Sergio Frias participou do programa Globo Esportivo, na rádio Globo na última semana para falar sobre seu livro “Vitorioso Todo dia”. Confira um trecho da entrevista:
Hugo Lago: Vai participar aqui com a gente o benemérito do clube de regatas Vasco da Gama Sérgio Frias, ele que está lançando um livro que reúne 366 crônicas sobre vitórias do Vasco, sem priorizar jogos de títulos, decisões que todo torcedor já conhece de cor. O único dia em que o clube nunca foi a campo é o dia 24/12. Sérgio Frias vai lançar nos próximos dias é o nome do livro é “Vitorioso Todo dia”. Sérgio, obrigado pela participação com a gente aqui no Globo esportivo. Boa noite! Tudo bem?
Sérgio Frias: Boa noite, Hugo Lago, boa noite a todos os ouvintes da rádio Globo, um prazer falar com vocês mais uma vez.
Hugo Lago: Bom, a satisfação é toda nossa! Claro, Sérgio e eu queria que você falasse um pouquinho mais sobre esse livro, sobre essa obra literária: “Vitorioso todo dia” que se refere a 366 partidas do Vasco. Antes de saber quais foram os critérios que você usou para poder reunir-se material, eu queria saber o que foi que te motivou a dar esse pontapé inicial nessa obra literária
Sérgio Frias: Havia um amigo nosso que no site do Casaca fazia dia a dia uma pesquisa sobre os jogos do Vasco mostrando ali que o Vasco tinha vitórias todo dia. Foi feito esse trabalho mais ou menos aí por volta de 2016 durante uns 2 ou 3 meses depois ele parou. Foi o Rodrigo Alonso que fez, ele era ligado a nós do Casaca, ele parou de fazer e aí então eu concebi a ideia, vendo que o Vasco de fato vencia todos os dias do ano praticamente, como eu falei no dia 24 de dezembro não jogou, eu achei uma boa ideia mostrar o gigantismo do Vasco a partir de uma vitória cada dia do ano então eu escolhi dos anos de 1921 até 2023 várias vitórias do Vasco ou jogos emblemáticos, que pode até o Vasco ter empatado valendo aquilo como uma vitória ou ter ganho na disputa de pênaltis, mas o fundamento é mostrar que o Vasco é vitorioso todo die e como você já falou também agora a pouco, sem a ideia de colocar jogos que valeram títulos, jogos decisivos de títulos e taças de torneios para ampliar ainda mais o conhecimento do torcedor do Vasco sobre a história do clube.
A entrevista completa você pode ouvir logo a baixo
– Danilo perdeu para Julio Pérez, que entregou imediatamente na direção de Míguez. Míguez devolveu a Julio Pérez, que está lutando contra Jair, ainda dentro do campo uruguaio. Deu para Ghiggia. Devolveu a Julio Pérez, que dá em profundidade ao ponteiro direito. Corre Ghiggia! Aproxima-se do gol do Brasil e atira! Gol! Gol! Do Uruguai! Ghiggia! Segundo gol do Uruguai.
69 anos já se passaram, mas o tento que silenciou 200 mil pessoas ainda causa arrepios. O fantasma de 50 assombra gerações, mesmo aquelas que só o conhecem dos livros ou, as mais novas, de vídeos resgatados pela internet. É difícil imaginar o sentimento causado pelo gol que decretou a mais inesperada das derrotas menos de nove meses depois do Maracanazo. Especialmente entre os brasileiros mais próximos da história, aqueles que estavam em campo.
O desejo, porém, era de vingança. Coube ao Vasco, de Barbosa – sim, ele –, Augusto, Danilo, Friaça e Ademir, realizá-la. Em Montevidéu. Foi no dia 8 de abril de 1951, exatos 68 anos atrás, que os comandados do técnico Otto Glória recuperariam o prestígio do futebol brasileiro diante de seu algoz. O amistoso entre Peñarol e Vasco, no estádio Centenário, era o primeiro encontro entre brasileiros e uruguaios desde a final da Copa do Mundo de 1950, justamente entre as equipes que eram bases de suas seleções.
No gramado, 11 dos jogadores que duelaram no Maracanã. Barbosa de um lado, Ghiggia de outro. Friaça, que fez o primeiro gol em 16 de julho de 1950, assim como Schiaffino, que empatou aquela final, também se enfrentaram. O temido Obdúlio Varela, o homem que ergueu a taça que deveria ter ficado no Rio de Janeiro, esteve em campo.
– Quando o Brasil jogou contra o Uruguai na Copa de 1970 (semifinal, 3 a 1 para o Brasil), falaram em vingança de 50. Mas não vi assim. Honestamente: eu lavei minha alma um ano depois da nossa derrota na final da Copa, quando viajei para o Uruguai, pelo Vasco da Gama, para enfrentar o Peñarol – contou o goleiro Barbosa ao jornalista Geneton Moraes Neto em entrevista para o livro “Dossiê 50”.
– Eu disse ao Gigghia que eu também já calei o Uruguai, no estádio Centenário, em Montevidéu. Venci os uruguaios (do Peñarol) por 3 a 0 – completou o arqueiro brasileiro, que pelos anos que lhe restaram – ele morreu em 2000 – carregou a culpa do revés no primeiro Mundial disputado no Brasil.
Sabor do Maracanazo
Poucos uruguaios testemunharam a façanha de sua seleção no Maracanã – apenas aqueles que estavam no estádio, já que as transmissões televisivas era praticamente um sonho à época. O amistoso entre Vasco e Peñarol levava a Montevidéu uma amostra do que havia acontecido meses antes – com a promessa de um jogo de volta para a semana seguinte, novamente no estádio municipal do Rio.
Barbosa, Augusto, Danilo, Friaça e Ademir, titulares do Brasil na Copa do Mundo, titulares também do Vasco. No elenco cruz-maltino ainda estavam Alfredo, Eli e Maneca, reservas na equipe de Flávio Costa, vice-campeão do Mundo. Entre os celestes, Máspoli, Matías González, Obdúlio Varela, Ghiggia, Míguez e Schiaffino. Atração suficiente para encher o Centenário com 70 mil pessoas.
O Vasco chegou à capital uruguaia três dias antes do confronto. Os jogadores buscavam “a reabilitação do football brasileiro”, segundo o Jornal dos Sports, dirigido pelo jornalista Mário Filho, que anos depois emprestaria seu nome ao Maracanã.
– Vamos dispostos a uma grande vitória na certeza de que teremos pela frente uma das maiores expressões do football sul-americano – afirmou, diplomaticamente, o atacante Ademir.
– Acabou a era dos Ghiggias e dos outros. Estamos bem preparados e podemos ganhar do Peñarol em Montevidéu – disse o desafiador Barbosa.
O jogo
A véspera da partida ficou marcada por um episódio inusitado. Escolhido para apitar o amistoso, o árbitro Esteban Marino “adoeceu gravemente” e precisou ser substituído. Com a aprovação vascaína, Cataldi – de primeiro nome ignorado pelos jornais da época – seria o juiz.
Otto Glória escalou seu time com Barbosa; Augusto e Clarel; Danilo, Eli e Alfredo; Tesourinha, Ademir, Friança, Maneca e Djair. O Peñarol teve Máspoli; Matías Gonzalez e Romero; Juan Carlos Gonzalez, Obdúlio Varela e Ortuno; Ghiggia, Hobberg, Míguez, Schiaffino e Vidal.
Foi um passeio. Friaça abriu o placar no primeiro tempo. Ademir, mesmo com 39 graus de febre, fez o segundo antes de sair para a entrada de Ipojucan, que fechou o placar. Maneca infernizou Varela, Ghiggia desapareceu em campo.
“A vitória que o Vasco precisava, e o Brasil também”, estampou o Jornal dos Sports, em letras garrafais, em artigo de Mário Filho.
– Eu sou capaz de apostar que os jogadores do Vasco pensaram mais no Brasil do que no Vasco. Em Montevidéu, o Vasco era Brasil – escreveu o jornalista.
Barbosa virou “colosso”; Alfredo “marcou Ghiggia como Bigode deveria tê-lo feito no Maracanã”, lembrando o lateral-esquerdo, outro que não teria dado conta do ponta que anotou o gol do bicampeonato mundial do Uruguai.
Técnico do Brasil na Copa, e comandante vascaíno até meses antes, Flávio Costa enviou um telegrama aos brasileiros para parabenizá-los da vitória. “Um feito glorioso”, disse. Até cartolas rivais se manifestaram. “Consagrou o football brasileiro”, afirmou Carlos Martins da Rocha, do Flamengo. Tanto foi o orgulho de Fábio Carneiro de Mendonça, do Fluminense, que a vitória “deixou a impressão de traduzir feito da própria bandeira tricolor”.
Consagração no Rio
A volta vascaína foi de festa. Houve recepção no aeroporto do Galeão. Barbosa desabafou:
– Nunca em minha vida pisei em campo com tanta disposição. Somente agora quero recordar das maldosas insinuações de após a Copa do Mundo. Fui humilhado.
Havia, ainda, a partida de volta. O jogo estava marcado para o domingo seguinte, dia 15 de abril, no Maracanã. Os uruguaios chegaram ao Rio no meio da semana. Matías Gonzalez, campeão mundial, provocou na chegada:
– No Maracanã vamos desforrar-nos da surra de domingo. Este estádio foi feito para nós.
O confronto, porém, precisou ser adiado ao próximo domingo. Um temporal impediu que ele fosse realizado e a revanche ainda demoraria uma semana. Na quarta-feira seguinte, o Peñarol foi a São Paulo, onde empatou em a 0 a 0 com o Palmeiras.
Em 22 de abril, brasileiros e uruguaios mais uma vez se enfrentaram no Maracanã. Mas Friaça e Ademir enterraram as chances de o Peñarol repetir a frustração de 1950. Outra vitória cruz-maltina, 2 a 0 – bicho de oito mil cruzeiros para cada atleta.
– Quando acabou tudo (a final de 1950), eu pedia muito a Deus que eu jogasse outra vez contra o Uruguai. Terminei jogando, e ganhando pelo Vasco: 3 a 1 (3 a 0, na verdade) em Montevidéu, 2 a 0 aqui. Eu queria ir à forra – declarou Friaça, também no livro “Dossiê 50”.
Mais contido, Mário Filho definiu o feito vascaíno, ainda antes da segunda vitória:
– Enfim, embora reconheçamos que a vitória do Vasco não pôde apagar a derrota sofrida pelo football brasileiro em 16 de julho (de 1950), mesmo porque nada a apagará jamais, o triunfo vascaíno teve grande expressão, em tudo e por tudo, aparecendo ante nossos olhos, como se fora um lenço a enxugar um pouco de nossas lágrimas que ficaram com a Copa do Mundo.
Neste domingo, 7 de abril, o Vasco enfrenta o Bangu em partida válida pela semifinal do Estadual 2019. É a terceira vez que as equipes se enfrentam nesta mesma data. Nas outras duas oportunidades, deu Vasco, com duas goleadas e 14 gols no clube da zona oeste do Rio.
No dia 7 de abril de 1929, o Vasco estreava no campeonato carioca daquele ano com uma goleada impiedosa sobre o Bangu: 9×1 , gols de Russinho (5), Sant’Anna, Fausto, Mário Mattos e Hespanhol. Esta é até hoje a maior goleada imposta sobre o clube da zona oeste. O Gigante da Colina acabou se sagrando campeão naquele ano.
A outra goleada foi no dia 7 de abril de 2002, um 5 a 1 contra o alvirrubro pela penúltima rodada do Torneio Rio-SP daquele ano, com gols de Romário (2), Leonardo Moura, Léo Lima e Felipe.
Ps: Na rodada seguinte o Vasco precisava de uma vitória simples contra o Corinthians para passar de fase, mas foi extremamente prejudicado pela arbitragem, que não marcou dois pênaltis a favor do cruzmaltino, o que ensejou protestos da diretoria contra a CBF . O resultado final acabou 1×0 para os paulistas.
Em 1999, há 20 anos, o Clássico dos Milhões também decidiu a Taça Rio. De um lado, Edmundo com a camisa cruzmaltina. Do outro lado, Romário sofrendo nas cores rubro-negras.
Era a última rodada da Taça Rio, disputada por 10 clubes no sistema de pontos corridos. O Vasco levava a vantagem do empate, pois somava 2 pontos a mais que o Flamengo.
O Velho Maracanã, com geral e tudo, recebeu um público de mais de 60 mil pessoas. Um dilúvio caiu durante o jogo naquele domingo, fechando o feriadão de Corpus Christi.
Vale a pena assistir novamente esse jogaço de Edmundo & Cia, que resultou no 6o título da Taça Rio para o Salão de Troféus de São Januário. Vasco campeão invicto da Taça Rio 1999, com 7 vitórias, 2 empates, 23 gols a favor, apenas 5 gols sofridos. Aproveitamento de 85% e saldo de gols +18.
FICHA TÉCNICA – FLAMENGO 0x2 VASCO:
Data: 06/06/1999
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Árbitro: Vágner Tardelli
Público: 64.845 pagantes
Gols: Edmundo aos 18 e 48 do 2° tempo
Cartão amarelo: Felipe, Beto, Rodrigo Mendes, Donizete, Paulo Miranda, Edmundo e Ramón
FLAMENGO: Clêmer, Pimentel, Luiz Alberto, Fabão e Athirson; Vágner, Leonardo Inácio, Beto e Rodrigo Mendes (Reinaldo); Caio (Fabiano) e Romário. Técnico: Carlinhos
VASCO: Carlos Germano, Zé Maria (Maricá), Odvan, Geder e Felipe; Nasa, Paulo Miranda, Vágner (Ramón) e Alex Oliveira (Fabricio Carvalho); Edmundo e Donizete. Técnico: Alcir Portela
MELHORES MOMENTOS NO GLOBO ESPORTE:
(clique na imagem abaixo para abrir o vídeo em uma nova janela)
Data: 09/05/2001
Competição: Taça Libertadores da América 2001 (Oitavas de Final – Jogo de ida)
Local: Estádio Municipal de Avenida Ignacio Collao, Concepción.
Arbitragem: Carlos Torres (Paraguai)
Auxiliares: Atilio Invemizzi e Cecilio Bejarano.
Cartões amarelos: Jorginho Apulista, Paulo Miranda, Juninho Paulista e Torres.
Gols: Verdugo, aos 8min, Juninho Paulista aos 19min. No segundo tempo, Romário aos 20 min e Juninho Paulista aos 50mn.
Deportes Concepción: Montoya, Bautista, Torres, López e Perez (Lobos); Aravena, Garrido, Almendra e Iván Cañete; Montecinos e Verdugo.
Técnico: Fernando cavallere.
Vasco da Gama: Hélton, Clébson, Géder, Torres e Jorginho Paulista; Fabiano Eller, Paulo Miranda, Pedrinho (Viola) e Juninho Paulista; Romário (Dedé) e Euller.
Técnio: Joel Santana.