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Jogando contra

Nada justifica as matérias em sequência veiculadas pelos sites O Globo.com e Extra no assunto Copa do Brasil anteontem.

A primeira estatística que serviu como enredo para uma publicação diz respeito à dificuldade de o Vasco reverter placares desfavoráveis nos jogos de volta da Copa do Brasil.

Em 16 oportunidades nas quais perdemos o jogo de ida, obtivemos a classificação no jogo de volta quatro vezes, diante de Santa Cruz (1994), Atlético-MG (1995), CSA (2002) e Bahia (2003).

Noutras três vezes devolvemos o placar do jogo de ida, mas perdemos a vaga nos pênaltis ou no chamado “gol qualificado”, marcado fora de casa contra nós, fato ocorrido contra Sport (2008), Vitória-BA (2010) e Goiás (2013).

O poder de reação do Vasco, mesmo insuficiente para a obtenção de classificação, também se fez presente em 1997 e 1999, ocasiões nas quais após perder o primeiro jogo por diferença de 2 gols o clube obteve na partida de volta uma vitória por um gol de vantagem.

Em cinco oportunidades o Vasco, após perder a primeira partida, empatou a segunda, fatos ocorridos contra o Cruzeiro (1993, 1996, 1998, 2003) e São Paulo no ano passado. Apenas duas vezes a equipe perdeu os dois confrontos, em toda a história, contra o Corínthians em 1995 e o Flamengo em 2006.

Ressalte-se que nas tais disputas (e isso daria uma boa matéria) o Vasco foi prejudicado em lances capitais por cinco vezes e foi beneficiado numa ocasião apenas.

Se em 1994 o Santa Cruz teve um gol mal anulado em São Januário e o Vasco outro, o que não alteraria em nada a classificação cruzmaltina, por quatro vezes a vaga, a possibilidade de levar a disputa para os pênaltis, ou mesmo o impedimento de duas derrotas nos dois embates teve na arbitragem um fator de desequilíbrio.

No ano de 2003 um pênalti claro sobre Edmundo aos 24 minutos do 2º tempo foi ignorado pela arbitragem, quando o placar de 1 x 1 (que seria o resultado final) permanecia. No jogo de ida a equipe mineira havia vencido por 2 x 1.

Em 2006, na segunda partida da decisão, aos 41 minutos do 1º tempo Wagner Diniz sofreu pênalti não assinalado, quando o Vasco perdia para o Flamengo por 1 x 0, o que seria o placar final da partida. No jogo de ida o rubro-negro vencera por 2 x 0.

Em 2008 um gol mal anulado, marcado por Leandro Amaral diante do Sport, quando o confronto estava empatado em 0 x 0, seria decisivo para a classificação do Vasco, visto que a equipe faria ainda 2 x 0 no marcador mais adiante e com o placar de 3 x 0 chegaria à final da competição.

Finalmente em 2013, após derrota para o Goiás por 2 x 1 no jogo de ida, o Vasco vencia pelo mesmo marcador no embate da volta, ainda na primeira etapa, e um gol de Luan foi mal anulado na ocasião. No segundo tempo cada equipe faria mais um gol e o Vasco se veria eliminado da competição por ter levado em casa dois gols e feito fora apenas um. Caso a vitória se desse por 4 x 2, considerando a validação do gol legal marcado por Luan, a vaga seria vascaína.

Um outro dado garimpado, desta vez pelo site oglobo.com, diz respeito ao número de vezes em que o Vasco venceu por dois gols de diferença seus adversários neste ano, o mínimo necessário para obter a vaga às quartas-de-final hoje contra o Santos (dependendo é claro do número de gols que tome do oponente).

Para levar o vascaíno a imaginar ser a diferença de dois gols algo difícil de se acreditar como possível pegou-se como referência a Série B e ignorou-se por exemplo, o Estadual.

Em primeiro lugar, ganhar de 2 x 0 e ter que ganhar de 2 x 0 são coisas distintas. Se basta muitas vezes ao clube ganhar, pouca diferença faz o saldo de gols da partida.

O Vasco este ano venceu 32 das 51 partidas que disputou. Para começar marcou ao menos um gol em 49 delas.

Fora isso, o clube venceu por dois gols ou mais de diferença 11 das 32 partidas nas quais conquistou vitórias. Uma a cada três, arredondando.

E vale destacar que nas partidas nas quais venceu o adversário por um gol de diferença (21 vezes), construiu a vantagem mínima por cinco vezes na primeira etapa. Ou seja, em metade das 32 partidas vencidas pelo Vasco no ano ou o clube obteve a vantagem de dois ou mais gols de diferença ou já teve metade do caminho percorrido antes do intervalo. Convenhamos que se a matéria do oglobo.com fosse mais rica em detalhes a motivação dada ao torcedor vascaíno seria lógica.

Finalmente a infelicidade completa se deu numa matéria veiculada segunda-feira à tarde, num dos sítios eletrônicos ligados às Organizações Globo que tinha como título a seguinte frase: “Bilheterias vazias” e uma foto referendando a manchete.

Mas a torcida vascaína, desfazendo de tudo isso e do comentário absolutamente infeliz do ex-atleta Edmundo no canal Fox Sports sobre o comportamento da massa cruzmaltina (não nos interessa as outras torcidas) em momentos ruins do time e nos momentos bons, encherá São Januário hoje para torcer pelo Bicampeão Carioca Invicto, pelo time que permaneceu sete meses invicto, entre 2015/ 2016, pela equipe do craque Nenê, do craque Andrezinho, da melhor zaga do Rio de Janeiro, da revelação Douglas Luiz, do veloz Madson, do imprevisível, Yago Pikachu, do seguro Martin Silva, do experiente Julio Cesar, que poderá eventualmente ser substituído pela promessa Allan Cardoso, do eficiente Éderson, de volantes e atacantes outros instáveis, mas que podem crescer na hora certa, como todos nós torcemos.

Por outro lado, torcemos também para que o Vasco hoje não experimente qualquer prejuízo de arbitragem capaz de retirá-lo da Copa do Brasil, pois na competição até aqui dois erros capitais foram cometidos contra o clube, em fases anteriores, mas diferentemente do Campeonato Brasileiro, quando para fazer o clube cair foram necessários 14 pontos de tunga (até nos garfando em 11 não cairíamos), na Copa do Brasil um único erro capital pode pôr tudo a perder e nós torcedores estaremos no estádio cobrando de quem é neutro, neutralidade, afinal a arbitragem é regiamente paga exatamente para demonstrar isso em campo, cumprindo as regras do jogo. Nada mais.

Em oposição à maré midiática novamente jogamos contra. Contra o pessimismo e um quase “já perdeu”, exposto de forma quase desavergonhada em textos nos quais o fomento ao desânimo dos vascaínos mostra-se evidente e incoerente, levando-se em conta matérias entusiasmadas a favor de quem este ano foi eliminado da mesma competição pelo Fortaleza, no Estadual pelo seu carrasco Vasco (por 2 x 0), e mesmo com cinco pontos a mais na balança por conta de arbitragens jamais liderou o Campeonato Brasileiro, que tem cheiro verde.

Sérgio Frias

Eu acredito

Tive o cuidado de rever a partida contra o Vila Nova, embora a impressão vista no estádio se coadunasse, no fim das contas, com o observado na telinha.

Inicialmente seria ontem a oportunidade ideal para pôr Fellype Gabriel em campo desde o começo da partida. O treinador disse antes da peleja contra o Tupi e após a partida diante da equipe goiana, que não seria ideal ter o atleta entrando no segundo tempo.

O primeiro erro de Jorginho, neste caso, foi não escalá-lo desde o princípio, pois teria no banco, com fôlego para substituí-lo, Evander ou Mateus Vital e este último encaixaria também muito bem na função, pois é um jogador de frente e entraria sem a responsabilidade de cobrir ninguém diretamente, mas apenas recompor.

O segundo erro foi não ter um cabeça de área, primeiro volante se preferirem, no banco de reservas. Diguinho, apesar de voluntarioso e sem medo de se expor (fato) não esteve bem contra o Santos, perdeu na disputa de cabeça no gol do empate diante do Tupi e tem questionada a titularidade por muitos.

Diante disso, William Oliveira, que foi posto indevidamente em campo na partida contra o Santos, numa função que não é a de um primeiro volante (uma insistência, por sinal), deveria constar no banco de suplentes ontem, a não ser em razão de algum problema físico inibitório disso. Seria uma substituição lógica caso Diguinho ficasse pendurado com um cartão, ou não estivesse agradando. Não houve esse cuidado.

A partida morna, com domínio territorial do Vasco, esquentou com o inesperado gol da equipe visitante.

O Vasco, a partir daí, passou a criar oportunidades, inicialmente com uma bola na trave em belo chute de Pikachu, perdeu mais um gol e quando parecia próximo do empate tomou o segundo em nova desatenção da defesa e saída atabalhoada do assustado Jordi.

Mas a equipe até por volta dos 35 minutos ainda manteve alguma tranquilidade e organização, perdida nos 10 minutos derradeiros, quando chutões e lançamentos passaram a ser a opção ofensiva do time.

Em meio a tudo isso uma fraquíssima partida de Evander, e a certeza de muitos que teríamos na etapa derradeira a óbvia entrada de Fellype Gabriel no lugar do ainda jovem promissor (supondo que Jorginho já esquecera o dito em Juiz de Fora quando justificou a entrada do atleta desde o início do jogo), ou uma grande investida do treinador, com Mateus Vital jogando numa função em que ainda não teve oportunidade no Vasco.

A mexida de Diguinho por Madson, entretanto, foi a ousadia, mas já era a tentativa do conserto de uma má escolha na montagem do banco.

A entrada de Éder Luís no lugar de Evander foi um erro crasso.

O caso daquele que foi um bom ponteiro (extrema, segundo atacante, ou o nome que queiram dar) é a negação de uma realidade.

Não dá mais, por mais que o jogador queira, por mais que se torça, por mais que se elogie a sua volta aos gramados para Éder atuar um tempo inteiro, iniciar uma partida.

A experiência adquirida com anos de futebol, a verve ofensiva e a rapidez em lances curtos podem ser um grande trunfo para o Vasco ainda, desde que seja posto na cabeça do atleta ser ele uma grande opção para o time nos 20 minutos finais de jogo, quando entrará em algumas ocasiões (ou ele ou Caio Monteiro, dependendo do enquadramento da partida) e poderá ser decisivo, como foi diante do Santos na Vila, por exemplo.

A torcida vai entender com o tempo, o atleta vai perceber com o tempo e o trunfo pode ser utilizado para o bem de todos, inclusive do próprio jogador.

Todos ganham e teremos um atleta absolutamente concentrado nisso: em 20 minutos dar tudo e, com certeza, aí sim, mudar jogos, com construções ofensivas, assistências e gols.

O treinador se viu obrigado a tirar Diguinho. Apostou em Madson para abrir o jogo, mas deveria deixar o corredor para o lateral, fazendo com que Pikachu derivasse pelo meio e chamasse a marcação, o que se foi dito não foi feito, mas para a sorte do treinador dois atletas organizavam o Vasco muito bem: Julio dos Santos e Douglas Luiz.

Abra-se um parêntese para dizer que Douglas não é simplesmente um bom jogador, um atleta que toca bem a bola e tal. É um grande nome para o presente e futuro do Vasco. Sabe jogar e deve jogar muito mais.

Correndo do maniqueísmo que muitos textos reproduzem é justo destacar quanto à a escalação do talentoso jogador hoje e a entrada na partida contra o Tupi os méritos irrefutáveis do treinador Jorginho.

A entrada de Douglas, inclusive abriu oportunidade a que Julio Cesar atacasse com mais tranquilidade.

Errou o lateral demasiadamente nos cruzamentos, faltou talvez a ele arriscar mais, invadir a área em lances de fundo e não se desvencilhar da bola em algumas oportunidades, mas sim trabalhá-la melhor.

O setor esquerdo com Douglas ao invés de Andrezinho por ali oportuniza a mais avanços, pois a cobertura é melhor. Mas Julio Cesar, neste novo formato do time (se mantido como foi no primeiro tempo) precisa ganhar uma coisa que ele e Madson perderam: confiança.

São ambos atletas com condição de servirem como válvula de escape do time nas jogadas ofensivas pelas extremas.

O Vasco descontou e partia não para o empate, mas sim para a virada no marcador, o que seria uma grande injeção de ânimo para um grupo muito cobrado (justamente cobrado) atualmente pelo péssimo retorno após a parada do início de agosto. Mas aí Jorginho cometeu seu maior pecado no jogo.

O treinador tirou Julio dos Santos, que organizava de forma inteligente o meio cruzmaltino pelo lado direito, manteve no banco Mateus Vital, Fellype Gabriel e pôs Henrique, que até treina como volante de vez em quando, mas é lateral, não volante, e comprovou isso novamente.

A tentativa, se pensada de que o atleta viesse a se entender com Julio Cesar na lateral, com revezamentos constantes entre meia esquerda e extrema é uma suposição para lá de otimista, lembrando que do lado direito já se tentava, sem sucesso o mesmo.

Por mais incrível que se possa parecer o Vasco jogou 34 minutos com quatro laterais de ofício no time, um meia e três atacantes.

A partir da substituição, o time passou a atuar irremediavelmente desorganizado. Luan tentou, Madson tentou, Éder Luiz foi buscar bolas desde a intermediária do campo defensivo do Vasco, Pikachu foi voluntarioso, Thales (que pesado e sem pique, está jogando sua carreira fora) ficou brigando pela “primeira bola” no alto, Ederson buscou deslocar-se, mas o conjunto se apresentou desfigurado e praticamente inoperante.

Algumas chances foram criadas ainda, mais em bolas paradas, mas apenas pela perseverança de um time completamente desorganizado.

Não tenho a menor dúvida de que o Vasco possui hoje um dos oito melhores elencos do país, possui estrutura, possui comando interno e precisa encara a segundona como de fato ela é: uma competição na qual o clube entra para atropelar e que se tivesse sido planejada pela comissão técnica de forma mais corajosa – após o fim da invencibilidade em junho – poderia ter sido nela dada oportunidade a que nomes de jovens atletas aparecessem mais para o público, atuando regularmente.

Como disse no programa Casaca no Rádio! e repito, poupar os titulares para que atuassem uma vez por semana (seis, sete por jogo ou até mais) e experimentar os reservas, principalmente a base, nos jogos fora, ou ao menos uma vez por semana (caso dois jogos dentro ou dois fora fizessem parte da programação), tudo isso após o fim da invencibilidade histórica do clube (repiso), levaria o treinador a ter boas opções de escalação, a em cada jogo do Vasco disputado no seu estádio haver mais expectativa e presença do torcedor e a se perceber em circunstâncias muitas vezes adversas quais supostos reservas podem ser eventualmente grandes substitutos dos titulares definidos e na ponta da língua da massa vascaína.

Faço esse texto, como tantos outros, no intuito de não só ajudar como demonstrar minha confiança em quem cobro ou critico, dos atletas ao treinador.

Não torço a situação. Tenho plena convicção ser possível para o Vasco no mata-mata não parar no Santos e ter como céu o limite e deixo aqui umas últimas palavras. Que sirvam para algo ou para alguém. Já fico satisfeito com isso.

Quando se tem humildade para internamente admitir erros, perde-se alguma coisa, mas ganha-se o grupo.

Quando se tem coragem para individualmente passar verdades, duras verdades, a insatisfeitos, perde-se o sorriso do atleta momentaneamente, mas ganha-se, muitas vezes, um novo atleta para o futuro, afinal é melhor sorrir vermelho uma vez, do que amarelo sempre.

Quando se tem coerência, perde-se menos e ganha-se mais.

Sérgio Frias

PS: Feliz aniversário, pai.

Ressurreição

 

Foi uma saga!

Tentaram enterrar o Basquete do Vasco e capricharam.

Foram quase sete anos de abandono, na categoria adulto, de um esporte repleto de glórias dentro do clube.

Bicampeão Brasileiro, Bicampeão Sul-Americano, Bicampeão da Liga Sul-Americana, Campeão Mundial FIBA e inúmeras vezes Campeão Carioca.

Dois homens são fundamentalmente os responsáveis pelo basquete do Vasco não ter morrido ou posto à margem no clube. Fernando Lima e o presidente Eurico Miranda.

O Vasco tem a felicidade de possuir em seus quadros um conhecedor profundo do Basquetebol e de suas nuances.

Ele não quer aparecer, ele não quer chamar a atenção, ele não quer ser o foco, mas ele definitivamente é.

Foi ele quem montou o time.

Foi ele quem trouxe Ricardinho para ajudar com sua experiência a harmonizar um elenco que se conheceu há poucos meses e jogou contra o Campo Mourão como se atuasse junto há anos.

Foi ele quem acreditou no trabalho do treinador Christiano Pereira e falava deste nome quando ainda éramos oposição.

Foi ele quem contratou cirurgicamente nossos dois últimos reforços, fundamentais para que atropelássemos na reta final.

Foi ele quem bancou trazer um atleta de 40 anos para jogar o que vimos nesses play-offs.

É ele o grande personagem dessa conquista histórica.

Ele que trabalha em silêncio, mas faz o Vasco jorrar suor, emoção e urros na quadra.

Multicampeão pelo Vasco, desde os tempos de atleta, ele sabe a força do clube.

Desde os tempos de garoto, desde os tempos de arquibancada.

Um apaixonado pelo Vasco, tal qual o pai era, como dito por todos aqueles que conhecem o clube mais à fundo.

Eu imagino como estaria se fosse vivo Luiz Arijó de Lima vendo o filho fazer ressuscitar o basquete do Vasco, após tudo ter sido feito para fazê-lo morrer de vez.

E aqui deixo o meu testemunho de que na única reunião de diretoria da qual participei nessa gestão, o Vasco vinha mal, Fernando foi chamado a falar e disse que precisava da contratação de dois atletas para fazer o time virar o jogo. E recebeu de Eurico Miranda a seguinte resposta: Então contrata. E vamos partir para ganhar! Mas não falou com qualquer receio. Falou com segurança. A segurança que transmite a todos segurança.

Parabéns aos envolvidos pela conquista. Vocês puseram o Vasco no lugar dele.

Parabéns, Fernando, por tudo!

Parabéns, Eurico, pelo de sempre!

Sérgio Frias

Vasco hoje (06/06/1993 & 06/06/1999) – Uma data, um vice, dois bis, duas taças

 

Num espaço de seis anos exatos duas Taças Rio foram conquistadas pelo Vasco. Em 1993 após um confronto frente ao Fluminense e em 1999 contra o Flamengo.

O tradicional segundo turno do Campeonato Estadual foi ganho pelo Gigante da Colina ao todo em nove oportunidades: 1984, 1988, 1992 (invicto), 1993, 1998, 1999 (invicto), 2001 (invicto), 2003 (invicto), 2004.

Em 1993, o clássico diante do tricolor definiria a sorte do Flamengo na competição. O Flu, já campeão da Taça Guanabara, estava fora e tinha apenas a motivação de vencer o Vasco e, com isso, provocar uma partida extra entre os dois outros rivais.

O empate bastava para a equipe de São Januário levantar o caneco e ir com vantagem de um ponto para a decisão a ser definida em até três jogos, enquanto uma derrota o classificaria para ela, mas sem a certeza da vantagem do ponto extra contra o time das Laranjeiras, pois só seria confirmado isso caso passasse pelo Flamengo no confronto suplementar, que definiria finalmente o campeão da Taça Rio.

No dia do jogo, entretanto, ainda pela manhã, algumas rádios anunciavam ter o Flamengo uma interpretação diferente do regulamento, manifestando entendimento no sentido de o Vasco só ter garantida a vaga nas finais caso não perdesse para o Fluminense.

A norma da competição previa que se uma equipe fizesse a melhor campanha no somatórios dos dois turnos, teria vaga garantida na fase decisiva e se tivesse ainda ganho um dos turnos, levaria um ponto de vantagem na disputa contra o campeão do outro turno.

Em caso de empate de duas ou mais equipes na pontuação geral, valeriam os critérios de desempate: vitórias, saldo de gols, gols pró.

Como o Vasco havia somado dois pontos a mais que o Fluminense em todo o campeonato até ali e tinha 15 vitórias contra 13 do adversário, já estava automaticamente classificado para a decisão, mesmo se sofresse uma derrota na última rodada.

Mas os dirigentes rubro-negros entenderam diferente. Para eles só estaria classificada uma equipe que não ganhasse os dois turnos caso ela fosse isoladamente a maior pontuadora do certame.

A tese oriunda da Gávea caía por terra em se considerando a hipótese de cada clube ganhar um turno e na soma geral terminarem ambos empatados. Não haveria ponto de bonificação neste caso? Claro que sim, utilizando-se os critérios de desempate.

A manifestação flamenga tinha como objetivo encher de brios o Fluminense. Baseado na tese, o tricolor, caso vencesse o Vasco impediria cabalmente que o rival tivesse alguma vantagem na final. Enfrentaria, então, a equipe dirigida por Edinho, Vasco ou Flamengo – quem fosse o Campeão da Taça Rio após o jogo extra – em igualdade de condições, embora o regulamento, voltando a frisar, não permitisse isso.

A infantil interpretação tomou razoável espaço na mídia e o Vice-Presidente de Futebol do Vasco, Eurico Miranda – à época também segundo Vice-Presidente Administrativo do clube – foi a algumas rádios tranquilizar o torcedor cruzmaltino sobre o direito do clube estar garantido e passar otimismo quanto à conquista da Taça Rio naquele mesmo dia, dada a vantagem do empate caber ao Vasco no embate.

O jogo começou animado e logo na primeira chance clara de gol, aos 11 minutos, Valdir faturou o primeiro do Vasco, encobrindo Ricardo Pinto em chute forte e bem colocado, após bola levantada por Alê do campo de defesa e dupla falha da zaga tricolor, a última delas do zagueiro Luís Fernando, responsável por enviar a pelota de presente para o artilheiro do Campeonato Carioca.

Aos 22 minutos, em escanteio, cobrado da direita por Sérgio Manoel, Ézio, próximo à primeira trave, se antecipa à zaga cruzmaltina e raspa de cabeça, mandando às redes. Tudo igual no clássico.

Aos 24 Valdir faz falta feia na direita do campo de defesa vascaíno, próximo à linha lateral e leva o cartão amarelo.

Aos 32 quase a virada tricolor. Pires dividiu com Leandro Ávila e a bola chegou a Sérgio Manoel na esquerda. Dali partiu o cruzamento. Ézio entrou de cabeça, mas errou o alvo, perdendo grande chance de marcar.

O segundo tempo seria envolto por uma grande polêmica. O árbitro Aluísio Viug não se apercebe, mas dá o segundo cartão amarelo para Valdir, achando que havia aplicado apenas o primeiro e não expulsa o atleta. Alguns jogadores do Fluminense alertam Viug para o fato, mas o árbitro não toma conhecimento.

Logo em seguida, o repórter da Rádio Globo, Pierre Carvalho, atrás do gol defendido por Ricardo Pinto, chama à atenção para o fato com certo alarde, o que leva alguns atletas do Vasco a confrontá-lo, quando insistia em chamar a atenção para o fato. O atacante ficaria indevidamente mais 16 minutos em campo, até o juiz ser alertado pelo quarto árbitro do erro cometido.

Aos 27 o tricolor ataca e após cruzamento da esquerda, Macalé cabeceia para o meio da área e Ézio dá uma meia bicicleta em direção ao arco vascaíno, mas Márcio defende firme.

Aos 33 Geovani leva entrada dura de Serginho e revida com uma cotovelada, mas Aluísio Viug, embora visse tudo, não manda ninguém para o chuveiro mais cedo.

Após o fim da partida, sururu em campo. Vários jogadores de Vasco e Fluminense partiram para agressões mútuas e o garoto Hernande saiu com a boca ferida, fruto de um soco desferido pelo tricolor Serginho, após ter sido empurrado por Lira. O jogador tricolor, por sua vez, afirmou ter ido tomar satisfações com Hernande pelo fato de ter levado um tapa na cara do atleta, que atingira Sérgio Manoel, sem bola, próximo do apito final. Dirigentes vascaínos interferiram e o preparador físico do Fluminense, Alexandre Monteiro também foi agredido.

O Vasco chegava ao seu primeiro bicampeonato da Taça Rio e partia para a final do estadual com um ponto de vantagem sobre o Fluminense, numa melhor de até três jogos. O Flamengo, por sua vez, era bi-vice da Taça Rio e estava fora da decisão do campeonato.

Uma série de faltas antidesportivas, agressões sem bola, cotoveladas e indisciplinas foram vistas de ambas as partes durante toda a partida e não seria exagero nenhum terem ocorrido cinco, seis expulsões no jogo. As consequências da falta de atitude do árbitro em campo levaram às agressões pós jogo. Não se sabia, entretanto, o que prevaleceria nos duelos decisivos: futebol ou pancadaria.

O Globo (07/06/1993)

Seis anos depois, Vasco e Flamengo fariam uma decisão direta pelo título da Taça Rio.

Para o rubro-negro, que já conquistara a Taça Guanabara, uma vitória daria o título de Campeão Carioca daquele ano, enquanto um simples empate levaria o Vasco à conquista do bicampeonato da Taça Rio pela segunda vez e, por conseguinte, à decisão do Estadual contra o mesmo adversário.

O Flamengo tinha Romário como seu maior ícone e na Taça Guanabara o artilheiro fora importante marcando belo gol contra o rival, o segundo, na vitória por 2 x 1, válida pela última rodada. Naquela oportunidade as circunstâncias eram as mesmas. O Vasco jogava apenas pelo empate.

Durante o segundo turno a equipe de São Januário ficou sem Luizão, que saiu para o exterior, mas trouxe Edmundo, numa contratação vultosa.

A estreia, com pompa, ocorreu na última rodada, quando bastava ao Vasco derrotar o Botafogo para chegar ao título da Taça Rio, mas a atuação discreta do craque e o empate em 1 x 1 causaram dupla frustração na torcida e puseram o Flamengo no páreo novamente.

Além da briga pelo título da Taça Rio havia também a luta pela vantagem nas finais do estadual. Embora o Vasco precisasse apenas do empate para garantir o título do returno e o ingresso à decisão, somente em caso de vitória levaria a vantagem de jogar por dois resultados iguais. Se a partida terminasse empatada, caberia ao Flamengo o handicap.

Era a hora da verdade para dois craques. Capitães das duas equipes. No cara ou coroa deu Edmundo contra Romário. Agora era ver de quem seria a vitória quando a bola rolasse.

Logo aos 2 minutos, Rodrigo Mendes escapou pela esquerda e cruzou à meia altura. Géder afastou, mas o rebote sobrou para Beto, dentro da área, chutar em gol. A bola bateu no peito de Odvan, posicionado próximo à marca do pênalti. Felipe puxou o contra-ataque e serviu a Edmundo, que teve de dividir com a zaga rubro-negra o lance, próximo ao meio campo. Paulo Miranda também envolto na briga pela bola bateu prensado, buscando Donizete. O toque muito longo chegou às mãos de Clemer, mas o zagueiro rubro-negro Luís Alberto, responsável pela cobertura, deixou o braço no atacante vascaíno – quando este acelerava para chegar na bola – a um passo da grande área. O árbitro Vagner Tardelli deixou o lance seguir.

Aos 17 Vágner gira em cima do marcador e dá a Edmundo na direita, que invade a área e cruza com muita força para a pequena área. A bola bate na coxa de Donizete e vai para fora.

Aos 25, em manobra ofensiva rubro-negra pela esquerda, cruzamento na área do Vasco, na direção de Caio. A pelota passa pelo atacante e Romário ainda consegue tocá-la com a ponta do pé, mas sem obter o domínio da redonda. Felipe, que marcava Romário no lance, puxa o baixinho em seguida e este aproveita para cair no solo, quando chegar até a bola já era difícil, dada a cobertura da zaga. O juiz manda o jogo correr.

As duas equipes atuam de forma dura e alguns entreveros ocorrem entre os atletas, mas apaziguados pelo árbitro.

Aos 44 Donizete recebe frente à frente com Clemer, mas atira para fora, perdendo uma oportunidade incrível. O bandeirinha, no entanto, marcara um impedimento absurdo do atleta vascaíno, quando dois adversários davam condição a ele. Para a sorte do auxiliar, Donizete perdera o gol.

Na volta do intervalo se esperava mais emoção e menos faltas. No campo pesado, consequência do tempo chuvoso, sobrara até ali muita discussão, mas pouco futebol.

Aos dois minutos Zé Maria cruza da direita, mas Donizete, já dentro da área, não consegue ter domínio da bola, que sai pela linha de fundo, quando era boa a condição para o arremate, apesar da marcação próxima de um adversário.

Aos 17 Zé Maria cobra falta da direita, Clemer sai mal do gol e Edmundo cabeceia para as redes. Delírio da galera cruzmaltina. Vasco 1 x 0.

Aos 22 Donizete é lançado e toca a Edmundo livre, que tenta um lance de efeito, batendo por cobertura, mas pega muito mal na bola, perdendo grande chance de aumentar o placar.

Aos 29, Fabiano Cabral é lançado em completo impedimento e atira para o gol, mas o bandeirinha assinala a infração, frustrando a vibração rubro-negra.

Aos 39 Ramon, que entrara no lugar de Vágner, lança Paulo Miranda. O meia avança e já próximo à área tem a opção de dar a Zé Maria, posicionado livre, junto à linha lateral, mas prefere travar a pelota e busca o passe a Edmundo mais atrás. A devolução de primeira deixa Paulo Miranda cara a cara com Clemer, mas o chute de esquerda é salvo pelo goleiro, com os pés.

Aos 43 o Fla parte para o abafa. Em cobrança de falta efetuada por Beto, Pimentel consegue efetuar o cabeceio, mas Carlos Germano, seguro, pratica a defesa.

Aos 47 Athirson cobra falta próxima à entrada da área, mandando para o tumulto. Há o cabeceio. A bola passa por Carlos Germano, mas vai para fora.

Aos 48 Maricá, substituto de Zé Maria, lança Paulo Miranda. O meia dá a Ramon que avança pela direita e cruza. Edmundo surge e cabeceia firme para o fundo das redes. Fatura liquidada. Vasco 2 x 0.

Ao fim do jogo, Edmundo repetia o enredo do último confronto dele contra o Flamengo um ano e meio antes. Tal qual no Brasileirão de 1997 fora decisivo e letal. Se naquela oportunidade só não havia feito chover, desta vez o tempo deixou dúvidas sobre o poder do craque.

O Globo (07/06/1999)

Outros jogos do dia 06 de junho:

Vasco 4 x 3 Bonsucesso (Carioca 1934)

Combinado de Skeid-NOR 0 x 2 Vasco (Amistoso 1961)

Central de Barra do Piraí 0 x 3 Vasco (Amistoso 1976)

Vasco 3 x 1 Bonsucesso (Carioca 1979)

Sampaio Correia 2 x 5 Vasco (Torneio Governador Ivar Saldanha 1982)

Taguatinga 0 x 1 Vasco (Amistoso 1984)

Vasco 1 x 0 Grêmio (Libertadores 1998)

Vasco 4 x 2 Náutico (Brasileiro 2012)

Casaca!

Vasco hoje (31/05/1953) – Contra a vontade do árbitro

 

O Torneio Rio-São Paulo de 1953 chegava próximo ao fim, completamente indefinido.

O Vasco pegaria o líder Corínthians na penúltima rodada e estava na vice-liderança, junto ao São Paulo, três pontos atrás do seu adversário naquela tarde de domingo. O time do Parque São Jorge tinha, entretanto, um jogo a mais que seus concorrentes diretos pelo título.

Vencendo o clássico, o Vasco chegaria à liderança da competição por pontos perdidos (isolada ou dividida com o São Paulo dependendo do resultado a ser colhido pelo tricolor paulista na mesma tarde frente ao Flamengo no Pacaembu).

Antes dos jogos de domingo da penúltima rodada a situação era esta:

1º Corínthians – 12 pontos em 8 jogos

2º Vasco e São Paulo – 9 pontos em 7 jogos

2º Botafogo – 10 pontos em 9 jogos

3º Vasco e São Paulo – 9 pontos em 7 jogos

5º Fluminense – 9 pontos em 9 jogos

6º Palmeiras – 8 pontos em 9 jogos

7º Flamengo – 7 pontos em 7 jogos

A equipe cruzmaltina ainda se ressentia da ausência de Ademir, lesionado, substituído por Genuíno, autor de três gols em sete jogos, dois deles fundamentais para a vitória diante do São Paulo (1 x 0) e empate contra o Palmeiras, fora de casa (1 x 1).

Maneca e Sabará com dois tentos marcados cada eram também esperanças de gol no time, enquanto, Ely, Friaça e Chico haviam deixado suas marcas uma única vez no torneio.

O Vasco vinha invicto há 34 jogos, mas uma surpreendente derrota na rodada anterior por 4 x 1 diante do Fluminense parecia pôr tudo a perder.

O Expresso da Vitória já havia garantido o Campeonato Carioca de 1952 no início da temporada, vencera o Quadrangular Internacional do Rio, derrotando o Flamengo na final por 5 x 2 e ainda conquistara o Torneio de Santiago pouco depois, superando na decisão o time da casa, Colo-Colo, por 2 x 0.

Logo após a disputa interestadual, seria jogado no Rio e em São Paulo o Torneio Rivadávia Corrêa Meyer e os dois melhores cariocas na tabela se classificariam para o certame intercontinental.

A partida trouxe tamanho interesse a ponto de a torcida corintiana agrupar-se em cerca de 5.000 veículos, entre camionetes, carros de praça e particulares para ir ao Rio assistir seu time, afinal uma vitória sobre o Vasco garantiria o título para o clube. Estimou-se um público de 10 a 15 mil corintianos presentes ao jogo. O público total da partida foi de 77.881 pessoas.

A Noite (01/06/1953)

Flávio Costa surpreendeu na escalação pondo Alvinho no lugar de Ipojucan e Vavá na vaga de Genuíno.

Após um início pouco objetivo, mas mesmo assim com o comando das ações, o Vasco passou a chegar mais próximo da meta adversária e numa bola de Alvinho a Chico quase abriu o placar. O ponta tentou deslocar o arqueiro Cabeção mas tocou fraco, perdendo boa oportunidade.

Aos 42 minutos Alvinho recebeu bola esticada por Chico, atirou certeiro no canto esquerdo, mas inesperadamente surgiu o zagueiro Olavo, evitando a queda iminente da cidadela defendida por Cabeção.

O panorama na segunda etapa não foi modificado. Vasco no ataque, Corínthians atuando à base de contragolpes.

Aos 8 minutos do segundo tempo, Baltasar, partindo em arrancada, desferiu potente chute em direção à meta vascaína. Osvaldo Baliza já estava batido no lance, mas Bellini, de cabeça, impediu a abertura da contagem.

Aos 12 Vavá, perseguido de perto por um defensor contrário, esticou a pelota ao ponteiro Chico, que partiu célere para a área corintiana, sofreu falta, levou vantagem no lance, avançou e atirou violentamente, consignando o tento, mas o árbitro João Etzel anulou a jogada marcando falta no início da jogada, para irritação do ponteiro vascaíno.

Aos 17 Genuíno e Ipojucan entraram nos lugares de Alvinho e Vavá, enquanto no Corínthians Lorenzo substituía a Roberto Belangero.

Aos 23 e 25, duas mexidas no Corínthians: Julião entrou no lugar de Idário e dois minutos depois Nardo ocupou a vaga deixada por Baltasar.

Logo em seguida Genuíno perdeu grande chance de abrir o escore a favor do Vasco. O lance mais uma vez foi paralisado de forma incorreta pela arbitragem, com a marcação de impedimento inexistente do atacante vascaíno.

Aos 30, em cobrança de falta, quase Claudio vence o goleiro Osvaldo Baliza. A bola bateu no travessão.

A partir daí o time de São Januário foi todo ataque, mas encontrava dificuldades para chegar ao gol da vitória.

A dois minutos do fim, Mirim passou a Sabará, o ponteiro desvencilhou-se de Olavo e a meio metro da linha de fundo cruzou para a área. A pelota encontrou Ipojucan e este inteligentemente abriu as pernas, vislumbrando a chegada de Chico, que vinha na corrida e fuzilou para o gol, enlouquecendo a massa cruzmaltina. Vasco 1 x 0.

Quase no apagar das luzes o Corínthians atacou e Carbone, de virada, arrematou para o gol. A bola passou por debaixo do corpo de Osvaldo Baliza, mas saiu pela linha de fundo.

Final de partida e a vitória vascaína por 1 x 0, combinada com o empate no Pacaembu entre São Paulo e Flamengo (0 x 0), punham o Almirante dependendo apenas de si para se sagrar campeão.

A imprensa fez muitos elogios à atuação de Bellini, considerando alguns que o beque ganhara a condição de titular em definitivo devido à performance apresentada. Dos jornais sobraram elogios também a Augusto, Mirim, Jorge, Sabará, Maneca, Ipojucan e Chico, autor do tento decisivo. No Corínthians os destaques foram Cabeção, Olavo e Goiano, todos elementos de defesa.

Encerrado o duelo, João da Silva, dirigente vascaíno, exclamou emocionado uma frase que seria manchete no jornal “Última Hora”: “Esse além de ladrão é cínico”.

Os jornais foram unânimes em afirmar que o árbitro João Etzel havia prejudicado o Vasco na partida.

A vitória cruzmaltina classificou matematicamente o Vasco para o Torneio Octogonal Intercontinental Rivadávia Corrêa Meyer. A segunda vaga ficaria entre Flamengo e Botafogo. O rubro-negro precisaria vencer o Bangu na última rodada para fazer uma partida extra contra o alvinegro para se definir qual seria o segundo representante carioca na competição.

O Vasco teria de vencer o Santos na Vila Belmiro em partida válida pela última rodada para, enfim, ser campeão. Caso houvesse empate no confronto decidiria o título diretamente contra o Corínthians, ou num triangular do qual participaria também o São Paulo, na hipótese de o tricolor paulista derrotar a Portuguesa de Desportos na mesma data.

Três dias depois do triunfo obtido no Maracanã, mais uma vez a arbitragem prejudicou o Vasco, desta feita contra o Santos, não assinalando o auxiliar impedimento de Vasconcelos no lance do terceiro gol praiano (o jogo estava empatado em 2 x 2 com o Vasco pressionando incessantemente a meta adversária). Nicácio seria o autor do tento irregular, após rebote dado por Osvaldo Baliza em conclusão de Vasconcelos. O placar final foi mesmo 3 x 2 para a equipe da Vila.

Com a surpreendente derrota vascaína e outra do São Paulo para a Portuguesa de Desportos, o Corínthians se sagraria Campeão do Torneio Rio-SP.

Menos de um mês depois o Expresso da Vitória repararia a injustiça, derrotando a equipe do Parque São Jorge por duas vezes consecutivas, eliminando-a da competição intercontinental e chegando à final. O Vasco seria o Campeão Invicto do Torneio Rivadávia Corrêa Meyer, derrotando o São Paulo por duas vezes, no Pacaembu e no Maracanã, dias depois.

E quanto ao Flamengo? Para desespero do presidente Fadel Fadel na última rodada do Rio-São Paulo o bando rubro-negro foi derrotado pelo Bangu por 2 x 1, dando de bandeja a vaga do Octogonal Intercontinental para o Botafogo. O alvinegro, por sinal seria mais uma das vítimas do Vasco na referida competição, perdendo a vaga para as semifinais após ser derrotado pelo tradicional algoz na fase inicial por 2 x 1.

A Noite (01/06/1953)

O Globo (01/06/1953)

O Globo (01/06/1953)

Jornal dos Sports (01/06/1953)

Outros jogos do Vasco em 31 de maio:

Vasco 4 x 0 Helênico (Carioca 1925)

Andarahy 0 x 2 Vasco (Amistoso 1936)

Vasco 2 x 0 Canto do Rio (Carioca 1942)

Vasco 1 x 0 América (Carioca 1931)

Andarahy 0 x 2 Vasco (Amistoso 1936)

Vasco 2 x 0 Canto Do Rio (Carioca 1942)

Vasco 3 x 1 Portuguesa (Carioca 1969)

Vasco 4 x 1 Caxias-RS (Brasileiro 1978)

Sport Club Juiz de Fora-MG 0 x 1 Vasco (Taça Cidade Juiz de Fora 1987)

São Cristovão 0 x 2 Vasco (Carioca 1993)

Vasco 2 x 1 Grêmio (Brasileiro 2008)

Casaca!

Vitória contra o circo

A superioridade do Vasco incomodava a chamada “turma do arco-íris”.

Flamengo, Fluminense e Botafogo faziam patética campanha nos gramados do Rio de Janeiro pelo Estadual e papelões fora deles.

Inconformados com o adiantamento e atrasos de alguns jogos do Vasco na competição (o clube estava disputando três competições ao mesmo tempo, Carioca, Copa do Brasil e Libertadores) o trio de lata tentou de todas as formas esvaziar o estadual.

O rubro-negro da Gávea tentara ainda superar o Vasco na Taça Guanabara, mas com o empate na decisão, que favorecia o Vasco e sua pífia performance no início do returno optou mesmo por sabotar a competição.

O campeonato naquele ano era disputado por apenas oito equipes e já na segunda rodada do returno apenas o Vasco mantinha 100% de aproveitamento, tendo derrotado o Americano, em Campos, por 1 x 0 e o Friburguense no estádio de São Januário por 3 x 1. Flamengo e Botafogo, que se enfrentaram na segunda rodada já haviam perdido quatro pontos cada, enquanto o Fluminense deixara dois pontos em Campos diante do Americano.

Com a partida de volta das oitavas-de-final marcada contra o Cruzeiro para o dia 02/05 o clube se viu impossibilitado de enfrentar o Fluminense no clássico do dia 03 e aproveitou o meio de semana para solicitar a antecipação de uma das suas partidas naquele certame contra o Madureira. Isso antes da disputa da segunda rodada. Os tropeços dos outros três cariocas trouxeram questionamentos posteriores à rodada sobre a antecipação da partida diante do Madureira. Começava aí a tentativa do trio de lata de sabotar a competição.

Na quarta-feira, 29 de abril, tranquila vitória do Vasco sobre o Madureira por 2 x 0.

Enquanto no sábado o Gigante da Colina despachava o Cruzeiro, classificando-se às quartas-de-final da Libertadores, no domingo o trio de lata tinha uma baixa definitiva. O Botafogo fora derrotado pelo Bangu por 2 x 1, que, àquela altura já se encontrava à frente de Flamengo e do próprio Botafogo, mas o alvinegro se via em posição desesperadora. Somara apenas 2 pontos em três jogos, contra 9 do Vasco no mesmo número de partidas.

Faltando quatro rodadas para o fim seria fundamental uma vitória sobre o Vasco duas rodadas após e principalmente bater o Fluminense no meio de semana.

Temendo prejuízos pelas fases dos dois clubes os dirigentes de Flu e Bota resolveram tirar a partida do Maracanã e jogá-la em Olaria, mas a mudança não trouxe um bom futebol entre ambos e o empate pelo placar de 1 x 1 foi péssimo para a dupla.

Na mesma rodada o Flamengo passou pelo Friburguense fora de casa e passou a depender de um tropeço do Vasco para permanecer com chances de conquistar o turno e com isso ter o direito de enfrentar o adversário na final do estadual.

Já o jogo do Vasco teve que ser adiado para a semana seguinte pelo fato de o Gigante da Colina ter marcado para si jogos da Copa do Brasil no dia 07 e 12 diante do São Paulo, na capital paulista e no Rio, respectivamente. A partida diante do Bangu, inicialmente marcada para o dia 06, passaria para 14/05. Vale ressaltar que o trio de lata estava todo ele eliminado da Copa do Brasil àquela altura.

O Vasco viveria uma autêntica maratona. Atuaria contra o São Paulo no dia 07, Botafogo (10/05), São Paulo (12/05), Bangu (14/05) e Flamengo (17/05).

Com 3 pontos em 4 jogos e podendo chegar no máximo a 12 a equipe de General Severiano dependeria de uma vitória sobre o Vasco, mais outras duas no certame e ainda torcer para que os cruzmaltinos não fizessem mais de três pontos nos outros três jogos contra Flamengo, Bangu e Fluminense, mas também tinha de torcer para tropeços de Flamengo e Bangu, equipes que não enfrentaria mais, nos três jogos restantes. Cada um deles poderia fazer no máximo quatro pontos nos últimos três jogos a serem disputados e ainda teria de torcer para o Fluminense, até ali com cinco pontos ganhos, perder mais cinco pontos nos últimos quatro jogos, lembrando que haveria vários confrontos diretos entre os envolvidos.

Foi aí que o circo começou. Praticamente eliminado do campeonato o Botafogo afirmou não aceitar entrar em campo para disputar seu último clássico contra o Vasco que disputaria apenas o seu primeiro no returno. Com isso o alvinegro não foi a campo no domingo ficando passível de sofrer um W.O.

Na mesma rodada, a quinta das sete, o Fluminense foi derrotado pelo Madureira por 1 x 0, ficando distante do título, com 7 pontos perdidos, enquanto o Bangu ao empatar diante do Americano na terça-feira, 12 de maio chegaria ao sexto ponto perdido no returno.

No dia 13/05, véspera de Bangu x Vasco era, portanto, esta a situação do campeonato:

Vasco – 3 jogos – 0 ponto perdido e na expectativa pela confirmação do W.O. a seu favor na partida contra o Botafogo

Flamengo – 5 jogos – 4 pontos perdidos

Bangu – 5 jogos – 6 pontos perdidos

Fluminense – 4 jogos – 7 pontos perdidos.

Com a confirmação do W.O. favorável ao Vasco estariam eliminados matematicamente Americano, Botafogo, Friburguense e Madureira.

Na mesma data, entretanto, um confronto direto poderia eliminar o Fluminense da competição, caso fosse derrotado ou empatasse com o Flamengo no clássico Fla x Flu, considerando a adjudicação dos pontos ao Vasco referente ao jogo diante do Botafogo não disputado por ausência do alvinegro no gramado.

O rubro-negro, por sua vez, mesmo derrotando o adversário, teria de esperar pela perda de mais um ponto do Vasco nos últimos três jogos.

A dupla, entretanto, não foi a campo a 13/05, protagonizando (pela ausência) um duplo W.O. para ambos. O motivo foi a mudança de local da partida. Do Maracanã para o estádio do Bangu. Vale lembrar que isso ocorreu uma semana após Fluminense e Botafogo preferirem Olaria ao Maracanã para a realização do clássico entre ambos.

Com isso bataria ao Vasco, no dia seguinte, vencer o Bangu e ter confirmada a adjudicação dos pontos para si, concernentes ao jogo contra o Botafogo, não realizado diante do fato de o alvinegro não ter comparecido a campo quatro dias antes, o que foi confirmado em julgamento ocorrido no dia seguinte.

Posteriormente o W.O duplo foi confirmado para a dupla Fla x Flu, o Flamengo ainda tomou outro por não ter comparecido para enfrentar o Vasco no Maracanã, a 17 de maio e na última rodada o Vasco, já campeão e na festa das faixas, foi derrotado pelo Fluminense por 2 x 0.

A equipe campeã estadual no ano do centenário

O jogo

Na primeira etapa o Bangu conseguiu ainda equilibrar as ações e até ameaçou mais a meta contrária que o adversário.

Logo aos cinco minutos Donizete cabeceou para o gol, mas o lateral banguense Flavinho estava no caminho e desviou a bola, impedindo a inauguração do placar.

A equipe de Moça Bonita quase abriu a contagem com um chute de André Biquinho rente à trave e o mesmo jogador atirou mais duas vezes em gol na primeira etapa, proporcionando ao goleiro Márcio praticar boas defesas.

O Vasco voltou para o segundo tempo já sabendo da adjudicação dos pontos da partida do Botafogo, confirmada no TJD e partiu concentrado para a obtenção do título por antecipação.

Logo no início, Nasa chutou forte e no rebote do goleiro Donizete desperdiçou a chance. Aos 12 minutos o mesmo Nasa foi derrubado na entrada da área. Juninho cobrou a falta, que bateu na barreira e quase foi morrer no ângulo de Alex. Passou muito perto.

O jogo ganhava contornos de dramaticidade para o Vasco e o nervosismo em campo foi evidenciado com o desentendimento entre o lateral Felipe e o banguense Edilson, aos 18 minutos. O árbitro Ubiraci Damázio mandou os dois mais cedo para o chuveiro. Pouco depois, aos 26, Marcão, do Bangu, também foi expulso pelo juiz, após agarrar Pedrinho, cometendo falta grosseira.

A equipe cruzmaltina seguia na pressão. Alex ainda praticou duas grandes defesas, mas o gol teimava em não sair.

A essa altura não havia mais gandulas para repor em jogo as bolas atiradas para fora e a um minuto do fim, faltaria também luz no estádio de Moça Bonita.

Os banguenses queriam o fim da partida daquela forma mesmo, sem acréscimos quaisquer, enquanto o Vasco, através de seu treinador Antônio Lopes, brigava pelo contrário, mas apenas com a chegada de Eurico Miranda ao campo de jogo e após conversa com o árbitro da partida naquele local houve uma decisão de bom senso. Cercado por imprensa e alguns atletas, Ubiraci Damázio definiu que haveria a disputa de três minutos após o retorno de energia.

Logo depois, Eurico Miranda, questionado a respeito dos protestos do trio de lata do estadual (Flamengo, Fluminense e Botafogo, os qualificou todos como quadrilheiros e disse não saber apenas quem era o chefe da quadrilha.

Quase 30 minutos se passaram mas a luz enfim voltou e a partida foi reiniciada. O Vasco subiu para o ataque em busca do gol que lhe daria o título e o Bangu entrincheirado fazia tudo para não tomá-lo.

No segundo dos três minutos de acréscimo previstos, entretanto, Odvan lançou para a área, a zaga banguense rebateu, Juninho tocou por cobertura para o meio e Mauro Galvão, vindo por trás da defesa alvirrubra, tocou por cima de Alex, marcando o gol do título vascaíno.

Os jogadores do Bangu reclamaram impedimento (inexistente), como se num “choro” representassem o trio de lata do estadual, frustrado com o título cruzmaltino iminente no ano do centenário do clube.

Mais uma minuto quase foi jogado sem qualquer mudança no placar e o Vasco, passando por cima de seus adversários, disputando três competições ao mesmo tempo, com o melhor elenco do Rio de Janeiro e sem adversário (literalmente) em alguns jogos pôde erguer a Taça Rio, segundo turno do estadual, e, por conseguinte, ter ratificada a conquista do Campeonato Carioca.

O sonho de muitos num ano tão emblemático foi, de fato, conseguido por poucos, afinal fazer história depende muitas vezes de não se deixar levar por “barrigadas” do destino.

Gonçalvez diz que dirigentes de Botafogo (seu clube na época), Flamengo e Fluminense prejudicaram o campeonato, pois sabiam que o Vasco era o melhor time.

Jornal O Globo (15/05/1998)

Outras vitórias do Vasco em 14 de maio:
CRB 0X2 VASCO (BRASILEIRO 1978)

VASCO 2 X 0 AMÉRICA (CARIOCA 1988)

VASCO 2X0 CEARÁ (COPA DO BRASIL 1993)

VOLTA REDONDA 0X3 VASCO (1995)

CORINTHIANS-AL 1X3 VASCO (COPA DO BRASIL 2008)

Vasco hoje (13/05/1923) – Tempos de afirmação

 

Todos sabem quão difícil foi para o Vasco comprovar para a elite do futebol carioca seu valor no início dos anos 20 do século passado.

Apesar de já ter disputado três partidas no certame carioca da primeira divisão naquele ano e obtido duas vitórias convincentes, contra Flamengo e Botafogo, apagando a desconfiança deixada na rodada inicial, após a fraca atuação e o empate diante do Andarahy, o jogo esperado por todos era o do time miscigenado cruzmaltino contra o campeão da cidade, América, em Campos Sales, território rubro.

Correio da Manhã – 14/05/1923

A equipe da casa não fazia lá uma grande campanha. Apesar da boa estreia diante do São Cristovão, quando goleou por 4 x 1, o revés diante do Bangu logo na segunda rodada, fora de casa, por retumbantes 6 x 1, com show dos ponteiros Nestor e Antenor, deixou os torcedores americanos com o cabelo em pé e a última disputa diante do Andarahy, sem abertura da contagem pelas equipes, desagradou definitivamente a todos no clube. Vencer o Vasco era, diante disso, embolar o campeonato e comprovar que o bi não era apenas um sonho, mas algo plausível de ocorrer naquela temporada.

Às 16 horas em ponto começou a peleja.

Na primeira meia hora nenhuma grande chance das duas equipes, mas mesmo assim o trabalho dos arqueiros Nelson Conceição, pelo Vasco e Mirim, defendendo a meta rubra com duas seguras defesas cada um.

Aos 33 minutos o gol do Vasco. Arlindo recebeu de Torterolli, levou a bola pelo centro e próximo aos beques adversários viu uma brecha dada pelo zagueiro Álvaro Martins, do que se aproveitou para marcar, abrindo a contagem.

Na segunda etapa o América voltou pressionando. O vascaíno Nicolino tocou a bola com a mão dentro da área e em seguida cedeu escanteio. O árbitro Mário Araújo, do Clube de Regatas do Flamengo, não marcou a penalidade, preferindo assinalar o tiro de canto. Na cobrança excelente defesa de Nelson, em cabeçada executada por Simas. Pouco depois Mattoso chutou e Nelson defendeu. Em seguida, nova chance desperdiçada por Simas, após receber bom passe de Oswaldinho.

A reação do Vasco se deu com Arlindo, obrigando Mirim a uma boa defesa, mas na sequência nova ação ofensiva do América. Os rubros desperdiçaram a chance do empate com Gonçalo, que chutou encobrindo a trave, após defesa parcial de Nelson.

O Paiz – 14/05/1923

Uma falta desleal e desnecessária de Oswaldinho no vascaíno Torterolli e mais duas defesas seguras (uma de cada lado) dos arqueiros Nelson e Mirim foram os últimos destaques da partida, que terminava com o Vasco mantendo a liderança invicta do certame e comprovando sua força no nele mais uma vez.

Apesar da vitória, o jornal “A Noite” afirmava na sua edição de segunda-feira ter a equipe vascaína mais fama que valor, embora elogiasse os extremas Paschoal e Negrito, a leitura de jogo de Torterolli, o center half Claudionor, a segurança do zagueiro Leitão e, principalmente, a qualidade de Nelson, goleiro vascaíno tido já àquela altura como um dos melhores da cidade. O conjunto da linha média e os rushs de Cecy e Arlindo também foram pontuados.

O Imparcial – 14/05/1923

Já o jornal “O Imparcial” julgou ter sido o defensor rubro Álvaro Martins o responsável pela derrota. Tanto “O Imparcial” como “A noite” entenderam serem os destaques do América na partida os meias Oswaldinho e Gonçalo, a despeito de terem criticado o primeiro por faltas duras praticadas no decorrer do clássico.

O Vasco era a surpresa do certame, mas para muitos precisaria mostrar mais a fim de convencer torcedores e críticos do seu valor. O tempo faria com que todos enxergassem a realidade dos fatos.

Outras vitórias do Vasco em 13 de maio:
SC BRASIL 1X4 VASCO (CARIOCA 1928)

VASCO 3 x 0 BANGU (CARIOCA 1973)

VASCO 2 x 1 SÃO PAULO DA FLORESTA-SP (AMISTOSO 1930)

ADN-NITERÓI 0 x 3 VASCO (CARIOCA 1979)

VASCO 3X1 AMÉRICA-RJ (CARIOCA 1987)

VASCO 6X1 OLARIA (CARIOCA 2000)

AMÉRICA-RN 0X1 VASCO (BRASILEIRO 2007)

VASCO 4X0 VITÓRIA (COPA DO BRASIL 2009)

Casaca!

Vasco Hoje (12/05/1998) Duelo de campeões

Folha de São Paulo – 13/05/1998

O Vasco estava a um passo de se sagrar Campeão Carioca no ano de seu Centenário, já o São Paulo derrotara o Corínthians na final do Campeonato Paulista por 3 x 1, contando com a estreia de Raí e um partidaço de França e Denilson. este último, negociado junto ao Betis-ESP, faria seu jogo de despedida justamente contra o Gigante da Colina, em São Januário.

O time cruzmaltino tinha em seu time titular naquele dia nomes como Carlos Germano, Valber, Odvan, Felipe, Vágner, Pedrinho, Donizete, Luisão e buscava a conquista da Taça Libertadores, da Copa do Brasil, do Estadual, atrás de títulos nos seus 100 anos de vida, que se completariam pouco mais de três meses depois.

Mas o tricolor paulista não ficava atrás. Além de Raí, França e Denilson destacavam-se no time titular são-paulino Rogério Ceni, Zé Carlos, Serginho e Carlos Miguel.

Na partida de ida, cinco dias antes, um empate em 1 x 1 no Morumbi. O Vasco saiu na frente com Luizão aos 24 do 2º tempo, mas o time da casa igualou tudo com o volante Gallo aos 36.

Naquela terça-feira, 12 de maio, São Januário recebeu um público superior a 20.000 pessoas (19.245 pagantes), que testemunharam algo raro. Seis gols em 31 minutos, cinco deles marcados até os 20 do primeiro tempo.

Raí marcou para o São Paulo logo aos 53 segundos de jogo, aproveitando rebatida de Carlos Germano para o meio da área.

O que seria uma ducha de água fria para o Vasco só fez esquentar o jogo e aos três minutos a grande dupla de ataque do ano, Luizão e Donizete, funcionou mais uma vez. O ponteiro cruzou da direita para o artilheiro empatar o clássico.

Aos 11 Pedrinho bateu da entrada da área a bola desviou no zagueiro Bordon e enganou Rogério Ceni. Virada vascaína: 2 x 1.

Mas o São Paulo era valente e perigoso. Aos 14 França, após cruzamento de Zé Carlos da direita, cabeceia para grande defesa de Carlos Germano. Um minuto depois, entretanto, Bordon, também de cabeça marca o segundo tento tricolor, após centro de Carlos Miguel da direita, contando com a inação de Odvan na jogada. O resultado dava a classificação ao time visitante, pois marcara dois gols fora contra um do adversário no Morumbi.

Novamente o Vasco investe no ataque e Donizete faz a diferença. Aproveitando-se de uma falha geral da defesa são-paulina, após toque de cabeça efetuado por Odvan para dentro da área inimiga, desempata a partida.

Um minuto depois o centroavante França perde a cabeça, atinge Luizão violentamente – que voltara ao campo de defesa vascaína para ajudar no combate ao time adversário – e é justamente expulso.

Caminho aberto para o domínio vascaíno até o fim da primeira etapa. Aos 31 novamente Donizete protagoniza lance de gol. Ele cruza para a área e conta com a ajuda de Capitão, que marca contra, deslocando Rogério Ceni. Vasco 4 x 2.

Com dois gols a mais e um homem a menos do adversário a goleada parecia ser questão de tempo, mas o São Paulo tinha Denilson. O ponteiro ameaçou o gol de Carlos Germano em duas estocadas, aos 37 e 42 minutos e a partida foi para o intervalo sem um prognóstico definido.

O segundo tempo se inicia e Denilson permanece desequilibrando. Em jogada fantástica passa entre Alex Pinho e Nasa e é derrubado por Vitor, dentro da área. Raí cobra e marca, descontando para o tricolor.

Aos 24 minutos o Vasco tem Pedrinho expulso após carrinho por trás aplicado sobre Carlos Miguel.

Dez contra dez o jogo se torna emocionante de vez. O São Paulo em busca do empate que lhe daria a vaga, o Vasco apostando no contragolpe. Juninho a esta altura estava em campo para ajudar o meio campo cruzmaltino, após substituir Vágner, enquanto no São Paulo a entrada de Dodô dava mais poderio ofensivo à equipe. Os treinadores Antônio Lopes e Nelsinho Batista tinham pensamentos opostos naquele momento. Enquanto Lopes buscava segurar o empate, Nelsinho punha o São Paulo de vez à frente.

Nos 20 minutos finais o time de Raí esteve perto de chegar ao gol de empate, mas a proximidade do fim da peleja foi aos poucos trazendo ao torcedor cruzmaltino a sensação de que a vitória não escaparia.

Após o árbitro Wilson de Souza Mendonça trilar o apito pela última vez naquela noite o torcedor cruzmaltino passou a ter três certezas: a vaga às semifinais era mesmo do Vasco, o time era sim um dos melhores do país, senão o melhor, e que aquele jogo, de tantas nuances e alternativas, entraria para a história como um dos maiores embates do clássico Vasco x São Paulo, através dos tempos.

Outras vitórias do Vasco em 12 de maio

ANDARAHY 0 X 2 VASCO (CARIOCA 1929)

VASCO 5 X 1 MADUREIRA (CARIOCA 1935)

OLARIA 0 X 4 VASCO (CARIOCA 1996)

 

 

Vasco hoje (11/05/2006) – A noite de Edilson

 

Apelidado de capetinha nos anos em que brilhou no Guarani, Palmeiras, Corínthians e Flamengo, para os adversários do Vasco Edilson parecia um anjo, um menino bem comportado. Não incomodava, poucos gols marcava e estava longe de ser, já aos 35 anos, o terror das defesas adversárias de outros tempos.

Vasco e Fluminense faziam naquela noite de quarta-feira a primeira partida semifinal da Copa do Brasil e havia muita desconfiança sobre o time cruzmaltino. Seu atacante de destaque até ali havia sido Valdiram, um ilustre desconhecido do torcedor carioca até chegar ao Vasco meses antes. Uma série de jogadores contestados pelos torcedores, como o goleiro Cássio, Jorge Luiz, Fábio Braz, Diego, Roberto Lopes tentavam se harmonizar com o veteraníssimo Ramon, o veloz Wagner Diniz e o hábil Morais.

Mas o Flu tinha Petkovic, Tuta na frente, o ídolo Marcão, o eficiente lateral Roger a revelação Thiago Siva atrás, o garoto Lenny como um dos destaques do tricolor na temporada à frente, além de outros nomes que caíam já no gosto da torcida, casos de Arouca e do imprevisível Fernando Henrique, goleiro que usava e abusava de fazer defesas com os pés e as pernas, ao invés de usar as mãos para tal. No comando Oswaldo de Oliveira era o técnico. Contra ele, o “boleiro” Renato Gaúcho no banco vascaíno.

A partida começou estudada, mas com o Fluminense ligeiramente melhor em campo. Aos 13 minutos Thiago Silva marcou, mas em posição de impedimento. O gol foi bem anulado.

Jean, lateral esquerdo trazido junto ao Feyenoord-HOL pelo clube das Laranjeiras, perdeu grande chance de abrir o placar acertando a trave vascaína aos 17 minutos.

Quando as equipes foram para o intervalo a sensação era de que o Fluminense, melhor em campo, transformaria em gols sua diferença para o adversário na segunda etapa.

A entrada do lépido Abedi no lugar de Roberto Lopes, entretanto, mudou o panorama da partida.

Aos 13 quase o Vasco abriu o placar. Morais, de fora da área, acertou o travessão de Fernando Henrique.

Aos poucos o Fluminense foi se reorganizando em campo, mas quando parecia mais senhor das ações no gramado, veio a ducha de água fria.

Em jogada pela direita Morais deu a Ernane, que substituíra o apagado Valdiram. O garoto, apelidado por alguns como “Cacá do Nordeste” cruzou da direita para Edilson, que tocou de primeira inaugurando o marcador e fazendo explodir a torcida vascaína no Maracanã.

Dali por diante o Fluminense se mostrou perdido em campo, longe do empate e perto da eliminação após o apito final do árbitro 15 minutos depois do gol de Edilson. O herói do jogo assim resumiu sua participação decisiva no clássico: “Atacante é assim mesmo. Precisa estar no lugar certo, no momento certo”. De fato, naquela noite de 11 de maio ele estava.

Outras vitórias do Vasco em 11 de maio:

 
VASCO 2X0 ANDARAHY (CARIOCA 1930)

VASCO 4 x 0 PORTUGUESA (CARIOCA 1975)

SERGIPE 0X5 VASCO (BRASILEIRO 1978)

PORTUGUESA-RJ 0X2 VASCO (CARIOCA 1986)

VASCO 2X1 AMERICANO (CARIOCA 2002)

Vasco hoje (10/05/1953) – Expresso passa pelo Bangu, tal qual locomotiva

 

Aquele expresso de tantas vitórias vinha da conquista do Campeonato Carioca de 1952, encerrado em janeiro daquele ano, conquistara o Torneio Quadrangular Internacional do Rio de Janeiro, goleando na final o Flamengo por 5 x 2, com show de Sabará, o Torneio Internacional de Santiago, no Chile, era o líder invicto do Torneio Rio-São Paulo e já se encontrava a 32 jogos invicto. Não perdia desde setembro do ano anterior.

O formidável Expresso vivia seus últimos meses de glória e teve na manhã daquele domingo, 10 de maio, mais uma atuação de gala. Ainda sem contar com Ademir o Vasco entrou em campo para enfrentar o Bangu, carente de seu grande destaque, Zizinho e aplicou a goleada no ritmo que quis.

O Globo 11/05/1953

Logo aos 10 minutos Danilo, apoiando o ataque, centrou da direita para Chico, que mesmo apertado pelo banguense Zé Carlos, conseguiu atirar em gol. A bola tocou na trave e chegou às redes. Vasco 1 x 0.

Sete minutos se passaram e em lance construído por Chico, Genuíno invadiu a área pela direita, mas foi aterrado por Zé Carlos. Pênalti marcado e logo em seguida cobrado com firmeza por Maneca. Estava ampliado o marcador.

Aos 30 houve pênalti cometido pelo zagueiro Haroldo, do Vasco, sobre Menezes mas o árbitro Mário Vianna marcou falta fora da área para o Bangu. Mesmo com o erro do árbitro a favor do time cruzmaltino a tendência era de uma vitória folgada, dada a qualidade de jogo apresentada pela equipe de São Januário.

A um minuto do fim da etapa inicial o Expresso marcou o terceiro: Genuíno tabelou com Maneca e bateu em gol. A bola desviou em Zé Carlos, enganando o goleiro Jorge e indo morrer no fundo da rede. Pouco depois terminava a primeira etapa com a vitória parcial do quadro dirigido por Flávio Costa.

O Globo 11/05/1953

No segundo tempo o panorama permaneceu amplamente favorável ao Vasco. Aos 18 minutos surgiria o quarto tento cruzmaltino em falha do arqueiro Jorge, que, adiantado, tentou a defesa num chute desferido por Genuíno – mineiro trazido pelo Vasco junto ao Madureira, substituto de Ademir naquela partida – mas acabou por não evitar mesmo após tocar na bola que a pelota adentrasse sua meta. Vasco 4 x 0.

Para fechar o placar os cruzmaltinos contaram com uma grande jogada individual de Ipojucan, que esticou para Sabará invadir a área em diagonal e fuzilar Jorge, mesmo acossado no lance pelo half esquerdo Edilson. Eram decorridos 32 minutos e estava sacramentado o escore final do jogo: 5 x 0.

O vascaíno Danilo Alvim foi considerado o grande destaque da partida e a renda, superior a Cr$300.000,00 foi considerada uma prova de que o horário matinal dos domingos poderia sim motivar à presença de grandes públicos nos estádios cariocas.

A Noite – 11/05/1953

Outras vitórias do Vasco em 10 de maio:
BONSUCESSO 1X3 VASCO (CARIOCA 1931)

VASCO 5X1 BANGU (CARIOCA 1942)

VASCO 2X0 INTERNACIONAL-RS (BRASILEIRO 1992)

AMERICANO 0X2 VASCO (CARIOCA 2000)