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“A mão do Eurico” – Um pouco do que não foi citado

Faltou Citar

Sobre um pouco daquilo que não foi citado no documentário de Eurico Miranda e é importante ser registrado mais à frente, numa outra oportunidade, baseado na biografia dele e nos fatos inequívocos expostos pela própria mídia e pela história não só do Vasco, como de seus principais adversários do Rio.

Não citaram que o jornalista de “O Globo”, responsável pela matéria “A mão do Eurico”, José Jorge, pediu desculpas ao próprio pela reprodução da mesma, ao identificar que não fora Eurico ou sua mão, protagonista do apagão.

Não citaram a passagem de Eurico Miranda como representante do basquete carioca em 1972, quando questionou os organizadores do torneio disputado em Recife por tentarem dar privilégios aos paulistas em detrimento dos demais estados participantes da competição, obtendo êxito naquilo que queria (a igualdade de tratamento entre todos) e o título de campeão, tido como quase impossível por muitos, conquistado pelos cariocas.

Não citaram que através de ação diligente iniciada por Eurico Miranda, em 1981, lutando pelos direitos do Vasco, os clubes passaram a receber do governo percentuais sobre a Loteria Esportiva, anos depois.

Não citaram as duas invasões de campo de torcedores do Flamengo, ocorridas no segundo jogo da decisão do Campeonato Carioca de 1981 frente ao Vasco, aos 37 minutos do segundo tempo, quando o placar que dava o título ao Flamengo se mantinha (0 x 0). Não foi, portanto, uma novidade ou fato insólito a invasão do ladrilheiro rubro-negro no terceiro jogo decisivo, logo após o Vasco diminuir o placar para 2 x 1.

Não citaram que nos 25 anos anteriores à chegada de Eurico Miranda como Vice-Presidente de Futebol do clube, o Vasco era o quarto clube dos grandes em títulos no Rio de Janeiro e que quando Eurico assumiu o cargo, em janeiro de 1986, o Bangu (que o Vasco não vencia desde 1982) se mostrava mais forte que o próprio Vasco, considerando o ano anterior (1985).

Não citaram que na primeira decisão do Vasco com Eurico Miranda à frente do clube (Taça Guanabara de 1986), houve vitória do Vasco sobre o Flamengo por 2 x 0, gols de Romário, com 121 mil pagantes no Maracanã, após ele desafiar a torcida do Flamengo e dizer que a do Vasco seria maior no estádio, promovendo o jogo e vendo, de fato, os vascaínos dividirem o Maracanã com seu principal rival, quanto à presença de público.

Não citaram o caso das papeletas amarelas em 1986, suposto esquema de corrupção em favor de árbitros que apitaram jogos do Flamengo, trazido a público de dentro do próprio Flamengo, pouco após o rubro-negro ter sido Campeão Carioca daquele ano.

Não citaram que Eurico Miranda, trabalhando nos bastidores e encarando adversários de ocasião, impediu o Vasco de cair de divisão no Campeonato Brasileiro, em 1986, quando tentou-se, fora de campo, fazer com que o Joinville ficasse com a vaga do Vasco, comportando-se parte da imprensa carioca à época mais favorável à tese do Joinville (que buscava a vaga fora das quatro linhas) que a do Vasco, norteada no resultado de campo das duas equipes.

Não citaram que Eurico Miranda foi o responsável pelo cruzamento dos módulos verde e amarelo no Campeonato Brasileiro de 1987, que possibilitou ao Sport ser o Campeão Brasileiro daquele ano e, com isso, que a Copa União não fosse considerada pela CBF como uma competição pirata.

Não citaram que o Vasco, quando ganhou o Bicampeonato Carioca, o fez após 38 anos da conquista anterior e que nas duas decisões (1987 e 1988) ex-rubro-negros trazidos por ele, Eurico, fizeram os gols dos respectivos títulos para o Vasco (Tita e Cocada).

Não citaram que Eurico Miranda, enquanto diretor de futebol da CBF, criou a Copa do Brasil.

Não citaram que Eurico Miranda, enquanto diretor de futebol da CBF, foi diligente no episódio da partida contra o Chile, válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1990, sabendo que havia possibilidade de o Brasil perder os pontos da partida pelo fato de um sinalizador de fumaça ter sido atirado em campo, na direção do goleiro Rojas (embora sem atingi-lo), tomando medidas para que os chilenos não saíssem do vestiário após abandonarem o campo e garantindo na mesma noite à imprensa que o Brasil estaria na Copa do Mundo, pois o Chile sofreria um W.O., o que, de fato, ocorreu.

Não citaram o tricampeonato do Troféu Ramon de Carranza, disputado na Espanha (1987/1988/1989), fato que nenhum clube no mundo, não espanhol, jamais conseguiu.

Não citaram que Eurico Miranda saiu da CBF porque Ricardo Teixeira lhe deu a opção de decidir entre a entidade e o Vasco e ele Eurico, de pronto, disse que sua opção seria o Vasco. “Não precisa perguntar duas vezes. Minha opção é o Vasco”.

Não citaram que Eurico Miranda refutou as ponderações de Antônio Soares Calçada para demitir o treinador Nelsinho no meio do Campeonato Brasileiro de 1989.

Não citaram a briga nos bastidores contra o Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 1989 para que o Vasco chegasse à decisão do campeonato.

Não citaram que na queda de braço entre Vasco e CBF sobre a liberação dos atletas para a seleção antes da Copa do Mundo de 1990, prevaleceu a vontade do Vasco e não da entidade, considerando a entrevista dada por Ricardo Teixeira, mostrada no documentário.

Não citaram que na discussão de 1990 sobre o Campeonato Carioca, o Fluminense ficou do lado do Vasco (até ser eliminado em campo pelo próprio Vasco), que a arbitragem ficou no gramado esperando o Botafogo voltar à cancha (porque era a ordem da FERJ) na partida em que houve a dupla interpretação dos clubes de que eram campeões, que na decisão nos tribunais esportivos suprimiu-se instância para definir o Botafogo como campeão e que dar o título ao Botafogo foi um trabalho primordialmente midiático até o julgamento.

Não citaram que Eurico Miranda refutou a hipótese de o Vasco entregar o jogo com o São Paulo em 1992, diante da iminência de a vaga ficar com o Flamengo para ir à decisão do Campeonato Brasileiro, embora os jornais do dia do jogo sugerissem que era plausível Eurico fazê-lo.

Não citaram que os grandes clubes cariocas foram obrigados a disputar todos os clássicos no Campeonato Carioca de 1992 em São Januário e que o Vasco neste ano foi Campeão Carioca Invicto, o que não ocorria há 43 anos.

Não citaram que Eurico Miranda defendeu o ex-atleta rubro-negro Junior, que dera uma cabeçada no árbitro Jorge Travassos no último jogo do Campeonato Carioca (Vasco x Flamengo) em 1992, para que ele não sofresse uma grande punição e pudesse, com isso, encerrar sua carreira, sem qualquer entrave, no ano seguinte, como de fato ocorreu no primeiro semestre de 1993.

Não citaram que Eurico repudiava a venda de Edmundo ao Palmeiras em 1993 e que o presidente do clube à época, Antônio Soares Calçada, ameaçou renunciar caso ela não fosse concretizada.

Não citaram que na conquista do Bicampeonato pelo Vasco em 1993 foi a primeira vez na história em que o clube derrotou o Fluminense numa decisão de Campeonato Carioca e que em todas as decisões de taça ou campeonato disputadas contra o adversário no período de Eurico como Vice de Futebol e presidente do clube, o Vasco venceu todas. Foram nove ao todo. E que antes disso (antes da chegada de Eurico à vice-presidência de futebol) o Vasco havia perdido, diante do mesmo adversário, sete decisões consecutivas.

Não citaram a tentativa infrutífera dos rivais cariocas de boicotar o campeonato no ano do tri (1994) e a que ponto chegou a rivalidade do Flamengo com o Vasco, no jogo seguinte ao falecimento de Dener, partida na qual, inclusive, o Vasco foi prejudicado pela arbitragem e sofreu sua única derrota na competição.

Não citaram as preocupações de Eurico Miranda com a família de Dener, logo após o falecimento do atleta, quando se preocupou com a quitação de apartamento para a mãe do ex-atleta, entre outras assistências à família e que após o imbróglio jurídico foi na gestão do próprio Eurico, como presidente do Vasco, que os valores acertados em juízo foram finalmente satisfeitos, após calote das últimas seis parcelas de pagamento por parte da gestão antecessora a dele.

Não citaram que Eurico conseguiu fazer reconhecer oficialmente, com status de Libertadores, o título Sul-Americano de 1948, isso em 1996, garantindo a participação do Vasco na Supercopa Libertadores de 1997 (e outras que porventura fossem disputadas), competição da qual só participavam equipes que tivessem conquistado a Taça Libertadores.

Não citaram o caso da “Liga Barbante” que os demais clubes do Rio quiseram implementar em 1997, sem sucesso.

Não citaram que o mesmo Edmundo, liberado para disputar a decisão do Campeonato Brasileiro de 1997 contra o Palmeiras, após ter sido julgado, obteve efeito suspensivo para atuar na final do Campeonato Brasileiro de 1994 pelo próprio Palmeiras, diante do Corinthians, mesmo julgado e posto na condição de impedido de jogar, diferentemente do ocorrido em 1997.

Não citaram como Eurico Miranda conseguiu que o Vasco atuasse até a decisão da Taça Libertadores de 1998 em seu estádio.

Não citaram o título carioca conquistado pelo Vasco no ano do centenário, nem o papelão dos rivais no campeonato, inclusive com vergonhosos WOs, frutos da fuga de Flamengo e Botafogo quando da ocasião em que deveriam enfrentar o Vasco.

Não citaram que no jogo do título carioca do ano do centenário (1998), em Bangu, a partida só não acabou sem acréscimos da arbitragem porque Eurico Miranda foi a campo e pressionou o árbitro para isso, após as luzes terem sido apagadas, o que aparentemente faria com que o árbitro encerrasse a partida sem descontos.

Não citaram que o Projeto Olímpico veio a partir de um consenso entre as partes envolvidas de que fortaleceria a marca, facilitando a que a VGL obtivesse novos patrocínios e receitas para o clube, o que por sinal era sua função à época.

Não citaram a conquista do Torneio Rio- São Paulo de 1999, mas apenas uma fala de Eurico numa rádio (para afrontar setores da imprensa paulista) a respeito da competição.

Não citaram que no balanço patrimonial do clube em 1999 todo o valor investido em esportes olimpicos e correlatos somava apenas 22% do montante, enquanto o referente ao futebol chegava a 67%.

Não citaram que o mesmo critério utilizado para o Vasco disputar o Campeonato Mundial de 2000 valeu para o Palmeiras ser escolhido como representante brasileiro para disputar o de 2001 na Espanha, que chegou a ser anunciado pela FIFA em fevereiro daquele ano para ser realizado em agosto, mas que depois não foi para frente.

Não citaram que o parceiro contratual do clube desde 1998 deixou de pagar o Vasco em julho de 2000.

Não citaram o porquê de Eurico Miranda ter sido contra a Lei Pelé e as consequências de tal lei para o futebol brasileiro, primordialmente para os clubes, desembocando nas SAFs, criadas via legislação, em 2021.

Não citaram o real motivo de a Globo ter se indisposto com o Vasco, quando o clube não aceitou atuar em jogos encavalados, referentes a Campeonato Brasileiro e Copa Mercosul, no fim de 2000, causando prejuízos e embaraços à emissora, após o Vasco instar o Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol para que fosse à Justiça, a fim de impedir que o clube se visse obrigado a atuar em até cinco partidas no incrível espaço de 14/12 a 23/12.

Não citaram que a Globo tratou como antecipação de receitas um valor que na verdade foi emprestado com aval do parceiro do Vasco, que garantia poder ocorrer tal empréstimo pois o quitaria, algo não concretizado.

Não citaram que o Vasco denunciou o contrato em 14/02/2001 e no imbróglio com o parceiro ganhou em primeira instância o direito de receber U$12 milhões e que no acordo feito em 2002, embora a VGL cobrasse quase 80 milhões de reais do clube, aceitou-se fazer acordo, ficando elas por elas.

Não citaram que o Vasco não tinha como buscar patrocínio entre 2001 e 2002 porque a marca estava presa, tanto que nova fornecedora de material esportivo foi fechada logo após o fim do torniquete financeiro, em agosto de 2002. E que em 2004 o clube obteve patrocínio durante a temporada (utilizado, na prática, para ajudá-lo a obter certidões positivas com efeito de negativas no ano seguinte) e pontual (no último jogo do Campeonato Brasileiro), que em 2007 o clube teve patrocínio durante o período da luta de Romário por marcar seu milésimo gol (BMG) e que em 2008 o clube obteve novo patrocínio (MRV), válido até fevereiro de 2009 e, finalmente, que a grande preocupação do Vasco na primeira década do século foi a de se manter na elite dentre os clubes recebedores das cotas de TV, maior receita dos clubes na ocasião (com raríssimas exceçoes), o que conseguiu, de fato, durante todo aquele período em que Eurico Miranda esteve à frente do clube.

Não citaram que entre 1998 e 2002 o Vasco adquiriu uma rua inteira, comprando 56 imóveis, incorporando tudo ao seu patrimônio, no complexo de São Januário.

Não citaram que a Globo foi convencida a conversar com o Vasco em 2002, porque o clube não deu unanimidade quanto à redução que pretendia a emissora fazer no contrato seguinte de cotas de TV (os outros clubes todos, devedores dela, pressionados, aquiesciam) e que ela pagou cotas ao Vasco no mesmo ano, embora a narrativa fosse a de que o clube já havia antecipado tudo até 2003.

Não citaram que a força de Eurico Miranda o fazia comandar as negociações das cotas de TV e que a Globo teve nele, na esmagadora maioria das vezes, um aliado, tendo sido ele, na prática, o maior parceiro dela nesse quesito.

Não citaram a conquista do Campeonato Carioca de 2003, ano em que o Vasco obteve também a Taça Guanabara e a Taça Rio.

Não citaram que a participação do Vasco na Copa Sul-Americana de 2003 se deu porque o clube fez valer seu direito, citando o título Sul-Americano de 1948 para que fosse incluído no critério de pontos do ranking e, por conseguinte, inserido o clube na competição, como de fato ocorreu, junto a outros, em mudança do número de participantes feita pela entidade logo depois.

Não citaram, embora falassem en passant do assunto, que foi Eurico Miranda quem criou o Colégio Vasco da Gama, dentro do complexo de São Januário, em 2004, com funcionários do setor trabalhando às expensas do clube.

Não citaram as mais variadas comprovações em fatos, matérias, publicações, de que a situação financeira do Vasco era muito melhor que a dos três outros grandes do Rio. Exemplo: Lamentomania Carioca em 2005 (Jornal “O Globo”).

Não citaram que em maio de 2005, através da revista Consultor Jurídico, comprovou-se que o Vasco era entre os clubes do Rio o que menos tinha ações trabalhistas contra si. Eram 286, contra 534 do Flamengo, 662 do Fluminense e 723 do Botafogo.

Não citaram que em 2002 (CSA na Copa do Brasil), 2005 (Brasiliense no Campeonato Brasileiro) e 2007 (Grêmio no Campeonato Brasileiro) os desejos do Vasco foram satisfeitos nos bastidores e mesmo dentro de campo, com participação de Eurico Miranda ou do corpo jurídico do Vasco nos episódios.

Não citaram que quando foram consolidadas as dívidas fiscais via Timemania, incluindo as equacionadas, o tamanho da dívida fiscal do Vasco era metade daquela consolidada pelo Flamengo e menor do que as consolidadas por Fluminense e Botafogo.

Não citaram que quando o clube assinou seu segundo Ato Trabalhista, em dezembro de 2007 (o primeiro, cumprido, fora iniciado em 2004), os percentuais da receita a serem separados para satisfazer os débitos eram menores mensalmente e anualmente que os estipulados para Fluminense e Botafogo, os outros dois grandes signatários do mesmo Ato, durante todo o período previsto do acordo.

Não citaram a incrível coincidência de o Vasco ter sido prejudicado pela arbitragem no balanço dos pontos em quase todos os Campeonatos Brasileiros do século XXI antes da saída de Eurico Miranda do clube em 30/06/2008 (2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 e ao longo das oito primeiras rodadas da competição em 2008), bem como em momentos decisivos da Copa do Brasil de 2003 e 2008, na decisão do Campeonato Carioca de 2001, de 2003 (quando foi campeão) e de 2004 e em disputas diretas eliminatórias no próprio Campeonato Carioca, em 2005 e 2008.

Não citaram que quando Eurico saiu do Vasco, em 30/06/2008, o clube era o terceiro colocado no ranking da CBF (melhor do Rio).

Não citaram que quando Eurico saiu, em 30/06/2008, o Vasco, no século XXI, não perdia no confronto direto para nenhum grande do Rio.

Não citaram que quando Eurico saiu do Vasco o clube estava há 108 rodadas fora da zona de rebaixamento, jamais havia estado na referida zona no segundo turno da competição, desde 2003, e jamais precisara, matematicamente, dos pontos das duas últimas rodadas de quaisquer dos certames para se manter na primeira divisão. Isto num século em que cinco grandes haviam caído de divisão até ali (Atlético-MG, Botafogo, Corinthians, Grêmio e Palmeiras). E que do Rio de Janeiro era o que menos vezes havia frequentado a zona de rebaixamento, longe, muito longe, de Flamengo e Botafogo nesse quesito. O documentário sugere, inclusive, que a gestão de Roberto Dinamite começou muito bem, como se ela tivesse sido iniciada em 2009 e não em 01 de julho de 2008, quando pegou o Vasco, recém semifinalista da Copa do Brasil (foi eliminado pelo Sport, campeão daquela edição, nos pênaltis), em nono lugar no Campeonato Brasileiro (com salários em dia) e o levou à 18ª colocação, após o fim da competição, após trocar de técnico duas vezes, negociar dois titulares, além do terceiro principal artilheiro da equipe e trazer nove outros atletas para o clube.

Não citaram que poucos dias após a posse de Roberto Dinamite, próceres daquela gestão foram chamados ao escritório de Eurico Miranda para que ele lhes explicasse como deveriam fazer para buscar antecipação de receitas das cotas de TV, via Bic Banco e com aval do Clube dos Treze, o que a direção do clube, de fato, fez mais de uma vez ao longo do segundo semestre de 2008.

Não citaram que o gasto mensal do Vasco, entre despesas fixas e variáveis, à época da saída de Eurico Miranda (junho de 2008), era em torno de 3,5 milhões de reais (no mês de julho de 2008 a gestão sucessora recebeu 3 milhões de reais pela primeira parcela da venda de Phillippe Coutinho) e que quando Eurico Miranda voltou a gerir o clube, cerca de seis anos e cinco meses depois, o gasto mensal do clube, entre despesas fixas e variáveis, com o Vasco vindo da segunda divisão, passava de 10 milhões.

Não citaram, ainda, que quando o Vasco estava na lanterna da competição, em 2008, a dez rodadas do fim da competição, Eurico Miranda anunciou no programa Casaca! no Rádio, veiculado na Rádio Bandeirantes do Rio de Janeiro, que se dispunha a assumir o futebol, com amplos poderes, e evitar o rebaixamento, o que foi rejeitado pela gestão naquele momento, por medo de isso vir a se consumar e trazer ao dirigente os holofotes que tanto incomodavam a muitos.

Não citaram que nas cotas de TV em âmbito nacional, até Eurico sair, o Vasco não ganhava um centavo a menos que nenhum outro clube e que um contrato com validade até 2011 foi deixado assinado nesses termos.

Não citaram que como oposição, em 2011, Eurico Miranda buscou alertar e tentou mesmo se mexer para que a direção do Vasco não fosse partícipe da ideia de implodir o Clube dos Treze, em benefício daquilo que queria o Flamengo, no final o grande beneficiado mesmo, junto ao Corinthians, após a negociação ter sido feita de maneira individual por cada clube com a Globo e não coletiva, como era até ali.

Não citaram que como oposição Eurico Miranda se mexeu e conseguiu da FERJ em 2013 que o Vasco mantivesse o direito de permanecer com sua torcida do lado direito do Maracanã em qualquer ocasião e que isso só não foi possível porque Roberto Dinamite, a posteriori, resolveu assinar um termo no qual dava ao Fluminense tal direito, a troco de nada, como se fosse algo desimportante.

Não citaram que como oposição Eurico Miranda ajudou o Vasco, via FERJ, a pagar salários em plena Série B no ano de 2014.

Não citaram que na conquista do Campeonato Carioca de 2015 o Vasco quebrou um tabu de jamais ter vencido o Botafogo em decisões e que há 50 anos não derrotava o adversário numa decisão direta de competição.

Não citaram os inúmeros prejuízos de arbitragem sofridos pelo clube no Campeonato Brasileiro de 2015 (14 pontos ao todo, o que é um recorde na história da competição para qualquer clube na era dos pontos corridos).

Não citaram com um mínimo de profundidade o título invicto de 2016, ocasião na qual o Vasco disputou mais clássicos em comparação a qualquer outra conquista invicta da história do clube.

Não citaram a maior sequência invicta da história do clube, em jogos oficiais, obtida entre novembro de 2015 e junho de 2016, superando as marcas neste quesito de Atlético-MG, Flamengo, Internacional-RS e Palmeiras, e que o último jogo dela se deu no aniversário do próprio Eurico, em 07/06/2016, quando em Joinville a torcida vascaína cantou um “Parabéns a você” em homeagem a ele, após o fim da partida.

Não citaram a reconstrução do patrimônio do clube em sua última gestão, após a passagem do Tsunami do MUV no clube, bem como o fato de que pela última vez o Vasco, exatamente naquele período, obteve certidões positivas com efeito de negativas, em relação às dívidas fiscais, o que se manteve por quase três anos.

Não citaram que apesar de ter recebido a dívida do clube mais do que dobrada do acumulado dela em 110 anos de Vasco, Eurico a reduziu em seu triênio último à frente do Vasco, admitido isso pela gestão que o sucedeu, responsável pelo balanço patrimonial de 2017 apresentado.

Não citaram que enquanto Eurico Miranda deixou como crédito para o clube em 2008 o valor da venda de Phillippe Coutinho, além de uma joia da base com 100 milhões de reais de multa rescisória (Alex Teixeira) e em 2018 deixou tudo pronto para uma possível negociação do atacante Paulinho (hoje destaque do Atlético-MG) à Europa, com valores na ordem de 57 milhões de reais a serem usufruídos pela gestão sucessora, que fez a negociação, ele, Eurico, quando recebeu o clube para geri-lo novamente, em dezembro de 2014, não tinha um atleta sequer da base com potencial para uma grande venda.

Não citaram que Eurico Miranda deixou o Vasco na Taça Libertadores de 2018, mesmo com o clube impedido de atuar com torcida em São Januário por seis jogos no Campeonato Brasileiro. Nele, por sinal, o Vasco teve seis gols irregulares marcados contra si (validados), apenas um pênalti a favor e oito contra, sendo que não foram marcados a seu favor sete outras penalidades máximas, existentes.

Não citaram que no referido triênio o Vasco ganhou mais campeonatos oficiais (dois) do que todos os grandes cariocas (juntos).

Não citaram que no referido triênio o Vasco conquistou mais taças oficiais (quatro), do que todos os outros do Rio (juntos).

Não citaram que no referido triênio o Vasco disputou quatro decisões de taça e venceu todas.

Não citaram que no referido triênio, pela primeira vez na história, o Vasco eliminou o Flamengo, em confronto direto, de três competições consecutivas, sendo campeão em duas delas.

Não citaram que com Eurico Miranda na presidência do clube no século XXI, jamais qualquer outro clube carioca foi Campeão Brasileiro ou Sul-Americano, fato ocorrido nas gestões do Vasco em que estiveram à frente do clube seus adversários políticos deste século.

Não citaram que de cadeira de rodas e tudo, Eurico ainda ia buscar verba junto a entidades para ajudar o Vasco, ao longo de 2018.

Não citaram as ajudas que Eurico deu a muitos clubes, incluindo os principais rivais, mas citaram um pedido dele a Eduardo Viana, presidente da FERJ, de que as cotas do Campeonato Carioca de 2001 (em reunião realizada a 13/02 daquele ano) fossem divididas proporcionalmente com o Vasco incluído, porque a Globo se recusava a pagar o que o Vasco entendia ser seu por direito (o tempo comprovou que, de fato, era), tratando-se a questão por jornais da época como uma “vaquinha”, ou algo do gênero, sem ter sido citado no documentário as razões pelas quais Flamengo e Botafogo justificavam não aceitar aquilo (grave crise financeira, dito pelo Flamengo e estado de humilhação pública, dito pelo Botafogo, por não cumprimento de obrigações básicas por parte do próprio alvinegro). Vale lembrar que 11 meses depois, o Fla-Barra virou Vasco-Barra, após calote rubro-negro dado ao dono do local e consequente despejo em julho de 2000. Em janeiro de 2002 o espaço passou a ser alugado e utilizado pelo Vasco. Anos mais tarde, na gestão de Roberto Dinamite no Vasco, o clube foi despejado do local por não pagamento do acordado e cumprido até o fim da gestão de Eurico Miranda, em junho de 2008.

Não citaram que Eurico Miranda é o dirigente com maior número de títulos oficiais conquistados em toda a história do clube. Em 25 anos e meio como vice-presidente de futebol ou presidente do clube foram 18 campeonatos oficiais: uma Copa Libertadores, uma Copa Mercosul, três Campeonatos Brasileiros, dois Interestaduais (João Havelange de 1993 e Rio-São Paulo de 1999), nove Campeonatos Cariocas (1987, 1988, 1992, 1993, 1994, 1998, 2003, 2015, 2016) e duas Copas Rio (1992/1993). Além disso, 20 conquistas de taças (turnos): Taça Guanabara (1986, 1987, 1990, 1992, 1994, 1998, 2000, 2003, 2016), Taça Rio (1988, 1992, 1993, 1998, 1999, 2001, 2003, 2004, 2017), Terceiro Turno (1988 e 1997). Fora isso, o Vasco ainda obteve, com ele à frente do futebol, 11 títulos internacionais, dois interestaduais e um estadual, totalizando 52 títulos. Não bastasse tudo que foi exposto, ainda fez reconhecer, como já dito antes, o título Sul-Americano Invicto de 1948, 48 anos depois, colocando o emblemático Expresso da Vitória como primeiro Campeão Sul-Americano oficial do continente.

Sérgio Frias

Quando se perde a alma, morre a instituição

Texto publicado no Facebook do GB Marco Antonio Monteiro no dia 05/02/2021:

QUANDO SE PERDE A ALMA, MORRE A INSTITUIÇÃO

Existem instituições que só podem sobreviver com alma. O Vasco, por sua origem, é uma delas. Ali está a luta para entrar e vencer num espaço que era exclusivo da elite. Ali está a resistência que existe nesse país a quem vem de baixo e vence, a quem é de área pobre, a quem junta imigrante e negro. Se quem dirige não entende isso ou não gosta disso, o resultado será a perda da ligação entre a base (no caso o torcedor) e a instituição.

Ontem, mais uma vez, o Vasco foi para um jogo contra o Flamengo como se fosse algo comum. E ao ter uma equipe tecnicamente inferior se satisfaz em perder e pronto. Vanderlei Luxemburgo só verbalizou o que ele sente no ambiente do clube: jogo com o Flamengo já está perdido. Antes, Abel classificou como “linda” uma derrota para o mesmo adversário.

A falta de dinheiro é grave, mas pior é não ter o espírito de Vasco. Isso vem de cima: foi assim com Roberto, com Campello e parece que será com Salgado. É um Vasco educado, comportado, quase dizendo “eu sou da zona norte, mas quero ser da zona sul”. Isso acaba com o torcedor.

Eu recebi um levantamento sobre os últimos 20 anos de duelos entre Vasco e Flamengo no Campeonato Brasileiro. Dinamite presidente teve 10 jogos contra o Flamengo: perdeu 4 e empatou 6. Já Campello teve 5 jogos: perdeu 2 e empatou 3. O velho Eurico, tão criticado e cercado, teve 16 jogos: ganhou 9, empatou 2 e perdeu 5. E esses 20 anos não incluem obviamente a metade final da década de 80 e a década de 90, onde o Vasco também levou vantagem.

Eurico não existe mais, assim como Calçada, Agathyrno, Ciro Aranha e outros. Mas é preciso recuperar a alma do clube, que desaparece a cada dia.

Ah… o primeiro Vasco e Flamengo com Jorge Salgado também foi de derrota e sem nenhuma reação.

MARCO ANTONIO MONTEIRO
GRANDE BENEMÉRITO DO VASCO

O Vasco resiste na força de sua torcida/sócios

O VASCO RESISTE NA FORÇA DE SUA TORCIDA/SÓCIOS

A instituição agoniza pelas manobras jurídicas da chapa de Julio Brant, pela dobradinha envergonhada com Jorge Salgado e do desmantelamento da administração Campello.
Mesmo assim, cerca de 3 mil e 500 sócios foram a São Januário, enfrentaram mais de uma hora de fila para tentar dar rumo ao clube.

A eleição estava marcada para o dia 7. O presidente da Assembleia Geral, o inacreditável Mussa, atuando a favor de Brant, conseguiu uma liminar para fazer uma eleição online com uma empresa contratada sem nenhuma fiscalização das outras chapas. Ele fugiu das reuniões em que se tentava um acordo e desrespeitou uma decisão do Conselho Deliberativo, órgão máximo para resolver problemas internos. Apostam tudo na influência que tem há anos na Justiça.

Na véspera da eleição, o candidato Leven Siano e o presidente do CD, Roberto Monteiro, conseguiram cassar a liminar. Era pouco tempo, mas estava restabelecida a ordem estatutária. Tanto assim que os sócios se mobilizaram.

No dia da eleição, às 20h, faltando duas horas para terminar, Mussa, com advogados de Brant, consegue no STJ suspender a votação que quase terminava. Um desrespeito ao sócio e uma ação para jogar o clube na lama (o que fazem há anos).

Mas, abertas as urnas, fica clara a explicação: Brant era o terceiro na votação e vai tentar tomar o clube no golpe do online. Uma ressalva: ninguém é contra a evolução de um possível voto online, mas preparado com bastante antecedência, com acompanhamento das chapas, mas nunca nessa patacoada claramente golpista.

Para terminar meus parabéns a Sergio Frias e a todos do Casaca. Ter 5% dos votos numa situação extremamente adversa e num clima de voto útil foi uma vitória. Uma conquista ainda maior por respeitar a institucionalidade. O Casaca montou uma chapa completa e foi de enorme dignidade ao ficar até o fim e reconhecer a vitória na urna da chapa do Leven Siano. Só lamento, pelo período de confinamento em que estou, não ter ido lá depositar meu voto.
O Vasco precisa de paz. Os sócios falaram, mas não acredito que respeitarão. Vão tentar o golpe.

MARCO ANTONIO MONTEIRO
Grande Benemérito do Club de Regatas Vasco da Gama

Acabar com o Paralímpico é maldade e fraude

Texto publicado no Facebook do Marco Antonio Monteiro, Grande Benemérito do Vasco:

ACABAR COM O PARALÍMPICO É MALDADE E FRAUDE

Eu não gosto de ocupar qualquer espaço para falar mal do Vasco, mas o anúncio do fim do Departamento Paralímpico do clube me leva a compartilhar a indignação.

Primeiro porque a história do Vasco é a da defesa dos mais esquecidos, dos que não tem chances em outros lugares que são elitistas. Todos os demais grandes clubes de futebol acabaram com o atletismo. O Vasco não. Porque ali estão muitas vezes as chances de negros e pobres.

A despesa do paralímpico (natação, vôlei sentado e futebol) é ridícula no total do clube e há outras atividades que poderiam ser suspensas antes.

Mas há também a fraude. A administração Dinamite fechou o parque aquático e tudo ali se deteriorou. Isso os vascaínos sabem e basta pesquisar na internet. Já na administração Eurico, em 2015, com as certidões negativas, partimos para a busca de recursos que eram disponibilizados pelo Poder Público através do CBC – Comitê Brasileiro de Clubes. Os editais do CBC poderiam ser para infraestrutura, equipamentos ou pagamento de pessoal. Isso dependia de cada edital. O Vasco tinha perdido o acesso a vários deles por falta de regularização fiscal.

Com as certidões, em 2015, houve um edital para compra de equipamentos, parte a ser usado no esporte olímpico e parte no paralímpico.

O Vasco conseguiu aprovar projetos no valor de R$ 2.898.670,71. E foi através da natação paralímpica que se conseguiu gastar mais de 1 milhão de reais na compra de modernos sistemas de filtragem, aquecimento, blocos de largada e equipamentos de fisioterapia. O Vasco entrou com recursos próprios na recomposição de azulejos, vestiários e recuperação da arquibancada. Mas sem os recursos específicos para o esporte paralimpico não haveria a reforma do Parque Aquático.

Outra parte da verba foi gasta com a importação da Alemanha de uma nova flotilha de 11 barcos para o remo. Um enorme esforço para cumprir as regras de investimento com dinheiro público. Ao final, contas aprovadas pelo CBC (que é fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União) e todo o material para o Vasco, que está lá até hoje.

O Vasco tinha e se aproveitou do esporte paralímpico para o seu patrimônio e, agora, menos de 3 anos depois da reinauguração da piscina, manda os atletas embora. E, segundo os atletas, os salários de todos os treinadores e preparadores do departamento juntos não chegam a 20 mil reais por mês.

Uma observação: fiz a pedido do Eurico toda a supervisão do projeto de captação com a ajuda na época do vice-presidente Francisco Vilanova, do presidente do Conselho Deliberativo, Luis Manoel Fernandes, e do profissional Carlos Magno, nome de primeira linha nessa difícil missão de montar o projeto, acompanhar a aprovação e a prestação de contas.

MARCO ANTONIO MONTEIRO
Grande Benemérito do Vasco

Uma força histórica revive a luta contra a crise, mas há alertas

UMA FORÇA HISTÓRICA REVIVE A LUTA CONTRA A CRISE, MAS HÁ ALERTAS

Cem mil novos sócios em uma semana. O Vasco tem uma posição singular no futebol. O clube nasceu pobre, entrou no velho esporte bretão na terceira divisão, e se tornou uma força nacional.

Ao mesmo tempo foi o ponto de identidade de milhares de portugueses que para cá vieram trabalhar com muita dificuldade. Mas, no início do século XX, a imagem do colonizador ainda trazia desgastes e a interação com os pobres foi fundamental para o crescimento na área popular.

Mas o time de comerciantes da zona norte nunca teve grande penetração na elite ou nos formadores de opinião através da mídia.

O esforço pela identidade, a construção de São Januário e o Expresso da Vitória tornaram o Vasco um gigante.

A partir dos anos 60 houve uma sequência de crise administrativa/politica e praticamente o fim da imigração portuguesa (a partir de 1974).

O Vasco, apesar de alguns brilhos eventuais, só volta a ser mesmo gigante no período 1986/2001. Para isso foi necessária unidade política, circunstâncias favoráveis (criação do Clube dos Treze com o Vasco entre os líderes) e um dirigente que teve a coragem de enfrentar as forças já estabelecidas. Foram conquistados 6 Estaduais (que eram bem mais disputados), 3 Brasileiros, Libertadores, Mercosul e Rio-São Paulo no período. E duas decisões de Mundial em 13 meses que o destino não deixou vir para São Januário.

Mas se não havia novos portugueses chegando de onde vinha a renovação da torcida? Não só dos filhos de vascainos, mas também de filhos de tricolores e alvinegros que passavam por fases ruins. O Vasco cresceu numa juventude de classe média nos anos 90 com torcedores que não tinham passado familiar vascaino.

Esses jovens se acostumaram bem, mas essa não é a realidade de um clube que tem pouca elite, pouca boa vontade da midia e ainda tem como principal rival exatamente o preferido desses setores.

Diversos problemas internos e pressões externas (com a Globo cortando a verba durante 2 anos) enfraqueceram o clube. Esses novos torcedores não entenderam o que acontecia estrategicamente e acharam bom quando uma nova direção assumiu o Vasco em 2008. Era anunciado um Novo Vasco que sepultaria o antigo. Isso não existe numa instituição centenária. Foi um desastre.

A administração Dinamite ajudou a implodir o Clube dos Treze num erro estratégico infantil. A união de todos equilibrava o poder de Flamengo e Corinthians na mídia. O Vasco perdeu muitos recursos frente aos rivais e a administração deixou em 2014 o clube com quase 700 milhões de reais em dívidas contra 190 milhões em 2008.

De 2015 para cá o que o Vasco conseguiu foi segurar e até diminuir a dívida, mas sem retomar ainda a capacidade de investimento. Além disso, a atual diretoria ajudou a implodir ainda mais o clube internamente. Se tem alguns méritos também tem uma fraqueza de quadros que entendam de futebol, que tenham a alma do clube. Na dificuldade, além de planilhas é preciso também entender do assunto.

Todo esse quadro difícil foi acentuado pelo sucesso do Flamengo, que era uma questão de tempo já que os recursos à disposição foram se multiplicando nos últimos anos. E o trabalho deles não abre mão de quem entende de futebol, ao contrário do Vasco que nào tem vice de futebol e erradamente se orgulha disso.

A faísca que detonou a torcida vascaína esta semana foi também a imposição da mídia do discurso de que só haveria um grande no Rio.

Esse quadro que reflete o fato do Flamengo ter hoje ampla maioria na base de repórteres/editores e também dos donos dos meios de comunicação (o que sempre teve). A época de editores botafoguenses acabou há muito.

Tudo isso fez com que 100 mil vascaínos se associassem em uma semana. Que esta nova geração retome o pensamento dos vascaínos do passado que sabiam da dificuldade de afirmação. Que os jovens de classe média dos anos 90, hoje já quarentões, tenham aprendido as dificuldades de ser da zona norte sem muita penetração na elite, mesmo sendo gigante.

E que os torcedores saibam que esses recursos não resolverão os problemas do Vasco. A ajuda é boa porque mostra o potencial ainda gigantesco do clube, mas o buraco é mais fundo. O Vasco precisa também de liderança política que possa enfrentar o quadro atual, inclusive os favorecimentos políticos que não chegam ao clube, que se prepare para a disputa com a TV em 2023 e que tenha visão de conjunto do futebol brasileiro. A torcida não pode desanimar, mesmo que resultados imediatos nâo venham. E a diretoria deve ser mais humilde para saber que, com todas as dificuldades, pode ser melhor no futebol se ouvir as nossas raízes.

MARCO ANTONIO MONTEIRO
Grande Benemérito do Vasco

Nota do Grande Benemérito Luís Fernandes

Apresento minha solidariedade e meus sentimentos aos familiares e amigos dos funcionários e meninos que foram vítimas do terrível episódio ocorrido nas instalações do Clube de Regatas Flamengo. Uma verdadeira tragédia, com perdas de vidas de adolescentes, carreiras promissoras e caminhos inteiros pela frente. 

Tenho minha vida pública ligada ao esporte de uma maneira geral, e, em especial, ao Club de Regatas Vasco da Gama. Conheço as dificuldades, responsabilidades e cuidados que o trabalho de base exige. 

Que não se confunda, neste momento, rivalidade esportiva com ódio. Estendo minhas mãos ao clube rival em dor e luto. 

Luís Fernandes

Grande-Benemérito do Club de Regatas Vasco da Gama

Quase quarenta anos depois

 

Tinha lá uns sete, oito anos de idade. O jogo era contra o Bangu em São Januário, o Vasco venceu por 4 x 1 e me chamou a atenção o Dimas.

Era o meu debut em jogos do Vasco no estádio.

Meu tio, Manuel Teixeira Frias, era daqueles que vivia no Vasco, buscava ajudar no que fosse possível, chegou a chefiar a delegação vascaína em uma partida do Expresso da Vitória no ano de 1949 contra o Mogi-Mirim, no centenário da cidade paulista, e me levava vez por outra para ver os jogos do Vasco em vários campos do Rio de Janeiro. Tivera dois filhos, mas nenhum deles, incrivelmente, torcia pelo Vasco. Um era Flamengo e outro Fluminense. Nunca entendi aquilo. Com isso, o grande companheiro dele nos jogos era eu mesmo.

Meu pai, David, trabalhava muito e ligava bem menos que o irmão. Era Vasco, mas sem tanto entusiasmo. Meu tio, não, vibrava. Uma vez largou a minha tia no hospital, após breve melhora no quadro clínico para ir ver o Vasco jogar. Aquilo causou uma indignação na família forte, mas eu não me metia. Filho único, ficava na expectativa de que meu tio me levasse num outro jogo do Vasco em breve.

A final de 1950, no Maracanã, contra o América eu vi nas cadeiras especiais, um luxo que era raríssimo para quem viu Brasil x México de geral e Brasil x Espanha na Copa do Mundo com grande dificuldade de enxergar algo, diante de um Maracanã abarrotado de gente. O jogo, meu filho falou outro dia, não foi em 1950 e sim em 1951, no mês de janeiro. Não me lembrava disso, mas me recordo de um português, tradicionalíssimo, torcendo para o … América! Fiquei chocado. Todos os portugueses que conhecia, inclusive os da minha família, eram Vasco. E o Vasco ganhou com dois gols do Ademir, o segundo recebendo um passe de Ipojucan.

Mas os tempos próximos ao Vasco estavam por acabar. Desde os seis anos de idade eu, na condição de coroinha da Igreja do Sacramento, pagava a mensalidade do meu colégio, São Bento, ajudando em missas daquela igreja e de outras do centro da cidade (chegava a trabalhar em cinco missas num dia e também nos fins de semana), mas quando o curso primário acabou precisei tomar uma decisão que me permitisse concentrar mais nos estudos.

Em março de 1951, com 11 anos de idade, fui parar no seminário São José, ali no Rio Comprido, que era pago não por mim nem por minha família, mas sim pelas Obras Sacerdotais. Não sabia se queria ser padre, mas tinha certeza de que não queria ver meus pais apenas duas horas por mês no local onde estudava, como ocorreu por anos, com a benesse dada de estar também com eles entre os dias 26 e 31 de dezembro, antes da virada do Ano Novo, ou ainda numa comemoração em família como um casamento, bodas de prata ou bodas de ouro, quando por um dia inteiro poderia estar em casa, da manhã até a noite. Tornei-me um adolescente distante de meu clube, um adulto mais longe ainda, após sair do seminário e ter de ganhar a vida, tendo perdido meu pai pouco mais de cinco anos depois e com a obrigação de sustentar a minha mãe.

Casei-me e tive meu primeiro filho no ano em que o Vasco saiu da fila e voltou a ganhar um Campeonato Carioca. Parecia um sinal. Mas minha relação com o clube ainda era fria. Queria meu filho vascaíno, já minha esposa, flamenguista, pretendia o contrário, mas nunca teve chance, a começar por ele mesmo.

Quando o Vasco foi Campeão Brasileiro em 1974, um ano após o nascimento da Claudia, minha filha, dei uma bandeirinha do Vasco ao Sérgio. Já bebê ele recebera uma flâmula do clube, campeão de 1970. De uma hora para outra, entre 1976, 1977 o garoto se apaixonou de forma avassaladora por futebol e queria ir ver um jogo do Vasco.
Estive para levá-lo num Vasco x Botafogo, num dia em que a família toda, primos, tios foram ao Maracanã, mas ele ficou. Quando chegamos todos e ele soube do resultado (1 x 1), queria saber do primo Marco Aurélio detalhes do jogo, como fora o gol de Dé, parecia que não pararia nunca de falar ou perguntar.

Na semana seguinte o Vasco não jogaria no Maracanã. Era Fla-Flu. Como tínhamos duas cadeiras perpétuas no estádio – compradas por mim no ano do nascimento dele – deixei que o Juvenil, funcionário meu na época, esse que ele cumprimenta no programa das segundas-feiras, o levasse para o estádio.

Fiquei com um certo receio dessa ida dele ao jogo, afinal não era do Vasco. Ele chegou falando da cor das camisas dos goleiros (coloridas num mundo normalmente preto e branco para ele quando aparecia um jogo na TV), mas fui informado que se animara mesmo com cachorro quente, pipoca e matte leão em copo de papelão (só saía espuma naquilo!).

O Vasco entrou num período difícil e foi parar na repescagem do campeonato brasileiro da época, bem diferente desse de hoje, quando partidas contra Goiânias e Mixtos não eram sinal de fácil vitória. Estava em busca de um jogo sem risco, mas todos, naquela fase vivida pelo time, eram arriscados. Como aquele Fla-Flu de meses antes havia terminado empatado queria que a primeira vitória no estádio que ele visse fosse do Vasco.

Na casa de minha mãe, ouvindo o radinho de pilha disse a ele que se o Vasco passasse pelo Mixto em São Januário (jogo que classificaria o time para a fase seguinte, segundo ele me informou em consulta recente), eu o levaria ao Maracanã para ver o Vasco. Dito e feito. Na semana seguinte, um sábado à tarde (também segundo ele), estávamos lá. O adversário era o CRB, de Alagoas (disso eu me lembro) e o Vasco venceu por 1 x 0 com muita pipoca, matte no copinho de papelão e cachorro quente comprados antes do início do jogo, intervalo, saída.

Saímos felizes do estádio e ele animado com o Roberto, que fizera o gol único do jogo. Mas na chegada ao setor das cadeiras o fiz passar por uma prova de fogo. Dessas coisas que não tem explicação.

Ao descer para comprar o primeiro cachorro quente ou matte, encontramos com o Ademir Menezes, artilheiro do Expresso, que fazia comentários em uma rádio da época e estava próximo ao setor da imprensa. Falei: “Ademir! “, virei para o Sérgio e disse: “Esse aqui, meu filho, é o Ademir”, enquanto o Ademir abria um leve sorriso.
Meu filho me olhou meio espantado e aí eu voltei com mais ênfase, porém também com certo cuidado: “O Ademir, meu filho. Aquele do time que o papai fala com você”. Como é mesmo? “Barbosa, Augusto, Wilson…”. E o Sérgio emendou: “Barbosa, Augusto Wilson (parecia um nome só, Augusto Wilson), Eli, Danilo e Jorge, Friaça (não saiu assim mas algo parecido), Maneca, Ipojucan, Ademir e Chico”. O Ademir olhou, deu um novo sorriso e os olhos marejaram um pouco. Disse depois a ele apenas: “Tchau Ademir. Um abraço”. E fui comprar o cachorro quente com o Sérgio, realizado. Com uma sensação de dever cumprido.

Em 1977 foram vários jogos com ele, vimos o Vasco ganhar a Taça Guanabara com uma vitória sobre o Botafogo e comecei a resolver de forma simples um problema que ocorria a cada jogo ocorrido à noite. Ele acordava ansioso para me perguntar se o Vasco havia ganho e sentia tensão até que soubesse do resultado. Adotei então uma tática eficaz. Punha abaixo do quadro que ficava em cima da caminha dele o resultado do jogo e quem havia feito os gols. Junto a isso uma mensagem, sempre de otimismo, fosse qual fosse o resultado. Ele já me encontrava no café da manhã perguntando tudo sobre o jogo e queria porque queria que o levasse a São Januário.

Aí tomei uma das atitudes mais acertadas da minha vida. Comprei um título de sócio patrimonial do Vasco. Na época o Jorge Salgado, irmão do Pedro, companheiro de mercado de capitais, me sugeriu comprar também um camarote no estádio, que dava lugar a quatro pessoas. Não tive dúvidas. E já pus o restante da família como dependentes meus.
O primeiro jogo que vimos foi um Vasco e Remo (segundo ele me diz, porque disso não me lembrava mesmo). Outra vitória do Vasco por 1 x 0, gol de Paulinho (mérito para a memória dele). Passara um ano inteirinho e ele não havia visto o Vasco perder no estádio uma única vez.

A primeira decepção ocorreu depois do carnaval, em 1978. Com um público que eu jamais vi igual em São Januário perdemos para o Londrina, uma espécie de zebra da época, e fomos eliminados do Campeonato Brasileiro do ano anterior (é, do ano anterior). Ele é imenso hoje, mas na época deu pena vê-lo querendo assistir o jogo, com tanta gente na frente. Viu pouco, mas também não perdeu nada.

No mesmo ano, 1977, conheci, num desses jogos, o Sr. Rui Proença, que se sentava no Maracanã duas fileiras à nossa frente e era talvez o vascaíno mais entusiasmado do setor. Ao seu lado o saudoso Ferreira, que também não faltava a um jogo. A amizade foi sendo feita ao longo dos anos, havia uma coincidência de uma loja da Casa Cruz ter existido em frente ao local onde meu pai trabalhava e pela nossa diferença de idade havia uma possibilidade de os dois terem se encontrado por diversas vezes naquela região, perto do Parque Royale, que pegou fogo uma vez e deixou meu pai sem emprego (na época da guerra, se não me engano), para desespero da minha mãe e o consolo dele próprio a ela dizendo que não se abatesse porque havia sido feita a vontade de Deus. Mas isso é outra história. História de velho.

O Sérgio ria muito com as comemorações do Sr. Rui, que fazia coisas que lhe proporcionariam uma bronca se repetisse, como subir na cadeira após um gol, sair subindo e descendo a escada ao lado das cadeiras, abrir o guarda-chuva e rodá-lo (em dias de chuva, claro), entre outras que ele relembra até hoje.

Como sempre votei no Eurico e o Sr. Rui sabia disso, ele passou a me convidar para frequentar algumas reuniões organizadas pelo clube ou por grupos nos quais estava Eurico. O Sérgio se lembra de irmos juntos a várias a partir de 1988, ano no qual fomos bicampeões e ficamos na lateral do gramado esperando o jogo acabar, após o gol do Cocada.

Acostumado a ir aos jogos o Sérgio também se encantava com tais reuniões, afinal eram todos vascaínos e só se falava de Vasco. As pessoas mais velhas contavam passagens marcantes do clube, como o 7 x 0 de 1931, o Expresso da Vitória, a construção de São Januário, e numa daquelas vezes vi o Chico, melhor ponta-esquerda da história do Vasco, sentado numa das mesas. Não tive dúvida. Levei o Sérgio para lá e fui puxando uns assuntos de uns jogos dele do passado. Eu me recordo até hoje de um jogo contra o Corínthians, em que ele fez um gol faltando um minuto, que deu ao Vasco uma importante vitória na época (dia de bodas de prata do meu Tio Manuel com a minha tia Aurora, ocasião na qual demos uma escapulida e fomos juntos ao Maracanã).

Os olhos do Chico brilhavam com meu filho falando o que já tinha lido sobre aquele time (mérito meu de incentivá-lo também, é claro), do Campeonato Sul-Americano de 1948, da Copa de 1950, dos títulos invictos. À certa altura os dois não paravam mais de falar. Lembro até que o Eurico passou por perto e disse apontando para o Chico: ”Esse tem muita história pra contar”. E tinha mesmo. O Sérgio contava detalhes de jogos na conversa com o Chico naquele dia, que eu vi no estádio e nem me lembrava mais.

No dia da eleição de 1991, tive uma surpresa. Meu nome estava na chapa do Conselho Deliberativo. O Sr. Rui Proença havia me indicado e mais uma vez quem mais vibrou foi o Sérgio.

No primeiro mandato dei a sorte de ser Tricampeão Carioca como conselheiro do clube e assim fui seguindo nos outros anos, mas minha maior alegria foi quando surgiu o nome do Sérgio na chapa do Eurico (presidente) em 2000. Ele ficou entusiasmadíssimo. Já havia trabalhado na eleição de 1997, digladiando verbalmente com a turma do MUV durante todo o período pré-eleitoral, que naquele triênio, começou muito antes de 1997 e no dia da eleição fez questão de chegar no clube às oito e meia da manhã para ajudar, segundo disse (na época não morava conosco).

Ele ficou do lado de um senhor que depois descobriu ser o Álvaro, irmão do Eurico, fazendo boca de urna, e criou seu bordão contra a fala da oposição da época que argumentava ser a permanência de Calçada e Eurico um continuísmo inaceitável no Vasco. “Eurico e Calçada, Calçada e Eurico: continuísmo de vitórias”. Com a chapa azul na mão repetia aos que passavam até cansar, ou quem sabe cansá-los. Deve ter mudado o dia inteiro uma meia dúzia de votos, se muito, mas saiu todo feliz, após a apuração e a confirmação da vitória da chapa azul. Meses antes, comigo internado na Beneficência Portuguesa, após uma intervenção cirúrgica que sofri, falava como um suposto douto sobre o perigo que o Vasco corria caso a chapa azul perdesse. Caso Eurico saísse do Vasco.

Um ano antes Eurico me proporcionou uma grande alegria pessoal: o reconhecimento do título sul-americano de 1948. Sempre votei na chapa em que ele estava, desde 1980, vi brigar muito pelo Vasco, ajudar na conquista de títulos, mas jamais imaginaria que conseguiria aquilo. Ao lado do Sérgio, lendo a notícia do reconhecimento me emocionei e ele também. Como diz meu filho: “Se ele não tivesse feito absolutamente nada pelo Vasco, aquilo ali já seria muito”.

Em 2002 fui agraciado com um título de Benemérito. Havia sofrido uma fratura na rótula do joelho, a cirurgia não deu certo e permaneci de molho. No dia da entrega do diploma meu filho me representou. Fiquei extremamente feliz com isso, imaginando a cena.

Vimos muitos títulos, tivemos alegrias, tristezas, mas nada se compara em termos de decepção no clube, fora das quatro linhas, a aquele absurdo que foi a reunião do Conselho Deliberativo, na qual se pôs o despreparado Roberto Dinamite como presidente (imaginem!), presidente do Vasco.

Não pude votar porque ainda não era conselheiro nato, o Sérgio votou no nosso saudoso Amadeu, mas aquilo mais parecia um circo já armado. Vi a desolação do meu filho com a derrota e fiquei pacientemente ouvindo seus vaticínios, infelizmente confirmados com o tempo. De fato, era constrangedor imaginar um clube como o Vasco sendo conduzido por Roberto Dinamite, que foi um grande artilheiro, diga-se de passagem.

Mas dali por diante o Sérgio entrou para o grupo Casaca!, dileto grupo, e quando soube ele já escrevia texto, falava na Rádio Bandeirantes e parecia circunspecto e objetivo na missão de pôr o Eurico de volta no clube. Falava da sujeira que fora feita com ele, com razão, e tinha certeza de que ele voltaria, cedo ou tarde.

Fico com a sensação de que Eurico voltou tarde. Foi muito tempo de Dinamite no Vasco, de MUV, como o Sérgio diz, de muita tristeza com o clube abandonado e ainda uma reeleição do próprio Roberto Dinamite.

Mas, finalmente, em 2014 fomos todos votar no Eurico. O Sérgio botou como sócios a esposa, a tia, prima, irmã (a minha filha Claudia), a mãe (minha mulher) flamenguista, o nosso porteiro, alguns amigos, empolgado com o ressurgimento do nosso bom Eurico no Vasco novamente.

Passaram-se dois anos, o Sérgio permanece irrequieto e com o assunto Vasco permeando nossas conversas, meu neto nasceu e fiz questão de com meu filho irmos ao Maracanã (eu após 13 anos ausente) para vermos a decisão contra o Botafogo este ano. Acabou o jogo, abracei meu filho e gritei: “Meu neto é Bicampeão. Bicampeão invicto”. Eu que vi com 8 e 10 anos o Vasco ser campeão invicto, que fui com o meu filho no estádio de São Januário no dia do título invicto de 1992 contra o Flamengo, desta vez senti algo diferente. Era o primeiro título do meu neto, que meu filho pôs como sócio proprietário do Vasco no mesmo dia ou no dia seguinte que nasceu.

Quase no fim de 2016 me chegam duas notícias de uma só vez: a de que seria agraciado com o título de Grande Benemérito do Vasco era uma e agradeço pela lembrança e pelo carinho para comigo. Mas a Grande notícia mesmo foi a indicação de meu filho para Benemérito do Vasco. Ele que me fez voltar a frequentar estádios, a lembrar de minha infância neles, enquanto o levava aos jogos, que no café da manhã queria detalhes dos mais diversos do jogo disputado pelo Vasco na noite anterior, que viveu comigo tantos momentos felizes, que acreditou no que poucos acreditavam, que escreveu um livro falando de Vasco e de quem considera seu maior emblema vivo (no que concordo), que ouviu, acreditou e pesquisou sobre as histórias que eu lhe contava, para recontá-las a mim com mais detalhes ainda, e que, tenho certeza, pode ajudar mais e muito mais o Vasco.

No livro que escreveu (já está em tempo de acabar com tanta pesquisa e lançar o próximo), uma grande homenagem fez a mim e resume, realmente, o seu sentimento em relação ao clube. Diz mais ou menos assim: “Meu pai não me fez apenas ser Vasco, mas sim me fez ter orgulho de ser Vasco”.

Orgulho é o que sinto. Por meu filho.

Saudações Vascaínas a todos!

Casaca!

Raymundo Frias

OBS: Muitas das histórias meu filho as reavivou para mim. Se quiserem mais detalhes, aí é com ele mesmo.

* Coluna publicada originalmente no dia 31 de dezembro de 2016.

 

Covardia

Com muita tristeza, vejo meu nome envolvido em suspeita de indicação irregular para o quadro de beneméritos do Club de Regatas Vasco da Gama.

Inicialmente, deixo claro que não pedi para ser indicado, tampouco votado pelos componentes do Conselho Deliberativo do clube.

Todavia, aceito, com muita honra, o título. Trata-se de uma das maiores alegrias que tive na vida, depois do nascimento da minha filha.

Agora, vamos lá.

Aos que não me conhecem, sou advogado, formado desde 1993.

Há muitos, muitos anos fui convidado pelo grande vascaíno e, na época, Vice-Presidente jurídico do Vasco da Gama, Paulo Reis, a colaborar com o clube, fazendo parte do seu quadro jurídico. Aceitei com muito orgulho. Aceitei por amor ao clube que está dentro do meu coração e de toda a minha família. Desde o meu avô, imigrante português, até as novas gerações, inclusive, dois sobrinhos meus, que são americanos e vascaínos. Minha filha de 4 anos puxa o casaca e canta o hino, todos os dias, por exemplo. Minha esposa é natural do Ceará e é Vasco.

Mas não foi pelo vascainismo de toda a minha família que fui indicado a benemérito.

Fui indicado pelo fato de que advogo para o Club de Regatas Vasco da Gama há muitos anos, gratuitamente. Jamais recebi um centavo. Aliás, pago para advogar para o Vasco, porquanto tenho gastos com custas, xerox, transporte etc. dos quais jamais solicitei reembolso.

Abra-se um parêntese: evidentemente, quando Roberto Dinamite assumiu a presidência, os novos diretores não solicitaram meus préstimos, constituindo corpo jurídico próprio. Não discuto isso. Discuto, sim, o fato de que, conforme fartamente noticiado pela imprensa, novos diretores jurídicos estavam sendo remunerados, com valores que remontavam elevadas cifras (falava-se, pasme-se, em R$ 50.000,00 mensais).

Muitos membros da oposição, que hoje questionam meu nome, apoiaram essa gestão Presidida por Roberto Dinamite, e não me recordo de nenhum deles colocar sob suspeita advogados abundantemente remunerados com o dinheiro do clube.
Questionam o meu, que trabalha como advogado para o Vasco da Gama sem absolutamente nada receber, unicamente por amor à instituição.

Questionam meu tempo como sócio, que não é pequeno, afirmando que não preencho requisito para ser benemérito. Preencho, sim, pois o tempo não é o único requisito. O merecimento também é, por relevantes serviços prestados à instituição.

Porém, alguns preferem a covardia. Preferem a proteção das redes sociais. Preferem a senda da difamação.

A intenção não é fazer um Vasco maior. A intenção é apenas tumultuar.

Talvez, se assumirem a direção, irão voltar à velha pratica de remunerar diretores jurídicos com grandes salários.
Quisera eu tivesse o Vasco da Gama vários outros profissionais com a disposição que tenho de colaborar, que disponibilizassem seus escritórios para a prestação de serviços gratuitos ao Vasco da Gama, simplesmente, por amor ao clube.

Como disse, não pedi para ser indicado, não pedi para votarem em mim, mas aceito, como muito orgulho e honra, o título de benemérito.

Alexandre Lopes de Oliveira

Vale ou não vale?

Nas últimas horas, com incentivo de grande parte da mídia, torcedores entraram num debate se o Vasco x Flamengo, semifinal da Taça Rio, valia ou não.

Debate fora de questão se tivermos um mínimo de conhecimento:

1 – Erro do regulamente à parte (os campeões de turno deveriam ter vantagem nas semifinais do estadual), Vasco e Flamengo decidiam uma vaga para disputar a final da Taça Rio, que dá um prêmio de 1 milhão de reais (150 mil pela semi e mais 850 mil pelo título)

2 – Um Vasco e Flamengo envolve torcedores de todo o País. A Globo optou pelo Pay Per View porque quer mais vendas do pacote futebol, importante receita para os clubes (só o Vasco receberá este ano pouco mais de 35 milhões de reais de PPV).

3 – O vencedor (no caso o Vasco com o empate) garante vaga na final no próximo domingo, que terá transmissão da TV Globo para o Rio e mais 14 ou 15 estados. Isso significa retorno ao patrocinador do clube na medição que é feita pelo Ibope-Repucom. Quanto mais retorno o clube dá mais pode cobrar no ano seguinte. O Vasco está entre os 5 de maior visibilidade. Os jogos na TV aberta também são importantes.

4 – Os jogos do campeonato carioca em TV aberta são vistos em mais estados brasileiros, o que garante visibilidade aos clubes do Rio.

5 – Vasco e Flamengo têm uma rivalidade centenária, que vem do remo, passa pelo crescimento do Vasco na década de 20 e muito mais. Essa rivalidade se espalha pelo Nordeste, Norte, Distrito Federal, Espírito Santo e Santa Catarina, principalmente.

6 – Tirando os meninos brancos de classe média que comentam atualmente na televisão, o povão quer muito brincar com o adversário no bar, na padaria, no trabalho. É a essência do futebol. Isso vale para os dois lados.

7 – Um time tem uma folha salarial no futebol de 4 milhões/mês. O outro de 12 milhões/mês. E o que gasta menos só perdeu 1 jogo dos últimos 12 eliminando o rival em 4 competições desde 2015. Essa é a magia do futebol. Há fases assim, o que não significa que durem para sempre.

8 – Por último, contra o Vasco (e Eurico em particular) prevalece o jornalismo de guerra. O clube recupera patrimônio, paga dívidas, está em dia com impostos e salários, mas tudo é retratado como ruim. Não pode investir hoje no futebol o que gostaria, mas vai aumentar um pouco a cada ano.

Em resumo Vasco e Flamengo sempre vale. O resto é bola de gude no carpete.

Marco Antônio de Amorim Monteiro
Grande Benemérito
Vice-Presidente de Marketing do Club de Regatas Vasco da Gama

 

 

Meiões Listrados

    Vascaínos, 

 Muitas coisas mudaram, quer queiram, quer não, na condução administrativa do Vasco desde que Eurico voltou a ocupar a cadeira de presidente  do nosso clube.

Acertou os impostos, colocou os salários em dia, melhorou nítida e claramente as condições de todo o departamento de futebol, desde as categorias de base até os profissionais, criou o Caprees, fez um campo de treino anexo, recuperou as instalações da Pousada do Almirante saqueada na administração anterior, melhorou em muito o Colégio Vasco da Gama, voltou a fornecer refeições dignas aos atletas e funcionários (sem essa de salsicha com arroz), recuperou  o ginásio, voltou a ter um excelente time de basquete, e, agora, parte para a recuperação do parque aquático que é, sem dúvida, um dos orgulhos de qualquer Vascaíno.

Dentre tantos e elogiáveis feitos, pode parecer que não, aos meus olhos Eurico tomou outra grande iniciativa. Mandou retirar do uniforme de jogo aquele horroroso e sem nenhum nexo debrum branco que contornava a nossa tradicional Cruz de Malta. Parabéns, atitude nota 1.000.

 Agora, na minha modesta opinião, só falta para completar esse serviço dos uniformes mandar que se use o velho e tradicional meião listrado em preto e branco, símbolo das mais importantes conquistas do nosso Vasco que nos remete aos anos de 1940/50/60/70,…….. A Umbro haverá de compreender.

 Voltar a ver os times do meu querido Vasco usando os meiões listrados seria, pelo menos para mim, o retorno a gloriosos tempos do nosso clube. 

Fica sugerida a modesta ideia. Quem gostar que a apoie. Quem não gostar,que continue a apoiar sempre essa administração, que é, sem dúvida, a administração da recuperação financeira,política e institucional do meu,do seu,do nosso C.R. Vasco da Gama.

     Saudações Vascaínas.

     Paulo Pereira / Grande Benemérito