DA x CF
Absolutamente lamentáveis tem sido as últimas atitudes da direção do clube, quanto ao não uso de um princípio que supera o da transparência, da desculpa, da guerra interna (responsabilidade do próprio presidente do Vasco quando implodiu politicamente o clube), do impeachment, a justificar suas atitudes.
O princípio do bom senso corre longe das definições e decisões tomadas em alguns casos e o visto ontem foi mais um.
No momento em que o Conselho Fiscal do clube protocola pedidos de documentação e não há diálogo com o presidente do Vasco, cabe a este último ou sair do pedestal para buscá-lo, ou enviar os documentos, com os riscos inerentes de fazê-lo caso haja irregularidades vistas, mas com o apoio geral se tudo estiver em perfeita ordem e o órgão fiscalizador mentir a respeito.
A situação pessoal do presidente com membros de seu ex grupo não pode servir de desculpa para a cada solicitação de documentação enxergar-se algo político, e se for, a apresentação de tudo só trará ganhos políticos à sua própria gestão.
Claro que entendemos não ser o caminho institucional adequado o vazamento de pedidos pela imprensa, mas o institucional, com pedidos protocolados, discussões em Conselho Deliberativo sobre temas que se mostram inconclusivos. A não apresentação de tais documentos, entretanto, poderia levar o assunto à esfera judicial, o que é muito pior.
Por outro lado, a apresentação de uma outra conta ontem, omitida dos credores do clube, pode causar prejuízos maiores ao Vasco, o que o corpo jurídico, esperamos, deva ter avisado aos (ir)responsáveis, que tiveram a brilhante ideia de agir como agiram, sem medir consequências institucionais.
Como dissemos acima, isso não se trata de um fato isolado.
Demissões e Atrasos
A demissão de 250 funcionários, mais os últimos deste mês, com atraso nos pagamentos de acordos que já vão para três meses em relação aos primeiros, não inibiu nova contratação de inúmeros funcionários por valores adequados à nova visão administrativa, assim como terceirizados.
O atraso de salários, por sua vez, já visto e continuado, tem prejudicado àqueles funcionários mais humildes.
Aconselha-se a que se dê uma devida atenção sobre esses pontos.
Más Escolhas
A inoperância quanto a valores que deveriam servir de premissa para pagamento quando entrou no clube o dinheiro de Paulinho em maio de 2018 (acordos, salários de dezembro e gratificação natalina do ano de 2017) entra em total desacordo com a premissa básica usada pela gestão anterior, de acertar tudo para trás com seis meses de governança, sacrificando a si própria em seu primeiro ano de poder.
Mérito alheio
Por outro lado, os confetes jogados em si próprios inerentes a um empréstimo obtido na primeira semana de gestão a juros baixos é mérito não da direção que chegava, mas sim da que saía, pois o gestor anterior foi fundamental para o acerto ser firmado. A preocupação era a de que o clube fosse assumido com os salários de novembro pagos imediatamente, bem como outras questões prementes.
Transição
Ainda deve ser ressaltado que o departamento jurídico da administração anterior fez uma responsável transição, passando à atual, do respectivo setor, o caminho das pedras para lidar com os problemas existentes e outros que poderiam vir a surgir, além de ter ainda tocado alguns processos de forma gratuita até março do ano passado.
Patrocínio máster
A inoperância em 2018 para conseguir um patrocínio máster, embora nos anos de 2015, 2016 e 2017 o Vasco tenha obtido isso junto à CEF, é gritante. Para tal chance haver, naquela ocasião, foi necessária a obtenção de certidões positivas com efeito de negativas, conseguidas com 25 dias apenas de gestão e mantidas até quase o fim do ano retrasado (o Vasco estava há quase um ano sem elas quando o MUV saiu, em dezembro de 2014).
Sabemos, até porque confessado, que parte do grupo amarelo, vice nas eleições, não tinha nada a apresentar em termos de patrocínio, dito isso às vésperas da eleição do Conselho Deliberativo por seu candidato.
Sabemos que quando o possível patrocinador deixado para 2018 não cumpriu com as suas obrigações contratuais, ensejando cobrança pelo Vasco do valor da multa, judicialmente, que havia 11 meses para busca de um novo parceiro.
Sabemos todos que a direção anterior conseguiu fechar em 2015 seu patrocínio máster em maio, após comprovar à CEF a importância da marca – única relevante a expor o parceiro nas finais dos Estaduais daquele ano.
Sabemos também que o último contrato de patrocínio máster do Vasco, fechado com a empresa em 2017, teve como valor 11 milhões de reais por oito meses, o que proporcionalmente significa 16,5 milhões ano.
Valorização da marca
A marca Vasco teve sua valorização, com retorno de mídia mais que dobrada em 2015, comparando-se aos números apresentados em 2014, quantitativo quase similar em 2016, comparando-se a 2015 e o maior do triênio em 2017, com grandes possibilidades de crescimento para 2018, quando o Vasco vinha já classificado para a Taça Libertadores da América.
Certidões
Essa direção, pelo trabalho deixado pelo corpo jurídico da direção anterior, teve a oportunidade de receber mais de 30 milhões de reais no ano passado, na Justiça, para sanar a questão das certidões (que seriam resolvidas em outubro de 2017 caso não ocorressem fatos insólitos à época) e solta fogos para meses depois dizer que vai conseguir algo obtido, como dissemos mais acima, em 25 dias de governo da gestão anterior.
Receitas e empréstimos – 2018
Entraram no Vasco ano passado mais de 150 milhões de reais, grande percentual disso oriundo do que foi deixado para ser lucrado por quem chegava, e o grande movimento visto por parte dos novos gestores foi anunciar a obtenção de um empréstimo, que perfazia 38 milhões, embora nem metade disso tenha, na prática, sido conseguido até aqui.
Cotas antecipadas
A atual gestão reclamou em 2018 do alto comprometimento das cotas de TV em seu primeiro ano de gestão. A antecessora pegou o clube com 100% comprometido praticamente nos dois primeiros anos.
Informação deturpada
No ano passado, ao enviar uma carta, supostamente com preocupações institucionais, ao Conselho Deliberativo do clube os novos gestores afirmaram que a diferença nas cotas de TV aumentaria para o principal rival, mas esqueceram de dizer que poderia diminuir em TV aberta, dependendo da performance do Vasco (o Vasco poderia ganhar mais) e que vai sempre aumentar no pay-per-view, a cada contrato, se o percentual for mantido.
Poderia também ter sido ressaltado à época (hoje já se faz isso) que não havia qualquer diferença entre o Vasco e qualquer outro clube até 2011, em qualquer plataforma inerente às cotas de TV (aberta, fechada, pay-per-view, etc…).
Vale lembrar ter sido o contrato findo em 2011, assinado no primeiro semestre de 2008.
TV aberta – Nova realidade
Em 2019 o Vasco terá livres 29 milhões da TV aberta, mais pay-per-view, fora pequenos valores inerentes a outras plataformas.
Pela primeira vez, desde 2012, pode o Vasco superar Flamengo e Corinthians no valor de TV aberta para recebimento posterior. Basta para isso ficar na frente deles no campeonato e como consequência ter sua marca mais exposta nas transmissões esportivas (jogos passados em TV aberta).
Pay-per-view – Novos rumos
Atualmente, a realidade de o Flamengo receber 16% das cotas de pay-per-view em média contra cerca de 6% do Vasco poderá ter uma alteração de diferença, com novos métodos de pesquisa (ampliando para o interior dos estados e não apenas às capitais o público alcançado, conforme definido na última renovação).
É fundamental que haja um trabalho desenvolvido pelo marketing do clube em relação ao tema abordado acima, pois a cada 100 mil reais gastos nisso poderá se ter um retorno enormemente maior sobre o gasto. Nada é dito sobre isso, então falamos aqui. Está dada a dica.
Amarelos I
A atual gestão vive hoje uma curiosa situação. Dentro dela está um grupo, que tinha um representante seu admitindo sair no braço com o presidente do clube há um ano. A mesma turma afirmou que lançaria candidato caso houvesse eleições em dezembro do ano passado, ignorando o presidente a quem eram supostamente aliados.
Amarelos II
A suposta oposição à atual gestão, que a vomitou através de seus soldadinhos nas mídias sociais, é exatamente quem a consolida no poder, independentemente do que ocorra dentro do próprio clube.
A comprovação disso ocorreu em maio do ano passado, quando foram contra a instauração de uma sindicância para investigar supostos desvios praticados pelo presidente do clube, tendo sido a denúncia proveniente de um dos vice-presidentes indicados pelo próprio presidente.
Vocação Institucional
Quanto pior melhor não é a forma que vemos como adequada para o presente e futuro do Vasco, daí foi dada ajuda e caminhos para a direção rumar no início, vez por outra conselhos para que não se incorra em erros e até mesmo sugestões como dadas nesse texto, mas é certo que se não houver o pensamento institucional e sim pessoal por parte de quem tem o dever de administrar o clube, a miopia quanto às consequências crescerá.
Casaca!