Afinidade é algo difícil de se explicar, você apenas sente. Foi o que aconteceu com Guilherme Costa em 2006, quando disputou o primeiro treino pelo Vasco, aos 12 anos. Mais de uma década depois, ele finalmente consegue realizar o sonho de ter uma sequência como profissional do time que escolheu defender. Neste domingo, às 19h30, enfrentará o Volta Redonda pelo Campeonato Estadual, com a mesma essência daquele menino que recusou um convite de Zé Renato para defender o Flamengo.
O toco no rival rubro-negro é antigo, mas diz muito sobre o que representa para o jogador de 22 anos a oportunidade de ser titular do Vasco. O garoto treinava na escolinha do ex-zagueiro Gonçalves, na Barra da Tijuca, quando foi levado para fazer um teste no Flamengo sob o olhar do então treinador da base rubro-negra, ao lado de promessas como Adryan e Matheus, filho de Bebeto. Os três foram aprovados, mas havia alguma coisa errada para Guilherme.
– Ele estava chorando no quarto quando fui conversar com ele – lembra o pai do atleta, Willian Machado Silveira, de 48 anos: – Ele me disse que não se sentiu bem lá, que não queria ficar no Flamengo. Eu disse que não teria problema e me desculpei depois com o Zé Ricardo.
A porta que fechou no Flamengo, Guilherme escancarou para o Vasco tempos depois. O teste no campo à beira da Washington Luiz foi suficiente para que se sentisse em casa com a cruz-de-malta. No primeiro jogo, marcou um gol olímpico, lembra o pai. Depois, não parou de brilhar: defendeu as seleções de base entre 2010 e 2011 e foi projetado para ser a principal revelação vascaína.
– Isso sempre foi natural para o Guilherme. Ele tem a cabeça boa – destaca o pai, que chegou a ser jogador profissional: – Ah, se eu tivesse a metade da técnica dele…
Cristóvão faz a diferença para Guilherme
Guilherme Costa vinha conseguindo tudo que queria, até subir aos profissionais. Foi quando a maré virou para pior na sua carreira. Em 2012, foi puxado para o time de cima, mas uma sequência de pequenas lesões afastou o jogador dos treinos e da seleção. Até o ano passado, parecia que ele seria mais um garoto de brilho na base, mas sem chances na equipe principal.
Os ventos voltaram a soprar a favor este ano, graças a duas pessoas: Cristóvão e ele mesmo. O treinador foi o mesmo que pincelou o jogador da base, cinco anos atrás.
Assim que chegou, conversou com o meia e deu moral. Guilherme, por sua vez, iniciou a temporada decidido a se reinventar e escrever a história que sempre sonhou com o Vasco.
– Ele correu atrás, fez uma dieta rigorosa e está mais forte – revela Willian: – Em campo, não estou reconhecendo. Ele sempre foi um jogador mais cadenciado. Agora ele está muito rápido, marcando também.
Tardiamente, Guilherme conquista seu espaço em São Januário. Nos treinos, já cobra faltas ao lado dos medalhões Rodrigo e Nenê e já ouviu elogios dos dois. Para quem ano passado não era nem relacionado, as três partidas seguidas como titular são uma evolução e tanto. Quem percebe a mudança são os pais, Willian e Rosângela, e a irmã, Isabela, com quem ele ainda mora.
– Ele está muito, muito feliz – resume o pai.
Fonte: Extra Online