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“Não há team igual em parte alguma do mundo”

 

Com esta frase, o treinador do Áustria Viena, uma das maiores equipes europeias da década de 50, resumiu o “Expresso da Vitória”, que acabara de enfiar uma sonora goleada de 5 a 1 sobre seus comandados:

“Herr Muller estava conformado com o insucesso. E fez o maior elogio que alguém já fez a um conjunto de atletas deste país — a um quadro de football nacional ou sul-americano.

— Em meus anos todos de football — e não são poucos —nunca, vi e jamais supus que pudesse ver “onze” assim tão perfeito, tão exato, tão extremamente certo, com tantos talentos, com tanta argucia, com essa rapidez, com essa noção do goal — com essa sede de goal !

Ainda perguntou abismado:

— O Vasco joga normalmente isso que jogou, essa imensidade de football que jogou contra nós?

— Normalmente joga, Herr Muller.

— Então — concluiu Herr Muller — não pode haver melhor, mais preciso, mais esfuziante.

Foi mais longe:

— Tínhamos na cabeça, na lembrança, na saudade, o nosso “wonderteam” daqueles tempos bons que não voltam mais. Hoje o Vasco devolveu-nos o nosso “wonderteam” no apogeu de sua forma.”

(O Globo – 06/07/1951)

A partida foi válida pela 2ª rodada da Copa Rio 1951, e o cruzmaltino já vinha de uma outra goleada pelo mesmo placar sobre o Sporting de Portugal.

Os mais de 90 mil torcedores que estiveram presentes ao Maracanã naquele dia,  tiveram o prazer de ver de perto aquele verdadeiro esquadrão vencer de virada, com 4 gols de Friaça e 1 de Tesourinha.

O Vasco atuou com Barbosa; Laerte e Clarel; Eli, Danilo Alvim e Alfredo; Tesourinha (Noca), Ipojucan, Friaça, Maneca (Tesourinha) e Dejair.

Recordar é viver !

(O Globo – 06/07/1951)

(O Globo – 06/07/1951)

(Jornal dos Sports – 06/07/1951)

A ficha do jogo:

VASCO DA GAMA (RJ) 5 x 1 ÁUSTRIA VIENA (AUT)

Data: 05/07/1951 (quinta-feira)

Local: Estádio do Maracanã

Público e renda: 93.833 pagantes – Renda: Cr$ 2.615.830,00

Juiz: Powers (Brasil).

Gols: Huber 13’/1º, Friaça 20’/1º, Friaça 25’/1º, Tesourinha 43’/1º, Friaça 20’/ 2º e Friaça/pênalti 40’/2º.

VASCO DA GAMA: Barbosa, Laerte, Clarel, Ely, Danilo, Alfredo II, Tesourinha, Ipojucan, Friaça, Maneca (Noca) e Dejayr.
Técnico: Oto Glória.

ÁUSTRIA VIENA: Schweder (Ploc), Melchior II, Kowanz, Fisher, Ocwirk, Joksch, Melchior I, Huber, Kuler (Tomineck), Stojaspal e Aurednik.
Técnico: Herr Muller

Outras vitórias do Vasco em 5 de julho:

Vasco 7 x 4 Brasil (Carioca 1925)
Vasco 3 x 1 Madureira (Carioca 1936)
Vasco 5 x 1 Austria Viena-AUT (Copa Rio 1951)
Vitória-BA 0 x 2 Vasco (Brasileiro 1978)
Vasco 3 x 2 Coritiba (Copa da Hora 2010)

Expresso da Vitória 11 a 0. Nem parecia que eram onze contra onze…

 

Na estreia do Vasco pelo Carioca de 1949, uma sonora goleada por 11 a 0 contra o São Cristóvão já mostrava ao adversários que dificilmente aquele título não seria conquistado pelo Expresso da Vitória. Como acabou sendo.

Após esta, outras goleadas vieram: 6×0 Canto do Rio, 5×3 no Fluminense, 5×2 no Flamengo, 8×2 no América, 8×1 no Bonsucesso… Foram 18 vitórias, 2 empates e nenhuma derrota.

O Vasco atuou com Barbosa, Augusto e Sampaio; Ipojucan, Danilo e Jorge; Nestor, Maneca, Heleno, Ademir e Mario.

Os gols foram marcados por Maneca(4), Ademir(3), Heleno(2), Ipojucan e Nestor.

Este jogo entrou para a história como a 3ª maior goleada imposta pelo cruzmaltino sobre um adversário.

Recordar é viver !

“O Vasco arrasou o São Cristóvão impondo-lhe uma goleada de 11 x 0

O São Cristóvão caiu fragorosamente frente ao Vasco da Gama pela contagem de 11 x 0. O regular público que compareceu ontem à tarde ao estádio de São Januário deve ter ficado decepcionado com a equipe de Figueira de Mello Chegou a causar pena da maneira com que foi abatido pelo club vascaíno. Em nenhum momento chegou a ter um lance favorável. Sempre o Vasco foi superior na cancha, do primeiro ao último minuto. 

Quando finalizou o primeiro tempo, já o placard registrava a contagem de 7×0. Para o segundo tempo, parecendo ter recebido ordens, os players vascaínos não se empregaram a fundo,e, mesmo assim mais quatro tentos foram consignados. É interessante salientar que nada menos de cinco bolas bateram nas traves, além de seis excelentes oportunidades perdidas pelos atacantes do vice-campeão carioca de 48.”

A Noite (04/07/1949)

O Globo (04/07/1949)

“O Vasco da Gama teve na tarde de anteontem uma das vitórias mais comodas destes últimos tempos, marcando a espetacular contagem de 11 x 0, sobre o São Cristóvão, que se apresentou no estádio de São Januário, com um team incapaz de oferecer qualquer resistência ao onze cruzmaltino.”

Jornal do Brasil (04/07/1949)

 

Ficha do jogo:

Vasco da Gama 11 x 0 São Cristóvão
Local: São Januário
Juiz: Frederick James Lowe
Renda: Cr$ 64.750,00
Gols: Maneca (4), Ademir Menezes (3), Heleno de Freitas (2), Ipojucan e Nestor.
Vasco da Gama: Barbosa, Augusto e Sampaio; Ipojucan, Danilo e Jorge; Nestor, Maneca, Heleno de Freitas, Ademir Menezes e Mário.
São Cristóvão: Ramiro, Lino e Torbis; Rômulo, Geraldo e Olavo; Lino II, João Menta, Wilton, Nestor e Magalhães.

Outras vitórias do Vasco em 4 de julho:

Vasco 3 x 2 Vila Izabel (Carioca – 2ª Divisão – 1921)
América 0 x 2 Vasco (Carioca 1932)
Vasco 2 x 0 Bangu (Torneio Municipal 1938)
Vasco 3 x 2 Portuguesa de Desportos (Torneio Rio-SP 1954)
Vasco 3 x 0 Porto-POR (Pequena Taça do Mundo da Venezuela 1956)
Espanyol-ESP 1 x 3 Vasco (Amistoso 1957)
Americano 0 x 1 Vasco (Amistoso 1988)
Shimizu S-Pulse-JAP 1 x 3 Vasco (Amistoso 1994)

 

De virada, Vasco goleia pelo Carioca de 1922

 

Em 1922 o Vasco chegava a 3ª rodada do returno como líder da Série B da primeira divisão da Liga Metropolitana, seguido de perto pelo Villa Izabel. Ambos possuíam 13 pontos, mas o Vasco levava vantagem no critério de pontos perdidos.  Era preciso confirmar a vantagem, pois só faltavam mais 3 jogos para ambos.

Assim, em 2 de julho, no campo da Rua General Silva Teles, em Vila Isabel, o cruzmaltino entrou em campo com Nelson, Mingote e Leitão; Nolasco, Bráulio e Arthur; Paschoal, Pires, Claudionor, Torterolli e Negrito para enfrentar a equipe do Mangueira. E após começar perdendo por 2×0, virou para 4 x 2 , com dois de Pires e dois de Negrito.

Recordar é viver !

“No campo do confiança realizou-se ante-hontem o esperado encontro entre as fortes equipes dos clubes acima. O match foi um dos melhores assistido na série B.”

Outras vitórias do Vasco em 02 de julho:

Vasco 2 x 0 River (Carioca 1924)
Cachoeiro-ES 1 x 2 Vasco (Amistoso 1950)
Sundsvall-SUE 1 x 5 Vasco (Amistoso 1961)
Vasco 3 x 0 Libertad-PAR (Amistoso 1967)

Final antecipada no subúrbio carioca

 

No dia 01 de julho de 1934, o Vasco adentrava o gramado da Rua Figueira de Mello para enfrentar o São Cristóvão, numa partida decisiva rumo ao título carioca daquele ano.

Naquele momento os “camisas negras” lideravam o torneio com 15 pontos, sete a frente do São Cricri, segundo colocado com 8 pontos. A partida já se anunciava de grande dificuldade, pois foi diante da equipe cadete a única derrota do Vasco até então no campeonato: 0 a 1 dentro de São Januário.

Apesar de sofrer um gol com menos de 1 minuto de jogo, o cruzmaltino não se abalou e tornou-se senhor da partida, pressionando o retrancado adversário. E de tanto insistir, conseguiu o empate através de Orlando, no segundo tempo da peleja.

Com este resultado, a única equipe que poderia ultrapassar o Vasco seria o América (9 pontos ganhos e 7 perdidos) que ainda teria 4 jogos para disputar. O São Cristovão (9 pontos ganhos e 8 perdidos) jogaria mais três vezes e o Vasco (16 pontos ganhos e 4 perdidos) apenas duas. Ao gigante da colina, bastava conquistar 2 pontos em 2 jogos, ou torcer para um empate ou derrota do América na rodada seguinte. E foi o que aconteceu: uma semana depois, América e Fluminense empataram em 3×3 no estádio de Campos Salles, dando ao Vasco o título estadual antecipado de 1934.

Recordar é viver !

“O campo da rua Figueira de Mello, encheu-se hontem, á tarde, para presenciar a disputa do encontro S. Christóvão x Vasco. Há entre os dois clubs do bairro, a se confirmar sempre, a certeza de que bons marches se ferem, sejam quaes forem as condições dos quadros. E a partida do returno confirmou a do turno. Como se sabe, o team local impoz aos primeiros colocados o único revez e um dos dois empates.

Como da outra vez, o S. Christóvão obteve um goal e lutou notavelmente para não ver caídas as suas esperanças. Manoelzinho consignou o ponto, após uma feliz jogada de Bahiano, em menos de meio minuto do início da peleja. E só no segundo tempo o Vasco empatou, por intermédio de Orlando. Um tiro opportuno, após opportuno passe de Itália á frente.”

A Noite (02/07/1934)

O Globo (02/07/1934)

O periódico “O Jornal” trazia a informação destacada no início da coluna “Recordar é viver”: ao Vasco bastava o tropeço da equipe de Campo Salles para a conquista da taça.

“O Vasco está com o campeonato garantido, por assim dizer. Basta-lhe uma victoria em dois jogos ou basta uma derrota ou empate do América”

O Jornal (02/07/1934)

O Jornal (02/07/1934)

A Noite (02/07/1934)

O Globo (02/07/1934)

A campanha do título:

1º Turno:

01/04/34 – Vasco 2 x 1 América (São Januário)

08/04/34 – Vasco 2 x 0 Bangu (São Januário)

12/04/34 – Vasco 2 x 0 Bonsucesso (São Januário)

22/04/34 – Vasco 0 x 1 São Cristóvão (São Januário)

01/05/34 – Vasco 5 x 2 Flamengo (São Januário)

06/05/34 – Fluminense 1 x 2 Vasco (Laranjeiras)

2º Turno:

27/05/34 – América 2 x 2 Vasco (São Januário)

06/06/34 – Bonsucesso 3 x 4 Vasco (Laranjeiras)

24/06/34 – Bangu 2 x 5 Vasco (São Januário)

01/07/34 – São Cristóvão 1 x 1 Vasco (Figueira de Melo)

22/07/34 – Flamengo 3 x 2 Vasco (Laranjeiras)

29/07/34 – Vasco 1 x 0 Fluminense (São Januário)

Classificação final:

                          P   G   W   D   L  GF  GA  GD
 1. Vasco                18  12   8   2   2  28  16  12 
 2. São Cristóvão        14  12   5   4   3  15  15   0
 3. América              13  12   4   5   3  24  19   5
 3. Bangu                13  12   6   1   5  24  30  -6
 5. Fluminense           11  12   4   3   5  24  22   2
 6. Flamengo             10  12   4   2   6  35  29   6
 7. Bonsucesso            5  12   2   1   9  19  38 -19

A ficha do jogo decisivo:

SÃO CRISTÓVÃO 1 X 1 VASCO
Data:01/07/1934
Local: Estádio da Rua Figueira de Mello ( São Cristóvão F.C. )
Árbitro: Loris Valdetaro Cordovil
Renda: Não disponível
Público: Não disponível
SCFR: Francisco; Zé Luís e Mário; Agrícola, Dodô e Armando; 
Válter, Joãozinho, Manoelzinho, Bahiano e Quintanilha 
Técnico: Manoelzinho
CRVG: Rey; Domingos e Itália; Gringo, Fausto e Mola; 
Orlando, Almir, Gradim, Nena e D' Alessandro.
Técnico: Henri "Harry" Welfare
Gols: Orlando e Manoelzinho
Obs: Com este resultado, o Vasco sagrou-se campeão por antecipação. 

Artilheiros do Vasco: 
Gradim 8 gols, Nena 7 gols.



Fonte: RSSSF, O Globo, A Noite, O Jornal

Outras vitórias do Vasco em 1º de julho:

Vasco 3 x 2 Botafogo (Carioca 1923)
São Cristovão 0 x 1 Vasco (Carioca 1928)
Estrela do Norte-ES 0 x 9 Vasco (Amistoso 1950)
Vasco 5 x 1 Sporting-POR (Copa Rio 1951)
São Paulo 0 x 1 Vasco (Torneio Rivadávia Correa Meyer 1953)
Vasco 3 x 0 Bonsucesso (Carioca 1962)
CEUB-DF 1 x 2 Vasco (Amistoso 1975)
Vasco 2 x 0 Serrano (Carioca 1981)
Vasco 1 x 0 Avaí (Brasileiro 2015)



 

O vento é vascaíno

 

No dia 30 de junho de 1940, o Vasco vencia de virada o Flamengo no gramado das Laranjeiras, após estar perdendo por 2×0, em partida que ficou marcado pela bravura e categoria dos atletas vascaínos em conseguir a reação e pelo vento, o 12º jogador dos “camisas pretas”. Os gols vascaínos foram marcados por Figliola, Alfredo I e Lindo.

O Vasco atuou com Nascimento (Chiquinho), Oswaldo e Florindo; Zarzur e Dacunto; Lindo, Alfredo I, Villadoniga, Gonzalez e Jarbas.

“Sensacional como se esperava a pugna, foi, no entanto, sensívelmente prejudicada pelo vento forte que soprou durante os dois tempos, favorecido sempre o quadro que actuava a seu favor. Dest’arte coube ao Flamengo levar vantagem no primeiro período, atacando mais e conseguindo um goal aos 33 minutos, por intermédio de Leonidas. No segundo do tempo o Vasco jogando a favor do vento reaccionou brilhantemente para conquistar o triumpho.  De inicio, aos seis minutos, o Flamengo, marcou o 2° goal por intermédio de Jarbas. Aos dez minutos, Figliola, de cabeça num córner, fez o 1° gol dos vascaínos e Alfredo I empatou aos treze minutos. Finalmente aos vinte e nove minutos, Lindo fez o gol da victória dos vascaínos, encerrando-se o prelio com a contagem de 3×2.” (Jornal dos Sports – 01/07/1940)

Mário Filho destacava em sua coluna no JS que as forças da natureza favoreceram aqueles que foram melhores:

“A peleja Flamengo x Vasco proporcionou ao público que lotou completamente as dependências do estádio das Laranjeiras as mais fortes emoções. Pode a partida ser incluída entre as melhores do ano. Se não foi perfeita sob o ponto de pista técnico, es-teve ótima, muito bem disputada, renhidamente jogada mesmo e a parte disciplinar não sofreu um só arranhão. O Vasco triunfou por 3 x 2, e, merecidamente. O bando cruzmaltino mereceu a vitoria e esteve perdendo por 2 x 0 quando o panorama geral lhe era todo favorável. A atuação do Vasco, com efeito, surpreendeu. Iniciou a partida atacando muito, desenvolvendo excelente jogo e se impondo pelo número de cargas e pela sua melhor organização, mas não conseguia goals sinão na etapa final.

O Flamengo vencia por 2 x 0 — A reação vigorosa dos cruzmaltinos

No fim do primeiro tempo o Flamengo obteve seu primeiro goal. Mas o Vasco estava agindo melhor, aparecendo com energia e desenvolvendo superior atuação. O goal de Leônidas adveio de uma carga isolada, mas perfeitamente concluída por um tiro de mestre. No tempo final o rubro-negro fez o segundo goal e ai firmava-se gradativamente. Mas o Vasco preparou vigorosa reação, estimulada por um goal de cabeça consignado por Figliola ao se aproveitar de um corner. E depois se pôde verificar que só faltava ao Vasco conseguir goals. Atuando com desembaraço. apoiado pela sua excelente linha média, onde todos os players, Figliola, Zarzur e Dacunto apareciam otimamente, foi possível obter o empate c o goal da vitoria.” (A Noite – 01/07/1940)

“O embate travado ante-hontem no estádio do Fluminense FC pode ser considerado como o melhor deste turno neutro, chegando mesmo a relembrar os áureos tempos do football carioca.” (A Noite – 01/07/1940)

A Gazeta da Tarde lembrava que com a vitória, o Vasco tirava o Flamengo da liderança e assumia a 2ª colocação do campeonato, empurrando o rubro-negro para o terceiro lugar:

O Jornal “O Globo” do dia seguinte estampava em letras garrafais a histórica virada vascaína:

Outras vitórias do Vasco em 30 de junho:

30/06 – Vasco 4 x 3 Brasil-RJ (Carioca 2ª Divisão 1918)
30/06 – Bonsucesso 1 x 5 Vasco (Carioca 1943)
30/06 – Benfica-POR 2 x 5 Vasco (Amistoso 1957)
30/06 – Vasco 6 x 1 Bonsucesso (Amistoso 1960)
30/06 – Vasco 4 x 1 Portuguesa (Carioca 1963)
30/06 – Nacional-AM 0 x 1 Vasco (Amistoso 1968)
30/06 – Rio Branco-ES 0 x 2 Vasco (Amistoso 2000)
30/06 – Avaí 1 x 3 Vasco (Copa da Hora)
30/06 – Vasco 3 x 2 Ponte Preta (Brasileiro 2012)

Há 63 anos, o melhor dos 8, o maior do mundo

 

Há 63 anos, no dia 04 de julho de 1953, o Vasco vencia o São Paulo por 2 a 1 e conquistava um dos maiores títulos de sua história: o Torneio Ocotogonal Rivadavia Corrêa Meyer. E de forma invicta.

O torneio foi sucessor da Copa Rio, realizada nos anos de 1951 e 1952,  mas com várias semelhanças: ambas as competições tiveram o mesmo organizador, a CBD, com autorização da FIFA, comprovada pela participação do presidente da Federação Italiana e vice-presidente e Secretário-Geral da FIFA Ottorino Barassi na sua organização.

Assim como nas edições da Copa Rio, no Torneio Rivadavia os árbitros eram todos do quadro da FIFA: por exemplo, o árbitro paulista Querubim da Silva Torres foi aceito na competição apenas na condição de “bandeirinha” por não ser um árbitro do quadro da entidade máxima.

Após empatar em 3 a 3 com o Hiberian, bicampeão escocês 1950/51 e 1951/52, vencer Fluminense e Botafogo por 2×1,  e despachar o Corinthians nas semi-finais com duas vitórias (4×2 e 3×1)  Vasco pegaria o tricolor paulista na grande final.

Na primeira partida, vitória do Vasco por 1 x 0 em pleno Pacaembu, gol de Djair. Mas ainda faltava um jogo. O jogo.

Na tarde de sábado do dia 4 de julho, o Maracanã receberia a grande final do octogonal internacional. E novamente o Vasco sairia vencedor, dessa vez por 2 a 1, dois gols de Pinga, conquistando um dos mais valiosos troféus de sua grandiosa história. Este dia também ficaria marcado como o último título de Ademir de Menezes pelo “Gigante da Colina”.

“Está terminado o Torneio Octogonal. E coube ao Vasco laurear-se no certame em disputa da taça “Rivadavia Corrêa Meyer”, fazendo-o com inteira justiça. Foi um vencedor à altura do titulo, provando ter sido a decisão lógica e merecida. Na verdade, pertenceram ao esquadrão de São Januário, em todo o decorrer do Torneio Octogonal os feitos de maior expressão tornando-o, por isso, o vencedor indiscutível de alto mérito.

É verdade que houve prélios em que foi necessária toda a dose de espirito de luta e alguma chance, como frente ao Botafogo e no primeiro confronto com o São Paulo. Mas, ainda assim, atuou o campeão do Octogonal à altura das tuas credenciais.

A vitória de sábado, sobre o mesmo São Paulo por 2 a 1, valeu pois, pela confirmação de uma superioridade  que já se desenhara e foi a consagração final pela conquista do título.”

A Noite (05/06/1953)

“O Vasco é o campeão da primeira Taça Rivadavia Corrêa Meyer. Vencendo o São Paulo na tarde de sábado, pela contagem de 2×1, o team cruzmaltino completou  a sua serie invicta no Torneio Internacional.  Na série de classificação, empatou com o Hibernian por 3×3, derrotando Fluminense e Botafogo pelo mesmo score de 2×1. Nas semi-finais venceu duas: vezes ao Corintians, por 4×2 e 3×1.

Classificado para as finais, com o São Paulo que derrotara o Fluminense, voltou a ganhar duas vezes, começando na quarta-feira da semana passada, na Paulicéia, por 1×0 (goal de Djair) e bisou o triunfo sábado. Utilizando dois arqueiros — Ernani e Oswaldo; quatro zagueiros —Augusto, Haroldo, Mirim e Bellini: quatro halves — o mesmo Mirim, Ely, Danilo e Jorge: e nada menos do que onze atacantes: Pedro Bala, Alfredo, Maneca, Sabará, Ademir, Ipojucan, Alvinho, Pinga, Simão, Chico e Djair, 21 jogadores ao todo, o quadro de São Januário cumpriu destacada performance, merecendo o titulo conquistado.

Foi, sem favor, o team mais regular, saindo de um pálido empate com os escoceses de Edinburgo para notáveis exibições, merecendo citação as que desenvolveu contra o Fluminense e na primeira peleja com o Corintians.  Ao todo marcou dezessete goals, contra nove dos adversáos, apresentando a media de 2,2 pró e 1,2 contra. Como o “goal average” está entrando em moda no Brasil, o vascaíno foi de 1.88. Diga-se que os cruzmaltinos, que começaram com a zaga Augusto e Haroldo, para as semi-finais tiveram de improvizar Mirim como back direito, colocando Bellini como seu companheiro. E tudo deu certo, e pode ser compreendido pelo plantel de São Januário e a habilidade na escolha dos elementos.”

O Globo (05/07/1953)

Os gols do Vasco, em imagens capturadas pelo jornal “O Globo”:

As atuações dos campeões, segundo o periódico carioca:

ERNANI – Jogou apenas poucos minutos da segunda fase, saindo de campo por ter torcido o tornozelo direito, ao cobrar um tiro de meta. No primeiro tempo, porem, foi um bom arqueiro, praticando seguras defesas. A sua mais sensacional intervenção foi num “shoot” cruzado de Bauer.

OSWALDO — Entrando aos 8 minutos da segunda fase, para substituir Ernani, o veterano guardião houve-se com sucesso. Não foi culpado no goal único do adversário e fez espetacular defesa aos 43 minutos, quando evitou tento tido como certo, num shoot de surpresa de Pé de Valsa, que invadira a área. Sem exagero pode-se dizer que, com a sua intervenção dita milagrosa, Oswaldo pagou o preço do seu ingresso no Vasco.

MIRIM — Jogando contundido, Mirim não pôde desenvolver o seu melhor jogo. Mas foi um valente e supriu com entusiasmo as dificuldades que encontrava para firmar o pé. Fez penalty em Maurinho, que o juiz não marcou.

BELLINI — Errando logo no primeiro minuto, segundos antes do goal número um do Vasco, quando a bola passou sob os seus pés e foi perdida por Oito sozinho diante de rnani, depois foi crescendo de produção. No final, na reação dos paulistas, destacou-se pela firmeza nas rebatidas, tirando partido do seu físico.

ELY — Firme o medio direito, embora nos momentos decisivos abusasse um pouco do Jogo viril. Mas ninguém deve ficar espantado com o entusiasmo e os excessos do defensor vascaíno, pois faz parte do seu estilo de jogo. Para o seu team, porque mais interessa aos torcedores e companheiros, foi um elemento útil.

DANILO — Com bons e maus momentos, sentindo talvez um pontapé que recebeu na canela direita. Lutou, porém, com ardor e procurou resolver de qualquer maneira os lances, nos instantes de dificuldade.

JORGE — Fez um primeiro tempo fraco, pois não conseguiu acertar muito com Maurinho. Depois foi melhorando. principalmente quando o ponteiro direito sampaulino passou para a esquerda. Lanzoninho foi mais fácil de controlar.

 MANECA — Embora escalado na ponta direita, raramente Maneca foi encontrado no posto, pois ficava armando o jogo e soltava as bolas para os companheiros pela sua ala. Depois passou para a meia e foi visto mais vezes na frente, procurando o goal. Deu um grande shoot na trave, quase aliviando o team quando o São Paulo atacava muito.

ALFREDO — Jogou dez minutos apenas, criando um caso com o juiz por ter agarrado Poy. Na sua missão de perturbar o árbitro — se realmente foi essa —teve bom desempenho.

ADEMIR — Colaborou nos dois goals vascaínos feitas por Pinga e deu algumas de suas sensacionais arrancadas. Deixou o campo aos 35 minutos da fase final, por ter sentido o joelho direito, justamente o que o afastara do gramado durante três meses.

IPOJUCAN — Sentindo a distensão muscular. não foi o mesmo player dos últimos encontros. Mas desta vez, pelo menas, teve a seu favor a disposição para a luta, tendo aparecido com sucesso ao apoiar a retaguarda, quando maior era a pressão bandeirante.

PINGA — Duas chances e dois goals: parece que não precisava fazer mais, quando se sabe que o Vasco venceu por 2×1. No segundo tempo andou com cuidado devido às entradas dos adversários e não apareceu muito.

DJAIR — Ficou escondido grande parte do jogo. pois De Sordi esteve atento. Mas no final desferiu violento shoot, obrigando Poy a difícil defesa, ao recolher a bola que Maneca mandara na trave superior.

O Globo (05/07/1953)

Outras vitórias do Vasco em 04 de julho:

04/07 – Progresso 1 x 4 Vasco (Carioca – 2ª Divisão – 1920)
04/07 – Vasco 3 x 0 Syrio e Libanez (Carioca 1926)
04/07 – Canto do Rio 2 x 3 Vasco (Carioca 1943)
04/07 – Vasco 2 x 1 São Paulo (Torneio Rivadávia Correa Meyer 1953)
04/07 – Vasco 2 x 1 Madureira (Carioca 1970)
04/07 – Uberaba 1 x 3 Vasco (Amistoso 1971)
04/07 – Vitória-BA 0 x 3 Vasco (Amistoso 1973)
04/07 – Vasco 3 x 0 Fluminense (Carioca 1981)
04/07 – Vasco 4 x 0 Santos (Brasileiro 2007)

E o Barcelona conheceu sua 1ª derrota em casa para um brasileiro

 

Em 1931, entre os dias 28 de junho e 2 de agosto, o Vasco excursionou pela Europa conquistando grandes vitórias e trazendo orgulho para o Brasil. Uma delas foi justamente a primeira derrota do Barcelona em seu estádio para uma equipe brasileira: vitória vascaína por 2 a 1, gols de Carvalho Leite e Russinho. Seria 3 a 1, não fosse um gol mal anulado de Benedicto.  O cruzmaltino novamente sendo pioneiro no futebol nacional.

A partida foi realizada no dia 29 de junho, no Camp de Les Cortes, primeira casa do clube catalão. O Vasco foi escalado com Jaguaré, Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Bahianinho, Benedicto, Carvalho Leite, Russo e Santanna. Do lado espanhol, destaque para o famoso goleiro Ricardo Zamora e o goleador Josep Samitier, medalha de prata na Olimpíada de 1920.

“A acuação do Vasco, hoje, excedeu a todas as expectativas. O conjunto brasileiro se acclimatou rapidamente ao meio estranho, e, fora os primeiro momentos que foram de indecisão, os rapazes do Vasco souberam prescindir da influencia do campo e da torcida estranhos, e tiveram a supremacia dos ataques.

A victoria foi conquistada sem um deslize, limpa e brilhante. Jaguaré foi um arqueiro de defesas espectaculares. Deu umas três saídas em falso, mas fora isso, actuou com firmeza, formando com Brilhante e Itália uma defesa quase inexpugnável. A zaga esteve em grande dia. Brilhante impressionou pela tirada limpa e a jogada inteligente, procurando sempre entregar uma bola em condições ao companheiro. Itália esteve firme, rebatendo com segurança. Não falhou uma só vez. Tinoco marcou uma ala perigosa e mesmo assim não teve indecisões.

Fausto foi um dos grandes factores da victoria. Os jornaes chamam-no “La Maravilha Negra” e dizem que é um dos maiores center-halfs que pisaram as canchas da Europa. Molla esteve bom. Bahianinho foi o “enfant-gaté” do público. Teve magníficas jogadas. Mas o trio atacante foi que despertou maiores enthusiasmos. Benedicto, Carvalho Leite e Russo maravilharam pela combinação precisa e a rapidez das jogadas. Arremataram constantemente , pondo sempre o arco de Zamora em perigo. Sant´anna e Mario Mattos, bons.

A victoria do Vasco tem a sua maior significação no facto dos jogadores brasileiros virem de uma viagem exhaustiva e ter jogado hontem contra o mesmo team que appareceu, hoje, reforçado. Actuando em campo estranho, com público estranho, jogando duas partidas em quarenta e oito horas, o Vasco teve uma grande victoria, justa, limpa e leal.” (O Globo – 30/06/1931)

A importância do jogo era tão grande, que o jornal “A Noite” lançou uma edição especial do periódico no mesmo dia da partida, logo assim que ela terminou:

“A partida de hoje entre o CR Vasco da Gama e o Barcelona FC foi brilhantíssima, sendo assistida por um número extraordinário de expectadores. A entrada dos jogadores brasileiros, o público prorompeu em applausos enthusiasticos.” (A Noite – 29/06/1931)

Seleção brasileira em 1934 (4×4) e Palmeiras em 1949 (2×2) tentaram, mas não conseguiram repetir o feito vascaíno. Somente 25 anos depois, um clube brasileiro conseguiria vencer novamente o Barcelona em  seu estádio: em 1956, vitória botafoguense por 2 a 0 na cancha dos catalães. No ano seguinte (1957) o Vasco novamente entraria para a história, aplicando a maior goleada que os espanhóis já sofreram em casa: 7 a 2.

“Felizmente para satisfação dos desportistas nacionaes, o Vasco da Gama triumphou sobre o quadro mais pujante da Hespanha, gremio que jamais se deixou abater por qualquer equipe estrangeira em sua cancha”

Jornal dos Sports (30/06/1931)

Outras vitórias do Vasco em 29 de junho:

Bonsucesso 2 x 3 Vasco (Carioca 1941)
São Cristovão 3 x 5 Vasco (Amistoso 1946)
Cachoeiro-ES 0 x 2 Vasco (Amistoso 1950)
Norrkoping-SUE 0 x 1 Vasco (Amistoso 1961)
Ceará 1 x 2 Vasco (Amistoso 1965)
Vasco 3 x 0 Operário-MS (Brasileiro 1974)
Operário de Dourados-MS 0 x 4 Vasco (Amistoso 1980)

Vitória e vaga na final do Rivadavia Corrêa Meyer no dia da volta de Ademir

 

Na tarde de 28 de junho de 1953 no Maracanã, o Vasco derrotava o Corinthians por 3 a 1 pela segunda partida da semi-final do Torneio Rivadavia Correa Meyer, classificando-se para a grande final, pois já havia vencido a primeira peleja por 4 a 2 no mesmo estádio.

“Ratificando as vitórias já obtidas sobre o Corinthians no torneio Rio-São Paulo no dia 31 de maio e na primeira semi-final do octogonal na tarde de quarta-feira última, o Vasco da Gama voltou a impor-se ontem ao campeão bandeirante pela contagem de 3 x 1. Com esse novo triunfo classificou-se o esquadrão cruzmaltino vencedor da série Maracanã das semi-finais, candidatando-se a decidir o titulo de campeão do torneio Rivadavia Corrêa Meyer com o vencedor da sede do Pacaembu, que acabou sendo ontem o São Paulo, na prorrogação. Como das vezes anteriores, a terceira vitória do Vasco sobre o Corinthians no curto espaço de um mês foi perfeitamente justa. Ainda que sem repetir a grande atuação do primeiro tempo da quarta-feira passada, o campeão carioca foi de um modo geral, mais team que o campeão paulista em quase todo o decorrer da luta. Apenas no início do segundo tempo, durante alguns minutos, é que o Vasco desnorteou-se um pouco permitindo que os bandeirantes exibissem unta certa supremacia territorial. Mas na metade do tempo o Vasco já se havia recuperado e consolidou o jogo até que surgiu o terceiro gol, quando então não mais deixou dúvidas quanto a nitidez do teu triunfo.”

O Globo (29/06/1953)

“Sem repetir a mesma soberba atuação de quarta-feira última, quando apresentou aos olhos de quantos compareceram ao Maracanã urna autêntica exibição de futebol, ainda assim pôde o Vasco, na tarde de ontem, repetir a proeza de derrotar o bi-campeão paulista classificando-se como um dos finalistas do Octogonal. Realmente, desta vez os cruzmaltinos não conseguiram apresentar aos olhos dos espectadores o mesmo jogo de conjunto — antes, pelo contrário, em certas ocasiões chegou mesmo a demonstrar certas falhas, principalmente em seu setor defensivo. No entanto muito, embora isso, o fato é que os campeões cariocas souberam sempre conduzir o “match” de acordo com as suas conveniências, fazendo gols nos momentos em que as oportunidades surgiam, ou ganhando tempo ao bloquear os avanços quando o Coríntians esboçou sua reação durante grande parte da etapa final.”

A Noite (29/06/1953)

Este jogo marcou o retorno de Ademir de Menezes aos gramados após mais de 2 meses parado devido a uma lesão no tornozelo. Sua última atuação pela equipe cruzmaltina tinha sido no dia 5 de abril no jogo contra o Colo-colo pelo Triangular do Chile, conquistado pelo Vasco.

“Quando Flávio Costa fez uma substituição na equipe do Vasco da Gama aos trinta e dois minutos da etapa derradeira, foi um verdadeiro delírio no Maracanã. Tratava-se de Ademir. O famoso artilheiro que desde o último Campeonato Sul-Americano de Futebol, realizado em Lima (obs: o correto é Santiago), se encontrava afastado das canchas, voltava a integrar o esquadrão de seu clube. Interveio em dois ou três lances, e demonstrou que dentro em breve, estará na sua melhor forma física e técnica, surgindo sempre como o maior perigo para as metas adversárias.”

A Noite (29/06/1953)

O Globo (29/06/1953)

O Globo (29/06/1953)

As atuações da equipe vascaína segundo o jornal “O Globo”:

A ficha do jogo:

VASCO DA GAMA (RJ) 3 X 1 CORINTHIANS (SP)
Data: 28/06/1953
Torneio Octogonal Rivadávia Correia Meyer / Semifinais
Local: Estádio do Maracanã
Árbitro: Erik Westman (SUE)
Renda: 1.059.888,20
Gols: Maneca 15, Sabará 36/1º e Djair 35/2º; Carbone 32/1º
VASCO DA GAMA: Ernãni, Mirim e Bellini, Eli, Danilo e Jorge, Sabará, Maneca, Ipojucan (Ademir), Pinga e Djair / Técnico: Zezé Moreira Zezé Moreira
CORINTHIANS: Cabeção, Homero e Olavo, Idário, Julião e Roberto), Cláudio, Vermelho, Baltazar (Nardo), Carbone e Souzinha (Liquinho) / Técnico: Rato

Outras vitórias do Vasco em 28 de junho:

Estrela do Norte-ES 1 x 6 Vasco (Amistoso 1950)
Vasco 2 x 1 Bonsucesso (Carioca 1970)
Seleção de Ilhéus-BA 1 x 2 Vasco (Amistoso 1983)
Fortaleza 0 x 1 Vasco (Brasileiro 2003)
São Raimundo-AM 1 x 2 Vasco (Amistoso 2006)
Vasco 4 x 2 Ipatinga (Brasileiro 2008)
Vasco 1 x 0 Flamengo (Brasileiro 2015)

Expressinho derrota o Flu e força a “negra”

Jornal dos Sports (29/06/1948)

No ano de 1948, o “Expresso da Vitória” já tinha sua fama reconhecida dentro e fora das fronteiras brasileiras, e por este motivo, o Vasco recebia inúmeros convites para amistosos nacionais e internacionais. Todos queriam ver de perto aquela verdadeira “locomotiva”.

E sabedor da força de seu elenco, nos meses de maio e junho, o treinador Flávio Costa montou aquele que ficou conhecido como “Expressinho”, com jogadores reservas para a disputa do Torneio Municipal, enquanto os titulares excursionavam pelo Brasil e pelo mundo.

Porém, aquela equipe de suplentes estava longe de ser um alvo fácil para os adversários. Pelo contrário. O Vasco, que lutava pelo penta da competição, chegou ao fim do torneio invicto e empatado em número de pontos com o Fluminense, forçando as finais. E só não foi campeão direto, pois o tricolor das Laranjeiras ganhou no tapetão os pontos do empate frente ao Bonsucesso na penúltima rodada (o atleta Wilson Silva do clube suburbano havia atuado de maneira irregular).

O Vasco perderia a primeira partida da decisão por 4 a 0 e precisava vencer o jogo seguinte, forçando um terceiro confronto, a chamada “negra”.

A equipe titular, que havia vencido o Bahia por 2 a 0 em partida amistosa no dia 22 de junho com Barbosa (Mariano), Rômulo e Rafaneli; Eli, Danilo e Jorge; Nestor, Ademir, Dimas, Tuta (Maneca) e Chico, já havia retornado e poderia reforçar o Vasco neste segundo jogo decisivo. Porém, a diretoria cruzmaltina continuava apostando no time suplente, dando força para seus jogadores:

“Os reservas continuam merecendo toda confiança, e na interpretação dos dirigentes, o afastamento dos suplentes seria duro golpe na moral dos rapazes, que até aqui vinham defendendo magnificamente as cores do clube” (Jornal dos Sports, 27/06/1948)

No dia 28 de junho de 1948, o Vasco entrava em campo com Barcheta; Laerte, Wilson; Alfredo II, Moacir, Sampaio; Nestor, Ipojucan, Dimas, Ismael e Tuta. E com o chamado “Expressinho”, venceria a peleja por 2 a 1, gols de Dimas (36 do 1º tempo) e Nestor (5 do 2º tempo), forçando um terceiro jogo final.

A Noite (28/06/1948)

“Muita gente foi ontem ao estádio da Gávea, lá no longínquo campo dos ventos uivantes, convencida que assistiria a repetição daquele baile que o Fluminense dera ao Vasco na quarta-feira última. Acontece que o maestro Flávio Costa, não tendo gostado da desarmonia do último jogo, afinou o seu bando direitinho, e mandou-o ao gramado dentro da pauta para que o diapasão da música fosse outro. E foi mesmo.

No primeiro tempo, o bailarino Orlando não acertou o passo, e como os outros quatro do ataque acompanham o seu ritmo, acabaram sem saber o que deveriam fazer, principalmente “109” que não acertava o compasso. Os fans do tricolor ficaram desapontados vendo o Vasco jogar igualzinho e, às vezes, melhor, até aquele momento cruciante em que Dimas, aproveitando uma saída em falso de Castilho, marcou o primeiro goal dos vascaínos.

O jogo andava pela altura dos trinta e seis minutos e os tricolores pensaram que havia tempo para uma reaçãozinha. Como o relógio não pára, os nove minutos passaram, sem que o Fluminense conseguisse o emapte, o que seria injusto, pois os cruzmaltinos estiveram mais afinados em suas linhas, jogando com mais harmonia.

As coisas vão melhorar no segundo tempo, pensaram os super-campeões. Começou a segunda fase, e foi água na fervura. Aos cinco minutos Nestor e Ipojucan resolveram ensinar como se dança e embrulhando a defesa contrária em passes curtos, entraram na área. Foi só Nestor chutar e a bola entrou direitinho no goal sem que Castillo pudesse impedir sua trajetória até o fundo das redes. Aquilo não estava certo.

Os de Álvaro Chaves tinham ido à Gávea para dar um baile e o Vasco estava estragando a festa. Então eles resolveram acelerar o ritmo das jogadas e aos quinze minutos, em uma confusão na porta do goal de Barqueta conseguem acertar o pé e mandar a pelota aos fundos da rede.

Muitos abraços e grande alegria entre os tricolores, que pensaram logo no empate, e quem sabe, na vitória. Não passou porém de pensamento, porque Barqueta em duas ou três ocasiões demonstrou que não estava ali para inglês ver e agarrou tudo que chegou ao seu alcance.

Não era negócio para os vascaínos aquela reação dos comandados de Rubinho e o remédio para o mal é muito conhecido e foi aplicado de acordo com a praxe. Bola retardada ou para fora, na clássica cêra que, embora irritando a assistência, te salvo muita gente boa.

E assim a festança terminou com o score de 2×1 pró Vasco, contagem que além de assinalar a queda de um invicto, deu aos cruzmaltinos a possibilidade de mais um título, vencendo o Torneio Municipal.”

O penta não veio, mas o “expressinho”, formado por reservas que seriam titulares em qualquer outro clube do Brasil, se eternizou na história.

 

O Globo (28/06/1948)

Jornal do Brasil (28/06/1948)

Jornal dos Sports (29/06/1948)

Ficha do Jogo:

Torneio Municipal do Rio de Janeiro 1948

Data: 27/Junho/2008 – Local: Estádio da Gávea (C.R. Flamengo)
Árbitro: Alberto da Gama Malcher
Renda: Cr$ 176.684,00 – Público: 11.016 pagantes.
Gols: Dimas aos 36′, Nestor 50′ e Orlando Pingo de Ouro aos 60′
CR Vasco da Gama: Barcheta; Laerte, Wilson; Alfredo II, Moacir, Sampaio; Nestor, Ipojucan, Dimas, Ismael e Tuta. Técnico: Flávio Costa
Fluminense FC: Castilho; Pé de-Valsa, Haroldo; Mirim, Índio, Bigode; Cento e Nove, Simões, Rubinho, Orlando e Rodrigues. Técnico: Ondino Vieira.

Outras vitórias em 27 de junho:

River 1 x 2 Vasco (Carioca – 2ª Divisão 1920)

Vasco 5 x 1 Vila Isabel (Carioca 1926)

Vasco 3 x 1 Andarahy (Carioca FMD 1937)

AIK-SUE 1 x 1 Vasco (Amistoso 1961)

Bahia 1 x 2 Vasco (Amistoso 1965)

Vasco 5 x 0 Campo Grande (Carioca 1979)

Estrela do Norte-ES 0 x 3 Vasco (Amistoso 1982)

Internacional-RS 1 x 3 Vasco (Brasileiro 2004)