Respondendo a alguns da Turma do Ódio esta semana em minha coluna, vi como a baba que lhes escorre pelas respectivas bocas, os põe na condição que invariavelmente defendi neste espaço por seis anos e tanto, enquanto oposicionista da pior administração da história do Vasco. São primordialmente contra Eurico Miranda. O Vasco vem depois.
Não bastasse a mídia ter que se calar para não admitir, investigar, veicular, gritar pelo jogo limpo, ética no esporte, etc… a infantaria dela própria, que pega em “armas” para tentar defender o indefensável, materializado em doze, sim eu disse DOZE pontos tirados do Vasco pela arbitragem (excluindo aí a operação sem anestesia sofrida pelo time cruzmaltino na partida do returno contra o Goiás, curiosamente apitada e bandeirada pelos mesmos Luiz Flavio de Oliveira e Alex Ang Ribeiro que arbitrarão neste fim de semana Flamengo x Goiás) é hoje constituída de… vascaínos.
O Goiás, por sinal, teve quatro pontos a mais dados para si em função das arbitragens no Campeonato Brasileiro. O brilhante Avaí ganhou de presente cinco e a super Chapecoense seis. Pela ordem são as três equipes mais beneficiadas da competição, à frente do Corínthians, virtual campeão, neste quesito.
Se simplesmente a arbitragem não fosse favorável aos clubes acima, a Chapecoense hoje teria 34 pontos, Avaí e Goiás 30 pontos. E, para completar, o espetacular Joinville 28. O Vasco 42.
Qualquer time do décimo para baixo, que perdesse 12 pontos estaria na zona de rebaixamento e o nono a um ponto dela. Imaginem o Palmeiras, finalista da Copa do Brasil, sem saber o que fazer. Priorizaria a decisão contra o Santos entre a antepenúltima e a penúltima rodada da competição ou daria de bandeja o título para o peixe a fim de escapar?
Nenhum clube no atual campeonato, com a exceção, é claro, do Vasco perdeu mais do que três pontos na balança de erros e acertos contra si. Ou seja, o Vasco perdeu o quádruplo disso.
A imprensa antes mandava o torcedor vascaíno agir conforme seus anseios, hoje basta jogar um ossinho que o torcedor cruzmaltino vai ávido abocanhá-lo.
Os argumentos que mais giram nas redes sociais, úteis para obnubilar quem prejudica o Vasco de forma evidente são: um clube que faz 13 pontos no turno não tem justificativa para não cair, ou ainda “um clube que perde para Coritiba e Figueirense em casa e empata com o Joinville merece cair”.
Ocorre que o Vasco fez 13 e não 16 pontos no turno, justamente em função da arbitragem diria eu num debate contra alguém que resolvesse argumentar isso. Certamente o interlocutor diria: “13 ou 16 tanto faz. É em função da campanha do turno que o Vasco está nesta situação”. Infelizmente para muitos, os argumentos caem por terra se simplesmente voltarmos nossos olhos para a história recente do próprio Campeonato Brasileiro.
A partir de 2006 o modelo de pontos corridos passou a contar com 20 equipes. Fluminense em 2009 e Atlético-MG em 2011 encerraram o turno com apenas 15 pontos ganhos. O Galo nem precisou dos pontos das últimas duas rodadas do certame para se manter na primeira divisão e o Fluminense – sem qualquer prejuízo de arbitragem no momento da reação iniciada a nove rodadas do fim – também se manteve na elite do futebol. O Flu, em 2008, terminou o turno com 16 pontos e já estava virtualmente mantido na Série A na última rodada daquele campeonato. Em 2010 o Atlético-MG fez 17 no turno e não precisou dos pontos das últimas duas rodadas para se manter na primeira divisão. Dos grandes o único que fez campanha similar aos clubes citados no turno de um campeonato foi o Palmeiras em 2012, campeão da Copa do Brasil no mesmo ano e que caiu de divisão naquela temporada.
O outro argumento se pulveriza diante da própria história do Vasco. Em 2004 o Vasco perdeu no turno para o Criciúma em casa, Guarani em casa e empatou com o Grêmio em casa. Todos caíram e o Grêmio foi o lanterna. Naquele campeonato o Vasco, ao final da competição, teve como balanço derradeiro seis pontos tirados de si por conta da arbitragem e não precisou dos pontos das três últimas rodadas da competição para permanecer na Série A, embora matematicamente tenha resolvido sua situação na penúltima rodada. Mas se o clube ao invés de ter sido prejudicado em seis o fosse em 12 pontos, cairia.
E aí, como não existem mais argumentos objetivos, fala-se que a atual situação do Vasco ocorre em virtude de uma falta de planejamento (como se o de Flamengo e Fluminense este ano tivessem sido mais responsáveis que o do Vasco), da contratação tal, da negociação tal, do técnico tal, do estádio tal. Relembrando que tanto Fla como Flu estariam na zona de rebaixamento caso fossem tungados em 12 pontos por conta das arbitragens.
Numa ação torpe como essa contra o clube, proporcionada pelas arbitragens, deflagradas pelo presidente do Vasco, postas e expostas perante o STJD, evidenciadas nas mentiras de pernas curtas do vice-presidente da CBF, não há nenhuma manifestação em massa, em uníssono contra o prejuízo absurdo sofrido pelo Vasco, minimamente constrangedor para quem se diz honesto, ético, justo e motivo de um silêncio vergonhoso, vexatório da mídia convencional.
Mas tudo isso me faz lembrar de um texto escrito em fevereiro/março de 2007, num desses sites do MUV, quando a sigla vivia a ânsia de um golpe que a pusesse no poder para obter a chave do cofre e pudesse, com sua grande perspicácia, rebaixar o Vasco em todos os sentidos, aumentar a dívida do clube em 400 milhões (após ter recebido em nome do clube outros 400).
O texto chegou ao Casaca! em 2009 (identificado o mês e ano do original por relatos de um jogo), porque alguém considerou que naquele momento, no qual fazíamos uma crítica aberta ao presidente do Vasco pelo fato deste ter dito que a conquista do Campeonato Brasileiro pelo Flamengo seria boa para o futebol carioca, era o propício para reeditá-lo e assim a mensagem nos foi enviada, numa matéria em que comparávamos a postura do Corínthians diante do São Paulo, na luta deste último pelo Tetra Campeonato Brasileiro na ocasião.
Por mais incrível que possa parecer o texto dizia que o Vasco estava fazendo a sua torcida passar vergonha porque perdera nos pênaltis para o Flamengo a vaga a final da Taça GB de 2007. Ele também cravava que a estatística era favorável ao rubro-negro na ocasião, a partir de 2001 (embora desde aquele citado ano o Vasco tivesse vencido 10 partidas e perdido oito 8 do adversário, tivesse, de fato, humilhado o rival com um 5 x 1 em 2001, tivesse ganho do próprio rubro-negro no ano anterior com oito reservas, tivesse virado a estatística em Campeonatos Brasileiros naqueles anos, tivesse mantido a maior sequência invicta do século no clássico, com 4 vitórias e 2 empates, incluindo um título no sexto jogo).
E havia é claro o discurso quanto a Vasco x Flamengo não ter que ser um campeonato à parte porque isso deixava os jogadores do Vasco… nervosos. Foi dito até faltar inteligência emocional ao time pela pressão de ser o jogo um campeonato à parte. Sinceramente, que tese é essa????? Para o Flamengo não havia pressão? Da onde surgiu essa conclusão surreal? Da imprensa, que obviamente faz todo o clima antes da disputa do clássico favorável ao Flamengo (vide 2015)? Se não há pressão no Flamengo como explicar os quatro cocos tomados neste ano? Faltou pressão?
E a visão completamente idiota de um jogo normal, saída da cabeça de algum gênio do MUV, levou o Vasco em 22 jogos diante do Flamengo a vencer apenas três, durante todo o período da sigla amarela banana no clube.
A parte da imprensa historicamente contra o Vasco nem precisa mais trabalhar como outrora, pois seus maiores aliados hoje são torcedores do Vasco, que se organizam em debates, pensamentos, filosofias, discussões para reverberar as maiores sandices, transformando-as em regras, como algumas que citei, e ao mesmo tempo ficar cada vez mais distantes dos estádios.
Observem que:
1 – A presença dela, torcida, foi vergonhosa em cinco das sete partidas oficiais contra o Flamengo este ano, lembrando que o Vasco venceu quatro, empatou duas (numa delas eliminou o adversário) e perdeu uma apenas.
2 – A presença dela, torcida, no turno, do lado esquerdo do Maracanã, como quer o Fluminense e a própria imprensa, foi praticamente igual ao contingente no jogo de domingo último.
3 – A presença dela, torcida, em São Januário no Campeonato Brasileiro foi ridícula, com a exceção da partida diante do Palmeiras, mesmo após ter sido discutido que o problema inicial era o preço dos ingressos, motivo pelo qual ela não comparecia, apesar do recente título carioca conquistado.
4 – Ela, torcida, bradava pelo Maracanã, mas um público de pelo menos 25 mil pagantes só se viu uma vez, diante do Joinville, considerando também os clássicos.
Falo aqui da torcida do Rio de Janeiro, não de outros estados, pois esta última frequenta em peso os jogos do Vasco, quando o clube atua fora.
Buscar erros do Vasco ao invés de gritar contra os prejuízos externos, estranhos ao Vasco, cometidos contra o time, fora das regras, como princípio, meio e fim de pensar e agir só motiva a que mais e mais o clube seja prejudicado.
Nós do Casaca! continuaremos mostrando nossa indignação e revolta contra isso, independentemente da maré ser boa ou ruim, da mesma forma como nos dispusemos a pontuar os erros internos na nossa visão cometidos e nos disponibilizamos a ajudar no saneamento deles, diante do espaço que nos foi dado no clube. Acreditamos no Vasco, no time do Vasco, na recuperação do Vasco neste campeonato, mas temos plena noção de quem é a responsabilidade por sua sedimentação não ter vindo há mais de duas rodadas, da forma como este elenco do Vasco fez por merecer ocorrer.
Sérgio Frias