Inconformismo. Essa é a palavra que melhor define o sentimento do Vasco depois da eliminação da Copa do Brasil, no empate por 2 a 2 com o Santos, na noite de quarta-feira, em São Januário. Depois de muitos protestos de jogadores, torcedores e dirigentes, chegou a vez de Eurico Miranda se manifestar contra a atuação do árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima. O presidente convocou coletiva de imprensa para tarde desta quinta e, em tom comedido, cobrou punição ao homem que comandou o duelo decisivo.
Em pronunciamento assim que chegou à sala de entrevistas, Eurico ressaltou que todos os envolvidos em uma partida de futebol estão sujeitos a punições, menos o árbitro. O presidente revelou ainda a despesa do clube com arbitragem:
– O que eu quero é que sejam restabelecidos os direitos iguais. O futebol, sem nenhum tipo de problema, os jogadores estão sujeitos a punição, os dirigentes, os profissionais, e o árbitro não está sujeito a punição. Eu só queria que me dessem um argumento para o árbitro não ser sujeito a punição. Vou me ater ao jogo de ontem. Os árbitros não são amadores, são profissionais. Podem se consideram mal pagos, eu acho que são muito bem pagos. A arbitragem do jogo com o Santos custou quase R$ 10 mil. O árbitro atua, erra, e dizem: “Errar é humano”. É, mas todo mundo que erra paga pelo seu erro, o único que não paga é o árbitro.
O Vasco reclama de um suposto pênalti não marcado no primeiro tempo, após a bola bater na mão do zagueiro Gustavo Henrique, e de falta de Lucas Lima em Alan Cardoso e impedimento de Joel no lance que resultou o empate do Santos por 2 a 2. Eurico Miranda apontou Jean Pierre Gonçalves Lima como responsável por todo desenrolar após a partida, com objetos atirados em campo por torcedores e ofensas do assessor especial da presidência, Eurico Brandão.
– Especificamente em relação ao jogo de ontem, o erro cometido causou prejuízo de toda ordem. Moral, financeira, e fica por isso mesmo. O que se analisa depois é uma súmula feita por ele que vai para o tribunal, que julga porque foi atirado um objeto em campo. Um jogo daquela proporção, da maneira como tudo transcorreu na festa. O atleta vai para o tribunal porque foi expulso, não sei se dirigente ou outras pessoas vão por terem falado com ele, e ele? Quem ocasionou isso tudo? Se ele não tivesse procedido da forma como procedeu… Foi ele que provocou isso.
Se eu tomar uma providência formal na CBF, o que vai adiantar para mim? O que vai adiantar para o Vasco? O que estou colocando aqui não tem reparação. Não adianta eu escrever em um papel. E daí? Isso tem que se tornar público. O tribunal, os procuradores, buscam a denúncia pela súmula. Quando o procurador vê um erro desse, tem que denunciar o árbitro. Ele que busque o artigo. Com certeza, esse jogo deve ir ao tribunal, e com certeza eu, pessoalmente, vou ao tribunal. Isso que é ação prática para mim. Não tenha dúvida que vou levar (erros ao tribunal). Todos documentados, pelas imagens. Não é opinião, é imagem.
Erros contra o Santos
No lance da bola batendo na mão, pode ser julgado como interpretação. Só que foi sempre da mesma forma. Alguns dizem que, se a bola bater na mão, tem que marcar. Outros, não. Agora, uma coisa vem desde que eu entendo de futebol: se a bola desvia a trajetória, não tem discussão. É pênalti. Não se discute. O outro lance, ele estava a dois metros quando a teve a falta no jogador. Em seguida, recebeu em impedimento. Aí é o que eu disse e repito: foi intencional. Não tem condição de apitar jogo do Campeonato Brasileiro. Se é para beneficiar A, B, C ou D ou até ele mesmo, aí não posso dizer.
Desentendimento no aquecimento do Santos
Quem vem no Vasco sabe perfeitamente que só é permitido aos times aquecer atrás do gol. O Vasco aquece atrás de um gol e o adversário atrás do outro. Mas, não satisfeito, o delegado do jogo foi falar para o Santos que tinha que aquecer atrás do gol e o Santos foi aquecer dentro do campo. Eu não mandei tirar nada. O Santos, de maneira indevida foi aquecer dentro do campo. Por que ninguém quer saber por que a gente não deixa aquecer dentro do campo? Porque tem o custo de manter o campo. Se eu mandasse retirar, não teria mais aquecimento. Eles teriam que ir embora. Iriam aquecer dentro do vestiário, porque foi falado, foi tratado.
Críticas à Comissão de Arbitragem
A coisa é geral. Tem uma comissão de arbitragem que é profissional e não vê isso? Não me venham com essa churumela de quem sorteio. Sorteio não existe. Sorteio dos árbitros eles que escolhem e sorteiam. O que facilitaria seria eles não colocarem no sorteio um árbitro que já teve um problema com aquela equipe, até para preservar o próprio árbitro, preservar a todos. Mas não procedem dessa forma. Está errado? Claro que está errado. Ela erra e tem que prestar contas do que erra, para que não entre nesse esquema. Aí começa a se falar em esquema de corrupção, mas eu não entro nessa. Entro na omissão e na incompetência.
Possível punição no STJD
Tem que identificar o que foi jogado. Jogaram objetos. Foi um chinelinho, um tênis e uma latinha. Parece que teve uma chuva de meteorito no gramado. E, muito claro, foi depois do jogo. Sobre o Eurico (Brandão, filho e assessor especial da presidência), ele é livre para falar o que quiser. Se eu estivesse ali e fosse em outros tempos, não sei se só falaria.
Receia ser punido?
Eu vou na sua casa, agrido o seu filho e sua mulher. Você reage e tem que ser o quê? Você que reagiu tem que ser punido? Só quero que me expliquem isso. O que tiver que acontecer vai acontecer, mas não vou deixar de demonstrar claramente como as coisas aconteceram.
Fonte: Globo Esporte