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O retorno da Supercopa Libertadores e o Vasco

Entre 1988 e 1996 a Supercopa Libertadores não teve o Vasco, primeiro Campeão Sul-Americano, na disputa.

Um título, que era a simbologia do modelo de disputa da Taça Libertadores da América, conquistado em 1948, no Chile, trouxe ao Vasco apenas 48 anos depois seu reconhecimento oficial.

A obra protagonizada por um plêiade de craques, como Barbosa, Augusto, Ely, Danilo, Ademir, Friaça, Lelé, Chico, entre outros, seria tratada como oficial na história do futebol deste continente, após trabalho dos mais elogiosos feito por Eurico Miranda nos bastidores, com ajuda do hoje professor doutor em história, Mario Angelo Miranda.

Mas um reconhecimento somente não bastava. Em que grau, em que altura, em que patamar destacar-se-ia aquele título emblemático?

Havia à época a Copa Conmebol, um torneio menor como é hoje a Copa Sul-Americana, disputada a princípio, ou no decorrer de todo o certame, conforme o caso, por equipes não classificadas para a Taça Libertadores da América.

Chegou a ocorrer a disputa no início de 1996 da Copa Master da Conmebol, protagonizada pelas equipes campeãs da Copa Conmebol entre 1992 e 1995 (Atlético-MG, Botafogo, São Paulo e Rosário Central-ARG). Caberia o Vasco ali?

Não.

O Vasco não só teve em 1996 seu título reconhecido, como foi relacionado para disputar a Supercopa Libertadores de 1997, competição da qual faziam parte apenas os campeões de Taças Libertadores da América.

A participação do Vasco, a partir daquela edição, conforme comprovado pelo documento oficial da própria entidade, punha o título conquistado no patamar que merecia o clube e seus heróis de 1948.

Com efeito, em 1997 o Vasco estreou na Supercopa Libertadores, diante do Peñarol-URU, em São Januário, a 20 de junho, uma sexta-feira à noite.

Antes do início daquela partida foram homenageados muitos dos campeões sul-americanos ainda vivos à época, levados ao gramado de São Januário por Eurico Miranda. Foram eles Barbosa, Augusto, Rafagnelli, Jorge, Friaça, Lelé, Chico, os suplentes Barcheta, Moacir, além de Flávio Costa, treinador daquela equipe, e Amilcar Giffoni, médico do clube na ocasião.

O primeiro gol vascaíno na Supercopa Libertadores foi marcado por Juninho numa cobrança de falta muito parecida com outra que o consagraria perante os torcedores cruzmaltinos no ano seguinte em Buenos Aires.

O Vasco, que perdia por 1 x 0, empatou com o já relembrado tento de Juninho e virou para cima dos uruguaios, com gols de Aguirregaray (Contra) no primeiro tempo e Pimentel fechando o marcador aos 7 minutos da etapa complementar.

Durante a competição a equipe cruzmaltina obteria ainda mais quatro vitórias, dois empates e três derrotas, sendo seu principal algoz o River Plate-ARG, que fora sua vítima em 1948 no jogo do título e, também, a seria na Taça Libertadores de 1998 e na Copa Mercosul de 2000.

A Supercopa Libertadores, extinta no mesmo ano da primeira participação do Vasco (1997), nada tem a ver com a Copa Mercosul incluída no calendário da Conmebol entre 1998 e 2001, junto à Taça Libertadores da América e a Copa Conmebol (disputada pela última vez em 1999).

Surgiria, então, em 2002 a Copa Sul-Americana, com participação de clubes brasileiros a partir de 2003, ocasião na qual a princípio o Vasco não foi colocado como um dos convidados, mas, via bastidores, acabou incluído pela CBF no certame, junto a Atlético-MG, Internacional e Palmeiras.

Dos oito participantes indicados pela entidade máxima do futebol brasileiro (seis melhores colocados no Campeonato Brasileiro do ano anterior mais dois por critério técnico, Cruzeiro e Flamengo), o número subiu para 12, fazendo parte dos convidados ainda não citados Corinthians, Fluminense, Grêmio, Santos, São Caetano, São Paulo.

Um dos motivos expostos pelo Vasco, além da conquista de dois outros títulos continentais, respectivamente em 1998 e 2000, foi a lembrança do obtido em 1948, oficializado em 1996. Daí a inclusão do Flamengo anteriormente ao Vasco na época ter causado um problema sério à CBF, que para não ter de voltar atrás quanto à inclusão do rubro-negro e negação disso ao Vasco, pôs mais quatro clubes na disputa, incluindo o próprio Vasco.

A competição voltará a ser disputada, ao que tudo indica, em 2020, com classificação para o Mundial Interclubes, caso vingue a ideia.

Segundo critérios expostos pela imprensa, a participação do Vasco estaria garantida pela conquista da Taça Libertadores da América de 1998, mas isso cria um problema eterno para a Conmebol, afinal a última edição da Supercopa Libertadores (que pode ser disputada mais de 20 anos depois com outra nomenclatura até), realizada em 1997, teve a participação de todos os campeões de Taça Libertadores até ali (como sugere vir a ser o modelo para o ano vindouro), incluindo o Vasco, que, segundo o documento datado de 1996, participaria da competição não só em 1997, mas sim desde 1997.

O patamar atingido pelo Vasco no futebol sul-americano, Bicampeão, com um dos títulos obtido de forma invicta e sem nenhuma partida disputada em casa, é referência no Rio de Janeiro e oportuniza ao clube chegar em 2020 com condições, por sua história vitoriosa, de alcançar o título maior do futebol mundial, a partir da conquista de uma das vagas para a competição que se busca fazer via FIFA.

Para um clube que conquistou há 19 anos a Copa Mercosul, de forma histórica e inigualável pelas circunstâncias, chegou à Taça Libertadores recentemente (há dois anos) e ainda obteve neste século a maior sequência de vitórias consecutivas na competição (junto a conseguida pelo Cruzeiro em 1976) participar de uma nova Supercopa Libertadores como convidado é o óbvio ululante, pois sem o Vasco a competição se tornaria capenga, tanto quanto avessa à meritocracia.

Sérgio Frias

Mentiras, desrespeito e queda do cavalo coletiva

Na última sexta-feira Alexandre Campello confessou o inconfessável.

Revelou ele publicamente, diante de suas atitudes, em afronta a centenas de vascaínos e por extensão ao quadro social, desrespeitando ainda o estatuto do Vasco, como procede em relação ao clube.

Em primeiro lugar, não pode servir como motivo de recusa do novo sócio algo inerente a quem assinou fichas de propostos ao Vasco, independentemente se foi uma ou foram mil, porque o julgamento recai, OBRIGATORIAMENTE, a quem está se associando e não a quem já é associado.

Em segundo lugar mentir ao público de forma desavergonhada como fez Alexandre Campello, afirmando que usou um critério, mesmo sem previsão estatutária, o qual, de fato, não cumpriu ao homologar cerca de 400 associados, denota seu apego por ações próprias dessa natureza.

Entendamos a questão.

Um associado chamado Danilo inadvertidamente resolveu colocar a carroça na frente dos bois, afirmando que fora proponente de número superior a cinco propostos e que todos haviam sido homologados.

A manifestação foi feita via Twitter, tratando como blefe a denúncia apresentada pelo Grande Benemérito Luís Manuel Rebelo Fernandes de que em conversa com o presidente do Vasco, após reunião última do Conselho de Beneméritos, teria ouvido do seu interlocutor que este criara um critério de sua cabeça para indeferir sócios.

Qualquer proposto que tivesse como signatário um proponente com outras indicações, se elas ultrapassassem o número de cinco, estariam vetados, segundo Campello.

A jogada política não foi bem ensaiada com o presidente do clube, que deixou tanto Danilo quanto o falastrão metido a sabido de nome Otto a ver navios quando ratificou à imprensa o dito ao Grande Benemérito Luís Fernandes uma semana antes.

Otto tratara como “uma maluquice” a hipótese de Campello ter dito o que fora denunciado por Luís Fernandes em seu twitter, com a evidente intenção de expor o Grande Benemérito e numa dobradinha com Danilo este último tratou como blefe a fala de Luís Fernandes, relatando em público a “benesse” recebida, em desarmonia com o dito pelo presidente do Vasco.

Ambos, pertencentes ao mesmo grupo político, fizeram uma tabelinha, relembrando o final dos anos 70, do tipo Afrânio e Xaxá, que não funcionou porque o zagueirão Manguito (Campello, representando o beque rubro-negro no caso) deu-lhes uma rasteira, com ou sem intenção.

Devemos dizer que já temos informações de outras pessoas, as quais assinaram mais de cinco fichas na qualidade de proponentes e tiveram homologados seus propostos na condição de associados do clube.

Não podemos deixar de destacar a lamentável inércia de alguns quanto à bizarrice assumida pelo presidente do Vasco e sua entourage, ora aquiescendo a tudo isso, mesmo sabedores todos que não há disposição estatutária justificável para a atitude vergonhosa do atual mandatário, qual seja de segregar pela origem da indicação, algo insustentável e indefensável.

Por outro lado, vale ressaltar que todas as explicações a serem dadas por Alexandre Campello, quanto a seu procedimento, já previamente foram explicitadas por ele via internet. Sim, ele destratou centenas de vascaínos, familiares de sócios, sócios torcedores, sócios em outra categoria estatutária como um verdadeiro rubro-negro procederia.

Cabe, por exemplo, ao Conselho Deliberativo julgar sua punição ao invés de meramente receber suas explicações ou justificativas, conforme deseja o atual presidente, pois elas já foram dadas e servem como confissão pelos atos cometidos, contrários aos interesses do clube e feitos a serviço sabe-se lá de quem.

Com efeito, inúmeros vetados entraram em contato conosco imediatamente a seus respectivos indeferimentos e após ouvirem a fala do presidente do clube, direcionada a eles, entendem que tal ofensa tem de ser reparada da forma adequada.

Aos propostos, assinados por nós, pedimos desculpas pelo vexame protagonizado por Alexandre Campello, em virtude da irresponsabilidade cometida contra o clube e seu quadro social.

Finalmente quanto aos proponentes, todos ofendidos pela direção, quando esta recusou suas assinaturas como premissa para indeferimentos aleatórios, devem estar cientes que a atitude tomada por Campello atingiu o Vasco, daí ter que trazer consequências ao presidente do clube por seus atos irresponsáveis.

Sérgio Frias

História e lições

O Casaca! vem a público pontuar algo para além do anúncio de falecimento do Grande Benemérito e Presidente de Honra do clube, Antônio Soares Calçada, ocorrido ontem e reverberado por vários meios de comunicação.

Calçada oportunizou, com humildade e reconhecimento, a Eurico Miranda mudar a história do Vasco a partir de 1986, sendo esta inequivocamente sua grande ação pelo clube, pois foi desprovida da vaidade, mal que tanto assola nossa instituição há mais de 100 anos e, também, serve de lição.

A união de vascaínos históricos com quem busca internamente ajudar e participar da história deve ser fomentada e incentivada, com respeito e reconhecimento aos que agiram em prol do clube e não distorções ou edições convenientes praticadas de má fé.

Na gestão última de Cyro Aranha (1952/53), Calçada exerceu a função de Assistente da Presidência e naquele posto militou dentro do futebol vascaíno, agindo inclusive na contratação de reforços e renovação de contratos, junto ao Vice-Presidente de Futebol João da Silva. Seu cargo não era estatutário, mas, mesmo assim, houve destaque por sua participação no clube naquele período.

Antes disso ele havia sido diretor da divisão de tênis de mesa e, posteriormente, diretor de compras do clube.

Calçada foi Vice-Presidente de Futebol do Vasco durante parte da primeira gestão do presidente Artur Pires e em todo o decorrer da segunda. Assumiu a pasta em 21/07/1955 e permaneceu no cargo até 17/03/1958.

Posteriormente, nos anos 60 do século passado, assumiu novamente a Vice-Presidência de Futebol, a 07/08/1964, em meio à gestão de Manuel Joaquim Lopes e permaneceu no cargo até o final dela.

Com a renúncia de Lopes, após ter este obtido sua reeleição, assumiu a presidência João da Silva, mas Calçada foi mantido como Vice-Presidente de Futebol, exercendo o cargo até 18/12/1966.

Cerca de 13 anos depois, com a vitória da União Vascaína nas eleições de 1979/80, Calçada foi escolhido mais uma vez Vice-Presidente de Futebol do clube para conduzir a pasta na gestão de Alberto Pires Ribeiro e ali se iniciava uma ligação com Eurico Miranda, Assessor Especial da Presidência na oportunidade, que se envolveu com o futebol cruzmaltino naquele período, tratando de contratações e renovação de contratos, assim como o Vice-Presidente da pasta, embora seu cargo não fosse estatutário.

Vez por outra surgiam discordâncias entre ambos nos mais variados assuntos envolvendo o tema futebol. Não era tão harmoniosa a relação.

Após desentendimento interno ocorrido pouco antes do pleito seguinte, houve racha na situação e em novembro de 1982 a chapa de Calçada venceu no primeiro turno das eleições do clube a de Eurico Miranda – que surpreendentemente tomou o segundo posto da ala que apoiou o ex-presidente Agathyrno da Silva Gomes, oposição daquela gestão à época.

Naquela disputa o ex presidente Cyro Aranha, criador e desenvolvedor do Expresso da Vitória, ficou ao lado de Eurico Miranda, mesmo tendo ele próprio, Cyro, dado o primeiro espaço de relevo à Calçada, em meados de 1952.

Calçada foi confirmado como novo presidente do clube em janeiro de 1983.

Depois do fracasso de sua primeira gestão, Calçada venceu o primeiro turno das eleições 1985/86 contra Eurico Miranda, com inúmeras denúncias de irregularidades de sócios que votaram no pleito, além de vários problemas vistos no dia da assembleia.

O triunfo situacionista criou definitivamente um clima de beligerância entre as duas correntes, com inúmeros problemas à vista, em função disso.

Foi aí que Calçada trouxe Eurico Miranda e vários do grupo de seu rival para dentro do Vasco, oferecendo a ele o cargo de Vice-Presidente de Futebol.

A atitude em si representava, simbolicamente, muito naquele instante, mas pouco se na prática Calçada tentasse medir forças com Eurico. Não mediu. Uma ou outra vez até tentou, mas na maioria esmagadora das vezes recuou. Agindo assim foi sendo reeleito para vários mandatos.

No último triênio como presidente do Vasco o inevitável aconteceria.

Eurico Miranda aos poucos foi tomando conta do clube. Se em 1996 já conseguira a oficialização do título Sul-Americano de 1948 por mérito próprio, ainda na penúltima gestão de Calçada, em 1998 trouxe o Nations Bank para derramar dinheiro no Vasco e aí passou a praticamente comandar todas as ações.

Sem ter um bom clima para outra reeleição, Calçada queria fazer emplacar o nome de Amadeu Pinto da Rocha como seu sucessor, mas sucumbiu à hábil manobra de Eurico em criar a figura do “Presidente de Honra” para homenagear Calçada e, também, simbolicamente, clarificar que ele, Eurico, seria o próximo nome da situação para presidir o clube.

Logo no início da primeira gestão do novo presidente, em 2001, já se via um distanciamento de ambos. Eurico Miranda preservou Calçada, assumindo os ônus da CPI contra o Vasco, na prática, embora teoricamente Calçada fosse responsável pelos atos administrativos tomados.

Calçada chegou a dar seu depoimento na CPI, mas Eurico, deputado federal à época, não. Nem precisava. Na dúvida a culpa por qualquer mazela do clube caía na conta dele e no fim a CPI virou pó, mas tendo sido exposto o Vasco por um longo período.

Denúncias e falsas certezas abriram caminho para a oposição, capitaneada pelo MUV, buscar espaço político para vislumbrar chegar ao poder, algo inimaginável pouco tempo antes com o massacre imposto por Eurico no primeiro turno das eleições, em 2000, quando fez, inclusive as duas chapas, tal qual fizera Calçada em 1988, quando candidato à segunda reeleição sua.

O famoso episódio da Tribuna de Honra (20/01/2002), que deu gás político a Roberto Dinamite pleitear o cargo de presidente do clube, se iniciou por uma ação de Calçada, interpretada por muitos como provocação a Eurico, uma vez que Dinamite já havia meses antes se arvorado em dizer ser sua vontade presidir o Vasco, como solução simples para o futuro.

Na primeira tentativa de Eurico reeleger-se, Calçada, sem fazer alarde, apoiou a chapa de Roberto Dinamite durante a eleição da Assembleia em 2003.

Curiosamente, enquanto Roberto Dinamite foi atleta do Vasco os embates entre Eurico e Calçada eram protagonizados com o primeiro defendendo o atleta e sua idolatria junto à torcida, enquanto o segundo via no jogador um ativo para venda, não só mostrando-se claramente contra seu retorno da Espanha em 1980, como considerando nova venda do artilheiro no seu primeiro mandato como presidente do clube.

Quando Roberto Dinamite assumiu o poder, anos depois, Calçada voltou ao cenário apoiando a gestão do ex atleta e teve seu penúltimo embate direto com Eurico na eleição do Conselho de Beneméritos em 2010, quando foi candidato à Vice-Presidência contra o adversário, candidato à presidência da outra chapa.

A derrota fragorosa, contando com um grande número de Beneméritos indicados por ele próprio Calçada (que votaram contra ele), mostrou o que o tempo ensinou a todos quanto a quem foi o real protagonista daquele período no qual a dupla seguiu junta no clube.

Finalmente, já próximo dos 94 anos, Calçada foi exposto desnecessariamente pelo candidato derrotado nas últimas eleições, Julio Brant, que tentou usar o veteraníssimo vascaíno para angariar simpatia e votos dos conselheiros natos (Beneméritos e Grandes Beneméritos) em seu favor.

A estratégia, das mais infelizes, pareceu manobra de desespero mais do que a dita “homenagem” que teria justificado a atitude do candidato.

A maioria esmagadora dos conselheiros natos votou com a indicação feita por Eurico Miranda (como era óbvio que fizesse, vide o ocorrido já em 2010), neste que foi o último confronto (forçado por terceiros) entre duas das grandes forças políticas históricas do clube através dos tempos.

Eurico e Calçada faleceram este ano. Quando juntos o Vasco só cresceu e venceu.

Antes de Eurico surgir no Vasco, comandando o futebol, Calçada conquistou na qualidade de Vice-Presidente de Futebol dois Campeonatos Cariocas, um Torneio Rio-São Paulo (empatado com outros três clubes), uma Taça Guanabara e dois títulos de turno, considerando títulos oficiais.

Na presidência do Vasco, sem Eurico, obteve no futebol profissional a conquista da Taça Rio, segundo turno do Campeonato Carioca de 1984.

Portanto, em 10 anos no total, sem Eurico Miranda ao seu lado, Calçada obteve sete títulos, sendo um deles no triênio em que presidiu o clube, considerando suas participações como Vice-Presidente de Futebol e Presidente do Vasco.

Já Eurico Miranda, em 10 anos e meio sem Calçada (todos como Presidente do clube), obteve três Campeonatos Cariocas, duas Taças Guanabara e quatro Taças Rio, num total de 9 títulos oficiais.

Juntos e em harmonia, porém, obtiveram uma Taça Libertadores, uma Copa Mercosul, três Campeonatos Brasileiros, um Torneio Rio-São Paulo, seis Estaduais, sete Taças Guanabara, cinco Taças Rio, dois outros turnos e duas Copas Rio, num total de 28 títulos oficiais.

Foram, portanto, 28 títulos oficiais em 15 anos de parceria, de janeiro de 1986 a janeiro de 2001, contra 16 em 20 anos e meio nos quais um não tinha o outro.

Na política do Vasco hoje fala-se de união, mas se vê ódio como sentimento maior em cada canto, o desrespeito a pessoas e grupos são corriqueiros e cada um acha ter a melhor solução para a resolução de todos (ou quase todos) os problemas.

A união institucional começa quando a maioria percebe quem é o melhor candidato para exercer o cargo principal do clube, com segurança, e se sustenta quando o escolhido opta por cercar-se dos mais voluntariosos, capacitados e comprometidos com uma causa, na qual a agenda positiva do Vasco esteja em primeiro plano e questões outras sejam menores.

Que a história ensine aos mais novos e se repita para que todos possamos amadurecer ao longo do tempo e não meramente envelhecer descrentes ou resignados.

Casaca!

Foi-se um revolucionário

Através da música, num momento em que o Brasil revolucionava o mundo no futebol, no basquete, quando Brasilia ainda era um projeto em construção, quando o povo brasileiro parecia mais puro, surgiu mais uma novidade: a Bossa Nova.

O ritmo novo, criado por um gênio, de voz peculiar, aliado a batidas diferentes e harmônicas criou um gênero musical genuinamente brasileiro, ímpar e apaixonante.

Através daquele novo som, de novas melodias, de letras leves e muita poesia o Brasil cruzaria fronteiras e consagraria um estilo, que começou no “Chega de Saudade” e se perpetuou por décadas.

João Gilberto, discreto e comedido, pouco presente na mídia já há muitos anos, jamais deixou de registrar ser um vascaíno, quando teve oportunidade para tal.

Era um torcedor como milhões de outros, pois assim se portava, sem grandes arroubos, mas registrando sempre que possível sua escolha clubística perene.

Descanse em paz, vascaíno.

Você está eternizado na história.

Casaca!

É torcer para dar certo

O Vasco contratou seu terceiro reforço para a disputa do restante deste Campeonato Brasileiro.

Primeiramente o clube trouxe o meia Marquinho, atleta de indubitável capacidade técnica, mas que não conseguiu despontar nos clubes de primeira linha pelos quais passou nos últimos anos e ainda com um histórico de contusões recente, que o obrigou a ficar fora dos gramados por cerca de 20 meses, voltando em melhores condições no decorrer da atual temporada, mais propriamente no time de aspirantes do Athletico Paranaense.

A segunda contratação feita pelo Gigante da Colina foi do volante Richard, com uma temporada convincente no Fluminense ano passado, tendo, inclusive, marcado o gol que tirou qualquer risco do tricolor das Laranjeiras cair para a Série B na última rodada, diante do América Mineiro, mas com passagem discretíssima pelo Corinthians, clube no qual foi pouco aproveitado antes de vir emprestado para o Vasco até o fim do ano.

O nome prestes a ser anunciado oficialmente é o do centroavante equatoriano Juan Anangonó, típico homem de área para as conclusões, com razoável trabalho fora dela, eficiente no cabeceio, que por várias vezes opta por tocar ou chutar de primeira nas ações ofensivas e conclusões, mostrando ainda boa visão de gol nos arremates e explosão em piques curtos.

Sem problemas físicos relevantes ao longo da carreira o equatoriano vivenciará no Vasco a melhor oportunidade de sua vida futebolística, pouco após chegar aos 30 anos completos.

A trajetória de Anangonó iniciou-se no Barcelona de Guayaquil, clube responsável por sua formação e pelo qual atuou entre 2007 e 2010, marcando 8 gols em 49 jogos oficiais.

Contratado pelo El Nacional-EQU em 2011 o centroavante teve seu melhor desempenho na carreira exatamente naquele ano, marcando 21 gols em 45 jogos oficiais disputados.

Após encerrar seu ciclo na equipe equatoriana em 30/08/2012, marcando um gol na vitória de 3 x 1 sobre a LDU, em Quito, seu último dentre 29 consignados pelos “Puros Criollos”, lhe foi dada a chance de atuar na Argentina, defendendo o Argentinos Juniors, entre setembro de 2012 e maio de 2013.

Sua passagem pelo “Bicho Colorado” não foi das mais marcantes. Embora nos primeiros quatro jogos tenha marcado dois gols, nas 28 partidas oficiais subsequentes balançou as redes apenas duas vezes mais.

Contratado para atuar pela MLS, reforçando a equipe do Chicago por um ano (julho de 2013 a julho de 2014), decepcionou, marcando quatro vezes apenas em 29 jogos oficiais.

No início de 2015 foi levado ao Leones Negros de Guadalajara, mas em meio ao Campeonato Mexicano pouco pôde fazer para evitar a queda de sua equipe para a segunda divisão, ela que havia subido exatamente naquela temporada. Anangonó balançou as redes apenas uma vez em 13 partidas oficiais.

Em busca do retorno à elite do futebol mexicano, o torcedor León Negro pôde vibrar com os 12 gols marcados pelo centroavante em 27 jogos oficiais, entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro de 2016, mas Anangonó, mesmo destacando-se, não conseguiu o objetivo de ajudar seus companheiros no acesso à primeira divisão.

No segundo semestre de 2016, aos 27 anos, voltaria ao futebol equatoriano passando a atuar pela LDU, de Quito, e viveria em 2018 seu grande momento pelo clube, assinalando na temporada 19 gols em 40 partidas, dois deles diante do Vasco, em casa, pela Copa Sul-Americana.

Em 2019 o atleta teve bom desempenho na Taça Libertadores da América, marcando duas vezes em cinco partidas (um dos gols foi assinalado contra o Flamengo), mas deixou um pouco a desejar no campeonato equatoriano, faturando dois tentos apenas em 11 partidas, embora atuasse por 90 minutos numa única oportunidade na referida competição. Os jogos foram realizados entre os meses de fevereiro e maio.

No decorrer de sua carreira, Anangonó atuou três vezes pela Seleção Equatoriana, duas delas vindo do banco e jogando poucos minutos, contra Chile em 2012 (amistoso) e Argentina em 2013 (eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014).

Na última oportunidade que teve para defender a seleção de seu país, num amistoso contra Trinidad e Tobago (3 x 1 em 17/07/2017), marcou pela primeira vez.

Havia a expectativa de que o atleta fosse atuar no futebol chinês, mas a opção pelo Vasco, claramente o principal clube da carreira do jogador, pode ser uma chance de despontar num cenário em que sua exposição positiva alavanca possibilidades outras de negociações lucrativas futuras para os lados envolvidos.

Anangonó surge no Vasco como a nova esperança de gols da torcida, que aguarda ansiosa o retorno do time pós Copa América em busca de uma melhor posição no Campeonato Brasileiro.

Casaca!

O Vasco não é várzea

Ontem à noite houve mais uma prova da debilidade, fragilidade e descrédito da atual gestão do clube, mais propriamente do presidente Alexandre Campello.

O desastre administrativo da direção começa com a implosão política do clube, protagonizada por seu presidente , que acolhendo a vontade dos magos do BNDES aceitou assinar em 30/04/2018 uma carta de apresentação esdrúxula junto a um balanço desarrazoado, conforme definido pelo Conselho Deliberativo do clube em novembro último, quando as contas corretas de 2018 foram aprovadas pelo referido conselho.

A atitude acima trouxe para ele a oposição clara do Casaca!, que se mantém até hoje, sem qualquer conversinha, como oposição à sua terrível administração.

Posteriormente, brigou com seu próprio grupo de apoio (base de apoio eleitoral) e trouxe mais oposição para si, assim como já a tinha por parte do grupo amarelo, que ora o protegeu por conveniência política, ora não.

A posição do Casaca! mais uma vez é clara e será evidenciada ao longo do texto.

Em agosto do ano passado, sem ter entregue qualquer documento ao Conselho Fiscal, a gestão queria um empréstimo de 38 milhões de reais, contando uma história na qual era dito ter o dinheiro acabado, faltando já para o dia seguinte.

O Casaca!, na figura do Benemérito Sérgio Frias, visando a que se pudesse resolver a questão sem traumas, sem votação e com harmonia, sugeriu a discussão do empréstimo no mesmo local 10 dias depois, já com a apresentação de documentos para o Conselho Fiscal.

Houve tentativas de acordo neste sentido ao longo da reunião por parte do Benemérito, mas a vontade de votar prevaleceu. Resultado: em nome da institucionalidade, que passa longe das prioridades de Alexandre Campello, votamos contra e soltamos nota no dia seguinte dizendo que em sendo cumprido pela direção do clube o compromisso da institucionalidade, com apresentação dos documentos ao Conselho Fiscal, obrigação, por sinal, da gestão, votaríamos a favor.

Dito e feito. Na reunião seguinte houve voto unânime pelo empréstimo de 38 milhões de reais no mesmo Conselho e a garantia da direção de que a questão com o Conselho Fiscal estaria resolvida, desde então, algo não verificado ao longo do tempo.

De lá para cá, cortes de serviços comezinhos ocorreram no Vasco desde o final de dezembro e outros ao longo de 2019. Além disso, situações bizarras vividas pelo clube são seguidamente publicadas na mídia convencional.

Em 12/04 o presidente do clube foi ao Twitter afirmar que a gratificação natalina, referente a 2018 estava paga, assim como o salário de fevereiro. Ou seja, o salário de março ainda não havia sido depositado.

Daquela postagem para cá nem uma folha foi paga direito. Passou o restante de abril, maio e chegamos a junho com o clube devendo a um mundaréu de gente, com salários atrasados, acordos não cumpridos e, pasmem, apresentando no final de abril um balanço que sugeria ao grande público ter o Vasco um superávit na ordem de 60 milhões de reais, relativo a 2018.

Era justamente no término de abril que a direção do Vasco deveria ter buscado o Conselho Deliberativo, afinal partiria para dois meses de salários atrasados cinco dias depois.

Mas não. Era a hora da conversa fiada nas mídias digitais, afirmações de quanto se mostravam capazes a gestão e o BNDES dela, como o Vasco estava magnificamente sendo gerido.

A vergonha que é o balanço do Vasco, iniciado a partir de números não aprovados pelo Conselho Deliberativo, entre outras questões, não é tema de agora. Fica apenas o registro.

Mas, como dizíamos, o momento era aquele, pensando-se na instituição, nos funcionários do clube, no time de futebol, em quem foi demitido saindo do Vasco com uma mão na frente e outra atrás (centenas de casos), porém tudo isso significou para a gestão porcaria nenhuma.

Sem documentos entregues ao Conselho Fiscal e contando uma história falsa sobre a situação do Vasco talvez holofotes favoráveis fossem endereçados à ela e este era o objetivo da estratégia, em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie, em inglês strategy… tomada em detrimento do clube.

Com o Vasco com quase três meses de salários atrasados, devedor do FGTS há mais de seis (pelo menos ao Bruno Silva) o presidente do clube se reúne na sala Eurico Miranda do Conselho de Beneméritos com alguns conselheiros natos e pede para que se interceda, objetivando a obtenção de um empréstimo na ordem de R$8.000.000,00, no que é interrompido por seu consultor para assuntos financeiros, dizendo este último algo como “8 não, melhor 10”. Como se fossem 8 caixas de cerveja e depois 10.

Na reunião ocorrida no Conselho de Beneméritos, onde infantilmente Campello desdisse sobre o que acordara, não houve definição sobre empréstimo e sim papelão do presidente, que ainda não pediu desculpas pelo que fez perante uma turma que não está certamente no mesmo nível dele. Em tempo, o outro envolvido na confusão, mesmo com razão na questão, desculpou-se perante o Conselho Deliberativo do clube, por sua ação reativa dura no caso.

Na assembleia da semana passada, ocasião em que o presidente do clube só faltou sair aos pulos por não ser aberta uma investigação contra si e com rumores de que havia ido para lá com carta de renúncia no bolso, o Conselho Deliberativo do Vasco, através de proposta do Grande Benemérito Luis Manuel Fernandes, aquiesceu por UNANIMIDADE que a diretoria pudesse captar 10 milhões de reais a título de empréstimo, segundo ela já no forno para sair.
Oito dias depois nada havia sido resolvido.

Mas ontem a direção queria mais 20 milhões, já estourando até mesmo a projeção orçamentária feita pelos magos das finanças, que transformam o Vasco num “pardieiro planilhado”. Os 20 milhões estariam atrelados aos outros 10 milhões, somando-se 30 e aí sim tudo estaria resolvido no Vasco, até o fim de 2019.

Ignorando que não tem consigo nem 50 conselheiros fiéis, a situação, sem explicar nada a ninguém, solicita ao Conselho Deliberativo que ponha na pauta votação de mais 20 milhões de reais no espaço de oito dias e não procura rigorosamente ninguém para explicar o que será feito com o dinheiro, qual o plano de ação, etc… Isso seria mostrado na hora para quem quisesse engolir. Quem não quisesse que votasse contra e tudo bem.

Logo após livrar-se de uma comissão de sindicância, por apenas oito votos, Campello e seu séquito, de fato, se sentiam fortes para atropelar algo, ainda mais num quórum qualificado?

Afirmar que houve boicote de A ou B vai fazer A ou B votar a favor num próximo pedido? É a forma política de se postar, sabendo-se que não tem, de fato, o número necessário para aprovação de nada se não sentar e conversar?

“Ah, mas não adianta conversar porque são oposição a mim”. Tente, gênio. Pegue seus consultores políticos e elaborem todos uma forma de não perder todas as votações com quórum qualificado, porque a soma dos dois grupos citados por vossa excelência, em termos de votos, se forem lá e votarem contra impedirão que qualquer empréstimo saia.

Para agir, visando o bem do Vasco, essa administração teria de se sujar perante o público, mostrar seus erros de análise, seus desacertos, suas atitudes irresponsáveis, seus ralos e o cheiro deles.

Não parece ser esse o caminho escolhido, até porque sustentar uma mentira já vista por todos que é mentira (a qualidade da própria gestão) para alguns dali é o único caminho para não sucumbir. Se o Vasco sucumbir, então, desde que não se sujem, que se dane.

Na nossa visão, independentemente do que aí está, alguns compromissos deveriam ser firmados pela direção em 2019:

1 – Apresentação de plano para obtenção das certidões positivas com efeito de negativas ainda este ano.
2 – Fim das demissões persecutórias no clube (ocorreram mais algumas recentemente) e manutenção dos esportes encontrados no Vasco por essa gestão, olhando, também, para a base e dando mínimas condições para que atletas possam se desenvolver e despontar com a camisa do Vasco.
3 – Colocação do Vasco no Campeonato Brasileiro deste ano (compromisso) no mínimo no lugar em que sua folha salarial recomenda, comparando-a com a dos demais adversários.
4 – Cuidado com o patrimônio do clube (compromisso), seu estádio, suas sedes e atenção especial ao Colégio Vasco da Gama, considerando-o com a importância que ele tem e baseado nos preceitos de sua inauguração, ocorrida há 15 anos.

Sobre a posição do Casaca!.

Queremos que sejam garantidos os seguintes pagamentos com o valor que se requer seja emprestado e mais aquilo que o Vasco terá a receber neste ano:

1 – Pagamento imediato dos salários atrasados de atletas (incluindo direitos de imagem), demais funcionários, FGTS inclusive, mantendo-os em dia até o fim do ano.
2 – Pagamento imediato dos inúmeros acordos em atraso firmados por essa gestão com ex funcionários do clube, tanto quanto celebração e cumprimento das parcelas dos que faltam, até o fim de 2019.
3 – Pagamentos do que estiver faltando quanto a salários e gratificações concernentes ao fim de 2017, que já deveriam ter sido pagos em abril do ano passado, quando do recebimento da verba inerente à venda do atleta Paulinho, portanto há 14 meses.
4 – Demais acordos e obrigações para que não se inviabilize o clube no decorrer deste ano.

E se o valor a pedir emprestado for maior que este, discutido agora para este ano? Joguem limpo e digam que vão estourar mais e mais o orçamento, mas não joguem para a galera, pura e simplesmente.

Na nossa visão os itens expostos logo acima devem ser respeitados e realizados e os compromissos mais acima firmados, de fato, pelo bem do Vasco, em respeito a todos os seus torcedores, como nós também somos (DE RAIZ).

Casaca!

Consciência limpa

O Casaca! novamente se manteve a favor da investigação daquilo que seria alvo de sindicância.

Pela segunda vez consecutiva votamos pela abertura da sindicância. Mais uma vez o Conselho Deliberativo, em maioria, entendeu dar carta branca ao presidente do clube.

Lamentamos mais uma vez tal atitude pois de um ano para cá a carta branca dada resultou no que estamos vendo.

Na nossa opinião quem perde com isso é apenas o Vasco, pois está absolutamente evidenciada a incapacidade administrativa da atual gestão e quanto mais ela ficar solta para fazer o que bem entender a tendência é a de que mais erros graves sejam cometidos, com suposto aval do Conselho Deliberativo clube.

Sigamos em frente.

Casaca!

Desproteção

O afastamento imediato, dito em mídias sociais, do atleta Yago Pikachu da partida diante do Corinthians, em função do episódio ocorrido na chegada da equipe vascaína a Manaus, seria, se confirmado, uma atitude tão irresponsável quanto insensível para com ele, pois nem teria lhe sido dado o direito de expor sua versão do caso antes da suposta punição sofrida.

O atleta é funcionário do clube, ativo do clube e estaria exposto para o público de forma maniqueísta, porque já teria sido dado como culpado pelo episódio e com isso já queimado, em função da notícia de seu desligamento do jogo de amanhã.

Só pela feição do rosto de Pikachu dava para ver que havia sido um movimento reativo a algo sofrido por ele, vindo do torcedor.

Claro que o atleta tem de se controlar e tal, mas depois viria a público, pediria desculpas, e tentaria resolver a questão de forma mais tranquila, como tentou fazer.

Quem administra tem de fazer a correção internamente, puxar a orelha, mas mostrar perante ao grupo que vai cuidar do jogador, blindá-lo, mas cobrá-lo internamente, porque isso passa confiança para os demais de que a direção os protege.

A atitude reativa de Yago Pikachu simboliza o Vasco agredindo sua torcida, a imagem que fica é aquela registrada pelas câmeras.

Exatamente por isso a direção tem de internamente fazer ver ao atleta o que significa seu ato, mas protegê-lo contra o apedrejamento em praça pública.

Yago Pikachu tem contrato até junho de 2021 e isso também deve ser considerado, vive uma má fase como viveu uma muito boa no ano passado. Não ajuda em nada ser exposto neste caso.

Repetindo que a ação dele, mesmo reativa, está errada e acaba ferindo a imagem da delegação vascaína perante a torcida manauara, mas a justificativa de uma criança envolvida no episódio atenua seu rompante.

Que venham os dirigentes vascaínos a público proteger, enfim, seu atleta, pois antes tarde do que nunca.

Como o clube não se manifestou oficialmente a respeito do caso, até aqui, que seja normalmente o jogador escalado amanhã, ficando o dito pelo não dito ao longo do dia de hoje em mídias sociais.

Sérgio Frias

OBS: Texto editado às 23:45 hs do dia 03/05/2019

O texto original foi escrito quando circulava nas mídias sociais a informação de que Yago Pikachu não enfrentaria o Corinthians e a diretoria não se pronunciaria sobre o episódio. Tal informação, entretanto, não foi oficializada.

Depois de afastar jogadores da Libertadores por causa de uma foto em mídias sociais, depois de afastar Thiago Galhardo da reta final do Campeonato Carioca e da Copa do Brasil, parece, assim esperamos, que a diretoria interrompeu o procedimento padrão até então visto a cada vez que precisava gerenciar uma crise.

Persiste a crítica por não ter se pronunciado o clube sobre este episódio com Yago Pikachu. Dirigente do Vasco não pode ter medo de se expor.

Desastre absoluto

Pela primeira vez no século o Vasco perde as duas primeiras partidas na disputa do Campeonato Brasileiro.

O plantel vascaíno é até aqui um dos mais sofríveis entre os 20 clubes que disputam a competição nacional este ano.

Não há um atleta nosso que desequilibre a favor, o número de jogadores com passagens recentes por grandes clubes e com algum destaque é ínfimo, dentre os cerca de 25 oriundos de outras agremiações.

A base, por sua vez, está jogada às feras, com atletas que tendem a cair de produção ou com pouca possibilidade de ajudar, com toda a pressão sobre o time.

Salários atrasados, outros pagamentos idem, uma sucessão de resultados negativos e perda total de confiança, um inexperiente treinador, profissionais medíocres para baixo na gestão de futebol, uma lacuna na vice-presidência do setor pela presença de Alexandre Campello no cargo.

Enquanto isso, o presidente do clube declara em conversa de rua com torcedores que o time recebido em janeiro de 2018 não tinha a mesma qualidade do que se classificou à Libertadores, porque não possuía mais Anderson Martins e Mateus Pet, mas sim Paulão e Erazo, esquecendo-se que a zaga titular do jogo diante do Atlético-MG ontem já fora recebida por ele próprio – com a contratação de Werley formalmente concretizada em sua gestão, mas já bem direcionada pela anterior – e que Paulão formou na maioria da competição em 2017 a zaga titular do Vasco. Aliás com um gol do zagueiro a equipe ficou perto da conquista da vaga para a Libertadores na penúltima rodada, diante do Cruzeiro, em Belo Horizonte.

Esquece-se também que para o lugar de Jean veio Desábato, atleta com o qual o Vasco lucrou este ano, negociando-o, que para ser também reserva na posição de Mateus Vital, assim como o jovem da base era, chegou Thiago Galhardo, com quem a diretoria atual renovou, que Luiz Gustavo, trazido para a lateral ou zaga teve seu contrato também renovado pela nova direção, que Rildo e Riascos foram trazidos e seus currículos e atuações em grandes jogos são mais recomendáveis que as de Vinicius Araújo, por exemplo, que se Rafael Galhardo e Fabricio não eram o ideal, trazido este último porque Ramon estava machucado, as contratações de Lenon, Cáceres, Claudio Winck e Danilo Barcelos estiveram longe ainda de serem soluções para as duas laterais.

A cada dia que passa a situação do clube fica pior.

Mais cobranças são feitas, penhoras, queixosos de acordos não cumpridos por essa gestão se multiplicam, atletas, outros funcionários e credores não pagos no final de 2017 também se manifestam via judicial. Por opção de quem chegava, embora com 90 dias houvesse condições para pagamento dos últimos citados, o caminho foi ignorar tais débitos na prática.

A gestão anterior, boba, não vendeu Paulinho pelo valor da multa rescisória à época, triplicando a quantia em janeiro de 2018, proporcionando com isso a quem chegava receber 57 milhões de reais limpos e, como “reconhecimento“ daquele ato institucional, ignorar, por politicagem, molecagem, má intenção ou conveniência, pagamentos inerentes àquela, fundamentalmente salários, direitos de imagem e acordos, privilegiando a manutenção do dinheiro em banco para satisfação de pagamentos futuros, enquanto se demitiam centenas de funcionários, sem lhes pagar os direitos trabalhistas, como também assim se faria em relação a acordos futuros celebrados com estes.

A perspectiva de ganhos para este ano reside em verba da Globo a ser recebida em breve e através da venda de um ou outro atleta oriundo da base na próxima janela, falando das mais relevantes. Daí por diante são aportes viabilizados por empréstimos e afins.

A gestão atual vende uma fantasia para o público, enquanto o estapeia com a realidade dos fatos. Os discursos dela são parecidíssimos com os do MUV. Senão vejamos:

Em janeiro de 2012 o vice de Finanças da época afirmava que o Vasco devia 250 milhões de reais mais ou menos e no balanço de 2013 surgia o clube devendo quase o dobro, após refeito o balanço do próprio ano de 2012. O valor subiria a quase 700 milhões em 2014 e seria reduzido para 580 milhões em 2017.

Mas para a gestão atual o balanço de 2017 (retificado em novembro último), dizia dever o Vasco 645 milhões, assim como o MUV e suas reservas de contingência elevaram na caneta a dívida do clube de 220 milhões para mais de 350 em 2009.

Por outro lado coube a Alexandre Campello protagonizar uma série de atitudes, desde sua chegada à presidência do Vasco, que transformaram um cenário de pacificação e unidade noutro no qual isolou-se para buscar apoios a qualquer custo e – curioso – ter à sua volta vários pacificadores, que lhe consideram tão fraco quanto importante numa estratégia de coalizão.

A implosão política do clube, protagonizada por Campello, se deu também desde a insistência em fazer um balanço que era cabido ao gestor antecessor realizar, com números – relembre-se – depois retificados e votados no Conselho Deliberativo e novamente ignorados na feitura do balanço de 2018. Junto a isso uma carta amarela, na essência, foi elaborada provavelmente por amarelos dessa gestão, cínica, covarde e maquiavélica, vide ações posteriores a ela e choramingo ulterior. A assinatura daquilo demonstrou também um pouco do caráter administrativo do atual presidente.

A forma como Alexandre Campello tratou Eurico Miranda na mídia no início de sua gestão, sugerindo uma distância, enquanto intramuros ia até ele, demonstrando o contrário, solicitar ajuda (que nunca lhe era negada) traduziu-se em sinal para muitos.

A forma como tratou seu próprio grupo, sem o qual não teria chance nem mesmo de pleitear ser conselheiro do Vasco, a não ser, talvez, na chapa “pura” amarela, por seu discurso coadunado na essência com o que pensa tal facção – diga-se de passagem hoje aliada em mantê-lo no poder, visando as eleições em 2020, fazendo a lógica do quanto pior melhor – mostra também muito de si.

A forma como tratou a gestão anterior sobre seus resultados, a verdadeira reconstrução que se iniciava no Vasco, em vários dizeres já expostos acima, culminou com declaração recente de que a atual gestão reconstrói o clube – infelicidade dita após a perda de um título contra o maior rival, para os vascaínos de raiz.

A forma como tentou trabalhar politicamente apoios no clube – excluindo desta conta os que convergem com ele e suas ideias por convicção na sua capacidade de gestão – trouxe para si supostos aliados, os quais querem não só que ele se dane, como também que sirva aos interesses filosóficos de cada um, vide, por exemplo, o ocorrido após decisão judicial que garantiria novas eleições no clube próximo ao fim do ano passado.

O Vasco desaba institucionalmente, joga fora todo o trabalho feito com tantas dificuldades e poucos recursos pela gestão antecessora à atual, realizado após seis anos e cinco meses do que se viu de horrendo no Vasco. Caminha hoje o clube para uma derrocada esportiva com consequências das mais danosas, pois é o Vasco no cenário atual uma equipe sem prestígio, sem carisma, sem harmonia e se não houver mudanças drásticas (E CORRETAS), sem futuro.

Sérgio Frias

Medo, descomprometimento, vergonha

A lamentável e inaceitável atuação do Vasco domingo contra o Flamengo, na primeira partida decisiva do campeonato, criou um abismo entre os dois clubes, materializado em 90 minutos de partida.

Tal abismo era nítido entre o Campeonato Brasileiro de 1997 e o de 2000, a favor do Vasco, mas o que se via na época era uma dedicação quase irracional da equipe rubro-negra, jogando a vida a cada confronto, contra um adversário nitidamente superior, que entre uma goleada e outra impingida, buscava igualar as coisas, com o sistema a seu favor, claro, mas também comprometido a cada disputa. Foram 6 vitórias do Vasco contra 5 do adversário.

A mesma diferença abissal era nítida entre o início de 1979 até o Campeonato Brasileiro de 1983. A geração de Zico e cia. ganhou mais que perdeu do Vasco, mas teve no adversário um digno contendor. Naquela época o que se via pelos lados de São Januário era uma luta constante, contra uma equipe melhor e um sistema que ainda a fortalecia mais ainda, independentemente da distância entre os dois clubes. Foram 9 vitórias do Flamengo contra 8 do oponente.

Tanto Vasco como Flamengo tiveram ao longo da história momentos nos quais o favoritismo pendia para um lado ou outro, mas a luta, a garra, a vontade de vencer, não era definida no papel, na escalação, mas sim na atitude em campo.

Faltou atitude ao Vasco, sobrou receio, faltou concentração, sobrou atabalhoamento, tudo isso no primeiro jogo decisivo do campeonato.

Os dois gols rubro-negros surgiram de falhas infantis dos laterais e o anulado de outra, desta vez cometida pelo zagueiro Werley.

O treinador errou em duas das três substituições (na outra trocou simplesmente um centroavante por outro), mas ficou evidenciado que a mexida do intervalo pôs cedo demais no gramado um atleta capaz de produzir muito mais como arma para os últimos 15, 20 minutos (oxalá esteja pronto para mais daqui por diante). O absurdo, entretanto, foi a segunda alteração, quando foi retirado de campo o jogador mais produtivo da equipe nas ações ofensivas, facilitando de vez as coisas para o adversário, embora, em tese, a dupla função a ser exercida por Yan Sasse, mais descansado, justificasse, por princípio, a troca.

Os atletas com os quais mais se contava, no meio e na frente, decepcionaram. Maxi Lopez e Bruno César andaram de mal a pior, Pikachu reapareceu sem ritmo e pouco comprometido com a marcação, Lucas Mineiro mostrou-se irregular ao longo da partida, vigiado de perto pela marcação adversária e Raul um tanto inseguro e pouco efetivo.

Atrás salvou-se Leandro Castan, realizando uma bela partida e Fernando Miguel, com boas defesas, embora deixasse a sensação de que poderia não largar o cruzamento de Arascaeta, na jogada do segundo gol rubro-negro. A bola, todavia, estava molhada, absolvendo o arqueiro de qualquer crítica contundente naquele lance.

Não há uma mágica solução para reverter uma vantagem considerável, aberta pelo adversário, mas o certo é que com a repetição dos erros, da amorfia e do titubeio coletivo, o Vasco não conseguirá melhor sorte na segunda partida.

De nada adianta simplesmente passar uma borracha no que ocorreu, mas sim tirar lições disso, corrigir defeitos, questionarem-se todos os envolvidos no vexame e mudar a postura (tanto quanto o espírito) para a disputa do segundo jogo decisivo.

Por fim, deve nesta semana se expor a direção, mantendo os vascaínos ainda motivados para darem sua contribuição em nome da reação, com sua presença e incentivo no último embate do campeonato.

O vascaíno cascudo vai ao jogo, disso temos todos certeza.

Sérgio Frias