” Cantareli, bobeou meu chapa, hahaha, a maricota te enganou!”
O bordão ouvido nos anos 70, na Rádio Tupi, em um gol do Vasco contra o Flamengo fazia referência ao momento no qual o goleiro (no caso o rubro-negro) era vazado e surgia em meio ao barulho da torcida, fosse ela vascaína, flamenguista, tricolor, botafoguense, até mesmo americana e banguense, em inúmeros clássicos dos inesquecíveis domingos do velho Maracanã.
José Cabral era repórter de campo da mesma emissora, a Rádio Tupi, quando o Vasco conquistou o título de Campeão Carioca de 1970, após 11 edições sem vencê-lo. Resumiu com detalhes a precisão da falta cobrada por Gilson Nunes e o desvio na zaga alvinegra após o chute de Valfrido, que praticamente selou a vitória e o título antecipado para o Vasco, a uma rodada do fim, naquela noite de quinta-feira, 17 de setembro.
Teve ele passagens pelas rádios Globo (1959), Guanabara, Roquete-Pinto, Tupi, Nacional, Rádio Record (Rio de Janeiro), Rádio Jornal do Brasil e Tamoio.
Considerava-se o criador da categoria “Comentarista de Arbitragem”, pois de fato a instaurou nas transmissões radiofônicas e durante os 50 anos nos quais exerceu a profissão, criar e trazer empatia junto ao público ouvinte eram dons visíveis aos que apenas podiam ouvi-lo.
Chegou a participar de algumas mesas redondas na televisão e o jeito sereno não escondia um conhecimento sobre o mundo futebolístico, o qual habitou por décadas a fio, sem perder a compostura, mas também sem negar seu clube, afinal todos sabiam ser aquele um notório vascaíno.
Mas a ligação de José Pinto Cabral, “o moço da maricota”, cronista e locutor esportivo, com o Vasco ultrapassou as fronteiras da mídia e chegou ao clube, a ponto daquele talento nato da mídia ter chegado à condição de Grande Benemérito e presidente da Assembleia Geral do Club de Regatas Vasco da Gama.
Partiu hoje, aos 87 anos. Deixará saudades à imprensa em geral pelo exemplo deixado de profissional competente e criativo e aos vascaínos em geral, principalmente aos que puderam minimamente conviver com aquela figura agradável, afável e vascaína de coração.
O velório ocorrerá na terça-feira, das 08 às 13 horas, no Memorial do Carmo, sala 4.
Casaca!