Amanheci ontem com o áudio do programa CBN – Quatro em Campo analisado a prévia da final Vasco x Flamengo e dizendo “O Flamengo é ESMAGADORAMENTE favorito” e “Perder esse título em dois jogos pro Vasco será uma VERGONHA, uma TRAGÉDIA”.
Fico pensando nas palavras usadas, de forma tão equivocadas pelos aludidos repórteres, pois acredito estar recente uma das TRAGÉDIAS (com letras garrafais mesmo) ocorridas no país com a morte de 10 crianças indefesas, decorrentes de negligência e de descaso. Poderia até transcorrer também sobre os motivos pelos quais repórteres não se aprofundam em saber porque famílias envolvidas nessa tragédia ainda sequer foram indenizadas.
Prefiro ressaltar os infelizes comentários sobre o favoritismo em questão, e atesto que existe uma analogia entre as preferências clubísticas de muitos da imprensa com o momento do futebol brasileiro.
Particularmente constato, que a imprensa (em sua maioria) é a principal responsável pelo futebol brasileiro estar assim, carente de craques, passando por sucessivos fracassos em Copas do Mundo (desde o profissional, até as disputas entre jovens das categorias de base). Esta imprensa deixa de lado opiniões imparciais e passa a tomar partido dos seus preferidos.
Hoje em dia, revelam suas preferências sem pudor nenhum, desejando acabar com os estatuais, a menos que o título no Rio de Janeiro seja do Flamengo e em São Paulo seja do Corinthians. A postura desses repórteres causa impacto, pois influenciam nas cotas que cada clube recebe pela TV. Para eles, outros clubes, que não sejam os de sua preferência, ocupam um tempo bem maior de televisão ou rádio, apenas para discutir assuntos em torno dos clubes protegidos da mídia (claramente, Flamengo e Corinthians). O que fazem indiretamente, é provocar um desequilíbrio orçamentário entre os clubes, tornando o futebol antidemocrático, sem oferecer condições mais justas a todos que participam de uma mesma competição.
O celeiro de jogadores que o país sempre teve, já não o tem há anos, pois clubes pequenos não têm mais como investir na base. Os grandes não recebem em condições iguais, pois sempre a preferência é pelos queridinhos da mídia. A escassez de talentos tende a piorar a cada ano que passa.
O último campeonato mundial vencido pelo país foi em 2002. Ficaremos 20 anos sem ganhar até a próxima Copa do Mundo. A seleção depende de um talento, que por muito tempo foi bajulado pela imprensa, que é o Neymar.
Penderam por muitos anos para o técnico Tite como sendo o professor dos professores, pois ele passou pelo Corinthians, que é queridinho da mídia paulista. No final das contas, estão ajudando a tornar o Brasil um país de futebol ruim, e com campeonatos de baixo nível (só passam a ser de nível, caso os clubes queridinhos estejam em evidência).
O protegido da mídia carioca vai continuar tendo as benesses de comentários como esse do referido programa, mesmo tendo vencido prejudicando o Bangu de forma acintosa na primeira rodada do Campeonato Carioca, com um gol sofrido de forma irregular, e com um jogador injustamente expulso. É considerado favorito, mesmo após a benesse de cair em seu colo um pênalti na semifinal da Taça Rio contra o Fluminense, em que 90% dos árbitros não dariam se fosse para outro time.
O que assusta mais é ver tais comentários vindo de pessoas que deveriam estar isentas de preferências pessoais. Não observam que seu clube preferido está na final com pior campanha geral em relação ao Vasco.
Os benefícios se mantem também fora das quatro linhas, já que houve um jogador expulso naquele jogo da semifinal da Taça Rio, e nem sequer foi julgado (caso de Bruno Henrique). Logicamente, o outro jogador expulso foi punido de forma exemplar e rápida (Ganso pelo Fluminense, punido por 9 jogos).
O clube com “ESMAGADOR FAVORITISMO” amarga apenas a quarta colocação entre brasileiros na Taça Libertadores. O Flamengo está atrás de Palmeiras, Cruzeiro e Atlético-PR. Lá na Libertadores não tem o TJD para ajudar e não tem a arbitragem tendenciosa para colaborar.
Portanto, deveria ser o caso de considerarmos o Vasco favorito, pois os números do Vasco na competição são melhores, a despeito de toda campanha difamatória que a imprensa faz contra o clube. Afinal, o que importa é ter liberdade de expressão, escrevendo as opiniões, por mais estapafúrdias que sejam elas.
Teremos VAR na final e, portanto, erros de fato não poderão acontecer como em outras finais que houveram entre Vasco e Flamengo. Infelizmente ainda não se poderá fazer nada nos casos de erros (muitas vezes intencionais) de interpretação, que deverão ser a favor dos “esmagadores favoritos”.
Diga-se de passagem, que são favoritos apenas no quesito em ter auxílio da mídia e da arbitragem, como já ocorreu historicamente.
O Vasco foi derrotado pela arbitragem, ou fatores externos, em 8 oportunidades das 13 decisões ocorridas entre ambos os clubes:
1 – 1944: gol do título ilegal;
2 – 1981: invasão do ladrilheiro rubro-negro, esfriando a reação do Vasco;
3 – 1986: papeletas amarelas;
4 – 1999: gol irregular do Flamengo no primeiro jogo;
5 – 2000: pênalti não marcado a favor do Vasco no primeiro jogo, quando a partida estava empatada, segundo gol do Flamengo em impedimento no segundo jogo;
6 – 2001: pênalti não marcado a favor do Vasco na segunda partida decisiva;
7 – 2004: gol em impedimento marcado pelo adversário no primeiro jogo e outro na segunda partida, no caso o terceiro, perseguição midiática a Coutinho para que fosse expulso em prol de Felipe, o mané Garrincha da Gávea naquele ano, os três erros contra um a favor do Vasco, gol em impedimento marcado por Valdir no segundo jogo;
8 – 2014: título que marcou a célebre frase dita pelo goleiro rubro-negro: “roubado é mais gostoso”.
Somos normalmente favoritos dentro de uma lógica na qual não haja desequilíbrio em favor do outro lado, afinal sem a interferência de supostos neutros e fatores externos, o Vasco, até aqui, venceu quatro decisões de campeonato contra o Flamengo e perdeu apenas uma em que a arbitragem ou fatores externos não tiveram nenhuma influência em prol do clube da Gávea.
Considerando o 4×1 acima, espero que tenhamos no domingo de Páscoa, após o fim da decisão em dois jogos, um outro “cinco de novo”.
Claudio Fernandes