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Medo, descomprometimento, vergonha

A lamentável e inaceitável atuação do Vasco domingo contra o Flamengo, na primeira partida decisiva do campeonato, criou um abismo entre os dois clubes, materializado em 90 minutos de partida.

Tal abismo era nítido entre o Campeonato Brasileiro de 1997 e o de 2000, a favor do Vasco, mas o que se via na época era uma dedicação quase irracional da equipe rubro-negra, jogando a vida a cada confronto, contra um adversário nitidamente superior, que entre uma goleada e outra impingida, buscava igualar as coisas, com o sistema a seu favor, claro, mas também comprometido a cada disputa. Foram 6 vitórias do Vasco contra 5 do adversário.

A mesma diferença abissal era nítida entre o início de 1979 até o Campeonato Brasileiro de 1983. A geração de Zico e cia. ganhou mais que perdeu do Vasco, mas teve no adversário um digno contendor. Naquela época o que se via pelos lados de São Januário era uma luta constante, contra uma equipe melhor e um sistema que ainda a fortalecia mais ainda, independentemente da distância entre os dois clubes. Foram 9 vitórias do Flamengo contra 8 do oponente.

Tanto Vasco como Flamengo tiveram ao longo da história momentos nos quais o favoritismo pendia para um lado ou outro, mas a luta, a garra, a vontade de vencer, não era definida no papel, na escalação, mas sim na atitude em campo.

Faltou atitude ao Vasco, sobrou receio, faltou concentração, sobrou atabalhoamento, tudo isso no primeiro jogo decisivo do campeonato.

Os dois gols rubro-negros surgiram de falhas infantis dos laterais e o anulado de outra, desta vez cometida pelo zagueiro Werley.

O treinador errou em duas das três substituições (na outra trocou simplesmente um centroavante por outro), mas ficou evidenciado que a mexida do intervalo pôs cedo demais no gramado um atleta capaz de produzir muito mais como arma para os últimos 15, 20 minutos (oxalá esteja pronto para mais daqui por diante). O absurdo, entretanto, foi a segunda alteração, quando foi retirado de campo o jogador mais produtivo da equipe nas ações ofensivas, facilitando de vez as coisas para o adversário, embora, em tese, a dupla função a ser exercida por Yan Sasse, mais descansado, justificasse, por princípio, a troca.

Os atletas com os quais mais se contava, no meio e na frente, decepcionaram. Maxi Lopez e Bruno César andaram de mal a pior, Pikachu reapareceu sem ritmo e pouco comprometido com a marcação, Lucas Mineiro mostrou-se irregular ao longo da partida, vigiado de perto pela marcação adversária e Raul um tanto inseguro e pouco efetivo.

Atrás salvou-se Leandro Castan, realizando uma bela partida e Fernando Miguel, com boas defesas, embora deixasse a sensação de que poderia não largar o cruzamento de Arascaeta, na jogada do segundo gol rubro-negro. A bola, todavia, estava molhada, absolvendo o arqueiro de qualquer crítica contundente naquele lance.

Não há uma mágica solução para reverter uma vantagem considerável, aberta pelo adversário, mas o certo é que com a repetição dos erros, da amorfia e do titubeio coletivo, o Vasco não conseguirá melhor sorte na segunda partida.

De nada adianta simplesmente passar uma borracha no que ocorreu, mas sim tirar lições disso, corrigir defeitos, questionarem-se todos os envolvidos no vexame e mudar a postura (tanto quanto o espírito) para a disputa do segundo jogo decisivo.

Por fim, deve nesta semana se expor a direção, mantendo os vascaínos ainda motivados para darem sua contribuição em nome da reação, com sua presença e incentivo no último embate do campeonato.

O vascaíno cascudo vai ao jogo, disso temos todos certeza.

Sérgio Frias

Cinco de novo

Amanheci ontem com o áudio do programa CBN – Quatro em Campo analisado a prévia da final Vasco x Flamengo e dizendo “O Flamengo é ESMAGADORAMENTE favorito” e “Perder esse título em dois jogos pro Vasco será uma VERGONHA, uma TRAGÉDIA”.

Fico pensando nas palavras usadas, de forma tão equivocadas pelos aludidos repórteres, pois acredito estar recente uma das TRAGÉDIAS (com letras garrafais mesmo) ocorridas no país com a morte de 10 crianças indefesas, decorrentes de negligência e de descaso. Poderia até transcorrer também sobre os motivos pelos quais repórteres não se aprofundam em saber porque famílias envolvidas nessa tragédia ainda sequer foram indenizadas.

Prefiro ressaltar os infelizes comentários sobre o favoritismo em questão, e atesto que existe uma analogia entre as preferências clubísticas de muitos da imprensa com o momento do futebol brasileiro.

Particularmente constato, que a imprensa (em sua maioria) é a principal responsável pelo futebol brasileiro estar assim, carente de craques, passando por sucessivos fracassos em Copas do Mundo (desde o profissional, até as disputas entre jovens das categorias de base). Esta imprensa deixa de lado opiniões imparciais e passa a tomar partido dos seus preferidos.

Hoje em dia, revelam suas preferências sem pudor nenhum, desejando acabar com os estatuais, a menos que o título no Rio de Janeiro seja do Flamengo e em São Paulo seja do Corinthians. A postura desses repórteres causa impacto, pois influenciam nas cotas que cada clube recebe pela TV. Para eles, outros clubes, que não sejam os de sua preferência, ocupam um tempo bem maior de televisão ou rádio, apenas para discutir assuntos em torno dos clubes protegidos da mídia (claramente, Flamengo e Corinthians). O que fazem indiretamente, é provocar um desequilíbrio orçamentário entre os clubes, tornando o futebol antidemocrático, sem oferecer condições mais justas a todos que participam de uma mesma competição.

O celeiro de jogadores que o país sempre teve, já não o tem há anos, pois clubes pequenos não têm mais como investir na base. Os grandes não recebem em condições iguais, pois sempre a preferência é pelos queridinhos da mídia. A escassez de talentos tende a piorar a cada ano que passa.

O último campeonato mundial vencido pelo país foi em 2002. Ficaremos 20 anos sem ganhar até a próxima Copa do Mundo. A seleção depende de um talento, que por muito tempo foi bajulado pela imprensa, que é o Neymar.

Penderam por muitos anos para o técnico Tite como sendo o professor dos professores, pois ele passou pelo Corinthians, que é queridinho da mídia paulista. No final das contas, estão ajudando a tornar o Brasil um país de futebol ruim, e com campeonatos de baixo nível (só passam a ser de nível, caso os clubes queridinhos estejam em evidência).

O protegido da mídia carioca vai continuar tendo as benesses de comentários como esse do referido programa, mesmo tendo vencido prejudicando o Bangu de forma acintosa na primeira rodada do Campeonato Carioca, com um gol sofrido de forma irregular, e com um jogador injustamente expulso. É considerado favorito, mesmo após a benesse de cair em seu colo um pênalti na semifinal da Taça Rio contra o Fluminense, em que 90% dos árbitros não dariam se fosse para outro time.

O que assusta mais é ver tais comentários vindo de pessoas que deveriam estar isentas de preferências pessoais. Não observam que seu clube preferido está na final com pior campanha geral em relação ao Vasco.

Os benefícios se mantem também fora das quatro linhas, já que houve um jogador expulso naquele jogo da semifinal da Taça Rio, e nem sequer foi julgado (caso de Bruno Henrique). Logicamente, o outro jogador expulso foi punido de forma exemplar e rápida (Ganso pelo Fluminense, punido por 9 jogos).

O clube com “ESMAGADOR FAVORITISMO” amarga apenas a quarta colocação entre brasileiros na Taça Libertadores. O Flamengo está atrás de Palmeiras, Cruzeiro e Atlético-PR. Lá na Libertadores não tem o TJD para ajudar e não tem a arbitragem tendenciosa para colaborar.

Portanto, deveria ser o caso de considerarmos o Vasco favorito, pois os números do Vasco na competição são melhores, a despeito de toda campanha difamatória que a imprensa faz contra o clube. Afinal, o que importa é ter liberdade de expressão, escrevendo as opiniões, por mais estapafúrdias que sejam elas.

Teremos VAR na final e, portanto, erros de fato não poderão acontecer como em outras finais que houveram entre Vasco e Flamengo. Infelizmente ainda não se poderá fazer nada nos casos de erros (muitas vezes intencionais) de interpretação, que deverão ser a favor dos “esmagadores favoritos”.

Diga-se de passagem, que são favoritos apenas no quesito em ter auxílio da mídia e da arbitragem, como já ocorreu historicamente.

O Vasco foi derrotado pela arbitragem, ou fatores externos, em 8 oportunidades das 13 decisões ocorridas entre ambos os clubes:

1 – 1944: gol do título ilegal;
2 – 1981: invasão do ladrilheiro rubro-negro, esfriando a reação do Vasco;
3 – 1986: papeletas amarelas;
4 – 1999: gol irregular do Flamengo no primeiro jogo;
5 – 2000: pênalti não marcado a favor do Vasco no primeiro jogo, quando a partida estava empatada, segundo gol do Flamengo em impedimento no segundo jogo;
6 – 2001: pênalti não marcado a favor do Vasco na segunda partida decisiva;
7 – 2004: gol em impedimento marcado pelo adversário no primeiro jogo e outro na segunda partida, no caso o terceiro, perseguição midiática a Coutinho para que fosse expulso em prol de Felipe, o mané Garrincha da Gávea naquele ano, os três erros contra um a favor do Vasco, gol em impedimento marcado por Valdir no segundo jogo;
8 – 2014: título que marcou a célebre frase dita pelo goleiro rubro-negro: “roubado é mais gostoso”.

Somos normalmente favoritos dentro de uma lógica na qual não haja desequilíbrio em favor do outro lado, afinal sem a interferência de supostos neutros e fatores externos, o Vasco, até aqui, venceu quatro decisões de campeonato contra o Flamengo e perdeu apenas uma em que a arbitragem ou fatores externos não tiveram nenhuma influência em prol do clube da Gávea.

Considerando o 4×1 acima, espero que tenhamos no domingo de Páscoa, após o fim da decisão em dois jogos, um outro “cinco de novo”.

Claudio Fernandes

Ópera dos Malandros em cartaz no Teatro Maracanã

O anúncio feito pelo Governo do Estado acerca do rompimento do contrato de concessão do Maracanã, em 18 de Março último, traz como motivação a inadimplência do Consórcio que, desde maio de 2017, não teria honrado seus compromissos com o governo estadual. Apoia-se, ainda, numa sentença judicial de primeira instância que já houvera suspendido o contrato, face a irregularidades. Causa estranheza a celeridade do processo de concessão adotado, desde seu início até a decisão que concedeu, temporariamente, a administração do estádio ao Flamengo e a seu pequeno satélite das Laranjeiras. Segue o jogo, concede-se benefício da dúvida a tal atitude governamental. Muitas dúvidas.

Todavia, ao Casaca cabe apontar a inaceitável postura do presidente do Vasco, Dr. Alexandre Campello que, em plena navegação em seu mandato de presidente digital, limitou-se a emitir opiniões dispersas e frases de efeito sem efeito algum, conduzindo a situação de maneira absolutamente inadequada, sempre vacilante e irresoluto. O presidente das hashtags. Em verdade, trouxe de volta os tempos de seu assemelhado sem diploma, o ex-presidente Roberto Dinamite, que deu de ombros e entregou a chave do Maracanã, lá em 2013, ao clube da Gávea e a seu criado de três cores, inclusive permitindo que fosse agredido um direito costumeiro e pacífico do Vasco, que ocupava, desde a fundação do estádio, o lado direito das cabines.

O Vasco sequer apresentou uma proposta concreta. Alegou-se falta de tempo hábil para tal. Segundo reportagem do GE, o clube teria apresentado uma minuta de iniciativa. Na verdade, nada mais do que diminuta iniciativa, visto que se tratou de mera manifestação de vontade. Entretanto, o rival e seu boneco de estimação o fizeram. Agiram nos bastidores, costuraram o acordo, enquanto Campello titubeava em seu dever de oficio. Vale lembrar que, desde setembro de 2018 há decisão judicial de primeira instancia determinando o fim da concessão. Assim sendo, com o evidente interesse estratégico envolvido na questão, era de se esperar que a diretoria administrativa já houvesse desenvolvido um plano de gestão, assim como fez o rival. Todavia, nosso presidente, a despeito do incomum ingresso de recursos que teve a sua disposição, não é capaz de nada além de vender o almoço para comprar o jantar, na base do fiado. Visão estratégica? Não há o mínimo de competência para tal.

Resta agora que o presidente do clube assuma a função de presidente real e procure agir de maneira firme, exercendo o papel que não exerceu durante as três semanas em que o atual modelo de concessão temporária foi delineado. A bem da verdade, esse foi mais um passo para que a dupla colorida, mestre e servo, assumam o controle do estádio por 35 anos, ferindo interesses históricos e estratégicos do Club de Regatas Vasco da Gama, manobra que se tornou, aparentemente, ainda mais ágil, face a imobilidade do presidente Campello, que assistiu, de forma lamentável, a toda a cadeia de acontecimentos, como mero coadjuvante sem brilho algum.

Por fim, espera-se que haja reversão na Justiça. Com a palavra o jurídico do Vasco.

Rafael Furtado

Game Over

Game Over. Please insert a new coin.

Não sou exatamente um admirador da administração do presidente Alexandre Campello. Pelo contrário. Desde o dia em que tive o desprazer de ler a carta de apresentação ao balanço feito por seus “magos” da administração, percebi que não poderia levá-lo a sério. Ademais, o que se pode dizer de um presidente subserviente, que atende aos ditames midiáticos de rebaixamento institucional do Vasco em troca de apoio a si próprio? O que dizer de um presidente que mantém os funcionários do clube sob regime de terror, submetidos à ameaça constante da guilhotina da demissão covarde, sem a contraparte dos direitos trabalhistas correspondentes? O que dizer de um presidente que teve à sua disposição o ingresso de recursos substanciais, algo inédito em quase 20 anos, sendo incapaz de obter certidões que foram obtidas quase que imediatamente pela gestão Eurico Miranda, ainda que estivesse imersa num mar de dificuldades herdadas do MUV? O que dizer de um presidente que, à guisa de homenagem, estampa a marca suja do algoz, esquecendo-se das vítimas? Certamente, não merece muita consideração por parte daqueles que vislumbram, sempre, um Vasco contestador e, sobretudo, firme em sua missão de ser o contraponto àquilo que parte da sede comodato, do aforamento da Gávea.

Apresentado o parágrafo introdutório, passo, propriamente, à questão: ainda que desconsidere a diretoria atual, face à debilidade (sob maquilagem da mídia) de seu desempenho, não poderia, em hipótese alguma, concordar com a anulação do pleito. Felizmente ultrapassou-se mais essa mina jurídica amarela, que buscava explodir as pernas do Almirante, inviabilizando-lhe a caminhada. De fato, impressiona a desconsideração desse grupo ao Vasco. São a radicalização do MUV, os fundamentalistas da objetividade tortuosa, na qual qualquer instrumento passa a ser válido para a consecução de seus fins políticos. Não obstante todo o mal que a turma da “inesquecível” oportunidade de ouro destilou, esses conseguem – em verdade, são os mesmos, sob novos matizes – demonstrar ainda mais fortemente seu desamor pelo Club de Regatas Vasco da Gama. Chegaram a ponto de pedir a anulação de um pleito do qual saíram vitoriosos, expondo a instituição de maneira irresponsável, na medida em que isso representa um custo altíssimo à imagem e a qualquer iniciativa de se pacificar o clube. Aliás, em nota divulgada por tal grupo, chegou-se ao ápice da incoerência, ao afirmarem que o Vasco precisa de paz, quando eles próprios não depõem as armas. Espero que, por ora, desistam das táticas de guerrilha política, muito embora já espere pela próxima incursão à jugular do Almirante.

Por fim, comemoro a manutenção do resultado do pleito vencido pelo reclamante. A Justiça evitou uma distorção, uma aberração lógica sem tamanho. Seguiremos adiante, portanto, cobrando da diretoria administrativa aquilo que se julga fundamental ao clube e a seu engrandecimento. Porém, sem afigurarmo-nos, jamais, como agentes políticos irresponsáveis, detratores da instituição Club de Regatas Vasco da Gama. Casaca!

Rafael Furtado

Eterna gratidão

Lá pelo início dos anos 90, minha irmã deveria ter uns 12 anos e praticava basquete na escolinha do Vasco. Os meus pais, trabalhavam na Tijuca e depois do expediente passavam em São Januário para busca-la após os treinos. Ela fazia basquete junto com uma menina que também era nossa vizinha. Então, os respectivos pais das duas se revezavam na tarefa de ir ao clube para buscá-las nos dias de treino.

Um certo dia, a mãe da menina que era nossa vizinha não pôde ir buscá-las no dia da sua escala. Ela não foi, não avisou meus pais e nem a sua própria filha. Meus pais estavam em casa e tranquilos porque não era o dia deles de ir pega-las. Minha irmã sempre chegava em casa entre 19h e 20h. As duas acabaram o treino e, normalmente, ficaram esperando a mãe da outra menina, que não chegou! Em casa ficamos preocupados com a demora da minha irmã. Quando foi umas 21:30, minha irmã ligou para nossa casa avisando o que havia acontecido. Era tarde para ela sair sozinha de São Januário a pé.

Ela relatou que ambas haviam tentado ir embora indo para o ponto pegar um ônibus, que não passava, enquanto o local foi ficando deserto. Então, as duas acharam melhor voltar para o Vasco, tentar ligar para casa e ficar aguardando algum adulto ir buscá-las.  Quando voltaram para o clube, este já estava fechado. Elas então explicaram a situação para os seguranças, que imediatamente ligaram para o Eurico. Ele não estava mais no clube mas fez questão de regressar. Ele orientou os seguranças para que deixassem as meninas entrarem e disse que estava a caminho. Quando chegou, foi muito cortês com minha irmã e sua amiga, conversou com elas, dando toda atenção e lhes entregou fichas de telefone, as orientando para ligarem do orelhão de dentro do Vasco para suas casas. E ficou aguardando no clube até a chegada dos meus pais.

Já passava das 22h quando meu pai chegou ao clube para buscá-las. Então, minha família ficou muito grata ao Eurico por ter sido responsável por duas crianças. Contei essa história para te dizer que sempre procurei enxergar o homem por detrás do grande dirigente. Sou muito grato ao Eurico por ter ajudado minha irmã. Sou muito grato ao Eurico por ser vascaíno e ter visto meu time vencer conquistas maravilhosas e inesquecíveis e por toda dedicação dele de que fui testemunha. E, graças à Deus, pude manifestar minha gratidão a ele através do meu apoio.

O que dei ao Eurico foi muito pouco em relação a tudo que ele me deu. Mas meu sentimento é sincero! Estamos todos tristes hoje como se tivéssemos perdido um ente familiar. Que Deus o abençoe e possa conceder a paz ao espírito do Eurico nesta nova jornada. Farei minhas orações para ele e serei eternamente grato por tudo.

André Vinicius Senra

Até…

Eu o conheci pela TV, falando Vasco, Vasco e Vasco em inúmeras discussões ali e acolá.

Eu o conheci pelo rádio, onde ouvia o que desejava ouvir, quase que como lhe dissesse para falar o que dizia, como se adivinhasse o que meu coração vascaíno queria ouvir.

Eu o conheci através dos jornais, com matérias por vezes sensacionalistas, noutros casos ácidas, falando dele como uma figura que cativava, mas também incomodava.

Eu o conheci ao vivo, lá pelos meus 18 anos e não vi barreira grande para falar com ele ou ter dele uma resposta direta e até simpática diante das minhas dúvidas ou preocupações daquele momento.

Quando meu pai me trouxe o adesivo de campanha, em 1985, eu o colei na minha janela e lá está ele até hoje, no mesmo vidro dela, no mesmo lugar, no quarto da hoje casa de minha mãe.

O que se dizia ali era muito sério, de difícil execução, quase impossível ocorrer na prática, mas eu, adolescente e acreditando nos sonhos de qualquer adolescente via como possível, plausível e emblemático: “Eurico 86 – O Vasco Acima de Tudo”.

Eurico perdeu as eleições, de forma estranhíssima na ocasião. O clube todo sabia o que ocorrera, mas ele não foi à Justiça, não foi expor o Vasco.

Deu lá algumas entrevistas e voltou para seus afazeres, certo de que o Vasco praticamente inteiro o queria dentro do clube.

Chamado a atuar como Vice-presidente de futebol, após quase 20 anos vivendo a política interna do clube, ele surgiu como um trator.

O Vasco mudou de patamar e aquilo que nem nos nossos mais belos sonhos juvenis seria plausível foi obtido.

Mas o que chamava a atenção, mais do que vitórias, títulos, alegrias era como havia apenas dois caminhos para os oponentes do Vasco. Admirá-lo ou odiá-lo.

O Vasco não passava desapercebido e quando desrespeitado tinha um leão a defendê-lo, com todas as armas possíveis e impossíveis de serem usadas para tal.

Colecionou inimigos e brigas em prol do clube, prejudicou-se pessoalmente, teve na família seu grande aparato, nos amigos e correligionários apoio, mas viveu entre injustiças contra si e ações odiosas de seus adversários.

Em tempos digitais mentiras e distorções se espalham pela rede, falar mal em maioria de alguém faz um monte de bobagens parecerem verdades e o trabalho feito por Eurico Miranda após seu retorno apoteótico à presidência do clube no final de 2014, até o fim de seu mandato, teve na distorção dos fatos a conclusão de que tudo aquilo feito de nada importava e era simples para qualquer outro executar.

O tempo demonstra o contrário, como a história recente do clube – sem ele gerindo o Vasco – também evidencia a grande distância entre aquele indefectível personagem e o resto.

No seu último ano de vida ativa no clube ainda ajudou no que pôde, aconselhou no que pôde, agiu como pôde. Enfim, fez o que pôde.

Um homem que por décadas não passou anônimo na multidões qualquer lugar pelo qual andasse, que se fez respeitar pelos adversários desta cidade por inequívoca supremacia nos confrontos, por inequívoca capacidade de sobrepujá-los fosse nos bastidores ou no próprio campo de jogo.

Como gran finale teve ao final de seu último jogo como presidente do clube uma vitória, contra tudo e contra todos, que foi a classificação para a Taça Libertadores de 2018.

Como gran finale teve ao final de seu último jogo como torcedor um gol do Vasco, contra o arquirrival, marcado num pênalti, no último minuto.

Quisera eu escolher sua última memória, sua última visão, antes de ele fechar de vez os olhos e entrar para a história. Que fosse ela, então, a bola na rede rubro-negra em mais um gol do Vasco, Vasco que foi no fundo a razão de viver dessa lenda chamada Eurico Miranda, que tanta falta nos faz e fará ao Vasco para todo o sempre.

Saudades, amigo.

Sérgio Frias

O Triunfo Derradeiro

Sim, a doença que tirou Eurico da vida, alçou-o ao céu límpido e azul, assim como os mares navegados por Vasco da Gama. Assume Eurico a posição de imediato na Caravela Celestial do Almirante. Parte o homem que, em sua humanidade plena, transcendeu a cadeira da Presidência, irmanando-se à Alma Vascaína. Deixa para trás, ao longe e muito abaixo, uma legião de detratores, invejosos contumazes. Sim, legião, porque são muitos. Todavia, leva consigo a admiração e o respeito de muitos mais, deixando-nos o legado de um clube forte, lutador, contestador e altivo. Soube, como ninguém, resgatar e encarnar o espírito de nossos fundadores. Reiteradamente, em suas atitudes em prol do clube, de seu papel social, fez rediviva a Resposta Histórica. Contra tudo e contra todos, com o Vasco, pelo Vasco e para o Vasco.

Portanto, triunfa derradeiramente, após resistência e luta heroicas contra a enfermidade, fazendo dela o seu instrumento para colocar-se na História do Vasco e do desporto nacional de maneira indelével. Poucos imaginam a cota de sacrifícios pessoais e familiares a que submeteu, por amor ao maior de todos os clubes. Dizia: “Se existirem três clubes dentre os maiores, lá estará o Vasco. Se existir apenas um, este será o Vasco.”

Eurico deixa este plano e passa à imortalidade. Afinal de contas, seu coração vascaíno sempre foi um coração infantil, no sentido da força, da fé e do amor pelo seu, pelo nosso Vasco. A sua imortalidade funde-se, perfeitamente, à imortalidade do Gigante da Colina, num vaticínio abençoado, grafado à murada de São Januário que, nesta data triste, sobe aos céus, entoando Casacas de louvor e agradecimento a esse indivíduo único que jamais será esquecido.

Aos familiares, meu mais profundo respeito e o inestimável agradecimento por terem emprestado o pai, o esposo, o avô a todos nós. Hoje, sentimo-nos parte da família, irmanados na dor e no orgulho.

Obrigado, Eurico Miranda!

Rafael Furtado

 

Má gestão acobertada pelo bom momento do futebol

O QUE EU VI NO CLÁSSICO CONTRA O FLAMENGO

1) O Vasco poderia ter virado o 1º tempo ganhando por 3×0. Criamos chances reais e pecamos na finalização.

2) Sensacional o incentivo da torcida do Vasco. Era o último minuto do jogo, estávamos perdendo para o arquirrival, mas a torcida cantava a plenos pulmões no Maracanã: “Vou torcer pro Vasco ser campeão”. A torcida abençoou a marcação do pênalti sobre o Marrony. Sabe-se lá se o árbitro assinalaria a penalidade máxima se a torcida já estivesse perseguindo os próprios atletas. Como lutou junto até o fim, foi presenteada com esse empate-sabor-de-vitória. É o que eu sempre digo: Torcedor precisa ajudar enquanto a bola estiver rolando. Se quiser vaiar ou xingar, saiba que isso atrapalha o desempenho de todos os nossos jogadores. Deixa pra fazer depois do apito final.

3) Que arrancada do lateral-esquerdo Danilo Barcelos aos 47 minutos do segundo tempo, disparando desde antes do meio-campo para bloquear o “gol-feito” de Rodinei! Impediu o que seria o segundo gol do Flamengo. Danilo Barcelos salvou o Vasco no último sábado!

4) Contra o Vasco, eles tremem. Maxi Lopez não tem pena.

5) O Vasco precisou sofrer dois pênaltis (41 e 48 minutos do 2º tempo) para o juiz marcar um. Vasco 2×1 Flamengo seria o placar justo, considerando uma arbitragem limpa.

6) Saudades de goleá-los:

Vasco 4×1 Fla em 1996
Vasco 4×1 Fla em 1997

Vasco 5×1 Fla em 2000
Vasco 5×1 Fla em 2001

DEU ZEBRA

Vejo com extrema preocupação o Vasco estampar em sua camisa o patrocínio de um site de apostas. Ainda que fosse a parceria mais rentável da história do clube, trata-se de um site de apostas. É o que há de mais nocivo ao espírito esportivo.

Nas últimas décadas, a relação sombria do futebol com casas de apostas proporcionou vários escândalos de manipulação de resultados no Brasil e no mundo. Isso tende a aumentar por aqui, levando em consideração que nosso país sequer dá conta de combater a corrupção nas esferas mais básicas.

Além disso, há o pacotão de estragos que os jogos de azar podem causar na vida dos apostadores e seus familiares: transtornos, vício, grandes prejuízos financeiros e até mesmo a falência.

Na minha opinião, ao invés de celebrar um patrocínio, estaria mais condizente com a história e a grandeza do Vasco uma ação de marketing que conscientizasse sobre os perigos desse submundo de sites de apostas e que promovesse redes de apoio e proteção às pessoas vulneráveis.

BOLA DE NEVE LADEIRA ABAIXO

A gestão do presidente Alexandre Campello no Vasco está abaixo da crítica. Apesar de alguns torcedores confundirem o sucesso da gestão desde Janeiro 2018 com a invencibilidade do futebol nos primeiros meses de 2019, o que está acontecendo no clube é que as duas coisas não vêm caminhando juntas.

A gestão de Campello opta por não tratar como prioridade a questão da Certidão Negativa de Débitos. Sem certidão, o clube perde inúmeras oportunidades de receitas.

A gestão de Campello opta pela terceirização dos funcionários, demitindo sem pagar direitos trabalhistas. Logo ele, que já foi um funcionário do clube. Além do fator desumano dessa atitude, está se formando uma bolha de dívidas trabalhistas, que custará muito mais caro ao Vasco quando as execuções chegarem nos próximos meses ou anos.

Aliás, as demissões e terceirizações estão repletas de questionamentos. No início da gestão, algumas estranhezas foram denunciadas na reformulação do Departamento Médico do Vasco. Sócios de Campello em outra empresa teriam sido contratados pelo clube com salários bem mais altos que os médicos que estavam em São Januário até 2017.

Outra coisa inacreditável foi o caso da parceria com a Espetto Carioca para fazer a operação das cozinhas de São Januário e do CT do futebol. Campello assinou em Março 2018. Dois meses depois, a Espetto Carioca denunciou a falta de pagamento e o rompimento unilateral do contrato. O calote rendeu uma ação na Justiça cobrando mais de 1 milhão de reais do clube, fora multa contratual.

A terceirização não perdoou nem o Colégio Vasco da Gama, orgulho do torcedor cruzmaltino há 15 anos. No início do ano letivo, 23 professores foram demitidos pelo Vasco, que havia entregue as atividades para o Grupo GPI em Julho 2018. Agora o Vasco deixou de ter uma escola dentro do clube. É o Grupo GPI que tem uma escola dentro de São Januário. Qual será o próximo capítulo?

A falta de pagamento a fornecedor afetou a rotina de treinos das categorias de base do Vasco na última sexta-feira (08/03). Os atletas até o Sub-17 ficaram sem alimentação e foram dispensados. O Vasco tentou abafar o caso alegando que o refeitório estava em manutenção. Papo furado, até porque outros espaços não faltam no complexo de São Januário para que sejam oferecidas refeições. Que o vexame da semana passada não volte a acontecer!

O que falar da irresponsabilidade dessa gestão com o time de Basquete do Vasco? Como é que pode deixar isso acontecer? Mesmo reduzindo o investimento, não consegue manter os salários em dia, corre risco de rebaixamento na NBB e ainda pode ser excluído da Liga por causa da má gestão financeira. A solução não é acabar com o Basquete, como alguns pretendem, mas sim dar mais valor a ele, inclusive na busca por patrocínios. O basquete no Vasco é tradição, é sinônimo de superação das adversidades para a sua manutenção e crescimento. A história do basquete do Vasco muito nos orgulha também.

A gestão de Campello permite desvalorizar a marca Vasco, anunciando um patrocínio máster de um ano R$ 1,5 milhões de reais menor que o anterior, assinado por 8 meses.

“Como é que é?” Sim, em 2017 o Vasco recebeu R$ 11 milhões por 8 meses de patrocínio com a CEF (o que significaria R$ 16,5 milhões em um ano), já em 2019 receberia R$ 9,5 milhões por um ano, mas perceberá R$ 8 milhões por ter fechado o compromisso em março.

“Mas há bônus!” Sim, como havia nos contratos fechados com a CEF, inclusive no último, embora dependessem de metas alcançadas pelo time de futebol profissional.

Não será fácil para futuras administrações recuperarem nosso valor de mercado. Por ora, o clube e os torcedores farão o que for possível para aumentar o valor ano a ano com o novo patrocinador. Lembrando que o Banco BMG foi parceiro do Vasco no projeto do gol 1000 de Romário, parceiro do Vasco na conquista da Copa do Brasil em 2011.

Enfim, apesar das receitas com venda de jogadores, empréstimos, cotas de TV e patrocínios, o presidente Alexandre Campello tem implementado no Vasco uma verdadeira gestão de calotes, não conseguindo pagar as despesas básicas, infelizmente. Nada como o bom momento do futebol do Vasco, com a belíssima conquista da Taça Guanabara, para acobertar uma má gestão.

Abração e saudações Vascaínas,
Eduardo Maganha

Um Dia Memorável

Fazia algum tempo que eu não comemorava um título como o de ontem. Quem pensa que o jogo durou apenas 90 minutos está enganado. A partida começou na sexta-feira à tarde, com a notícia de que o clubeco das Laranjeiras tinha ido ao Judiciário pedir penico por ter perdido o sorteio que deu ao Vasco o mando de campo.

A partir dali o Casaca se fez presente e mesmo sendo oposição à atual diretoria, se pôs à disposição para iniciar a luta institucional pelo sagrado direito do Vasco.

E aqui vai um elogio a sua atual direção: soube humildemente aceitar a mão de quem conhece o atuar da turma da zona sul, pois esteve lá nos últimos três anos e tomou frente nesta guerra.

Pela primeira vez, após a ascensão à presidência do Sr. Alexandre Campello, o clube se fez gigante, numa união entre vascaínos na defesa única e exclusiva da Instituição, independentemente de ganhos políticos ou rasteiros.

Na minha última coluna ,neste honroso espaço, critiquei o Sr. Campello pela falta de combatividade quando os tricolores travestidos de vascaínos tentaram mais uma vez, via interferência externa, tomar o Vasco de assalto. Creio eu que depois do fato ocorrido ontem, ele tenha compreendido que estar na direção do Clube lhe traz muito mais ônus do que bônus na maioria das vezes, mas quando as atitudes são em prol da defesa e da grandeza do clube, principalmente contra arbitrariedades, o bônus é certo.

Veja, não se confunde bônus com mídia de olhinhos brilhantes por conta do vexatório ato praticado na última quarta-feira, o bônus está no orgulho do vascaíno em se sentir representado diante da covardia perpetrada pelos de sempre, incluindo-se aí grande parte da mídia.

Não posso deixar de elogiar, ainda, a torcida do Vasco que pôde comparecer no Maracanã, dando mais uma demonstração de que quando os vascaínos se unem para defendê-lo, não há deficiência cognitiva, má vontade ou torcida amarela contra ou de quem quer que seja que nos impedirá de fazer valer o nosso direito.

O que se viu ontem foi uma torcida pacífica, convivendo com os pouquíssimos tricolores envergonhados sem que ocorresse qualquer ato de hostilidade ou violência que, já no horário da partida, acabaram iniciando e tendo como protagonista quem deveria estar lá para garantir a segurança do torcedor, ao contrário de distribuir bombas, balas de borracha e espadadas em torcedores.

O título do Vasco ontem não se deu com o levantar da taça após o jogo, se deu no momento em que o Sr. Claudio apareceu na arquibancada, no setor sul, conquistado em 1950, fazendo gestos como quem diz “aqui é Vasco, porra”!

Definitivamente ontem fomos campeões com o carimbo de quem nos ensinou o caminho das vitórias e do engrandecimento desse gigante.

Deixo aqui a frase do mestre que nos ensinou essa lição.

“A inquietude é a nossa propulsão” – Eurico Miranda

Abços,
SV

Márcio Magalhães

Parabéns à torcida vascaína


Foi uma vitória da torcida, que pressionou os jogadores tricolores e seu tic-tac improdutivo no campo de defesa.

Foi uma vitória da torcida, que pressionou fora do estádio para que pudessem retornar ao local que sempre foi de direito do clube, desde 1950 e deixou de sê-lo por uma anuência inaceitável em 2013 e que mantém a discussão acesa até hoje.

Foi uma vitória da torcida, que enfrentou intempéries, enfrentou a desilusão dos portões fechados com o jogo correndo e voltou ao estádio, ou o invadiu, após ter havido a liberação judicial.

O Vasco cumpre ordem judicial, ao Vasco cumpre tal dever e à torcida cruzmaltina cumpre defender o clube, com ações em massa como a que vimos hoje.

Parabéns a todos nós.

Vasco Campeão da Taça Guanabara (invicto) mais uma vez.

Sérgio Frias

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