Para o Vasco, vencer o Fluminense de Ademir era o último grande obstáculo a fim de conquistar o Tetracampeonato Municipal.
De pronto eliminaria o adversário daquela tarde de sábado no estádio da Gávea e ficaria no mínimo cinco pontos à frente do Botafogo e seis do Flamengo, com dois jogos a mais na tabela.
Na última rodada o Almirante enfrentaria a equipe do Madureira e poderia até mesmo já ser campeão antecipadamente dependendo do tropeço de seus perseguidores mais próximos.
O Expresso vinha invicto até a partida anterior, quando foi fragorosamente derrotado pelo Botafogo por 4 x 0. Uma goleada sofrida sem explicação para muitos e cobrada internamente no clube. Era hora de reagir.
Aos 25 minutos Chico cobrou córner da esquerda, Robertinho saiu da meta mas rebateu fraco e Maneca teve a chance de marcar, porém acertou a trave. No rebote Chico cruzou novamente e Djalma faturou o primeiro tento da tarde.
Dois minutos depois veio a resposta tricolor. Pedro Amorim centrou da direita e após confusão na área vascaína, Simões livrou-se de Rafanelli para em seguida atirar com violência, igualando o placar.
Aos 37 Djalma recebeu na direita e centrou para a área. Lelé, completamente desmarcado, teve tranquilidade para avançar e arrematar com sucesso. Desempatada a peleja.
Iniciada a segunda etapa, o Fluminense se apresentava mais ofensiva, embora não contasse com uma boa ação de sua linha média, envolvida pela do adversário em várias oportunidades.
Aos 15, após cobrança de escanteio, Ademir, deslocado pela esquerda, aparou e emendou com precisão, empatando novamente o clássico.
Aos 23 Maneca cruzou e Djalma recebeu livre. O ponta avançou e atirou firme, pondo o seu time pela terceira vez na frente do marcador.
No finzinho Rodrigues, em chute rasteiro, carimbou a trave de Barbosa, perdendo a chance de equilibrar em números, definitivamente, o embate.
Logo em seguida, Pedro Amorim foi expulso, após entrar de sola em Alfredo e posteriormente desrespeitar o árbitro Alberto Malcher, que estreava nos campos do Rio de Janeiro naquele dia.
No Fluminense o destaque defensivo, setor repleto de falhas no clássico, foi o jovem zagueiro Hélvio, na linha média a melhor atuação foi de Telesca, enquanto na frente estiveram bem Pedro Amorim e Ademir. Já no Vasco, Barbosa, Eli, Danilo, Djalma, Maneca, Lelé foram os principais nomes.
Embora para muitos da imprensa a partida não tenha agradado pelo aspecto técnico, o resultado final favorável ao Vasco o pôs em posição privilegiadíssima na tabela. O tetra poderia chegar até mesmo antes de o time dirigido por Flávio Costa voltar a campo na última rodada.
O Globo (08/06/1947)
Jornal do Brasil (08/06/1947)
Jornal dos Sports (08/06/1947)
Jornal dos Sports (08/06/1947)
Outros jogos do dia 07 de junho:
Vasco 1 x 0 América (Carioca 1925)
Vasco 1 x 0 Bangu (Carioca 1931)
Corínthians 1 x 2 Vasco (Amistoso 1940)
Vasco 3 x 1 Bonsucesso (Torneio Extra João Teixeira de Carvalho)
Num espaço de seis anos exatos duas Taças Rio foram conquistadas pelo Vasco. Em 1993 após um confronto frente ao Fluminense e em 1999 contra o Flamengo.
O tradicional segundo turno do Campeonato Estadual foi ganho pelo Gigante da Colina ao todo em nove oportunidades: 1984, 1988, 1992 (invicto), 1993, 1998, 1999 (invicto), 2001 (invicto), 2003 (invicto), 2004.
Em 1993, o clássico diante do tricolor definiria a sorte do Flamengo na competição. O Flu, já campeão da Taça Guanabara, estava fora e tinha apenas a motivação de vencer o Vasco e, com isso, provocar uma partida extra entre os dois outros rivais.
O empate bastava para a equipe de São Januário levantar o caneco e ir com vantagem de um ponto para a decisão a ser definida em até três jogos, enquanto uma derrota o classificaria para ela, mas sem a certeza da vantagem do ponto extra contra o time das Laranjeiras, pois só seria confirmado isso caso passasse pelo Flamengo no confronto suplementar, que definiria finalmente o campeão da Taça Rio.
No dia do jogo, entretanto, ainda pela manhã, algumas rádios anunciavam ter o Flamengo uma interpretação diferente do regulamento, manifestando entendimento no sentido de o Vasco só ter garantida a vaga nas finais caso não perdesse para o Fluminense.
A norma da competição previa que se uma equipe fizesse a melhor campanha no somatórios dos dois turnos, teria vaga garantida na fase decisiva e se tivesse ainda ganho um dos turnos, levaria um ponto de vantagem na disputa contra o campeão do outro turno.
Em caso de empate de duas ou mais equipes na pontuação geral, valeriam os critérios de desempate: vitórias, saldo de gols, gols pró.
Como o Vasco havia somado dois pontos a mais que o Fluminense em todo o campeonato até ali e tinha 15 vitórias contra 13 do adversário, já estava automaticamente classificado para a decisão, mesmo se sofresse uma derrota na última rodada.
Mas os dirigentes rubro-negros entenderam diferente. Para eles só estaria classificada uma equipe que não ganhasse os dois turnos caso ela fosse isoladamente a maior pontuadora do certame.
A tese oriunda da Gávea caía por terra em se considerando a hipótese de cada clube ganhar um turno e na soma geral terminarem ambos empatados. Não haveria ponto de bonificação neste caso? Claro que sim, utilizando-se os critérios de desempate.
A manifestação flamenga tinha como objetivo encher de brios o Fluminense. Baseado na tese, o tricolor, caso vencesse o Vasco impediria cabalmente que o rival tivesse alguma vantagem na final. Enfrentaria, então, a equipe dirigida por Edinho, Vasco ou Flamengo – quem fosse o Campeão da Taça Rio após o jogo extra – em igualdade de condições, embora o regulamento, voltando a frisar, não permitisse isso.
A infantil interpretação tomou razoável espaço na mídia e o Vice-Presidente de Futebol do Vasco, Eurico Miranda – à época também segundo Vice-Presidente Administrativo do clube – foi a algumas rádios tranquilizar o torcedor cruzmaltino sobre o direito do clube estar garantido e passar otimismo quanto à conquista da Taça Rio naquele mesmo dia, dada a vantagem do empate caber ao Vasco no embate.
O jogo começou animado e logo na primeira chance clara de gol, aos 11 minutos, Valdir faturou o primeiro do Vasco, encobrindo Ricardo Pinto em chute forte e bem colocado, após bola levantada por Alê do campo de defesa e dupla falha da zaga tricolor, a última delas do zagueiro Luís Fernando, responsável por enviar a pelota de presente para o artilheiro do Campeonato Carioca.
Aos 22 minutos, em escanteio, cobrado da direita por Sérgio Manoel, Ézio, próximo à primeira trave, se antecipa à zaga cruzmaltina e raspa de cabeça, mandando às redes. Tudo igual no clássico.
Aos 24 Valdir faz falta feia na direita do campo de defesa vascaíno, próximo à linha lateral e leva o cartão amarelo.
Aos 32 quase a virada tricolor. Pires dividiu com Leandro Ávila e a bola chegou a Sérgio Manoel na esquerda. Dali partiu o cruzamento. Ézio entrou de cabeça, mas errou o alvo, perdendo grande chance de marcar.
O segundo tempo seria envolto por uma grande polêmica. O árbitro Aluísio Viug não se apercebe, mas dá o segundo cartão amarelo para Valdir, achando que havia aplicado apenas o primeiro e não expulsa o atleta. Alguns jogadores do Fluminense alertam Viug para o fato, mas o árbitro não toma conhecimento.
Logo em seguida, o repórter da Rádio Globo, Pierre Carvalho, atrás do gol defendido por Ricardo Pinto, chama à atenção para o fato com certo alarde, o que leva alguns atletas do Vasco a confrontá-lo, quando insistia em chamar a atenção para o fato. O atacante ficaria indevidamente mais 16 minutos em campo, até o juiz ser alertado pelo quarto árbitro do erro cometido.
Aos 27 o tricolor ataca e após cruzamento da esquerda, Macalé cabeceia para o meio da área e Ézio dá uma meia bicicleta em direção ao arco vascaíno, mas Márcio defende firme.
Aos 33 Geovani leva entrada dura de Serginho e revida com uma cotovelada, mas Aluísio Viug, embora visse tudo, não manda ninguém para o chuveiro mais cedo.
Após o fim da partida, sururu em campo. Vários jogadores de Vasco e Fluminense partiram para agressões mútuas e o garoto Hernande saiu com a boca ferida, fruto de um soco desferido pelo tricolor Serginho, após ter sido empurrado por Lira. O jogador tricolor, por sua vez, afirmou ter ido tomar satisfações com Hernande pelo fato de ter levado um tapa na cara do atleta, que atingira Sérgio Manoel, sem bola, próximo do apito final. Dirigentes vascaínos interferiram e o preparador físico do Fluminense, Alexandre Monteiro também foi agredido.
O Vasco chegava ao seu primeiro bicampeonato da Taça Rio e partia para a final do estadual com um ponto de vantagem sobre o Fluminense, numa melhor de até três jogos. O Flamengo, por sua vez, era bi-vice da Taça Rio e estava fora da decisão do campeonato.
Uma série de faltas antidesportivas, agressões sem bola, cotoveladas e indisciplinas foram vistas de ambas as partes durante toda a partida e não seria exagero nenhum terem ocorrido cinco, seis expulsões no jogo. As consequências da falta de atitude do árbitro em campo levaram às agressões pós jogo. Não se sabia, entretanto, o que prevaleceria nos duelos decisivos: futebol ou pancadaria.
O Globo (07/06/1993)
Seis anos depois, Vasco e Flamengo fariam uma decisão direta pelo título da Taça Rio.
Para o rubro-negro, que já conquistara a Taça Guanabara, uma vitória daria o título de Campeão Carioca daquele ano, enquanto um simples empate levaria o Vasco à conquista do bicampeonato da Taça Rio pela segunda vez e, por conseguinte, à decisão do Estadual contra o mesmo adversário.
O Flamengo tinha Romário como seu maior ícone e na Taça Guanabara o artilheiro fora importante marcando belo gol contra o rival, o segundo, na vitória por 2 x 1, válida pela última rodada. Naquela oportunidade as circunstâncias eram as mesmas. O Vasco jogava apenas pelo empate.
Durante o segundo turno a equipe de São Januário ficou sem Luizão, que saiu para o exterior, mas trouxe Edmundo, numa contratação vultosa.
A estreia, com pompa, ocorreu na última rodada, quando bastava ao Vasco derrotar o Botafogo para chegar ao título da Taça Rio, mas a atuação discreta do craque e o empate em 1 x 1 causaram dupla frustração na torcida e puseram o Flamengo no páreo novamente.
Além da briga pelo título da Taça Rio havia também a luta pela vantagem nas finais do estadual. Embora o Vasco precisasse apenas do empate para garantir o título do returno e o ingresso à decisão, somente em caso de vitória levaria a vantagem de jogar por dois resultados iguais. Se a partida terminasse empatada, caberia ao Flamengo o handicap.
Era a hora da verdade para dois craques. Capitães das duas equipes. No cara ou coroa deu Edmundo contra Romário. Agora era ver de quem seria a vitória quando a bola rolasse.
Logo aos 2 minutos, Rodrigo Mendes escapou pela esquerda e cruzou à meia altura. Géder afastou, mas o rebote sobrou para Beto, dentro da área, chutar em gol. A bola bateu no peito de Odvan, posicionado próximo à marca do pênalti. Felipe puxou o contra-ataque e serviu a Edmundo, que teve de dividir com a zaga rubro-negra o lance, próximo ao meio campo. Paulo Miranda também envolto na briga pela bola bateu prensado, buscando Donizete. O toque muito longo chegou às mãos de Clemer, mas o zagueiro rubro-negro Luís Alberto, responsável pela cobertura, deixou o braço no atacante vascaíno – quando este acelerava para chegar na bola – a um passo da grande área. O árbitro Vagner Tardelli deixou o lance seguir.
Aos 17 Vágner gira em cima do marcador e dá a Edmundo na direita, que invade a área e cruza com muita força para a pequena área. A bola bate na coxa de Donizete e vai para fora.
Aos 25, em manobra ofensiva rubro-negra pela esquerda, cruzamento na área do Vasco, na direção de Caio. A pelota passa pelo atacante e Romário ainda consegue tocá-la com a ponta do pé, mas sem obter o domínio da redonda. Felipe, que marcava Romário no lance, puxa o baixinho em seguida e este aproveita para cair no solo, quando chegar até a bola já era difícil, dada a cobertura da zaga. O juiz manda o jogo correr.
As duas equipes atuam de forma dura e alguns entreveros ocorrem entre os atletas, mas apaziguados pelo árbitro.
Aos 44 Donizete recebe frente à frente com Clemer, mas atira para fora, perdendo uma oportunidade incrível. O bandeirinha, no entanto, marcara um impedimento absurdo do atleta vascaíno, quando dois adversários davam condição a ele. Para a sorte do auxiliar, Donizete perdera o gol.
Na volta do intervalo se esperava mais emoção e menos faltas. No campo pesado, consequência do tempo chuvoso, sobrara até ali muita discussão, mas pouco futebol.
Aos dois minutos Zé Maria cruza da direita, mas Donizete, já dentro da área, não consegue ter domínio da bola, que sai pela linha de fundo, quando era boa a condição para o arremate, apesar da marcação próxima de um adversário.
Aos 17 Zé Maria cobra falta da direita, Clemer sai mal do gol e Edmundo cabeceia para as redes. Delírio da galera cruzmaltina. Vasco 1 x 0.
Aos 22 Donizete é lançado e toca a Edmundo livre, que tenta um lance de efeito, batendo por cobertura, mas pega muito mal na bola, perdendo grande chance de aumentar o placar.
Aos 29, Fabiano Cabral é lançado em completo impedimento e atira para o gol, mas o bandeirinha assinala a infração, frustrando a vibração rubro-negra.
Aos 39 Ramon, que entrara no lugar de Vágner, lança Paulo Miranda. O meia avança e já próximo à área tem a opção de dar a Zé Maria, posicionado livre, junto à linha lateral, mas prefere travar a pelota e busca o passe a Edmundo mais atrás. A devolução de primeira deixa Paulo Miranda cara a cara com Clemer, mas o chute de esquerda é salvo pelo goleiro, com os pés.
Aos 43 o Fla parte para o abafa. Em cobrança de falta efetuada por Beto, Pimentel consegue efetuar o cabeceio, mas Carlos Germano, seguro, pratica a defesa.
Aos 47 Athirson cobra falta próxima à entrada da área, mandando para o tumulto. Há o cabeceio. A bola passa por Carlos Germano, mas vai para fora.
Aos 48 Maricá, substituto de Zé Maria, lança Paulo Miranda. O meia dá a Ramon que avança pela direita e cruza. Edmundo surge e cabeceia firme para o fundo das redes. Fatura liquidada. Vasco 2 x 0.
Ao fim do jogo, Edmundo repetia o enredo do último confronto dele contra o Flamengo um ano e meio antes. Tal qual no Brasileirão de 1997 fora decisivo e letal. Se naquela oportunidade só não havia feito chover, desta vez o tempo deixou dúvidas sobre o poder do craque.
O Globo (07/06/1999)
Outros jogos do dia 06 de junho:
Vasco 4 x 3 Bonsucesso (Carioca 1934)
Combinado de Skeid-NOR 0 x 2 Vasco (Amistoso 1961)
Central de Barra do Piraí 0 x 3 Vasco (Amistoso 1976)
Vasco 3 x 1 Bonsucesso (Carioca 1979)
Sampaio Correia 2 x 5 Vasco (Torneio Governador Ivar Saldanha 1982)
O ano de 2013 para o Vasco se mostrava problemático.
O clube vivia atolado em dívidas, sem crédito e com receitas bloqueadas, fruto dos calotes seguidos dados pela gestão da hora, que deixara para trás o pagamento de impostos, o cumprimento dos acordos firmados pela gestão anterior e por ela própria, além de descalabros administrativos das mais variadas espécies.
Com isso, o Vasco perdeu ao final de 2012 vários atletas sob contrato, que com três meses de salários atrasados ou mais entraram na Justiça do Trabalho contra o clube, ou fizeram acordo para pousaram em outras agremiações. Foram os casos de Fernando Prass, Jonas, Auremir, Nilton e Alecsandro.
Para completar os desmandos, o clube anunciou uma espécie de presidente de fato no início daquele ano, que em matéria veiculada pela Revista Veja apareceu como representante do Vasco junto aos três mandatários dos outros grandes do Rio de Janeiro. Roberto Dinamite, presidente eleito pelos associados um ano antes, não saiu na foto.
A esta altura o clube tinha seu parque aquático coberto por tapumes, ginásio abandonado, sua base treinava em Itaguaí, os salários permaneciam atrasados e a perspectiva era de uma piora no decorrer da temporada, como de fato ocorreu.
No Campeonato Estadual um fracasso retumbante, mesmo após um bom momento vivido na Taça Guanabara, quando chegou à decisão, jogando pelo empate, mas tomou um gol a 11 minutos do fim, perdendo o título para o Botafogo.
O returno demonstrou toda a fragilidade do time, já comandado por Paulo Autuori, que substituíra Gaúcho, após duas derrotas seguidas nos jogos iniciais, diante de Volta Redonda e Nova Iguaçu.
Mesmo com um novo treinador o Vasco empatou com o Olaria em 0 x 0, perdeu de 3 x 0 do Botafogo e na última rodada foi derrotado pelo Madureira, em Conselheiro Galvão, por 1 x 0. Vitórias apenas contra Friburguense e Quissamã em São Januário. O clube terminou o turno em 13º lugar entre 16 concorrentes.
E veio o Campeonato Brasileiro.
As contratações para a temporada até ali não agradavam. O novo gerente de futebol, Renê Simões, trazido no final do ano anterior, era contestado por ter contratado atletas como Michel Alves, Nei, Elsinho, André Ribeiro, Yotun, Sandro Silva, Filippe Soutto, Fabio Lima, Alisson, Thiaguinho, Robinho, Leonardo, entre outros. Por outro lado, após confusão sua com Felipe, um dos poucos nomes de peso no time, sobrou para o craque vascaíno, desligado do clube logo a seguir.
Em meio a tudo isso, Dedé, uma das referências do elenco, foi negociado para o Cruzeiro e com o dinheiro oriundo da transação nem mesmo os salários foram postos totalmente em dia.
No início do Campeonato Brasileiro o Vasco já demonstrava quão difícil seria a competição para ele. Apesar da vitória por 1 x 0 sobre a Portuguesa de Desportos na estreia, logo na segunda rodada o time foi goleado pelo São Paulo por 5 x 1 e no terceiro compromisso voltou a perder, desta vez vencido pelo Vitória-BA, mas também francamente prejudicado pela arbitragem.
Para o duelo contra a forte equipe do Atlético Mineiro, válido pela quarta rodada, embora o mando de campo fosse do Vasco, o estádio de São Januário não estaria apto a receber o encontro, pois havia sido cedido à FIFA, em virtude da Copa das Confederações, que seria realizada entre os dias 15 e 30 de junho daquele ano. Com isso, a partida diante da equipe mineira foi marcada para Volta Redonda.
O Galo vivia um momento especial naquela temporada. Classificado às semifinais da Taça Libertadores, contava com uma equipe das mais competitivas do país, havia conquistado o Bicampeonato Mineiro, derrotando na final o grande rival, Cruzeiro, e era em tese o favorito naquele confronto.
Mesmo sem Rever, Junior Cesar, Ronaldinho Gaúcho, Tardelli e Bernard, o quadro Carijó teria em campo o goleiro Victor, o lateral direito Marcos Rocha, o zagueiro Leonardo Silva, além de Richarlyson, Pierre,Josué, Luan, Guilherme e o perigoso centroavante Jô.
Já o Vasco entraria em campo com Michel Alves no gol, Nei improvisado de lateral-esquerdo, Carlos Alberto de atacante – após dois meses sem atuar – e o garoto Alisson no meio, auxiliado por Pedro Ken. Edmilson, teoricamente o homem gol do time, ainda estava devendo. Não era uma escalação lá muito animadora.
Mas o futebol se define dentro e campo e nas quatro linhas a história narrada foi outra, bem diferente da prevista.
Aos 3 minutos, após falta cobrada em direção à área, Carlos Alberto cabeceou para excelente defesa de Victor, no reflexo.
Aos 9 foi a vez do Atlético levar perigo à meta vascaína, em cabeçada fraca do atacante Luan, defendida por Michel Alves, que por pouco não deixou a bola passar por entre as pernas, livrando-se de sofrer um autêntico frango.
Dois minutos depois, Carlos Alberto chutou rasteiro, tirando tinta da trave. Lance de grande perigo.
Depois disso só deu Galo.
Aos 14, Luan obrigou Michel Alves a praticar boa defesa e aos 36 e 43 minutos o goleiro trabalhou para evitar, em duas cabeçadas de Jô, a abertura da contagem.
O empate acabou sendo um bom negócio para o Vasco na primeira etapa, dado o volume de jogo dos mineiros.
Iniciada a fase derradeira, o equilíbrio em campo foi a tônica nos 10 minutos iniciais, mas a partir daí o jogo voltou a esquentar.
Aos 14 minutos Pedro Ken obrigou Victor a intervir, pós chute por baixo.
Logo a seguir, Alecsandro, que entrara no intervalo, na vaga do apagado Guilherme, cabeceou com precisão, mas teve Michel Alves no caminho para salvar a cidadela cruzmaltina.
Aos 19, Dakson, que substituíra Carlos Alberto três minutos antes, cabeceou e Victor brilhou novamente, mantendo o placar ainda em branco no clássico.
Mas aos 24 minutos de luta não houve jeito. Alisson, que pertencia ao rival Cruzeiro e estava emprestado ao Vasco, tabelou com Wendel, recebeu de volta e bateu com perfeição, no canto, inaugurando o placar.
Aos 33 Dakson cabeceou para ótima defesa de Victor, que evitou o segundo.
O Atlético, então, partiu para cima em definitivo e Alecsandro perdeu duas grandes chances, aos 41 e 42 minutos. O ex-vascaíno não se mostrava com sorte naquela noite.
Aos 46, Luan, livre, chutou em cima do goleiro, após receber bom passe de Jô.
Finalmente aos 48 minutos Abuda foi lançado em posição de impedimento, avançou e bateu na saída do goleiro, fechando o marcador. Vasco 2 x 0.
Terminada a peleja a lamentação atleticana pelas chances desperdiçadas e por algo insólito na tabela de classificação: o Galo, um dos melhores times do Brasil no momento, de tanto poupar atletas caía para a lanterna da competição.
Quanto ao Vasco, em meio à crise, a vitória foi revigorante, mas muito trabalho haveria de ser feito para tornar a equipe de Paulo Autuori minimamente confiável.
O Globo (06/06/2013)
Outros jogos do Vasco em 05/06:
Combinado de Willemstad-Curaçao 1 x 2 Vasco (Amistoso 1957)
Em 21 de julho de 1940 o Botafogo obteve uma das mais sensacionais vitórias de sua história.
Dentro de São Januário, perdia o alvinegro por 3 x 0 com apenas 12 minutos de jogo e conseguiu uma virada quase inacreditável por 4 x 3. A partida memorável do alvinegro faria seus torcedores sonharem com um desfecho igual em dado momento daquele clássico disputado quase cinco anos depois.
O Vasco mantinha, após cinco das nove rodadas previstas no Torneio Municipal, 100% de aproveitamento. Já havia goleado Flamengo, São Cristovão e Bonsucesso, por 5 x 1, 6 x 1 e 6 x 0 respectivamente, batido o Bangu por 3 x 0 e derrotado o Canto do Rio por “apenas” 2 x 1.
O Botafogo, por sua vez, perdera três pontos no certame, mas vinha de um retumbante 8 x 1, em cima do Bangu. À frente do alvinegro estava o Fluminense, ainda invicto, e com dois pontos perdidos até ali.
O estádio das Laranjeiras recebeu numeroso público para prestigiar o duelo e uma briga nas “gerais” durante a partida era um símbolo do clima de vibração e tensão proporcionado pelo espetáculo dado pelas duas equipes.
Otávio e Heleno de Freitas eram as grandes preocupações do treinador Ondino Vieira, que tinha em Rafanelli e Sampaio os encarregados por pará-los. Mais recuados, Ademir e Jair seriam os responsáveis por construir as manobras ofensivas cruzmaltinas e também por concluí-las em várias oportunidades.
No setor defensivo cruzmaltino, Rubens, teoricamente escalado com half direito, atuaria como beque, enquanto Sampaio se posicionaria quase como um centro médio, para conter os avanços de Heleno. Enquanto isso Berascochea seria o responsável por cobrir o lado direito da defesa na tentativa de barrar as ações pelo setor esquerdo de ataque alvinegro protagonizadas pelo infatigável Tim.
Aos 19 minutos Ademir passou por três adversários, escapou de faltas tentadas pelos driblados no lance e na frente de Oswaldo teve calma para colocar a pelota no arco botafoguense. Vasco 1 x 0.
Aos 28 Jair recebeu passe de Ademir e mesmo cercado por três marcadores conseguiu girar o corpo e de canhota chutar no único buraco possível entre o emaranhado de pernas dos defensores alvinegros e a meta defendida por Oswaldo Baliza, que nada pôde fazer para evitar o segundo gol vascaíno.
Aos 34 Chico passou a Jair, que chutou em direção à meta. Oswaldo rebateu como último recurso e Ademir, livre, completou para as redes.
O Botafogo ainda assim mostrava-se valente no gramado e não fosse duas belas intervenções de Barqueta, em conclusões de Heleno de Freitas e Renê, teria descontado pouco depois.
Aos 37, após falta de Jair em Lula na altura da linha média, cobrada por Ivan, Barqueta foi surpreendido com a confusão estabelecida dentro da área e a bola entrou direto em sua meta. Reduzia a diferença o Botafogo e pouco depois terminaria a etapa inicial. Para o jornal “Gazeta de Notícias” houvera a chamada “cama de gato” no arqueiro vascaíno na jogada do gol, mas nenhum outro diário se manifestou a respeito.
No segundo tempo, a queda de rendimento do médio Berascochea obrigou Argemiro a também recuar e o próprio Ademir andou tendo de auxiliar a retaguarda. O Botafogo acabou empurrando o Vasco para seu campo de defesa e com isso foi chegando cada vez mais perto do arco defendido por Barqueta.
Aos 4 minutos Octavio driblou três adversários e quando estava pronto para concluir foi derrubado por Rafanelli. O juiz mandou o jogo continuar, mas logo no lance seguinte, em cobrança de escanteio executada por Renê, o árbitro considerou um tranco normal de Rafanelli em Heleno como pênalti, errando novamente. Otávio bateu e diminuiu para o time de General Severiano.
Os atletas cruzmaltinos se mostraram um tanto descontrolados após a marcação do pênalti inexistente a favor do adversário e o empate já parecia iminente.
Quando eram decorridos 23 minutos, um empolgante “rush” de Heleno, após receber de Spinelli na meia direita, igualou tudo. O tiro do craque botafoguense, próximo à entrada da área, venceu Barqueta.
Muitos alvinegros devem ter se lembrado após o tento de empate na virada histórica de cinco anos antes, mas se o sonho foi acalentado por alguns, em dois minutos virou pesadelo para todos, quando Jair cobrou uma falta à quarenta metros do arco inimigo – cometida por Sarno sobre ele – com mais veneno que força. O quique da bola próximo a Oswaldo Baliza o atrapalhou na defesa. A pelota passou por debaixo de suas pernas e foi mansamente às redes. O Vasco desempatava: 4 x 3. O goleiro chorou ante à infelicidade no lance e o desânimo do time com o gol tomado era visível na feição dos próprios atletas.
Aos 34 minutos o Almirante aumentou com Chico, após cabecear sem chance de defesa para Oswaldo Baliza uma bola que iria para fora, não fosse a intervenção do ponteiro vascaíno.
Ainda em busca de uma reação o Botafogo teve outro pênalti a seu favor marcado, a um minuto e meio do fim, cometido por Sampaio, mas Otávio atirou na trave, encerrando de vez as chances alvinegras no clássico.
Com o placar definitivo de 5 x 3 seguia 100% o Expresso, rumo ao Bicampeonato Municipal.
Barqueta, Sampaio, Rubens e Berascochea, este último enquanto teve fôlego, se destacaram, mas Jair e Ademir foram de longe os melhores do Vasco. Pelo lado botafoguense Negrinhão, Laranjeira, Otávio e Spinelli fizeram um bom jogo, mas o grande nome do conjunto foi mesmo Heleno de Freitas, embora tivesse demorado a engrenar em campo.
A renda recorde do certame, mais de 91 mil cruzeiros, foi quebrada numa peleja digna da tradição dos dois clubes.
Felizes os que viram, saudosos os que relembram. Afinal ficou marcado na história do clássico aquele 5 x 3 de 1945.
Jornal dos Sports (04/06/1945)
O Globo (04/06/1945)
Outros jogos do Vasco em 03 de junho:
Vasco 3 x 2 Bangu (Carioca 1923)
Vasco 3 x 0 Flamengo (Carioca 1928)
Uberaba 0 x 1 Vasco (Amistoso 1951)
Espanyol-ESP 2 x 3 Vasco (Amistoso 1956)
Moto Club 0 x 2 Vasco (Amistoso 1960)
Vasco 5 x 1 Portuguesa (Carioca 1987)
Vasco 2 x 1 Bangu (Carioca 1989)
Boa Esporte-MG 0 x 2 Vasco (Brasileiro – 2ª Divisão 2014)
Passaram-se alguns jogos a mais de invencibilidade do Vasco e já é hora de expormos quais recordes foram batidos pelo clube até aqui.
Primeiramente vale ressaltar que a marca de jogos oficias invictos obtida pelo Vasco antes da atual, construída no ano de 1945 (27 jogos), já era superior a maior sequência invicta de jogos oficiais dos seguintes clubes:
Paraná Clube: 20 jogos (1993)
Santos: 21 jogos (1967/68)
Vitória-BA: 21 jogos (1979)
Portuguesa de Desportos: 23 jogos (1973)
América-RJ: 24 jogos (1960)
Atlético-PR: 26 jogos (1983)
Figueirense: 26 jogos (1975)
Paysandu: 26 jogos (2002)
Quando completou 28 jogos oficiais invictos o Vasco bateu os seguintes recordes:
Interno:
Maior sequência de jogos oficiais invictos de sua própria história.
Externos:
Maior sequência de jogos oficias invictos da história do América-MG (1920/21)
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Santa Cruz (1978)
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Sport (1999)
Quando completou 29 jogos oficiais invictos o Vasco bateu o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Fortaleza (2013/14)
Quando completou 30 jogos oficiais invictos o Vasco bateu os seguintes recordes:
Externos:
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Atlético Mineiro (1976)
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Coritiba (2011)
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Náutico (1952/53)
Quando completou 31 jogos oficiais invictos o Vasco bateu o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Palmeiras (1973)
Quando completou 32 jogos oficiais invictos o Vasco bateu o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Ceará (1997)
Se completar 33 jogos jogos oficiais invictos o Vasco baterá os seguintes recordes:
Interno
Terceira maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da sua própria história (1949/50 & 1992/93)
Externo
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Internacional-RS (1984)
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Remo (1978/79)
Se completar 34 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Flamengo (1978/79)
Se completar 35 jogos oficiais invictos o Vasco baterá os seguintes recordes:
Interno
Segunda maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da sua própria história (1952/53)
Externos
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Corínthians (1957)
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Cruzeiro (2002/2003)
Se completar 36 jogos oficiais invictos o Vasco baterá os seguintes recordes:
Internos
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da sua própria história (1945/46)
Terceiro maior período invicto de sua história (7 meses e 5 dias)
Externo
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Goiás (1975)
Se completar 37 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Ceará (1984)
Se completar 38 jogos oficiais invictos o Vasco baterá os seguintes recordes:
Externos
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Corínthians (1957)
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Goiás (1975)
Se completar 39 jogos oficiais invictos o Vasco baterá os seguintes recordes:
Externos
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Bahia (1982)
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Cruzeiro (1969)
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Sport (1961)
Se completar 40 jogos oficiais invictos o Vasco baterá os seguintes recordes:
Interno:
Segundo maior período invicto de sua história (7 meses e 18 dias)
Externos
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Grêmio (1931/32/33)
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Palmeiras (1971/72)
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Remo (1988/89)
Se completar 41 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do América-MG (1920/21)
Se completar 42 jogos oficiais invictos o Vasco baterá os seguintes recordes:
Interno:
Maior período invicto de sua história (7 meses e 26 dias)
Externo:
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história da Desportiva-ES (1967/68)
Se completar 43 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Atlético-MG (1931/32/33)
Se completar 45 jogos oficiais invictos o Vasco baterá os seguintes recordes:
Externos:
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do Botafogo (1977/78)
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Internacional-RS (1934/35)
Se completar 46 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência de jogos oficiais invictos da história do São Paulo (1974/75)
Se completar 47 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Bahia (1982)
Se completar 48 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do São Paulo (1974/75)
Se completar 49 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Santa Cruz (1978/79)
Se completar 52 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história da Desportiva-ES (1967/68)
Se completar 53 jogos oficiais invictos o Vasco baterá os seguintes recordes:
Externos:
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Botafogo (1977/78)
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Flamengo (1978/79)
Se completar 54 jogos oficiais invictos o Vasco baterá o seguinte recorde:
Externo:
Maior sequência geral (incluindo amistosos) de jogos invictos da história do Grêmio (1931/32/33)
______
*Não foram pesquisados os principais clubes do Distrito Federal e também dos seguintes estados: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins.
**Ficaram fora da lista clubes pesquisados que não obtiveram ao menos 20 jogos oficiais invictos em sua história, casos de Fluminense e Ponte Preta, entre outros.
*** Para todos os clubes do país consideramos como parte da sequência dita oficial, torneios e taças disputadas por eles ao longo da trajetória invicta obtida.
****Só foi considerada uma sequência de jogos oficiais dos clubes se durante o decorrer dela o time não tenha perdido qualquer partida, inclusive amistosa.
*****Não fizeram parte da contagem jogos válidos por “Torneio Início”, pois o tempo de disputa das partidas não se adequava aos padrões universais.
Naquela que seria a mais importante partida do Campeonato Carioca até ali, Vasco e América se defrontariam em São Januário, num clássico imprevisível.
A equipe de São Januário fora derrotada dentro de casa pelo Fluminense e computava com este revés inesperado (o tricolor até aquele jogo já havia perdido três vezes no campeonato), mais um empate diante do São Cristovão em 2 x 2, a perda de três pontos. Somara até ali 11, em 14 disputados.
Já os rubros, em busca do bicampeonato, vinham atropelando seus adversários e mantinham 100% de aproveitamento. A equipe de Campos Sales goleara o SC Brasil, da Urca, por 5 x 1; o Andarahy (6 x 0); o Bonsucesso, fora de casa (7 x 0), vencera dois clássicos, contra Botafogo (3 x 2) e Flamengo (3 x 1) e vinha ainda de uma vitória frente ao Syrio e Libanez, no campo do adversário, pelo placar de 3 x 2.
Adversários esmagados pelo América deram mais trabalho ao Vasco. O Andarahy tomou de 2 x 0 e o Bonsucesso caiu por um escore apertado: 2 x 1. Ambas as partidas realizadas longe de São Januário. Já o Syrio e Libanez dera trabalho aos dois clubes, tendo sucumbido diante do Vasco por 4 x 3.
Mas os camisas negras haviam aplicado também duas retumbantes goleadas. O SC Brasil, espécie de saco de pancadas da época, apanhou de 5 x 0. Já contra o Bangu um escore abusado. O Vasco meteu 9 x 1 no adversário.
Pela distância em termos de pontos perdidos caberia ao Vasco embrenhar-se ao máximo para vencer, reduzindo o prejuízo, ainda mais por atuar em casa na ocasião.
A diretoria cruzmaltina fez circular antes do início da partida um boletim aconselhando moderação nas manifestações, o que na prática não adiantou nada, pois vaias foram ouvidas de quando em quando durante o espetáculo. O estádio estava repleto de torcedores.
A partida começa com o América em cima e o arqueiro vascaíno Valdemar é obrigado a praticar duas defesas quase consecutivas. Primeiro num chute de Sobral, e após nova carga do adversário novamente teve de trabalhar num tiro mais próximo ainda de sua meta, desferido por Oswaldinho.
O Vasco se refaz do susto e logo em seguida ameaça. Primeiro numa conclusão fraca, defendida por Joel e depois com Russinho, que atirou por cima da trave uma oportunidade para marcar.
Pouco depois a meta americana quase caiu pela primeira vez. Em potente petardo desferido por Mário Matos a bola explodiu na trave, para sorte dos rubros.
Aos 11 minutos surge o primeiro tento da tarde. Numa blitz cruzmaltina à área adversária Fausto pegou o rebote e bateu em gol. A bola chegou ainda a tocar em Hildegardo antes de entrar. Vasco 1 x 0.
Jornal do Brasil (03/06/1929)
A partida se torna mais renhida, porém é mesmo o Vasco quem volta ao ataque. Desta vez Mário Matos acerta o alvo, mas Joel mergulha para defender e evitar mais um.
Outra vez os camisas negras no ataque. Santana centrou, Joel fez defesa parcial, mas o gol ficou aberto. Pepico aproveitou o rebote e mandou na direção certa, mas no meio do caminho a pelota encontrou a cabeça de Hildegardo. Quase o segundo
Aos 30 minutos bela combinação do ataque vascaíno. Pepico avançou, passou a Santana que balançou as redes num arremate preciso. Vasco 2 x 0.
A primeira etapa termina com total domínio da equipe anfitriã em campo. Parecia ter sido escolhido a dedo o dia de uma grande atuação do onze comandado por Harry Welfare.
O segundo tempo começa mais equilibrado. Os dois times chegam à frente, trazendo perigo às respectivas metas.
Substituição no plantel americano. Sai Gilberto e entra Mário Pinto no meio, trocando de posição no campo com Sobral, que cai para a extrema.
O Vasco volta a ameaçar o arco de Joel. Santana escapa e serve a Russinho, que dispara para a meta, mas Joel executa linda defesa. O guarda metas rubro faria outra logo em seguida.
Mas o América está vivo. Em cobrança de falta Valdemar é chamado a intervir a fim de impedir a mexida no marcador.
Nos últimos 10 minutos o time visitante parte com tudo para descontar. Após um tento bem anulado, consignado por Oswaldinho, surge a oportunidade de os rubros marcarem quando Fausto põe a mão na bola dentro da área e comete pênalti. Oswaldinho bate bem e diminui, aos 33 minutos.
O Vasco promove uma alteração. Entra João Mello no lugar de Santana.
As duas equipes não conseguem criar novas chances cristalinas de gol até o fim do espetáculo, que termina com um merecido triunfo do quadro cruzmaltino.
A vitória alcançada pelo Vasco reduzia a distância entre ele e o líder, que acabara de derrotar. O São Cristovão, com quatro pontos perdidos mostrava-se também disposto a chegar ao topo da tabela, mas conforme o campeonato foi seguindo era nítido para o público carioca quem de fato poderia se sagrar campeão: América ou Vasco.
O Coritiba havia sido Campeão Brasileiro uma única vez, no ano de 1985. Lela, um dos destaques do time na ocasião, fez gols importantes, entre eles o da classificação alviverde para as oitavas-de-final da competição, no último minuto da partida disputada no Couto Pereira diante do já eliminado Santos.
A equipe praiana sucumbiu no fim, mas triste mesmo ficou a galera do Fluminense, esperançosa ainda pelo Bicampeonato Brasileiro, caso o Coxa tropeçasse em casa naquela rodada derradeira da fase de classificação. Um sonho que seu ex-atleta Lela, mal aproveitado pelo Flu em 1982, fez virar pesadelo, com direito à tradicional careta, marca característica de suas comemorações a cada gol marcado.
Naquela quarta-feira à noite em São Januário, quase 26 anos depois, seria realizada a primeira partida decisiva da Copa do Brasil. Vasco e Coritiba jamais haviam ganho aquele troféu e o Vasco não conquistava um campeonato há 8 anos, diferentemente do Coxa, Bicampeão Paranaense, invicto inclusive naquele ano e tendo construído um recorde de jogos sem perder difícil de ser batido na década: 29 partidas oficiais, entre elas uma goleada em casa diante do Palmeiras por sonoros 6 x 0.
Camisa por camisa a do Vasco tinha mais peso, mas tratava-se de uma decisão inédita e a finalíssima seria em Curitiba. Era recomendável ao Gigante da Colina, portanto, vencer em casa a fim de ter mais tranquilidade para jogar no sul.
Tinha o Vasco um bom elenco, no qual destacavam-se Fernando Prass, Dedé, Felipe e Diego Souza, embora coadjuvassem bem a equipe outros nomes, entre os quais o filho de Lela, Alecsandro.
Já a equipe paranaense, dirigida por Marcelo Oliveira possuía alguns nomes de destaque como Rafinha e Anderson Aquino, mas sua força vinha mesmo do conjunto. Um time bem distribuído em campo e com um contra-ataque muito veloz.
A partida começa truncada, com o Vasco buscando brechas para penetrar na área inimiga e o Coritiba apostando nos contragolpes para surpreender o adversário.
Aos 17 minutos Jonas investe pela direita do ataque, entrega a Bill, que gira o corpo e bate de esquerda, próximo à área. Fernando Prass defende parcialmente e no rebote Allan alivia o perigo.
Aos 20 chega pela primeira vez o Vasco, após passe magistral de Felipe para Diego Souza, nas costas da defesa paranaense. O meia recebe na área, o goleiro Edson Bastos dá combate, enquanto Lucas Mendes, esperto na jogada, chega na cobertura. Apertado no lance Diego Souza ainda consegue girar para em seguida arrematar rasteiro, porém sem muita força. Bastos estica o braço e manda à córner.
O jogo chega ao intervalo sem outra chance clara de gol para quaisquer dos lados. O time comandado pelo treinador Ricardo Gomes precisaria ser mais enfático no segundo tempo para conseguir a vitória.
Iniciada a etapa derradeira o panorama pouco mudou. O Vasco tomava a iniciativa, o Coritiba aguardava a chance de contra-atacar.
Aos 5 minutos tudo muda. Bernardo gira pelo meio e entrega a Diego Souza, que abre na direita a Allan. O centro na primeira trave encontra a cabeça de Alecsandro, que se antecipa à zaga para marcar o gol vascaíno fazendo estremecer o estádio de São Januário. O centroavante cruzmaltino comemora tal qual o pai fazia, com uma careta até mais dócil. Vasco 1 x 0.
A equipe coxa branca, em desvantagem, arrisca mais nas manobras ofensivas. Aos 16 minutos Léo Gago faz lançamento para a área e Bill ganha de Anderson Martins e Dedé para em seguida bater de esquerda à queima roupa, mas Fernando Prass pratica ótima defesa, rebatendo a pelota, afastada da área em seguida por Anderson Martins.
A partida é pegada, movimentada. As faltas começam a se suceder e numa delas, com a barreira postada no centro da meia lua, Bernardo bate de curva e quase acerta o alvo. A bola chega a tocar na rede, mas pelo lado de fora. Eram decorridos 39 minutos na ocasião.
Já no período de acréscimos o Coritiba constrói seu ataque mais perigoso no jogo. O goleiro Edson Bastos da intermediária de seu campo estica na direita e encontra Leonardo (que substituíra Bill). Ele recolhe e toca no meio para Rafinha fazer grande jogada. O meia-atacante consegue se desvencilhar de dois adversários e cruza da direita, por baixo, na primeira trave. Anderson Aquino tem a chance, mas atira fora, ante à chegada da defensiva vascaína no lance.
Pouco depois o árbitro encerra o espetáculo e o Vasco põe uma das mãos na taça. Para conquistá-la na semana seguinte precisaria novamente da ajuda de Alecsandro, que com gols e caretas estava próximo de escrever seu nome na história de uma conquista inédita para o clube.
O Globo (02/06/2011)
Outros jogos do Vasco em 01 de junho:
Carioca 2 x 4 Vasco (Carioca 1924)
Goytacaz 1 x 2 Vasco (Amistoso 1952)
Santos 2 x 3 Vasco (Torneio Rio-SP 1957)
Combinado de Trondheim-NOR 0 x 11 Vasco (Amistoso 1961)
Seleção da Austrália 0 x 1 Vasco (Torneio Internacional da Austrália 1985)
O Torneio Rio-São Paulo de 1953 chegava próximo ao fim, completamente indefinido.
O Vasco pegaria o líder Corínthians na penúltima rodada e estava na vice-liderança, junto ao São Paulo, três pontos atrás do seu adversário naquela tarde de domingo. O time do Parque São Jorge tinha, entretanto, um jogo a mais que seus concorrentes diretos pelo título.
Vencendo o clássico, o Vasco chegaria à liderança da competição por pontos perdidos (isolada ou dividida com o São Paulo dependendo do resultado a ser colhido pelo tricolor paulista na mesma tarde frente ao Flamengo no Pacaembu).
Antes dos jogos de domingo da penúltima rodada a situação era esta:
1º Corínthians – 12 pontos em 8 jogos
2º Vasco e São Paulo – 9 pontos em 7 jogos
2º Botafogo – 10 pontos em 9 jogos
3º Vasco e São Paulo – 9 pontos em 7 jogos
5º Fluminense – 9 pontos em 9 jogos
6º Palmeiras – 8 pontos em 9 jogos
7º Flamengo – 7 pontos em 7 jogos
A equipe cruzmaltina ainda se ressentia da ausência de Ademir, lesionado, substituído por Genuíno, autor de três gols em sete jogos, dois deles fundamentais para a vitória diante do São Paulo (1 x 0) e empate contra o Palmeiras, fora de casa (1 x 1).
Maneca e Sabará com dois tentos marcados cada eram também esperanças de gol no time, enquanto, Ely, Friaça e Chico haviam deixado suas marcas uma única vez no torneio.
O Vasco vinha invicto há 34 jogos, mas uma surpreendente derrota na rodada anterior por 4 x 1 diante do Fluminense parecia pôr tudo a perder.
O Expresso da Vitória já havia garantido o Campeonato Carioca de 1952 no início da temporada, vencera o Quadrangular Internacional do Rio, derrotando o Flamengo na final por 5 x 2 e ainda conquistara o Torneio de Santiago pouco depois, superando na decisão o time da casa, Colo-Colo, por 2 x 0.
Logo após a disputa interestadual, seria jogado no Rio e em São Paulo o Torneio Rivadávia Corrêa Meyer e os dois melhores cariocas na tabela se classificariam para o certame intercontinental.
A partida trouxe tamanho interesse a ponto de a torcida corintiana agrupar-se em cerca de 5.000 veículos, entre camionetes, carros de praça e particulares para ir ao Rio assistir seu time, afinal uma vitória sobre o Vasco garantiria o título para o clube. Estimou-se um público de 10 a 15 mil corintianos presentes ao jogo. O público total da partida foi de 77.881 pessoas.
A Noite (01/06/1953)
Flávio Costa surpreendeu na escalação pondo Alvinho no lugar de Ipojucan e Vavá na vaga de Genuíno.
Após um início pouco objetivo, mas mesmo assim com o comando das ações, o Vasco passou a chegar mais próximo da meta adversária e numa bola de Alvinho a Chico quase abriu o placar. O ponta tentou deslocar o arqueiro Cabeção mas tocou fraco, perdendo boa oportunidade.
Aos 42 minutos Alvinho recebeu bola esticada por Chico, atirou certeiro no canto esquerdo, mas inesperadamente surgiu o zagueiro Olavo, evitando a queda iminente da cidadela defendida por Cabeção.
O panorama na segunda etapa não foi modificado. Vasco no ataque, Corínthians atuando à base de contragolpes.
Aos 8 minutos do segundo tempo, Baltasar, partindo em arrancada, desferiu potente chute em direção à meta vascaína. Osvaldo Baliza já estava batido no lance, mas Bellini, de cabeça, impediu a abertura da contagem.
Aos 12 Vavá, perseguido de perto por um defensor contrário, esticou a pelota ao ponteiro Chico, que partiu célere para a área corintiana, sofreu falta, levou vantagem no lance, avançou e atirou violentamente, consignando o tento, mas o árbitro João Etzel anulou a jogada marcando falta no início da jogada, para irritação do ponteiro vascaíno.
Aos 17 Genuíno e Ipojucan entraram nos lugares de Alvinho e Vavá, enquanto no Corínthians Lorenzo substituía a Roberto Belangero.
Aos 23 e 25, duas mexidas no Corínthians: Julião entrou no lugar de Idário e dois minutos depois Nardo ocupou a vaga deixada por Baltasar.
Logo em seguida Genuíno perdeu grande chance de abrir o escore a favor do Vasco. O lance mais uma vez foi paralisado de forma incorreta pela arbitragem, com a marcação de impedimento inexistente do atacante vascaíno.
Aos 30, em cobrança de falta, quase Claudio vence o goleiro Osvaldo Baliza. A bola bateu no travessão.
A partir daí o time de São Januário foi todo ataque, mas encontrava dificuldades para chegar ao gol da vitória.
A dois minutos do fim, Mirim passou a Sabará, o ponteiro desvencilhou-se de Olavo e a meio metro da linha de fundo cruzou para a área. A pelota encontrou Ipojucan e este inteligentemente abriu as pernas, vislumbrando a chegada de Chico, que vinha na corrida e fuzilou para o gol, enlouquecendo a massa cruzmaltina. Vasco 1 x 0.
Quase no apagar das luzes o Corínthians atacou e Carbone, de virada, arrematou para o gol. A bola passou por debaixo do corpo de Osvaldo Baliza, mas saiu pela linha de fundo.
Final de partida e a vitória vascaína por 1 x 0, combinada com o empate no Pacaembu entre São Paulo e Flamengo (0 x 0), punham o Almirante dependendo apenas de si para se sagrar campeão.
A imprensa fez muitos elogios à atuação de Bellini, considerando alguns que o beque ganhara a condição de titular em definitivo devido à performance apresentada. Dos jornais sobraram elogios também a Augusto, Mirim, Jorge, Sabará, Maneca, Ipojucan e Chico, autor do tento decisivo. No Corínthians os destaques foram Cabeção, Olavo e Goiano, todos elementos de defesa.
Encerrado o duelo, João da Silva, dirigente vascaíno, exclamou emocionado uma frase que seria manchete no jornal “Última Hora”: “Esse além de ladrão é cínico”.
Os jornais foram unânimes em afirmar que o árbitro João Etzel havia prejudicado o Vasco na partida.
A vitória cruzmaltina classificou matematicamente o Vasco para o Torneio Octogonal Intercontinental Rivadávia Corrêa Meyer. A segunda vaga ficaria entre Flamengo e Botafogo. O rubro-negro precisaria vencer o Bangu na última rodada para fazer uma partida extra contra o alvinegro para se definir qual seria o segundo representante carioca na competição.
O Vasco teria de vencer o Santos na Vila Belmiro em partida válida pela última rodada para, enfim, ser campeão. Caso houvesse empate no confronto decidiria o título diretamente contra o Corínthians, ou num triangular do qual participaria também o São Paulo, na hipótese de o tricolor paulista derrotar a Portuguesa de Desportos na mesma data.
Três dias depois do triunfo obtido no Maracanã, mais uma vez a arbitragem prejudicou o Vasco, desta feita contra o Santos, não assinalando o auxiliar impedimento de Vasconcelos no lance do terceiro gol praiano (o jogo estava empatado em 2 x 2 com o Vasco pressionando incessantemente a meta adversária). Nicácio seria o autor do tento irregular, após rebote dado por Osvaldo Baliza em conclusão de Vasconcelos. O placar final foi mesmo 3 x 2 para a equipe da Vila.
Com a surpreendente derrota vascaína e outra do São Paulo para a Portuguesa de Desportos, o Corínthians se sagraria Campeão do Torneio Rio-SP.
Menos de um mês depois o Expresso da Vitória repararia a injustiça, derrotando a equipe do Parque São Jorge por duas vezes consecutivas, eliminando-a da competição intercontinental e chegando à final. O Vasco seria o Campeão Invicto do Torneio Rivadávia Corrêa Meyer, derrotando o São Paulo por duas vezes, no Pacaembu e no Maracanã, dias depois.
E quanto ao Flamengo? Para desespero do presidente Fadel Fadel na última rodada do Rio-São Paulo o bando rubro-negro foi derrotado pelo Bangu por 2 x 1, dando de bandeja a vaga do Octogonal Intercontinental para o Botafogo. O alvinegro, por sinal seria mais uma das vítimas do Vasco na referida competição, perdendo a vaga para as semifinais após ser derrotado pelo tradicional algoz na fase inicial por 2 x 1.
A Noite (01/06/1953)
O Globo (01/06/1953)
O Globo (01/06/1953)
Jornal dos Sports (01/06/1953)
Outros jogos do Vasco em 31 de maio:
Vasco 4 x 0 Helênico (Carioca 1925)
Andarahy 0 x 2 Vasco (Amistoso 1936)
Vasco 2 x 0 Canto do Rio (Carioca 1942)
Vasco 1 x 0 América (Carioca 1931)
Andarahy 0 x 2 Vasco (Amistoso 1936)
Vasco 2 x 0 Canto Do Rio (Carioca 1942)
Vasco 3 x 1 Portuguesa (Carioca 1969)
Vasco 4 x 1 Caxias-RS (Brasileiro 1978)
Sport Club Juiz de Fora-MG 0 x 1 Vasco (Taça Cidade Juiz de Fora 1987)
Na luta pela liderança do Torneio Municipal em 1948, o Vasco, Campeão Sul-Americano Invicto, enfrentaria o Flamengo no campo das Laranjeiras.
O Tetracampeão da cidade, entretanto, preferiu atuar com seu time titular no Quadrangular de Belo Horizonte. A competição, da qual participavam os mineiros América e Atlético tinha também a participação da equipe do São Paulo. Mesmo tendo sido derrotado pelo América-MG por 4 x 2 na rodada inicial três dias antes (ocasião na qual foi inaugurado o estádio do adversário), o Vasco não abriu mão de manter a equipe principal naquele certame e a reserva na competição municipal.
Com isso, no mesmo dia o Almirante atuaria em dois clássicos brasileiros tradicionais. Contra o Bicampeão Mineiro jogariam os titulares e frente ao líder invicto do Municipal, há 14 jogos sem perder na temporada, atuariam os reservas.
Em Belo Horizonte a partida foi definida a favor do Vasco com um gol no início de cada tempo.
Com apenas cinco minutos de jogo o “half” direito Mexicano jogou contra o patrimônio, desviando a bola para as redes atleticanas num auto gol.
Apesar da tentativa de reação do onze carijó na primeira etapa, Barbosa e as traves salvaram a equipe de São Januário do empate.
Logo aos três minutos do período final, Dimas marcou o segundo, escorando um centro de Djalma.
Mesmo após ter levado mais um gol o time mineiro permaneceu valente no gramado e esteve várias vezes por descontar a vantagem adversária, mas a defensiva vascaína e particularmente Barbosa bloquearam as intenções contrárias e mantiveram o resultado, enquanto o quinteto ofensivo treinado por Flávio Costa levava à loucura a defesa mineira, com boa movimentação e troca de posições. Placar final, 2 x 0.
Os melhores do Vasco foram Barbosa, Rafanelli, Danilo e Ademir, destacando-se pelo galo mineiro o clássico zagueiro Murilo e o meia Lauro.
No Torneio Municipal, cerca de uma hora e meia após o início de Atlético-MG e Vasco em Belo Horizonte, o Almirante entrava em campo com o seu já famoso “Expressinho”, time reserva. O Fla havia perdido apenas um ponto no certame, contra dois do time de São Januário, mas ambos permaneciam invictos no torneio.
A equipe rubro-negra atuaria desfalcada de Jair Rosa Pinto e Zizinho, mas mesmo assim era considerada levemente favorita, diante de um Vasco sem qualquer das estrelas que despontaram no Sul-Americano meses antes.
Jogando contra o vento na primeira etapa, o Vasco não comprometia em campo, mas aos 16 minutos foi surpreendido com um gol até certo ponto inesperado.
Interrompendo manobra ofensiva do rubro-negro Vevé, Laerte foi obrigado a cortar para escanteio. Na cobrança efetuada pelo próprio Vevé a bola chegou à cabeça de Durval e foi às redes. Fla 1 x 0.
O empate do Vasco surgiu dois minutos depois, após uma jogada armada por Nestor na direita, aproveitando-se da falha do lateral Miguel, que lhe deu espaço para o lançamento, executado de forma precisa na direção de Ipojucan. O ponta de lança vascaíno teve tranquilidade para igualar o marcador.
Aproveitando-se da desorganização defensiva do adversário, Pacheco, e depois Nestor, perderam chances preciosas para virar o placar ainda antes do intervalo.
Encerrado o primeiro tempo, a atuação do Vasco fazia crer ao público que lotava as dependências do estádio das Laranjeiras ser uma questão de tempo a construção da vitória cruzmaltina, pois se contra o vento fora superior ao rival, com a natureza a seu favor a tendência era o Expressinho exercer um domínio ainda maior.
Ocorre que o time da Gávea voltou para a segunda etapa melhor estruturado e consciente em campo. Não se aventurava em bolas longas, alçadas, mas sim procurava manter a pelota no chão.
Depois de reequilibrar a partida nos primeiros 15 minutos, o Flamengo passou a dominar as ações e no tempo restante, principalmente nos últimos 20 minutos, foi grande a pressão, a ponto de um novo tento rubro-negro não ter saído por puro capricho (ou falta dele). Na melhor oportunidade Gringo cabeceou e Durval emendou livre, mas por cima da meta defendida por Barqueta.
O tempo foi passando e a sensação dos presentes era de um empate definitivo no clássico.
A 20 segundos do fim, entretanto, a cidadela rubro-negra cairia pela segunda vez. Gringo tentou um passe no meio de campo, a bola bateu no árbitro e sobrou para Tuta. O ponta atraiu Vaguinho e centrou na direção de Pacheco. O centroavante avançou e deu a Ipojucan, que entre dois zagueiros adversários controlou a bola, ameaçou chutar de um lado e com o pé direito arremessou no outro, enganando Luís Borracha e fechando o marcador. Vasco 2 x 1. Delírio da galera cruzmaltina. Dupla alegria dela naquela tarde de domingo.
Era a quarta vitória seguida do Vasco sobre o rival. E mais viriam na sequência. Questão de tempo.
O Globo (31/05/1948)
A Noite (31/05/1948)
Jornal do Brasil (31/05/1948)
Jornal dos Sports (01/06/1948)
Outros jogos do Vasco em 30 de maio:
30/05 – Vasco 5 x 4 Bangu (Carioca 1926)
30/05 – Vasco 1 x 0 Carioca (Carioca FMD 1937)
30/05 – Vasco 1 x 0 São Paulo (Torneio Rio-São Paulo 1954)
30/05 – Alemannia Aachen-ALE 2 x 3 Vasco (Amistoso 1961)
30/05 – Comerciário-SC 0 x 2 Vasco (Amistoso 1965)
30/05 – Tupi-MG 1 x 4 Vasco (Taça Cidade Juiz de Fora 1986)
30/05 – Universidade Autônoma Guadalajara-MEX 0 x 1 Vasco (Amistoso 1990)
O dia 29 de maio marca muitas vitórias do Vasco ao longo de sua jornada futebolística, mas dois títulos inesquecíveis, no espaço de 11 anos entre um e outro, merecem destaque hoje.
Primeiramente vamos falar do título conquistado de Bicampeão da Taça Guanabara em 1977.
A campanha do Vasco fora quase irrepreensível. Na quarta rodada uma inesperada derrota frente ao América por 1 x 0 (fruto de uma falta inexistente marcada a favor do diabo) seria o único dia de tristeza dos vascaínos naquele turno do Campeonato Carioca de 1977.
Nas outras 12 partidas disputadas a equipe de São Januário conquistou 12 vitórias. Derrotou nos clássicos o Flamengo por 3 x 0 e o Fluminense pela contagem mínima, goleou o Madureira por 7 x 1, o Bangu pelo placar de 6 x 0 e acumulou mais oito triunfos diante de Goytacaz, Campo Grande, Olaria, São Cristovão, Volta Redonda, Portuguesa, Bonsucesso e Americano. Trinta e oito gols marcados e quatro sofridos nos referidos jogos.
O Globo (30/05/1977)
O Botafogo também mantinha uma performance exemplar no turno até tropeçar na quinta rodada diante do Flamengo (derrota por 2 x 1). Em seguida empates contra o Americano, em Campos, e Bangu no Maracanã. Nos outros 10 jogos, porém, nenhum ponto perdido.
Na estreia contra o bicampeão Fluminense, vitória por 2 x 0. A equipe despacharia também o América pelo mesmo placar, aplicaria impressionantes 8 x 0 no Campo Grande, 6 x 0 no Olaria, além de passar por Volta Redonda, Portuguesa, São Cristovão, Madureira, Bonsucesso e Goytacaz. Apenas naqueles 10 compromissos havia marcado 33 gols, sem sofrer um sequer.
Vasco, 38 gols marcados e 5 sofridos, contra Botafogo, 36 gols marcados e 4 sofridos. Ambos haviam perdido uma vez, ambos definiram partidas com gols no final. O Botafogo na Ilha, frente à Portuguesa, através de Dé, na terceira rodada (1 x 0), o Vasco com Roberto, diante do Bonsucesso, em São Januário, na 12ª rodada (2 x 1).
Além disso, uma dupla que brilhara nos últimos dois estaduais, Roberto e Dé, estava agora separada. Dé marcara até ali 11 gols pelo Botafogo, Roberto 14, pelo Vasco.
O goleiro alvinegro Zé Carlos não era vazado há 557 minutos e o alvinegro tinha naquele momento a melhor defesa da competição.
Junto a Zé Carlos, o Botafogo poderia contar também com Perivaldo na lateral direita e Rodrigues Neto na esquerda. Um meio campo de respeito no qual Carbone, Paulo César Caju e Mário Sérgio alimentavam o ponta de lança Manfrini, o extrema direita Gil e finalmente o oportunista Dé. A zaga, formada por Osmar e Odélio – que substituía desde o meio do turno o ex vascaíno Renê – não poderia ser muito contestada pela performance das seis últimas partidas, embora individualmente o quarto zagueiro fosse considerado o mais frágil do onze alvinegro.
Já o Vasco tinha no gol Mazaropi, herói da conquista da mesma taça no ano anterior e que tentava fazer a torcida esquecer de Andrada, apesar de já ser titular do gol vascaíno há quase um ano e meio. Nas duas laterais a tenacidade de Orlando Lelé e a classe de Marco Antônio. Na zaga pouco virtuosismo, mas muita disposição. Abel e Geraldo impunham respeito aos adversários. No meio campo um trio que se encaixara com Zé Mário, Zanata e o motor da equipe, Dirceu. Na frente, cheio de ginga e dribles, Wilsinho levava à loucura os laterais adversários, Ramon, oriundo do futebol pernambucano, vivia grande fase, marcando gols (nove ao todo) e caindo no gosto da galera. Mas a figura de destaque permanecia mesmo sendo Roberto, decisivo como artilheiro ou mesmo garçom, tal qual foi na partida diante do Fluminense, quando pôs o companheiro Ramon na cara gol com um passe preciso. A fé da torcida cruzmaltina residia principalmente nele.
O Botafogo entrava em campo para impedir o título do Vasco. Uma vitória por qualquer placar levaria as duas equipes a decidir a Taça Guanabara numa partida extra. Já o Gigante da Colina, atuava pelo empate e mesmo derrotado ainda teria outra oportunidade para ser campeão.
O primeiro tempo foi do Botafogo, que apesar do jogo truncado conseguiu chegar perto de marcar por três vezes.
Na primeira delas, aos 10 minutos, Mário Sérgio cobrou falta e Marco Antônio ao tentar cortar por pouco não marcou contra. A bola passou rente à trave de Mazaropi.
Aos 26 uma excelente oportunidade perdida por Dé. O centroavante recebeu ótimo lançamento de Paulo César e frente a frente com Mazaropi chutou em cima do goleiro vascaíno, para desespero da galera alvinegra, presente ao Maracanã.
Aos 31 foi a vez de Mário Sérgio errar um chute de esquerda, quando tinha condições de marcar.
Se na primeira etapa o Vasco foi ineficaz ofensivamente, logo no início do segundo tempo foi mortal.
Aos 2 minutos Orlando Lelé desceu pela direita, chegou próximo à linha de fundo e cruzou de curva para Roberto que com uma cabeçada fulminante vazou Zé Carlos, após 604 minutos de invencibilidade do arqueiro botafoguense. Vasco 1 x 0.
No minuto seguinte, quase o Vasco aumenta. Zanata avança até a intermediária adversária e entrega a Roberto, que devolve ao companheiro e se desloca para a direita. Zanata percebe o movimento do artilheiro e entrega limpa. Dinamite avança, mas na hora do arremate chuta fraco, para boa defesa de Zé Carlos.
Refeito do gol tomado o Botafogo volta à carga e Dé desperdiça mais uma oportunidade, após receber bom passe de Rodrigues Neto e invadir a área pela direita. Mazaropi, com muito arrojo, mergulha a seus pés, evitando o tento de empate alvinegro.
Jornal do Brasil (30/05/1977)
O técnico Sebastião Leônidas dá sua última cartada. Tira Carbone, um volante mais recuado e põe outro meia, mais avançado e veloz, na sua vaga. Luisinho Rangel entra, acelera o jogo, e quase marca aos 26, não fosse boa intervenção de Mazaropi.
Mas se o Botafogo ganha força nas manobras ofensivas com a substituição, por outro lado sua defesa está cada vez mais exposta e aos 27 minutos tem o Vasco a chance de ampliar o marcador, após boa jogada de Roberto na esquerda, que tabela com Dirceu, invade, fica sem ângulo para o arremate e serve Wilsinho na direita. O ponteiro conclui fraco e permite a defesa segura de Zé Carlos.
Aos 29 nova carga cruzmaltina. Numa cobrança de falta mal executada por Mário Sérgio, no campo de ataque, próximo à área, a bola sobra nos pés de Zanata. Daí parte um lançamento na direita para Fumanchu, que substituíra Wilsinho um pouco antes. O ponta avança e cruza para Roberto. O centroavante toca mais atrás, na direção de Dirceu, livre, bem próximo à área. O meia chuta fraco, a pelota desvia em Osmar e quase engana Zé Carlos. Foi por pouco.
Aos 31 não houve jeito. Mário Sérgio perde a bola para Zé Mário, que faz excelente lançamento em profundidade para Roberto, deslocado pela esquerda. A defesa do Botafogo pára, pedindo impedimento (inexistente). Dinamite avança, corta para o meio, passa por Odélio e atira por baixo, sem defesa para Zé Carlos. Liquidada a fatura. Vasco 2 x 0.
Torcida saúda a equipe vencedora com faixas e muita festa. O Globo (30/05/1977)
Os 14 minutos finais foram de festa da torcida cruzmaltina nas arquibancadas – maioria evidente entre os mais de 131 mil torcedores pagantes – e de aguardo do time dirigido por Orlando Fantoni pelo apito final.
Consumada a vitória o Vasco fazia a mais impressionante campanha de toda a história da Taça Guanabara até ali e vislumbrava até mesmo vencer o Campeonato Carioca direto, o que seria possível se viesse a conquistar também o segundo turno da competição. Seu vice na classificação final do turno, Flamengo, viria a ser o grande adversário no returno daquele certame.
………
O Globo (30/05/1988)
Onze anos depois o time cruzmaltino se via diante de um incômodo tabu. Iria para a sua oitava decisão de taça contra o Fluminense, mas perdera as últimas sete. A única vitória ocorrera no distante ano de 1946, quando numa melhor de três o Expresso foi vitorioso e campeão, dentro de São Januário, vencendo por 1 x 0 o time de Ademir Menezes na ocasião, com um gol do ponteiro esquerdo Chico e se sagrando Tricampeão Municipal.
O Fluminense estava muito próximo de alcançar o título da Taça Rio, mas a perda de dois pontos nas duas rodadas anteriores contra a Cabofriense, fora de casa, e no clássico diante do Flamengo, ambos sem abertura da contagem, pôs o time das Laranjeiras em igualdade de condições com o Vasco, que perdera três pontos nas quatro primeiras rodadas, mas vencera posteriormente seis partidas seguidas.
O Vasco contava com Acácio, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho na defesa, o brilho de Geovani no meio, a imprevisibilidade de Vivinho na direita do ataque e a impetuosidade do artilheiro Romário na frente.
Já o Fluminense, do experiente goleiro Paulo Victor, tinha do lado esquerdo da defesa seus maiores nomes no setor, Ricardo Gomes e Eduardo, trouxera Jorginho Putinacci, meia de destaque no Palmeiras por oito anos, mas trazido do Corínthians, após uma temporada na equipe do Parque São Jorge, além de dois remanescentes, na parte ofensiva, do time Tricampeão Carioca e Campeão Brasileiro, entre os anos de 1983 e 1985: Washington e Tato.
O tricolor começa melhor a partida.
Logo aos 3 minutos, Jorginho toca a Edinho na direita. O lateral cruza, João Santos briga com a zaga vascaína e a bola sobra para Jorginho, que dentro da área tenta o toque por cobertura, mas erra o alvo.
Aos 4 Washington é lançado na esquerda. Tal qual um ponta ele dribla Donato e cruza na área. Jorginho chuta forte de esquerda, mas Acácio faz grande defesa. No rebote Mazinho sofre falta e o Vasco escapa de levar o primeiro.
Aos 8 a primeira estocada cruzmaltina. Henrique dá curto para Romário na intermediária. O baixinho encara a marcação de dois adversários e no bate rebate a pelota sobra na frente entre Vica e o insistente Romário, que na tentativa da passagem pelo beque tricolor vê a bola repicar e se apresentar a William. O meia avança e bate de esquerda. Paulo Victor rebate e a sobra fica para Vivinho na direita. O cruzamento sai, mas Eduardo desvia à escanteio.
Aos 10 Jorginho cobra córner da esquerda por baixo e no primeiro pau. Tato desvia para o meio da área e Leomir complementa sem muita força, possibilitando a defesa de Acácio para córner.
Jornal do Brasil (30/05/1988)
A proposta das duas equipes é clara. O Flu toma a iniciativa do jogo e busca o lado esquerdo de seu ataque para as manobras ofensivas, enquanto o Vasco usa a velocidade de Vivinho nos contragolpes, contando também com a explosão de Romário nas arrancadas.
Aos 26 Fernando parte do meio campo, mais pelo lado esquerdo, cheio de disposição, tabela com Romário e recebe na área para marcar, mas o bandeira marca impedimento no lance, frustrando a comemoração da galera vascaína e do próprio zagueiro, após o juiz já ter dado o gol como válido. A marcação do auxiliar, entretanto, fora correta.
Aos 38 Jorginho toca para João Santos na direita, se desloca, recebe de volta e tenta novamente um passe ao companheiro, já posicionado no meio da área. João Santos divide com a zaga e a bola sobra para Tato. O chute, próximo à marca do pênalti, é desviado por Mazinho de leve e impede a defesa de Acácio. Flu 1 x 0.
Aos 49 minutos o primeiro tempo é encerrado com muito mais catimba que futebol após o gol tricolor.
A partida recomeça com o Vasco mais avançado e o Fluminense optando pela cadência em campo.
Aos 8 minutos, Paulo Roberto cobra falta com violência próximo ao bico direito da área, Paulo Vitor rebate e a bola sobra na esquerda para Mazinho, que tenta o cruzamento, mas é travado por Washington, ganhando apenas o escanteio.
O Vasco é só pressão e aos 15 minutos Paulo Roberto, muito acionado na segunda etapa, cruza para William, que faz o giro de corpo sobre o zagueiro Ricardo Gomes e bate de direita. Paulo Victor estica os braços e faz a defesa, mandando à córner.
Aos 20 minutos o técnico Sebastião Lazaroni promove uma alteração no time que mudaria a história da decisão. Bismarck, de 18 anos, entraria no lugar de William, apenas 11 meses mais velho e também bom de bola. Parecia uma troca de seis por meia dúzia.
A partida seguia indefinida. Tato, várias vezes lançado nas costas de Paulo Roberto, parava na cobertura ao lateral, enquanto o vascaíno alçava bolas na área, mas sem resultado. O Flu parecia mais cansado, o Vasco mais tenso. E o relógio andava cada vez mais rápido para um e lento para outro.
Aos 31, em mais um avanço de Paulo Roberto pela direita – marcado por Tato – o cruzamento sai à meia altura. Henrique tenta a cabeçada, mas a bola passa por ele, que acaba involuntariamente fazendo um corta luz no lance. A pelota chega ao peito de Romário. O baixinho mata a bola e toca curto a Bismarck. Sem possibilidade de chute o meia devolve ao artilheiro, que bate desequilibrado pela linha de fundo.
Aos 34 um resumo do fôlego das duas equipes em campo. Paulo Roberto avança desde o meio campo, recebe, chega ao fundo sem marcação e centra na área. A bola é cortada pela zaga tricolor e Vica estica a Tato na esquerda. Ele avança e tenta o drible ainda no seu campo. Donato rebate e Paulo Roberto se esforça num carrinho para evitar a saída da bola pela linha lateral.
Aos 35 Bismarck faz jogada individual na direita, é tocado por Jandir e cava a falta. Na cobrança Paulo Roberto levanta na área, Bismarck cabeceia entre os beques, Paulo Victor defende parcialmente e Vivinho surge no rebote para marcar, empatando o jogo.
A igualdade no marcador levaria à disputa de um jogo extra, três dias depois, mas se Paulo Roberto não se conformava com a derrota, Romário não aceitava o empate. Na primeira retomada de bola do Vasco, após uma blitz do ataque tricolor de quase dois minutos, iniciada a partir da nova saída dada, o baixinho recebeu de Geovani antes da intermediária do campo defensivo cruzmaltino e como se não houvesse marcação à sua frente foi avançando. Passou por Jandir, que tentou agarrá-lo, sem sucesso, dividiu com Vica e a bola sobrou para Vivinho na direita. O ponta avançou e deu de esquerda para o companheiro próximo à entrada da área. O artilheiro furou na primeira tentativa, mas mesmo assim recolheu a pelota e passou com um drible entre Leomir e Tato, tocando em seguida na saída de Paulo Victor. O goleiro fez milagre, esticando as mãos para evitar o tento, mas no rebote Bismarck empurrou para o gol vazio, virando o placar. Vasco 2 x 1.
Dali por diante o Fluminense, atordoado, não teve mais forças para reagir. O Vasco passou a tocar a bola e esperar o fim do jogo, da escrita e da Taça Rio.
O apito final do árbitro seria o início de um novo tabu. O Vasco ficaria sem perder uma decisão direta de taça para o Fluminense por mais de duas décadas.
Quanto aos maiores personagens da partida, Paulo Roberto teria coroado seu esforço com o título carioca menos de um mês depois, Bismarck se tornaria uma realidade para o futebol brasileiro ainda em 1988, Romário teria de esperar 12 anos para fazer um gol contra o Fluminense com a camisa do Vasco, mas marcaria muitos contra o adversário até o fim da carreira. E o tricolor Tato? Ele trocaria de lado na temporada seguinte, sagrando-se no Vasco Campeão Brasileiro pela segunda vez em sua carreira.
Jornal do Brasil (30/05/1988)
O Globo (30/05/1988)
Outros jogos do Vasco em 29 de maio:
29/05 – Vasco 6 x 1 Andarahy (Carioca 1927)
29/05 – Uberlândia 3 x 7 Vasco (Amistoso 1949)
29/05 – Deportivo La Coruña-ESP 1 x 6 Vasco (Amistoso 1955)
29/05 – Vasco 4 x 2 São Paulo (Amistoso 1960)
29/05 – Seleção da Nigéria 1 x 2 Vasco (Amistoso 1963)
29/05 – Vasco 1 x 0 Avaí (Brasileiro 1974)
29/05 – Nacional-AM 1 x 3 Vasco (Amistoso 1980)
29/05 – Vasco 3 x 1 Santos (Torneio dos Campeões 1982)
29/05 – Cruzeiro 1 x 2 Vasco (Taça Cidade Juiz de Fora 1987)