRICA DEL SUR”
(Um condor-dos-andes, ave típica dos Andes chilenos, em bronze, doado pelo presidente do Chile, Gabriel Gonzales Videla)
RECEPÇÃO APOTEÓTICA DA TORCIDA AOS “CAMPEÕES DO CONTINENTE”
“Duzentas mil pessoas aclamaram os heróis da jornada de Santiago” (Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 18 de março de 1948, p. 5)
Boletim Mensal de Informações aos Associados, abril de 1948, p. 1
Exposição inaugurada em 03 de agosto de 1948. Os troféus conquistados pelo Vasco no Chile
O Campeonato Sul-Americano de Campeões representou a utilização do futebol como instrumento de integração sul-americana, assim como já ocorria em outras competições organizadas a nível de seleção (Campeonato Sul-Americano de Seleções, atual Copa América) ou em disputas menores a nível de clube (como, por exemplo, a Copa Atlântico). Entretanto, o campeonato de 1948 foi além e estabeleceu um marco na direção de se diminuir as distâncias físicas, culturais e ideológicas com a aproximação de diversos povos através do encontro entre clubes de diferentes países do continente americano que pratiquem o futebol.
Embora questões estruturais e disputas política tenham contribuído para que demorasse mais alguns anos para que houvesse um amadurecimento institucional das entidades esportivas responsáveis pelo futebol sul-americano no sentido de buscarem estabelecer um campeonato regular que definisse o campeão da América, o evento pioneiro no Chile tinha “plantado a semente”. Em 1958 decidiu-se retornar a disputa de um campeonato entre os melhores clubes do continente, cujo vencedor enfrentaria o campeão europeu pela posse de um título interclubes (Copa Européia/Sul-Americana). No dia 02 de agosto de 1959, durante um congresso da CONMEBOL em Caracas (Venezuela), oficializou-se a criação de um novo campeonato, a “Copa de Campeones de América” (Copa dos Campeões da América), posteriormente chamada de “Copa Libertadores de América” (Copa Libertadores da América), cuja primeira edição realizou-se em 1960 e atualmente denomina-se Copa Bridgestone Libertadores.
O Vasco, no ano de 1996, reivindicou a participação na Supercopa dos Campeões da Libertadores, um torneio entre aqueles que já haviam conquistado a Libertadores da América, ou seja, tinham sido campeões continentais. Dessa forma, por ter sido o primeiro campeão da América, em 1948, o clube desejava ter o seu direito respeitado e disputar a competição. O Comitê Executivo da CONMEBOL, órgão máximo desta entidade, reconheceu a verdade histórica e permitiu que o Vasco participasse da Super-Copa de 1997, reafirmando e reconhecendo de uma vez por todas que o Campeonato Sul-Americano de Campeões foi um torneio continental precursor da atual Libertadores, de mesmo patamar e objetivo, qual seja: definir o Campeão da América.
Reconhecimento oficial da CONMEBOL
O Globo, 21 de junho de 1997, Rio de Janeiro, Ed. matutina, p. 31
Os vascaínos e vascaínas devem se orgulhar por serem atualmente bicampeões da América. O primeiro título foi conquistado no Cinquentenário do Vasco (1898-1948), o Campeonato Sul-Americano de Campeões, e o segundo título foi obtido no ano do Centenário do Clube (1898-1998), a Copa Libertadores da América. Dessa forma, em uma data tão emblemática como a de hoje, é mais do que justo recordarmos e fazermos tanto uma pequena homenagem àqueles dirigentes e jogadores que lutaram em prol do engrandecimento de nossa instituição, quanto ressaltarmos a importância desta conquista vascaína para a história do Vasco e do futebol brasileiro.
Viva o Vasco!
Texto: Walmer Peres Santana (Historiador) Centro de Memória do CR Vasco da Gama