Ao longo dos últimos oito meses e 13 dias os clubes da Série A permanecem sem conseguir qualquer vitória sobre o Vasco.
Em meio às tungas contra o Vasco no Brasileirão do ano passado começou a invencibilidade vascaína na partida diante do Palmeiras, fora de casa a 08/11/2015. O alviverde paulista seria o Campeão da Copa do Brasil e é hoje o atual líder da competição, mas não foi páreo para o Gigante da Colina na ocasião, perdendo por 2 x 0, com direito a um golaço de Nenê, o segundo da equipe, após passe de Rafael Silva, autor do primeiro tento cruzmaltino na partida.
Na sequência o Vasco enfrentaria o virtual Campeão Brasileiro de 2015, Corínthians, ficaria com um a menos no início da segunda etapa, abriria o marcador com Julio Cesar, após receber passe de Nenê, e por pouco não saiu com a vitória apesar da desvantagem numérica em campo. Final: 1 x 1.
Na rodada seguinte, diante do Joinville, um golaço de Nenê e outro, de oportunismo, assinalado por Riascos, levaram o Vasco a uma vitória de 2 x 1, embora o adversário tenha descontado e pressionado pelo empate já no fim da partida.
Contra o Santos, temporal, campo alagado, atletas entrando em campo passando em meio à torcida e a seu calor, jogo iniciado mais de uma hora após o horário previsto e vitória por 1 x 0 em São Januário, gol de Nenê em cobrança de pênalti, sofrido por ele próprio na tentativa do goleiro adversário em atingi-lo dentro da área.
Na última rodada, a derradeira tunga contra o Vasco em Curitiba, diante da equipe coxa branca. O pênalti escandaloso não marcado sobre Nenê aos 4 minutos da segunda etapa, no mesmo minuto em que o Figueirense assinalava um gol irregular – que seria o da vitória e da classificação – jogando em casa contra o papai do Flamengo é o resumo do ocorrido na competição em desfavor do Vasco e a favor de clubes catarinenses.
Com o Vasco arremessado à segunda divisão, tendo lhe sido tomados 14 pontos no certame por intermédio das arbitragens diante de Internacional-RS (casa), Sport (fora), Atlético-MG (casa), Cruzeiro (fora), Avaí (fora), Chapecoense (casa), São Paulo (fora) e Coritiba (fora), sem contar outras tungas, que não impediram vitórias nem impediriam derrotas, por certo os rivais cariocas tinham em mente um caminho tranquilo para bater no adversário, que os pusera no devido lugar no ano de 2015.
Muito provavelmente o Vasco não teria como segurar Luan, Andrezinho, Nenê, diante das propostas que surgiam. Mesmo sob contrato especulava-se sobre a saída de vários atletas. O time seria todo desmontado…
Não foi só ledo engano dos oponentes como desconhecimento total de que o clube mudara completamente, a partir de sua direção e a forma de direcioná-lo.
E assim o Vasco renovou ou prorrogou os contratos de Martin Silva, Madson, Luan, Julio Cesar, Diguinho, Andrezinho, Evander e Nenê. Trouxe apenas Yago Pikachu (contrato de três anos) e Marcelo Mattos, enquanto Jorginho confiava na recuperação de Riascos e Thales. Rodrigo, capitão da equipe, renovara durante o Brasileiro de 2015 por três anos e Éder Luís aceitara uma redução de seu salário com aumento do tempo de vínculo com o clube por dois anos, método utilizado pela direção cruzmaltina com vários atletas desde o início de 2015, diante do valor exorbitante de salários pagos pelo Vasco a uma diversidade de jogadores com contratos longos e incertezas sobre seus aproveitamentos ou não, casos de Nei, Sandro Silva, Montoya, entre outros.
Já no primeiro clássico, o Vasco atuaria sem Luan, que seria substituído por Jomar, mas caberia a Rafael Vaz, outro reserva, após entrar no lugar do próprio Jomar, aos 34 minutos da etapa final, assinalar o gol da vitória em chute de esquerda, após falta cobrada por Nenê e toque de cabeça efetuado por Rodrigo para o lado direito da área. A partida já estava no período dos acréscimos e pela primeira vez na história do clássico Vasco x Flamengo, o gol da vitória vascaína surgiu após o tempo regulamentar. Um triunfo emblemático, pois além do ineditismo descrito também celebrava a volta de clássicos realizados no estádio de São Januário, após 11 anos.
O segundo adversário seria o Botafogo, ainda na primeira fase do Estadual. Com Riascos marcando, após assistência de Éder Luís e Nenê carimbando a trave aos 39 minutos do segundo tempo, esperava-se mais uma vitória vascaína, mas um gol surpreendente do adversário aos 41 frustrou a torcida, embora se mantivesse o Gigante da Colina invicto na competição.
Já na Taça Guanabara, novo confronto diante do Botafogo e com um toque genial protagonizado por Nenê seguido de uma perfeita conclusão com a perna esquerda do centroavante Thales, o Vasco, ainda no primeiro tempo, abriu vantagem no placar, mantido até o fim do clássico: 1 x 0.
Na rodada seguinte, em Brasília, o adversário seria o time da Gávea, a esta altura já incomodado com a sequência invicta de sete jogos sem vencer seu algoz.
Foi uma partida recheada de erros de arbitragem contra o Vasco, tais como a não marcação de um pênalti sobre Thales, além da complacência do árbitro com Guerrero e Márcio Araújo, deixando de expulsar ambos.
Além disso, testemunhamos uma péssima cobertura do jornal televisivo, “Globo Esporte”, que conseguiu absolver Guerrero, tentou vilanizar Rodrigo, e ainda achou um pênalti a favor do Flamengo em lance de bola parada no qual 10 atletas de ambas as equipes cometiam infrações simultâneas.
Mesmo com o apito contra si e tendo saído atrás no marcador aos 33 minutos da segunda etapa, o Vasco conseguiu o empate com Riascos, após córner cobrado por Nenê, e manteve o placar até o fim. Encerrado o espetáculo a gozação ao adversário foi torturante: “hoje sim, hoje sim, hoje não…”. Seguia a equipe comandada por Jorginho e Zinho invicta no Campeonato Carioca.
No último jogo da Taça Guanabara o adversário seria o tricolor das Laranjeiras. Só a vitória daria o título da taça ao Vasco.
Era a nona decisão do time de São Januário contra o Flu na era Eurico (o Vasco vencera até ali todas), mas a primeira na qual a vantagem de poder até empatar pertencia ao adversário.
No campo, após um primeiro tempo equilibrado, o Vasco teve em Éder Luís, substituto de Julio dos Santos, uma figura de destaque no período final. Foi dele a assistência para o gol do carrasco Riascos e o ponteiro carimbou ainda a trave em belo chute de fora da área. O time cruzmaltino teve ainda Jorge Henrique improvisado de zagueiro, Martin Silva heroico no finzinho e o senso coletivo imperando até o apito final. Com isso veio o erguimento da Taça Guanabara para o clube, 13 anos depois da última conquista em 2003.
Nas semifinais do Campeonato Carioca o adversário era pela terceira vez no ano o Flamengo. A vantagem do empate era desta vez cruzmaltina e a partida fora marcada para Manaus, mesmo local de Vasco x Fluminense na semana anterior.
Logo na entrada em campo o papelão rubro-negro se fez presente, com direito a abandono das crianças flamengas em nome da “ideia de jerico” capitaneada por Wallace, capitão rubro-negro, mas oriunda da direção flamenga: fincar a bandeira no gramado demarcando território. Diria o presidente Eurico Miranda após o jogo: “quem demarca território e não cumpre é cachorro”.
No campo sobrou inteligência ao Vasco, faltou capacidade do outro lado. Brilhou novamente Riascos nos dois gols vascaínos, participando do complemento das jogadas Andrezinho, no primeiro tento cruzmaltino, e o “becão” Wallace, que viraria “boi de piranha” da história muito mal contada daquela bandeira, símbolo da arrogância e desespero de um clube eternamente incomodado com o Vasco.
Chegávamos à final e o adversário, tal qual no ano anterior, era o segundo melhor do Rio, Botafogo.
Na primeira partida a vitória vascaína com um gol de oportunismo marcado por Jorge Henrique, após cruzamento de Nenê. O Vasco ficava a um empate do bicampeonato e também a um empate do hexacampeonato carioca invicto (1924/45/47/49/92/2016).
No domingo, 08 de maio, seis meses após o início de sua invencibilidade contra o Palmeiras, pelo Brasileiro, o alvinegro saiu na frente, mas Rafael Vaz, após falta cobrada por Nenê, marcou o gol do título cruzmaltino, recuperando-se da falha cometida no tento alvinegro. Elas por elas, 1 x 1 foi o placar final. Vasco campeão e invencibilidade mantida.
Como é público e notório, arremessado à segunda divisão que foi por conta das arbitragens, o Vasco ficou um tempinho sem enfrentar times de Série A, mas na semana passada atuou diante do Santinha em São Januário.
A equipe pernambucana chegou com seis reservas e terminou o jogo com três deles em campo, foi sensivelmente ajudada pela arbitragem, que além de não dar um pênalti claríssimo para o Vasco, ainda a favoreceu em vários outros lances nos quais errou, sem cometer qualquer deslize que desfavorecesse o time visitante no decorrer da partida. O placar final de 1 x 1 frustrou os vascaínos e trouxe esperança à turma do contra de uma eliminação precoce do clube na Copa do Brasil, tal qual aconteceu com o freguês da Gávea e pode ainda ocorrer com seu papai diante do bravo Ypiranga gaúcho.
Na última quarta-feira, finalmente, chegamos ao décimo quinto jogo invicto contra equipes da Série A, entre 2015 e 2016. Sem Nenê, seu principal atleta, sem Luan, único jogador de clubes do Rio de Janeiro convocado para a Seleção Olímpica nacional e ainda sem uma definição da posição de titular, ocupada anteriormente por Julio dos Santos e hoje sem um “dono” certo, o Vasco voltou a enfrentar o Santinha, desta vez em Recife.
O clube local fez promoção de ingressos para atrair torcedores, desta vez o número de reservas caiu para cinco e chegou a apenas três logo após o intervalo, o treinador declarou ser importante a manutenção na Copa do Brasil, pelas imperiosas viagens longas a serem feitas, caso o time tricolor caísse na competição nacional e fosse imediatamente posto na Copa Sul-Americana (passando do rival Sport na primeira fase), mas não deu mesmo para segurar o Vasco de Andrezinho, Pikachu e Jorge Henrique.
Após um primeiro tempo muito estudado por parte das duas equipes, o Bicampeão Carioca matou o adversário na segunda etapa. Abriu 2 x 0, “deixou” o Santa descontar, matou o jogo já nos acréscimos e tomou um golzinho no fim da peleja, absolutamente irrelevante para o destino da partida.
Com isso estamos classificados para as oitavas-de-final da Copa do Brasil. Os times que disputaram a Taça Libertadores da América, mais Inter (quinto colocado no Brasileiro do ano passado) e Cruzeiro também garantiram a vaga, enquanto Botafogo, Fluminense e Santos empataram todos no primeiro confronto, contra clubes de Série C e D, além do Bragantino, na zona de rebaixamento da B.
A única ausência entre os 12 maiores clubes do país na Copa do Brasil já garantida é daquele que não teve confiança em si para superar a fortaleza adversária e ficou pelo caminho, após perder fora de casa e na casa do Volta Redonda ainda na segunda fase do certame.
Como disse Riascos, em outras palavras, recentemente, felicidade, teu nome é Vasco!
Casaca!