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Retificações necessárias

Roberto foi ídolo de inúmeros torcedores vascaínos, da maioria das crianças de várias épocas e tem registrado seu nome na história do Vasco por seus feitos como atleta. Não tanto pelos títulos, que não foram muitos em quase 20 anos (atuando à vera três Cariocas e um Brasileiro, mais outro Carioca jogando pouco), mas pelos inúmeros gols marcados e tantas vezes que atuou em times sem a devida qualificação, com ele próprio despontando para levar o Vasco a vitórias.

Tempos em que a Federação do Rio era dominada pela dupla Fla/Flu e o futebol carioca também dominado pelos dois clubes até aparecer um tal de Eurico Miranda e acabar com a festa.

Para que se tenha uma ideia, mais da metade dos títulos estaduais ganhos por Roberto foram no período a partir do qual Eurico Miranda passou a comandar o futebol do clube e mesmo não havendo espaço para Dinamite no Campeonato Brasileiro de 1989, o dirigente fez questão de pôr nele a faixa de campeão no dia da entrega delas em São Januário, afirmando Dinamite aos microfones recebê-la com satisfação porque sabia que para Eurico ele, Roberto, jamais havia saído do Vasco.

De fato, Eurico fora garantidor de várias renovações de seus contratos ao final de carreira com oposições internas a isso, inclusive em 1990, quando voltou do empréstimo da Portuguesa, ocasião na qual Roberto afirmou que se o Flamengo lhe fizesse boa proposta atuaria no rubro-negro, sem o menor problema, 10 anos, praticamente, após o ocorrido em 1980.

O próprio Eurico, como todo o Vasco sabe e a história registra, foi o responsável pela vinda dele Roberto, da Espanha, quando o Vice-Presidente de Futebol, Antônio Soares Calçada, queria apenas receber o valor restante da venda do atleta ao Barcelona-ESP e não o jogador de volta, que, por sua vez, na qualidade de profissional, só não fechou com o Flamengo e foi atuar na Gávea exatamente porque Eurico interveio e se virou na Espanha, deblaterando com empresários e convencendo Roberto a voltar para o Vasco.

Mas Roberto, como dizíamos, teve vários registros emblemáticos na história do clube. Seus mais de 600 gols como profissional o fizeram ser, entre várias outras coisas, o maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro e o maior artilheiro do confronto diante do maior rival.

Roberto tornou-se político e, através dos vascaínos, obteve inúmeras reeleições para cargos eletivos da política geral, sem a esmagadora maioria se preocupar se fazia bons ou maus mandatos como Vereador ou Deputado Estadual. Votava-se no ídolo, como numa espécie de reconhecimento por tudo o que fizera nos gramados.

A grande bobagem de Roberto foi se meter na política do Vasco e pela via não adequada. Primeiro falando em ser presidente do Vasco num ato que fora promovido pelo clube em 2001 para dar força exatamente a quem estava administrando, evento para o qual foi convidado com um fim e deu entrevistas visando outro.

Dali por diante, o desentendimento ocorreu e Roberto aceitou ser um veículo do MUV para assumir o clube.

Tivesse ele gerido o Vasco de forma menos que catastrófica teria aceitação da torcida, que lhe pegou no colo inúmeras vezes e o reelegeu com 93% dos votos, após ter ele rebaixado o clube pela primeira vez na história do futebol vascaíno e depois ter rebaixado o Vasco nas cotas de TV, o que traria ao Flamengo, ao longo dos anos, o vislumbre de supremacia visto hoje, pela progressão geométrica de ganhos, a partir daquele, supremacia, diga-se de passagem, freada entre 2015 e 2017, quando virou saco de pancadas do Vasco, apesar de duas vitórias no último ano, a ponto de obter metade dos títulos do rival no período e apenas 1/4 de taças oficiais no futebol profissional.

Roberto andou dando entrevistas não com versões, mas com mentiras, a respeito da situação em que pegou o Vasco. Isso não se faz. Não é correto, não é justo, não é digno da idolatria que trouxe vascaínos a acreditarem nele em campo.

Não se diz que pegou o Vasco com o clube podendo fechar. Antes de tudo é risível o dizer, mas, além disso, agressivo à história do próprio Vasco à época.

O Vasco, assim como Flamengo, Botafogo, Fluminense, São Paulo, Corinthians, Grêmio, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Internacional, Palmeiras, Santos, ou seja, todos os grandes, possuía dívidas, mas não estavam equacionadas da boca para fora e sim na prática, com recursos a serem utilizados, dinheiro novo a ser feito e com a garantia de quem assumia de que a partir dali surgiria uma fila de investidores.

O Vasco foi assumido em julho de 2008 com salários em dia e assim se mantinha por quatro anos consecutivos, com problemas nesse período em duas, três ocasiões. No 2º semestre de 2008 já havia atraso de salários e durante 6 anos e 5 meses isso foi recorrente no clube, tal qual é agora, diferentemente do que foi a gestão última de Eurico Miranda durante 2 anos e 8 meses, que pagou, também, os meses em atraso deixados pela gestão do próprio MUV/Dinamite, o que, por sinal, a gestão atual não fez em relação a duas folhas da gestão antecessora no decorrer do ano seguinte (uma de salário e, também, a gratificação natalina).

A falta do respeito ao princípio da continuidade administrativa, desdenhada por Roberto à época e por Campello em 2018, difere daquilo que fora feito por Eurico Miranda em 2001 (assumiu o clube com 18 meses de cotas adiantadas, meses de salários atrasados e muitos meses de direitos de imagem atrasados, fora pendências outras, oriundas do calote do banco ao clube desde julho de 2000) e quando reassumiu o clube no final de 2014, ocasião na qual não falou em Vasco fechando, mas sim fechou os pagamentos necessários em 25 dias para obter certidões positivas com efeito de negativas e começou a acertar salários, recuperar o patrimônio, destruído ou abandonado pela gestão anterior, recuperar a base e ainda reconquistar o Campeonato Carioca, após 11 anos.

Aliás, sobre Campeonato Carioca, é importante ressaltar que essa “mole” competição de ganhar, teve Roberto como atleta nela por 15 edições, antes de Eurico assumir o futebol do clube, e mais 6 outras oportunidades com ele, Roberto, na presidência. No total o Vasco venceu duas. Duas em 21 oportunidades.

Com Eurico Miranda, Vice-Presidente de Futebol do clube, segundo, primeiro vice ou presidente, o Vasco conquistou 9 títulos em 26 oportunidades. Nesse período Roberto Dinamite, como atleta, conquistou 3 títulos em 6 oportunidades.

O Vasco, deixado por Eurico Miranda em junho de 2008, tinha um custo mensal, total, próximo a 3,5 milhões de reais, mas foi reassumido no final de 2014 tendo que girar com valores entre 10 e 12 milhões mensais.

O MUV, junto a Dinamite, assumiu o Vasco em julho de 2008, sabendo que teria disponível 3 milhões de reais no dia 30 (primeira parcela da venda de Phillippe Coutinho), com rendas de bilheteria até o fim de junho liberadas (sem penhoras) e com o caminho (ensinado e seguido) para obter antecipação de cotas de TV (a direção sucessora pegou o clube com 9 meses de cotas adiantadas, metade do que Eurico Miranda pegara o Vasco em janeiro de 2001 e deixou o Vasco com praticamente nada a receber entre 2015 e 2016), sem ter que passar pela Globo, via Clube dos 13, que o Vasco inacreditavelmente implodiria 3 anos depois, sob as orientações do Flamengo e pelo bem do futebol carioca.

O MUV assumiu o Vasco sem nenhum título protestado e o deixou com mais de 100 em 2014, assumiu o Vasco com atletas de sua base 100% ou praticamente isso vinculados ao clube (percentuais de direitos econômicos) e saiu com ela fatiada em percentuais consideráveis, em vários e vários casos. Souza, Alex Teixeira e Alan Kardec eram ativos do clube (Alex Teixeira com multa de 100 milhões de reais), atletas preparados para jogar e serem negociados, como foram, a partir de 2009, Pablo e Jean, titulares da equipe, no meio do Campeonato Brasileiro de 2008, assim como Morais, emprestado e no ano seguinte vendido ao Corinthians, entre outros.

O Vasco tinha, além de sua base, atletas no elenco que o mantinham em oito rodadas no Campeonato Brasileiro de 2008 na nona posição (oitavo lugar em pontos, uma posição atrás pelo saldo de gols), seu ataque era o sétimo da competição e sua defesa tinha nove outras atrás dela, o clube já estivera na zona da Libertadores em uma das 8 rodadas iniciais, se dera ao luxo de atuar com 10 reservas frente ao Botafogo, no Engenhão, por disputar concomitantemente a semifinal da Copa do Brasil, competição na qual foi eliminado nos pênaltis, em São Januário, para o futuro campeão, enquanto seu futuro presidente comentava por uma emissora de TV a outra semifinal entre Corinthians x Botafogo, e há 108 rodadas não frequentava a zona de rebaixamento, sendo dos clubes cariocas nos pontos corridos quem menos vezes havia estado no Z4, ao longo do período e em nenhuma oportunidade no 2º turno da competição.

O Vasco tinha contratos para além do fim da temporada com praticamente toda a sua base, atuante no time de cima, e apostava a cada ano em outros na maioria curtos, um ou outro mais longo e assim fazia desde o surgimento da Lei Pelé, que trazia riscos de contratos longos assinados quando uma aposta não dava certo. Esse caminho que fez o Vasco ter elenco, ser campeão, chegar à final estadual e nacional, ganhar turnos, brigar por Libertadores e chegar na Sul-Americana (onde fora deixado em 2008), manter-se sem ninguém à sua frente no confronto direto estadual e pagar em dia seus compromissos, inclusive acordos quebrados tão logo a administração sucessora assumiu o clube.

Roberto, a solução não é mentir e distorcer, fazendo mais do mesmo do que se vê por aí na internet, em mídias sociais, por gente interessada nisso, por motivos inconfessáveis, fora alguma ingenuidade aqui e ali. A distorção politiqueira da história do clube serve a um propósito, mas certamente o propósito não é o bem do Vasco e exatamente por isso é necessário refutar com fatos o dito, para que não fique pelo não dito.

Eurico está morto, mas morreu com muitas homenagens, com reconhecimento daquilo que fez para o clube e, em sua função, para o futebol brasileiro. Ele saiu por cima, com o Vasco classificado à Libertadores, tendo diminuído a dívida do Vasco, apesar de quase triplicada pela gestão antecessora (a sua) em 6 anos e 5 meses, consagrou-se como o dirigente com maior número de taças oficiais ganhas na história do Vasco, tornou ao largo de 26 anos o Vasco superior no confronto e em títulos oficiais a todos os seus adversários desse estado, tem no seu currículo a maior invencibilidade da história do clube em jogos oficiais e a maior do século (junto a Corinthians e Cruzeiro), o reconhecimento de um Campeonato Sul-Americano com status de Libertadores, recorde de vitórias consecutivas na Taça Libertadores (junto ao Cruzeiro), vitórias em todas as decisões de taça contra o Fluminense (9), antigo algoz, além de ter batido de mão cheia no Flamengo, uma vez na Páscoa e outra a uma semana do Dia das Crianças.

Nesses 26 anos, o Flamengo não ganhou nenhuma Libertadores e apenas um título brasileiro e o conquistou quando o Vasco permitiu, após ter sido o clube roubado em São Paulo (um gol seu mal anulado) e, contra as previsões midiáticas, jogado de forma digna contra o São Paulo na última rodada da fase semifinal, com orientação do próprio Eurico Miranda para tal.

Eurico Miranda e você poderiam ter sido os amigos que foram durante anos, pois ele, contra muitos no Vasco, só buscou fazer o bem a você, tratou-o de forma diferenciada, nos bons e maus momentos, se indispôs com dirigentes, em especial Calçada, por sua causa e mesmo com toda a oposição interna proporcionou a que você tivesse um final de carreira digno e um início de vida pública alvissareiro.

Cá para nós, ir à mídia se lamuriar de algo que “implodiu” (no caso o Vasco), por total incapacidade administrativa e até desídia, comprovada pela forma como foi transformando o clube até deixá-lo no estado em que foi visto no final de 2014, aproveitando-se do fato de que não há contraponto de quem critica, porque está morto, não é uma atitude de artilheiro, mas um gol contra, primeiro porque está distorcendo os fatos, portanto, repetimos, a história do Vasco, e segundo porque está, mais uma vez, traindo, desta vez post mortem, a quem te deu a mão e você pagou com traição.

Mude, Roberto. Para melhor.

Sérgio Frias

Imagem polêmica e omissão mais polêmica ainda

O site UOL teve a ideia de ilustrar sua temática sobre “virada de mesa”, parte de outra mais abrangente “futebol bandido”, usando a foto de Eurico Miranda como um exemplo simbólico disso.

A mesa vira no futebol brasileiro quando se descumprem regras, preceitos, ou simplesmente quando se define qual lado da mesa está certo por terceiros, que a viram para um lado ou outro quando convém? Inúmeras discussões sobre caminhos, rumos do futebol brasileiro devem ser esmiuçadas, debatidas e expostas com ponto e contraponto.

Um dos pontos, que tem em imagens, câmeras, replays e incríveis sequências, coincidências, um prejuízo para algum clube, sem que haja possibilidade de contraponto, deveria caber em matérias fáticas deste tipo. No caso, falamos de arbitragem.

Lendo a matéria, que trata de inúmeras situações controversas da história do futebol brasileiro, nada se fala, por exemplo (e fica como sugestão) do motivo pelo qual no Campeonato Brasileiro de 2015 o Vasco foi fragorosamente prejudicado por arbitragens, a ponto de perder 14 pontos, usando-se como parâmetro dessa conta um sucesso de mídia, com divulgação da imprensa em várias oportunidades, que perdurou por anos, chamado “Placar Real”, para onde escrevemos contestando os “apenas” 11 pontos que insistiam em divulgar terem sido de prejuízos oriundos de arbitragem contra o clube e não 14, conforme comprovamos com imagens e vídeos.

Ora, o caso aconteceu há menos de 5 anos, árbitros deram depoimentos a respeito do comportamento de Delfim Peixoto, à época figura de destaque na CBF, Eurico Miranda foi ao STJD após denúncias, manteve questionamentos e ninguém o peitou de verdade, diante daquilo que narrou, embora a imprensa em geral tenha feito questão de desdenhar os “míseros” 20 erros de arbitragem contra o Vasco na competição, em lances capitais (que serão aqui relembrados).

Passados 5 anos já pode haver o reconhecimento tardio de jornalistas honestos sobre o absurdo que aquilo foi e direcionado contra o clube que se rebaixado permitiria, provavelmente, a um clube de Santa Catarina qualquer permanecer na primeira divisão.

Na mesma competição, o clube que obteve maior benefício em pontos, dentre todos os 20 participantes, foi a Chapecoense, com 7 a mais na balança de erros e acertos em lances capitais, Figueirense e Avaí tiveram a seu favor na balança, em função de arbitragens, 4 pontos, brigando contra o rebaixamento até a última rodada. Até o lanterna Joinville teve um pontinho a mais na balança, em seu favor. E para lembrar de outros na mesma situação de briga contra o descenso, o Goiás foi favorecido em 3 pontos e o Coritiba prejudicado em 1 ponto apenas nas respectivas balanças de erros e acertos dos árbitros.

Como o ocorrido é recente, mereceria investigações maiores, relatos de árbitros, ratificando conversas de vestiário do ex presidente da Federação Catarinense (desejando bom jogo, boa atuação) e as justificativas para prejuízos de arbitragem em sequência, principalmente no 2º turno da competição, quando incríveis pênaltis a favor do Vasco não foram marcados diante de Cruzeiro (cortada de vôlei do volante Willians), Avaí (pênalti claríssimo de Nino Paraíba em Jorge Henrique), Chapecoense (toque escandaloso de Tiago Luís com o braço aberto, dentro da área) e Coritiba (pênalti insofismável sobre Nenê), gols irregulares assinalados contra o Vasco, frente a Atlético Mineiro (de uma falta perigosa em favor do Vasco, não marcada saiu o contragolpe para o gol mineiro), Chapecoense (pênalti inexistente marcado, que redundou em gol) e São Paulo (falta clara de Ganso em Bruno Gallo, na frente do árbitro, impedindo-o de chegar na bola e evitar o complemento às redes de Rodrigo Caio), além de uma inacreditável penalidade máxima (desperdiçada), dada em favor do Avaí, no estádio da Ressacada (mão de Madson fora da grande área).

Lembrando, ainda, que, no turno, dentro de São Januário, houve dois pênaltis no espaço de um minuto, contra o Internacional-RS, não marcados pela arbitragem (um sobre Guinazu e no ataque seguinte outro sobre Gilberto), além de nova penalidade máxima ignorada em Recife, contra o Sport, em cotovelada dada dentro da área por Dutra sobre Gilberto, que buscava alcançar a bola para o complemento da jogada e teve de sair de campo para ser atendido em função da agressão sofrida.

Houve, também, a incrível não expulsão de Bruno Rodrigo, zagueiro do Cruzeiro, que, já com cartão amarelo, cometeu falta sobre Herrera, por trás, com este indo em direção à área adversária no 1º tempo da partida realizada no Mineirão (mesmo jogo da cortada de Willians).

Não se computa aqui, em termo de contabilização de pontos perdidos, a operação contra o Vasco em Goiás, num pênalti inexistente marcado pela arbitragem (suposta mão de Rodrigo) e a expulsão de Jorge Henrique sem o adversário junto dele, deixando o Vasco com 10 em campo, com menos de 1/4 do jogo disputado, pela diferença de gols daquela derrota, como, também, outro gol ilegal sofrido diante do Internacional-RS, em Porto Alegre, pelo mesmo fator.

Da mesma forma, o gol anulado contra o Avaí no turno, o pênalti não marcado para o Vasco contra o Atlético-PR e o gol mal anulado do Vasco diante do Sport no returno não contam pelo fato de o Vasco ter vencidos 3 jogos.

Relembramos, por fim, dois outros pênaltis em favor do Vasco, contra o São Paulo, no Morumbi, ignorado pelo fato, provavelmente, de ter sido marcado um no 1º tempo (que existiu) e diante do Coritiba na última rodada, sobre Rafael Silva, com o campo encharcado, já no finalzinho da partida.

Ah, sim. O Vasco foi beneficiado pela arbitragem com a não marcação de um pênalti contra si na goleada sofrida diante do São Paulo, no turno, por 4 x 0 e de outro não assinalado na derrota sofrida diante do Figueirense no Maracanã, única situação em que nossa opinião divergiu em relação a do comentarista de arbitragem do órgão ESPN à época, Salvio Spínola, que entendeu não ter ocorrido a falta de Luan sobre Dudu.

O time, francamente prejudicado pela arbitragem, ficaria 34 jogos oficiais invicto, entre 08 de novembro de 2015 e 07 de junho de 2016, sendo 11 clássicos nessa conta, entre estaduais e interestaduais, batendo seu próprio recorde nesse quesito (jogos oficiais) e se igualando às invencibilidades obtidas por Cruzeiro e Corinthians, portanto, as 3 maiores de equipes brasileiras neste século (em jogos oficiais). Além disso, com a mesma base, o Vasco foi Campeão Carioca Invicto, seu 6º título invicto em 94 disputas da competição.

No ano seguinte, em partida válida pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil, além de dois lances interpretativos de pênalti não marcados, um outro claro, também não foi assinalado diante do Santos, em São Januário, no primeiro tempo, enquanto na segunda etapa, o gol de empate da equipe paulista foi marcado em lance com três irregularidades diferentes. Um escárnio contra o clube em seu estádio.

Para completar, no Campeonato Brasileiro de 2017, o Vasco teve 8 pênaltis marcados contra si (1 inexistente, o 1º diante do Palmeiras na estreia do campeonato), 5 gols irregulares contra si validados (Bahia, 2º do Botafogo e Atlético-MG no turno, Corinthians e Avaí no returno) e 8 pênaltis existentes não marcados em seu favor (Palmeiras, Corinthians, Chapecoense, Atlético-GO {2}, Flamengo e Santos no turno, Coritiba no returno).

No Campeonato Brasileiro daquele ano, em função das arbitragens, tomaram do Vasco “apenas” 7 pontos.

Para se ter uma ideia comparativa, no ano seguinte, 2018, o Vasco teve 12 pênaltis marcados em seu favor e 3 contra. Deixaram de ser marcados em favor do Vasco 6 penalidades máximas (Atlético-MG no turno, Bahia, Sport-PE, Internacional-RS, Corinthians {2} no returno) e contra 3 outros (Cruzeiro no turno, Botafogo, Fluminense no returno).

Fora isso, o Vasco teve a seu favor um gol ilegal contra o Sport no returno e um gol legal do Palmeiras não validado contra si no turno, além de um dos 12 pênaltis assinalados em seu favor não ter ocorrido, contra o Internacional-RS no returno. Por outro lado, sofreu um gol ilegal, marcado pelo Flamengo, no turno.

Como se vê, houve um equilíbrio quase total entre erros e acertos em 2018, último Campeonato Brasileiro disputado sem VAR. O Vasco teve 4 pontos a seu favor em função das arbitragens e 5 contra.

Vale ressaltar que o Vasco, diferentemente de 2017, quando se classificou para a Libertadores, terminou o Campeonato Brasileiro de 2018 na 16ª posição.

Os campeonatos por pontos corridos tendem a trazer um equilíbrio entre ganhos e perdidos, em função da arbitragem. Três, quatro pontos, a favor ou contra, em função de erros de arbitragem, polêmicas, é aceitável.

Observem agora (e pesquisem) o ocorrido com o Vasco ao longo dos Campeonatos Brasileiros de pontos corridos, na balança de pontos oriundos de lucros e prejuízos de arbitragem:
2003 (- 6 pontos)
2004 (- 6 pontos)
2005 (- 5 pontos)
2006 (- 7 pontos)
2010 (+ 5 pontos)
2011 (- 8 pontos)
2015 (- 14 pontos)
2017 (- 7 pontos)

Como se vê, apenas 2010 foi um ponto fora da curva, em favor do clube, na 1ª divisão.

Em 7 oportunidades, curiosamente com Eurico Miranda gerindo o clube, o Vasco teve prejuízo de 5 ou mais pontos. Apenas uma vez, em 2007, isso não ocorreu.

Em compensação, o clube, que não sofrera qualquer prejuízo de arbitragem que lhe tomasse ponto nas 30 últimas rodadas do Campeonato Brasileiro de 2008, que havia sido amplamente beneficiado (sem qualquer necessidade disso), na Série B de 2009, que ganhara 5 pontos a mais na balança do Campeonato Brasileiro de 2010 e que terminara o turno do Campeonato Brasileiro de 2011 com apenas um ponto perdido na balança, entre erros e acertos, exatamente no 2º turno, quando pôs as manguinhas de fora para ser Campeão Brasileiro, teve 1 ponto em seu benefício e 8 contra, sendo (olhem que coincidência!) 6 deles nas últimas 7 rodadas da competição.

Nessa ocasião, em 2011, enquanto no turno 3 pontos foram ganhos com ajuda de arbitragem, diante de Atlético-MG e Fluminense, 4 foram perdidos contra Bahia (mesmo considerando que o gol de empate do Vasco tenha sido marcado aos 50 do 2º tempo) e Flamengo.

Mas no 2º turno houve 1 ponto ganho no clássico contra o Corinthians (que seria o campeão) e 8 perdidos, sendo 2 contra o Figueirense e 6 nas últimas 7 rodadas do campeonato, contra São Paulo, Palmeiras e Flamengo.

Que não se pense haver um ignorar sobre o ocorrido com o Vasco, em momentos decisivos, nos Campeonatos Brasileiros dos séculos XX e XXI, antes dos pontos corridos, situações que trouxeram prejuízo ao clube em mata matas ou fases decisivas, ou, ainda que impediram o Vasco de se classificar para play-offs, como em 1992 (Santos duas vezes), 1998 (São Paulo, Paraná, Internacional-RS), 2001 (Coritiba, São Caetano, Fluminense, Portuguesa-SP, Atlético-MG), 2002 (Juventude, Atlético-MG, Santos, Corinthians).

Especificamente sobre aquilo que traz a matéria sobre Eurico Miranda e o conseguido para que Edmundo pudesse jogar a partida decisiva do Campeonato Brasileiro de 1997 (ocasião na qual o Vasco foi prejudicado pela arbitragem com o cometimento de um pênalti sobre Ramon, ignorado pelo árbitro Sidrack Marinho no segundo tempo), diferentemente do que fizera o Palmeiras em 1994 – obtenção de efeito suspensivo para o próprio Edmundo e ainda o zagueiro Antônio Carlos jogarem a final contra o Corinthians – o conseguido por Eurico três anos depois foi um julgamento do atleta, que, absolvido, pôde jogar diante da equipe paulista a partida decisiva.

Devemos nos lembrar que Eurico Miranda não foi mocinho para a imprensa, mas agiu como tal em situações nas quais o certo e o errado são subjetivos.

Temos como exemplo clássico a classificação do Brasil para a Copa do Mundo de 1990, após, como diretor da CBF, reverter uma situação desfavorável ao Brasil com sinalizador de fumaça atirado da arquibancada do Maracanã, contra a meta defendida pelo chileno Rojas (independentemente de seu teatro).

Na ocasião, apesar de se saber que a atitude era passível de punição ao Brasil, pela letra fria da legislação esportiva, a ação de Eurico, que conhecia o regulamento (lia a bula) reverteu o processo.

Soube ele como caminhar para mudar o enredo e usar os meios necessários para garantir o início de um procedimento que levaria não só o Chile a tomar um W.O. como, também, a ser excluído de competições internacionais por anos.

A imprensa na época colocou Rojas, pelo teatro, como bandido, a mocinha, que disparou o sinalizador de fumaça foi posar na Playboy, enquanto o dirigente pareceu servir, naquele episódio, para o fim que todos queriam (Brasil na Copa).

Sérgio Frias

Outro patamar em relação aos rivais

Um ano após o falecimento de Eurico Miranda a melhor homenagem a ser feita a ele é a de relembrar sua importância singular para o Vasco, demonstrada, aliás, no carinho, respeito, agradecimento e profunda tristeza de milhares de vascaínos presentes aos atos tradicionais post-mortem, nos dias subsequentes ao ocorrido.

Façamos aqui um breve resumo do que significou em termos de resultados práticos sua passagem no Vasco.

Diferentemente daquilo que é arrotado por muitos, ter supremacia no estado (contra seus três outros grandes adversários no limite da cidade e dividindo mercado) é exatamente o que possibilita crescimento para fora, independentemente de uma performance estadual que não se retrate num bom rendimento interestadual ou nacional, como, por exemplo nas competições seguintes aos títulos conquistados nos Campeonatos Cariocas de 1929, 1934, 1945, 1947, 1950, 1956, 1970, 1987, 1993, 1994, 2003, 2015, 2016. Tais títulos estão registrados na história vascaína, que não possui apenas 13 a serem considerados e sim próximo do triplo, contando exatamente os Campeonatos Cariocas. Dito isto, vamos aos itens mais emblemáticos:

Performance do Vasco:

Janeiro de 1986 a Junho de 2008/Janeiro de 2015 a Dezembro de 2017:

Confrontos diretos:
Vasco 41 x 23 Botafogo *
OBS: Uma vez o clube de General Severiano preferiu não ir a campo e tomar de W.O. (1998)
OBS 2: Maior goleada da história do confronto (diferença de gols da história do clássico) em 2001 – 7 x 0
OBS 3: Maior sequência de vitórias contra o adversário – 1992 a 1993
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Vasco 45 x 41 Flamengo*
OBS: Duas vezes o clube da Gávea preferiu não ir a campo e tomar de W.O. (1997 e 1998)
OBS 2: Recorde vascaíno de eliminações consecutivas em confrontos diretos contra o adversário (2015, 2015, 2016)
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Vasco 43 x 23 Fluminense
OBS: Maior sequência de vitórias contra o adversário – 1999 a 2000
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Disputa de taças:
Vasco 3 x 3 Botafogo (1990*, 1997 (2), 2015, 2016, 2017)
*Na disputa de 1990 o Botafogo não foi a campo disputar a prorrogação, após ter vencido no tempo normal, o árbitro da partida registrou o abandono, mas o Botafogo venceu no tapetão.
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Vasco 9 x 8 Flamengo (1986 (2), 1987, 1988 (2), 1993, 1996, 1998, 1999 (3), 2000 (2), 2001, 2003, 2004, 2006)*
*Desconsidera-se aí a Taça GB conquistada pelo Vasco em 1992 diante do Flamengo e a Taça Rio de 1996, vencida pelo Flamengo sobre o Vasco, porque a vitória de Flamengo em 1992 e de Vasco em 1996, num único jogo previsto na tabela, por qualquer placar, não daria a taça para nenhum dos dois e sim, apenas, a chance de disputar o título, aí sim, contra o adversário, numa partida extra.
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Vasco 8 x 0 Fluminense (1988, 1992, 1993, 1994 (2), 2003*, 2004, 2016)
*Desconsidera-se aí a Taça Rio, conquistada pelo Vasco em 2003, porque no certame quadrangular que valeria a taça, disputado por Vasco, Americano, Flamengo e Fluminense, o Vasco marcou 6 pontos nos 2 primeiros confrontos, contra 4 do adversário em seus 2 primeiros confrontos. Com isso, apenas o Vasco poderia ser Campeão da Taça Rio em vencendo a primeira partida decisiva do campeonato, o que, de fato, ocorreu com uma vitória de 2 x 1 frente ao tricolor, que, naquela oportunidade não tinha como conquistar a Taça Rio, mesmo se vencesse por qualquer margem de diferença.
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Número de títulos Oficiais levantados pelos quatro clubes no período:
Vasco – 37 títulos
Libertadores – 1998
Copa Mercosul – 2000
Brasileiro – 1989, 1997, 2000
Torneio Rio-São Paulo – 1999
Torneio Interestadual João Havelange – 1993
Carioca – 1987, 1988, 1992, 1993, 1994, 1998, 2003, 2015, 2016
Copa Rio – 1992, 1993
Taça Guanabara – 1986, 1987, 1990, 1992, 1994, 1998, 2003, 2016
Taça Rio – 1988, 1992, 1993, 1998, 1999, 2001, 2003, 2004, 2017
Terceiro Turno do Campeonato Carioca – 1988, 1997
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Flamengo – 30 títulos
Copa Mercosul – 1999
Copa Ouro – 1996
Brasileiro – 1992
Copa do Brasil – 1990, 2006
Copa dos Campeões do Brasil – 2001
Carioca – 1986, 1991, 1996, 1999, 2000, 2001, 2004, 2007, 2008, 2017
Copa Rio – 1991
Taça Guanabara – 1988, 1989, 1995, 1996, 1999, 2001, 2004, 2007, 2008
Taça Rio – 1986, 1991, 1996, 2000
Terceiro Turno do Campeonato Carioca – 1987
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Botafogo – 14 títulos
Copa Conmebol – 1993
Brasileiro – 1995
Torneio Rio-São Paulo – 1998
Campeão Carioca – 1989, 1990, 1997, 2006
Taça Guanabara – 1997, 2006, 2015
Taça Rio – 1989, 1997, 2007, 2008
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Fluminense – 8 títulos
Copa do Brasil – 2007
Carioca – 1995, 2002, 2005
Taça Guanabara – 1991, 1993, 2017
Taça Rio – 2005
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Nos próximos dias registraremos a diferença nos 25 anos e meio anteriores à chegada de Eurico Miranda na Vice-Presidência de Futebol do Vasco (entre o período como Vice-Presidente de Futebol e Presidente do clube foram 25 anos e meio), com a participação na Vice-Presidência de Futebol e presidência de outros atores e, também, a diferença do período do Vasco sem Eurico Miranda no século XXI, em relação aos principais rivais.

Registramos, independentemente disso, que o maior período da história do Vasco no futebol, ocorreu entre 1944 e 1953, com à época 15 títulos oficiais conquistados, relembrando que o 16º deles e mais emblemático, foi reconhecido, com status de Taça Libertadores, exatamente por ação nos bastidores de Eurico Miranda junto à Conmebol, 48 anos depois, contando ainda com a ajuda de seu filho Mario Angelo, hoje Professor Doutor em História.

Casaca!

Um ano de luto e de descaso

Há um ano, exatamente a 09 de fevereiro, o texto “Tragédia Secular” saiu em coluna. Hoje sai como nota do Casaca!, apenas com o título modificado.

Mais uma vez o registro, válido para que ninguém se esqueça.

De lá para cá o que se viu por parte do rubro-negro da Gávea é autoexplicativo, no que concerne ao caso.
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O ocorrido há cerca de 36 horas é estarrecedor, inimaginável, inclassificável e uma tragédia, fruto de completa e total irresponsabilidade do Clube de Regatas do Flamengo.

O local onde havia dormitório poderia funcionar como estacionamento, tratava-se de um contêiner, com uma só saída e sem outra de emergência, o clube havia sido multado quase 30 vezes, por estar sem o devido alvará, a prefeitura determinou a interdição do CT em 20/10/2017, mas o clube resolveu manter o funcionamento e transformou em alojamento um espaço, sem ter pedido licença para tal e sem anuência do corpo de bombeiros.

Força Flamengo???

Força aos parentes das vítimas, amigos, colegas, admiradores, funcionários próximos.

Por completa irresponsabilidade, desídia, negligência, prepotência, arrogância do rubro-negro, houve uma tragédia inaceitável (e jamais vista), em clubes da quarta divisão do futebol brasileiro ou em outros sem divisão alguma.

Não é a maior tragédia do Flamengo em sua história. É a maior tragédia entre clubes brasileiros, na história do futebol brasileiro, por responsabilidade própria.

Força Flamengo???

Força aos parentes da vítimas, amigos, colegas, admiradores, funcionários próximos.

Não fosse a Folha de São Paulo soltar uma matéria ontem devastadora, quanto a todas as irregularidades cometidas pelo Clube de Regatas do Flamengo, teríamos vivido um dia no qual o responsável pela morte de 10 crianças carbonizadas parecia tão vítima como as crianças que morreram.

Os prejuízos que a instituição “Flamengo” sofreu foram de imagem e financeiros. Isso se compara ao que foi perdido pelas famílias daquelas crianças?

Força Flamengo???

Força aos parentes das vítimas, amigos, colegas, admiradores, funcionários próximos.

A consternação foi geral. De qualquer atleta mirim que pretende ser um profissional, dos profissionais veteranos ou já fora dos campos que um dia foram mirins. Todos tem história para contar, de dificuldades pelas quais passaram ou passam, das condições precárias em dado clube ou oportunidade, mas nenhum tem história similar ao ocorrido, porque nunca aconteceu e ocorreu com um clube que é tido e havido como modelo pelos irresponsáveis da imprensa convencional que investigam o que lhes interessa e incensam também o que lhes interessa.

Ora, ninguém, absolutamente ninguém da imprensa convencional que cobre o Flamengo buscou saber quais as condições daquele espaço? Por que (se sabiam) não se buscou divulgar o fato até que interditassem (caso permanecesse a desídia, irresponsabilidade, negligência, arrogância e prepotência do Flamengo), por meio de uma campanha global em cima da irregularidade?

Ontem mesmo se viu gente falando na mídia convencional da estrutura do Vasco em 2012 (sim, 2012), em Itaguaí para incensar o Flamengo, afirmando que era o clube com menos problemas na época e que depois melhorou mais ainda… Melhorou muito! Está se vendo como melhorou! É a referência do Rio! Aliás o Flamengo hoje é uma referência nacional! É uma referência de desídia, negligência, irresponsabilidade, prepotência e arrogância, que levou ao ocorrido.

Força aos parentes das vítimas, amigos, colegas, admiradores, funcionários próximos.

Sérgio Frias

Da lua para o céu

A situação era por demais dramática para o Vasco.

Faltavam duas rodadas para terminar o turno do Campeonato Carioca de 1967 e o risco real de o clube não estar classificado para o returno da competição e ser obrigado a passar os últimos meses da temporada sem competição oficial alguma para disputar, maior.

Talvez alguns amistosos, talvez uma excursão pelo interior do Brasil. Mas, como viver aquele final de temporada sem condições financeiras ideais? Buscar-se-ia o “livro de ouro” para sócios abastados cobrirem o custo? O presidente João Silva teria de se virar para pagar as contas e uma grande crise política se avizinhava.

O torcedor, insatisfeito com tudo o que via, já sem esperança de sair da fila, que aumentaria para nove anos sem a conquista de um título carioca, era só cobrança.

Na tabela o Vasco figurava na nona colocação, junto ao Madureira, ambos com sete pontos. À frente dele o Olaria aparecia com oito, América, Campo Grande e Bonsucesso tinham nove. A vitória valia dois pontos e o Gigante da Colina só dependia de si porque Olaria e Campo Grande ainda se enfrentariam. Para garantir a classificação, bastaria vencer seus últimos dois jogos.

O problema era contra quem seriam disputadas as partidas: Botafogo, líder, e Flamengo, terceiro colocado, além de ser o maior rival do clube.

Primeiro viria o Botafogo, de Manga, Leônidas, Nei Conceição, Afonsinho, Jairzinho, Gerson, Roberto Miranda e, também, do garoto PC Caju (na época Paulo César Lima apenas).

Embora notório freguês do Vasco, naqueles anos 60 o alvinegro mostrava-se como um algoz dos cruzmaltinos. Quatorze vitórias do Botafogo contra nove do Vasco. Na temporada de 1967, duas vitórias vascaínas (1 x 0 e 3 x 2), mas com pouca expectativa de uma terceira seguida, o que não ocorria desde 1954.

Depois seria a vez do Flamengo, tradicional rival, e talvez a vitória, dependendo de outros resultados dos seus concorrentes, pudesse ser fundamental.

Naquele campeonato a equipe cruzmaltina já havia sido derrotada pelo forte Bangu (que seria o vice-campeão ao fim da competição), Fluminense, Olaria, Campo Grande e Bonsucesso, deixara a vitória escapar diante do América, após ter aberto 2 x 0 no placar e passara por três equipes pequenas (Portuguesa, Madureira e São Cristóvão), mas a realidade era de cinco jogos sem vitórias e quatro derrotas consecutivas.

O paraibano Erandy, trazido entre a segunda e a terceira rodada da competição junto ao Santa Cruz-PE, havia estreado na equipe, prometendo ser um ótimo fazedor de gols, mas após a estreia auspiciosa contra o Madureira e gols marcados diante de São Cristóvão e América, mostrara-se praticamente nulo, tanto quanto inconvincente nas partidas seguintes e ainda se contundira.

Ademir Menezes, treinador da equipe, tentou mais uma vez a dupla Nei Oliveira e Adilson (irmão de Almir Pernambuquinho), mas diante do Bonsucesso definitivamente não havia dado certo. Um problema aparentemente sem solução e com o Vasco precisando de gols.

Ademir, o famoso “Queixada”, vinha observando um jovem com faro de gol e muita vontade de acertar.

Walfrido treinava e jogava entre os reservas, atuava nas preliminares e participara com Garrincha de um amistoso contra a Seleção de Cordeiro, única partida do emblemático ponteiro direito com a camisa do Vasco, deixando inclusive sua marca de artilheiro naquele 20/07. Mas agora teria a sua grande chance. Era hora de agarrá-la.

O jovem centroavante, nascido em 17/12/1947, iniciara sua carreira no Sport-PE e ainda juvenil foi para o Santa Cruz-PE. Em 1966 chegava ao Vasco, com 18 anos de idade, buscando seu espaço.

No domingo, dia 05/11/1967, Walfrido viveria o maior teste de sua incipiente carreira, atuando contra o líder Botafogo, sem Jairzinho e Gérson, mas com os demais cobras da equipe inteiros.

Aos 27 minutos da etapa inicial ele mostraria seu cartão de visitas para o público presente ao estádio.

Lançado por Averaldo, o centroavante deu um lençol no zagueiro Zé Carlos e encobriu o goleiro Manga para abrir o placar. Delírio da galera cruzmaltina.

Veio o segundo tempo e com ele o tento número dois cruzmaltino. Danilo Menezes manobrou pela meia, girou o corpo e entregou a Walfrido, que avançou em direção à área e atirou forte, certeiro, fechando a conta.

A vitória improvável tinha um herói surpreendente e o Vasco uma nova opção de centroavante.

Na semana seguinte, a primeira vez de Walfrido contra o Flamengo e uma goleada de 4 x 0 dos cruzmaltinos, com ele próprio fechando o placar aos 39 do 2º tempo.

Em 1968 o atleta não figurou entre os titulares no início da temporada, marcou apenas um gol no Campeonato Carioca, em três partidas e mais dois tentos na Taça Guanabara.

A 23 de junho assinalou pela primeira e única vez, com a camisa do Vasco, entre os profissionais, três gols numa única partida. O hat-trick ocorreu frente ao Rio Negro-AM. Por sinal, somando essa e outras pelejas amistosas naquela temporada, foram sete gols ao todo marcados pelo artilheiro.

Naquele mesmo ano, no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, competição nacional oficial da época, Walfrido fez 11 gols, marcando dois deles na vitória cruzmaltina sobre o Botafogo por 2 x 1, outros dois frente ao Santos, de Pelé (triunfo vascaíno por 3 x 2) e um diante do Flamengo, na estreia de Garrincha com a camisa rubro-negra (2 x 0 Vasco o placar final). Duas vezes marcou ainda o artilheiro contra o Internacional-RS, na primeira fase (Inter 2 x 1) e no quadrangular final (Vasco 3 x 2), fora tentos assinalados diante dos seguintes clubes: Atlético-PR (3 x 2), Corinthians (1 x 2), Palmeiras (1 x 3) e Portuguesa de Desportos (2 x 0).

Diante da bela performance na principal competição nacional da época, Walfrido foi convocado para a Seleção Brasileira no final da temporada, há poucos dias de completar 21 anos de idade, embora não tenha chegado a atuar com a amarelinha.

O centroavante viveu um ano de 1969 com mais gols, apesar das fracas campanhas do Vasco nas competições das quais o clube participou.

No Campeonato Carioca o “Espanador da Lua”, carinhoso apelido dado a ele pelo locutor de rádio Waldir Amaral, marcou cinco vezes; na Taça Guanabara, disputada em seguida, balançou as redes uma vez, diante do Botafogo (vitória cruzmaltina por 3 x 0) e no Torneio Roberto Gomes Pedrosa faturou três vezes, duas delas no empate diante do Fluminense (2 x 2). Fora isso, assinalou gols em cinco oportunidades (jogos amistosos), somando, ao final da temporada 14 tentos.

O ano de 1970, entretanto, seria o de glória para o atleta, vestindo a camisa do Vasco.

O atacante iniciou a temporada na reserva, quando da disputa da Taça Guanabara, competição prévia à Copa do Mundo daquele ano. Foi ganhando espaço com o novo treinador cruzmaltino Tim aos poucos, mas sem ainda garantir a condição de titular.

O Campeonato Carioca viria a ser a primeira disputa oficial do clube, após a conquista definitiva da Taça Jules Rimet, obtida pela Seleção Brasileira no México. E naquele certame Walfrido apareceu em momentos importantíssimos.

Após marcar contra Madureira, Bangu e Olaria (vitórias vascaínas por 2 x 1, 4 x 2 e 3 x 1), uma partida chave na competição estava por vir. Pelo sorteio, Vasco x Flamengo seria o primeiro clássico do returno, a ser realizado logo na segunda rodada.

O jogo do turno fora duríssimo, definido pelo cruzmaltino Silva marcado aos 41 minutos da etapa final, após grande jogada individual do parceiro Walfrido, que driblara dois contrários antes de servir ao companheiro. Um a zero foi o placar final.

Foi no dia 30 de agosto, contra o rubro-negro da Gávea, que o “Espanador da Lua” começaria a construir de vez seu nome na história do clube.

Numa partida debaixo de chuva, o centroavante aproveitou uma bola que parara na poça d`água, após disputa com o zagueiro rubro-negro Washington, e marcou o gol único do jogo, aos 17 minutos do segundo tempo. Delírio total dos vascaínos no Maracanã.

Algumas rodadas depois, mais um gol, frente ao Campo Grande (goleada vascaína por 4 x 0), e quis o destino que fosse dele o tento que garantiria o título carioca por antecipação, após 11 anos de jejum.

Com a ajuda de Moisés, zagueiro alvinegro, o chute do centroavante foi encontrar as redes alvinegras no segundo gol cruzmaltino da vitória conquistada por 2 x 1 (o Botafogo descontaria próximo ao fim do jogo, enquanto Gilson Nunes abrira o placar em cobrança de falta).

Curiosamente foi a última vez que Walfrido balançou as redes adversárias com a camisa do Vasco. A chegada do centroavante Dé, oriundo do Bangu, fez o artilheiro perder espaço na equipe, mas sua participação naqueles dois clássicos em 1970, contra os mesmos adversários diante dos quais brilhara em 1967 (Botafogo e Flamengo), permaneceram por anos nas mentes e histórias do torcedor vascaíno sobre o jogador.

Após quase um ano sem balançar as redes, o “Espanador da Lua” desembarcou em Recife para retornar ao Santa Cruz, vestindo a camisa “cobra coral” no Campeonato Brasileiro de 1971, emprestado que foi pelo Vasco na ocasião para a disputa daquela competição. Entre agosto e dezembro Walfrido marcou cinco gols pelo Santa, três no Torneio Roberto Gomes Pedrosa e dois numa partida amistosa, frente ao CSA-AL.

Em 19/02/1972, após alguns treinos pelo Vasco dos quais participara, o atleta foi negociado em definitivo com o América, vindo o lateral Paulo César Puruca dos rubros para São Januário na troca.

Na equipe americana jogou o Campeonato Carioca e marcou três gols, todos no primeiro turno, um deles contra a conhecida vítima Botafogo, em vitória de sua equipe por 3 x 0 (partida realizada no Estádio Vasco da Gama). Em 20 de outubro, após vários meses sem marcar, recebeu passe livre do América.

Dali por diante atuou no Toluca-MEX, Vera Cruz-MEX, Ypiranga-BA, Paysandu-PA, Noroeste-SP, Volta Redonda, Estrela do Norte-ES, Fluminense de Nova Friburgo, Portuguesa de Acarigua-VEN, terminando sua carreira pouco depois. Tempos mais tarde trabalharia nas divisões de base do Vasco (futebol/futsal masculino e futebol feminino).

Em sua passagem pelo Paysandu, sagrou-se Campeão Paraense de 1976 e vice artilheiro do campeonato. Já na Venezuela terminaria o campeonato nacional de 1980 como artilheiro da competição e vice campeão, defendendo as cores da Portuguesa de Acarigua.

Pelo Vasco, seu principal clube, no qual conquistou, também seu mais importante título, Walfrido marcou 45 gols, curiosamente apenas 8 de cabeça, embora exatamente sua impulsão nas bolas altas tenha lhe trazido o apelido de “Espanador da Lua”.

De qualquer forma, a impulsão e coragem para enfrentar obstáculos e desafios, impulsionado pela crença em si próprio e na sua capacidade de superação, certamente o põem mais próximo do céu, onde chegará misturando português com castelhano, em ritmo de samba, para os que acreditam em céu, samba, alegria e, também, na paz eterna.

Valeu, guerreiro.

Sérgio Frias

O fio da meada

Passou despercebido por muitos o ocorrido em relação às verbas da CEF, referentes ao final de 2017, que servirão agora para pagar salários vencidos.

Na prática, valor de patrocínio obtido na gestão de Eurico Miranda, que não teve a verba recebida para pagar os salários do fim de 2017, porque travadas em função de não possuir as certidões positivas com efeito de negativas, após 30/09/2017, possibilitará, agora, que os salários atrasados mais recentes sejam pagos.

Observe-se que o valor a ser pago está atrelado ao pagamento do débito atual e não do valor concernente ao débito antigo, de 2017 (dezembro e décimo terceiro), que, esperamos já tenha sido sanado, pois muitos funcionários já não estão mais no clube e acionaram o Vasco na Justiça pelo não recebimento.

O que restou (após 300 demissões e a rotatividade normal de atletas e membros remunerados do futebol e outros esportes do clube) diminui em muito o valor a ser pago.
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2001/2002

Uma recapitulação rápida, que é a expressão da verdade e incomoda a muitos, principalmente aos que massificam distorções, é necessária ser feita.

A CPI do futebol, em 2001, com seus inúmeros relatórios, entendeu que o valor da dívida do clube girava, naquele início de ano, em torno de 150 milhões de reais. Note-se aí que era uma conta baseada em documentos obtidos e não necessariamente consideradas reservas de contingência, entre outros fatores.

De fato, em janeiro de 2001, o Vasco contava vários meses de salários atrasados e sofria com o calote dado pelo banco parceiro, que devia (e não pagou), durante a administração do presidente à época e no início da que se aproximava, 12 milhões de dólares.

Além disso, o clube trabalhava com recebíveis, assim como os demais grandes faziam, independentemente do valor recebido pelo parceiro, e iniciava o ano de 2001 com 18 meses de cotas de TV adiantadas.

A competitividade do mercado fazia com que todos os clubes grandes se adequassem à realidade da época e assim todos eles procediam.

O clube vivia em meio à uma ameaça de vir a perder o título brasileiro para o São Caetano na canetada, o que só não foi possível pela ação de Eurico Miranda, considerado presidente do clube para uns neste episódio ou presidente em outros episódios (queda do alambrado, camisa posta do SBT na partida final, vencida em “ritmo de festa”) para outros.

No início de 2001 a mudança da lei do passe, modificando completamente o cenário, atrapalharia a vida do Vasco e de outros grandes clubes, com grandes jogadores, pois todos estariam livres ao fim de seus contratos.

O torniquete financeiro aplicado contra o Vasco pela Rede Globo – a mesma que não pôs no fim de 2019 entre os fatos relevantes do ano o incêndio no Ninho do Urubu (diferentemente da forma como procedeu em relação à queda do alambrado de São Januário, que não matou ninguém) e após não acertar com o Flamengo valores para transmissão dos jogos do clube, começa a elaborar e divulgar matérias com as famílias das vítimas, após silêncio constrangedor durante um ano quase, em meio às atitudes das mais desarrazoadas dos dirigentes rubro-negros ao longo de 2019, consideradas pela opinião pública gélidas e pragmáticas, mas sustentadas pela forma como a própria Rede Globo tratou o episódio, desde o dia que aconteceu e no decorrer do ano, informando, mas não crítica voraz do ocorrido, com a exceção de Paulo César Caju, colunista de “O Globo”, curiosamente demitido no início do ano vigente pelo rubro-negro que desfilou com a camisa do Flamengo pela redação do jornal, numa atitude que fala por si só – levou o clube a não poder mais receber adiantamento das cotas de TV por 18 meses.

Após o prazo, o Vasco retomou as relações comerciais com a emissora, questionando inicialmente o não pagamento por parte dela da verba inerente à Copa dos Campeões do Brasil de 2002, trazendo à empresa o desejo de voltar a conversar com o clube, tornando o acordo firmado no final daquele ano possível e feito.

Vamos esquecer a falta de mobilização dos vascaínos à época em defesa da instituição e a junção de uma grande parcela ao que dizia a Rede Globo e outras mídias massacrando o clube, alicerçados pelo movimento de oposição, chamado MUV. Mas não vamos esquecer que o Casaca!, existente desde 26/03/2000, se opôs de forma clara ao massacre, desde o princípio, por entender que a defesa do clube era precípua, fundamental, naquela situação.
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2003

No ano de 2003 o Vasco foi Campeão Estadual, chegou a trazer Edmundo, houve eleições, Eurico Miranda foi reeleito, mas a realidade vista em todos os clubes grandes do Brasil era de trabalho no vermelho e aumento das dívidas.
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2004/junho de 2008
A partir de 2004, o gestor à época, Eurico Miranda, por iniciativa própria, resolveu partir para um equacionamento financeiro do clube, algo tornado prioritário.

Era uma escolha difícil, mas o que era mais correto? Deixar a dívida aumentar e viver correndo de penhoras, esperar tudo explodir? Ou frear investimentos, manter a base forte, investir numa ou duas referências e manter o Vasco disputando, ainda com chances de conquistas (venceu uma Taça Rio e chegou à final do Campeonato Carioca {2004}, à final e semifinal da Copa do Brasil {2006 e 2008} naquele período e, ainda, não figurou em nenhuma rodada no returno de quaisquer campeonatos brasileiros dos pontos corridos na zona de rebaixamento, além de ter frequentado a zona da Libertadores em 29 rodadas {9 rodadas em 2006, 19 em 2007 e uma em 2008}, fora o fato de que não frequentava o Z4, até a troca de gestão, ocorrida em 01/07/2008, há 108 rodadas, além de jamais ter caído de divisão em sua história)?

O equacionamento das dívidas do clube não foi para inglês ver. O Vasco pensou em fazer e fez aquilo que nove anos depois (com um derramamento de dinheiro na Gávea), o Flamengo executou.

O clube diminuiu sua folha salarial, fez acordos e os cumpriu (só o de Romário foram 47 parcelas pagas), entrou no Ato Trabalhista, evitando penhoras, obteve certidões em 2005, enquanto Flamengo e Botafogo iam à imprensa chorar que seus clubes (sem certidões, evidentemente e entupidos de problemas fiscais) estavam à beira da falência e diziam que só a Timemania os salvaria.

O Vasco inaugurou e absorveu os custos do Colégio Vasco da Gama, desde 2004, fez amplas reformas em São Januário, manteve uma capacidade de público pagante de 24.500 pessoas, fora gratuidade, conseguiu em 2007 um novo Ato Trabalhista, em melhores condições do que o anterior, homologado em 17 de dezembro daquele ano (seria ratificado nas mesmas condições pela gestão seguinte em agosto de 2008), manteve durante mais de quatro anos salários em dia (compromisso de pagamento no dia 20 do mês subsequente), com alguns poucos atrasos ao longo do período, não tinha títulos protestados, fez acordo com o dono do Vasco Barra para se manter como locatário do local (e cumpria o acordo, discutindo na Justiça uma questão inerente ao IPTU e seu aumento brutal durante o período de locação), investiu na sua base, possuía esportes olímpicos e paraolímpicos, pagava suas contas e tinha um custo mensal, entre despesas fixas e variáveis na ordem de 3,5 milhões de reais mensais.
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Jun/Jul – 2008

Quando houve a troca de gestão, as falácias do MUV se tornaram verdade, pois já vinham expostas dessa maneira pela própria imprensa, e isso cegava (pela massificação) os vascaínos.

A dívida deixada na ordem de 220 milhões de reais, com 3,8 milhões de euros para entrar em três parcelas, em favor da gestão que chegava, joias da base surgindo no time profissional, cerca de nove meses de receita adiantada da TV, já absorvida e sem que o Vasco tivesse que passar pela Rede Globo para obter mais adiantamentos, com o Clube dos Treze, responsável por negociar coletivamente com a emissora detentora dos direitos e distribuir as verbas, mantendo-se o Vasco no grupo que mais recebia cotas em nível nacional (junto a Corinthians, Flamengo, Palmeiras e São Paulo) e estadual, referente à Campeonatos Cariocas (junto ao Flamengo), em todas as plataformas e com um contrato assinado até 2011.
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Jul 2008/DEZ 2014

O MUV ficou seis anos e cinco meses no Vasco e nesse período primeiramente aumentou na caneta, baseado em reservas de contingências (fundamentalmente) a dívida do Vasco para mais de 350 milhões de reais, claro que diferentemente do procedimento do que todos os outros grandes faziam e, pasmem, anunciou, através de um de seus próceres, que, em 2012, a dívida havia diminuído para 250 milhões de reais. No balanço seguinte, apresentado pelo próprio MUV, após algumas trocas de cadeira na direção, o balanço do mesmo ano marcou 410 milhões de reais de dívida e dois anos depois constatou-se ter chegado a 688 milhões.

Todo o tipo de irresponsabilidade se viu naquele período, desde rebaixamento das cotas de TV, até carro pipa se negando a fornecer água porque o clube não tinha mais crédito.

Os acordos que eram pagos pela gestão anterior, passaram a ser descumpridos aos borbotões pelos novos administradores, de uma questão fiscal controlada o clube ficou encalacrado, com verbas retidas, também pelo não cumprimento de acordos pretéritos, primordialmente, e caiu outra vez para a segunda divisão, sem qualquer perspectiva, a ponto de no ano seguinte ter disputado a Série B sem liderá-la em rodada alguma e com Eurico Miranda, o possível sucessor, obtendo empréstimos junto à FERJ (fez isso duas vezes), para que ao menos a gestão MUV pagasse salários (na grande maioria do tempo atrasados), impedindo a debandada de atletas em meio à competição.
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DEZ 2014/JAN 2018

O Vasco foi recebido em 2014 com salários atrasados, direitos de imagem idem, centenas de títulos protestados, sem crédito junto às empresas que forneciam os serviços mais comezinhos, com várias ações de cobrança na FIFA, dívida com entidades esportivas (FERJ e CBF) superiores a 20 milhões de reais, sem certidões, com as verbas de TV de 2015 e 2016 de praticamente zero (já postado o Vasco no quinto lugar nas cotas), com 30 toneladas de lixo a céu aberto em sua sede principal, há 11 anos sem ganhar um título Estadual, com 3 vitórias em 22 jogos dos tempos do MUV diante do Flamengo, freguês do Botafogo no mesmo período, perdendo todas as decisões de taça disputadas contra equipes cariocas ao longo daquele tempo, valendo-se de uma Copa do Brasil conquistada, na qual não enfrentou uma única equipe grande do futebol brasileiro, para não sair zerado em termos de títulos, com uma divisão de base alocada em Itaguaí, nas condições mais precárias, ginásio abandonado, parque aquático fechado, e pousada do almirante (para a base), resumida a praticamente nada, fora a estrutura edificada.

Houve recuperação patrimonial inquestionável, houve melhora esportiva inquestionável (títulos, títulos invictos, vaga para a Libertadores, campeão Sub 20, Sub 17), novas revelações, maior venda de um atleta no século, 11,5 milhões anuais em média de patrocínios, patrocínio de manga num dos anos por 7 milhões de reais, certidões com 25 dias de gestão, mantidas por 2 anos e 9 meses, verbas da CBC, fruto disso, volta de outros esportes, aumento da capacidade de São Januário, senhor absoluto dos clássicos estaduais, voltando a realizá-los em São Januário após uma década, baseado isso em várias obras feitas, também, no estádio, criação do CAPRRES, CAPRRES da base, CAPRRES olímpico, campo anexo, salários sendo pagos regularmente, com a exceção dos meses finais de gestão, mas uma preocupação fundamental e é aí que muito do ocorrido atualmente se explica:

A gestão de Eurico Miranda viu o clube como estava e se preocupou em pagar o que ficara para trás primeiro (salários, direitos de imagem, por exemplo) e ao invés de choramingar buscou novamente crédito, iniciou novo processo de acordos, usou do princípio da continuidade administrativa para gerir. Deu, portanto, exemplo. Não havia um Paulinho ou Talles Magno para negociar, não havia crédito, não havia certidões, não havia time, não havia perspectiva e passou a haver isso tudo.
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JAN 2018/FEV 2020

Teoria e prática 1

Antes de a chapa amarela rachar, o candidato que seria derrotado no Conselho Deliberativo disse, entendendo-se já presidente do Vasco, que aquele grupo não tinha nada, a não ser uma expectativa que o clube obtivesse 250.000 novos sócios, tal qual o Benfica e que seria feito um trabalho para isso. Esse é o primeiro problema. Assim como o MUV fizera antes de entrar em 2008, prometendo filas de investidores, muito dinheiro entrando, também fora essa a proposta do grupo que se autointitulava amarelo na indumentária.

Mas, com o racha da chapa, surgiu a alternativa de Alexandre Campello como opção. Consideremos que se um não tinha nada, o outro idem, afora ideias.

Logo, Campello assume o clube e tem em uma semana de gestão, 10 dias, um empréstimo de 11 milhões de reais, que fora costurado pelo gestor anterior junto a um empresário, em benefício do gestor que chegava e que seria facilmente abatido de um grande valor a ser recebido menos de 90 dias depois, referente ao garoto Paulinho. Com isso foi pago o salário de novembro do ano de 2017.

Em meados de abril a venda de Paulinho traz líquido para o Vasco, descontando o empréstimo, 45 milhões de reais.

O que faz a gestão? Não paga o que faltava em termos de salários e gratificação aos funcionários do clube, ignora execuções, não cumpre acordos (enquanto demitia já mais de 200 funcionários) e mantém o dinheiro parado num banco para pagar os meses seguintes, enquanto nada capta praticamente.

Para completar, apresenta um balanço (que insistiu em fazer), no qual não tem como desmentir a queda da dívida do Vasco, mas é usado como choramingo, porque o valor de débito (dito como premente) deixado era maior do que o referente à venda do Paulinho, sabendo-se perfeitamente que o fundamento era pagar acordos, salários, direitos de imagem daquele final de gestão, porque já se sabia que os impostos para trás não iriam ser pagos e outros valores postos como débitos eram negociáveis (uns mais outros menos, mas eram).

Ou seja, o administrador atual, agiu exatamente como o MUV fizera. Terá a desculpa que não pegou tudo em dia como o MUV pegou, mas também teve a vantagem de uma entrada de capital considerável com pouco tempo de gestão e mais de 100 milhões recebidos ao longo de 2018 (o hoje na moda chamado de “dinheiro novo”), fruto daquilo que fora pavimentaodo pela gestão antecessora, sendo 38 milhões via uma ação judicial deixada de bandeja para trazer ao Vasco (em outubro de 2018) verba relevante e fazer com que o clube obtivesse certidões, o que não ocorreu por um insucesso do próprio clube quanto ao destino da verba.

E de lá para cá?

Empréstimos conseguidos e “pendurados” no clube, 18 meses com salários atrasados, 10 meses sem pagar o Profut, descumprimento de inúmeros acordos, mais de 100 execuções em função das demissões ocorridas no decorrer da gestão e, claro, valores que ficou devendo o Vasco, a maioria referente ao ano de 2017, sendo grande parte disso nos últimos meses de gestão.
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JAN 2018/FEV 2020

Teoria e prática 2

Mas e o administrador anterior? O que fez? Ele assumiu o clube em 2001 com todos os problemas inerentes ao alto custo mensal absorvido pelo Vasco no final do século XX e vários contratos que se venceriam entre 2001 e 2002, assinados (a esmagadora maioria) até 2000 e se virou para gerir, dentro de numa nova realidade, na qual estava inserida a Lei Pelé, calote continuado do parceiro principal e torniquete financeiro global por 18 meses.

Teve ele uma visão mais ampla dos problemas que todos os clubes passariam a viver no final da década e foi equacionando o clube, procurando manter o Vasco no primeiro plano da principal receita entre os clubes, investindo mais na base e cumprindo compromissos, mantendo crédito.

Mas, poderiam questionar que ele fazia parte da administração anterior e que era natural a continuidade administrativa.

E em 2014? Após seis anos e cinco meses de ferrenhos adversários no poder? Por que tomou a mesma iniciativa? Por que fez prevalecer o princípio da continuidade administrativa, mesmo tendo recebido o clube sem qualquer perspectiva?

Se ele fez isso, todos os que se dizem de boa fé tem de seguir os passos dele. E tem de seguir os passos dele porque os outros exemplos são péssimos, são a antítese de um princípio caro ao Vasco, que pode afundar o clube em problemas financeiros maiores, políticos, administrativos, de credibilidade e, por conseguinte, institucionais.
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JAN 2018/FEV 2020

Teoria e prática 3

O balanço assinado por Alexandre Campello em abril de 2018, rechaçado pelo Conselho Deliberativo, foi, em novembro de 2018, posto para a apreciação daquele poder, como opção a outro, apresentado por Eurico Miranda e sua equipe de trabalho do triênio 2015/2017.

Na reunião foi aprovada a prestação de contas/balanço de Eurico Miranda e dito para que fosse considerasse como norte, a partir dali.

O que fizeram os responsáveis pelo balanço de 2018? Simplesmente ignoraram decisão do Conselho Deliberativo e iniciaram os números do balanço de 2018, ignorando, também, tais retificações necessárias.

Qual era o caminho natural do Conselho Deliberativo? Reprovar.

Qual era o caminho natural da situação a ser percorrido antes? Não insistir no erro.

O resultado disso, considerando ainda relatório da BDO, com vários pontos obscuros, parecer em maioria do Conselho Fiscal queixando-se das mais diversas negações de apresentação de documentos, entre outros erros técnicos (exemplo, o superávit apresentado) levaram à reprovação.

Na atual gestão, outras deliberações do Conselho Deliberativo não estão sendo respeitadas (vide falta de cumprimento de ofícios e falta de documentos requisitados pelo Conselho Fiscal), mas se não houver freio o clube desce na banguela e cada vez a situação institucional fica mais difícil.

Conclusão:

A lição que fica a qualquer gestor futuro (e foi dada, na prática, em dois momentos distintos de gestão, por Eurico Miranda) é que o princípio da continuidade administrativa deve ser respeitado e as decisões do Conselho Deliberativo idem.

Se o gestor tem o mérito (que o tempo e experiência no clube dão) de conseguir exercer um poder de coesão interna entre os poderes, como Cyro Aranha conseguiu, Eurico Miranda conseguiu e outros ex presidentes conseguiram, isto se dá quando se adquire confiança em quem gere.

Não é só de fora para dentro, com discurso, que se consegue isso e sim com perfil agregador enxergado de dentro, a partir de serviços prestados ao clube e respeito à institucionalidade, seus poderes e seu homens, na teoria e na prática.

Sérgio Frias

O desprezo dos visionários

O Vasco desprezou a Taça GB como se tivesse ganho umas oito vezes nas dez últimas.

Ocorre que das dez ultimas ganhou apenas duas e buscava pela terceira vez na história um Bicampeonato nela.

Mas se nada disso é relevante para muitos, neste ano o erguimento da Taça GB leva o clube, no mínimo, à final da competição, garante dinheiro pela própria conquista e, ainda, com o segundo lugar já seguro, pode-se faturar com algum patrocínio pontual nos dois jogos finais, bilheteira, tudo isso sacramentado com a conquista do turno.

Além disso tudo, a conquista põe o clube com 50% de chances de conquistar seu vigésimo quinto título Estadual na história.

Para um clube que pretende vender atletas de sua base no primeiro semestre para sanear contas, a presença deles em finais, conquistando taças, títulos, lhes dá moral e força visando chamar a atenção do mercado.

Para o clube, este desfruta de um ótimo retorno de mídia, traz-se alegria aos torcedores, que, por certo, vibram mais com um título de campeão do que com um nono lugar no Campeonato Brasileiro (cremos).

Não é demais lembrar que há inúmeras crianças vascaínas em nossa torcida e que infelizmente elas ainda não chegaram ao grau de intelectualidade dos torcedores mais velhos, os quais imaginam ganhar um campeonato, levantar uma taça, poder sacanear o rival, contar mais um título para a galeria e expor mais um troféu na nossa sala em São Januário, ser muito menos relevante do que passar pelas fases iniciais da Copa Sul-americana contra bolivianos, venezuelanos, ou outros de segunda linha em seus respectivos países.

Quando as crianças vascaínas crescerem vão entender que o nono lugar no Brasileiro compensa isso tudo, ou ser eliminado nas quartas da Copa do Brasil (motivo de aplausos pelo que se diz ser a nova meta do Vasco) idem.

Talvez, em se expondo mais isso, alguém, supostamente gerindo, entenda que tem importância a Taça GB, Taça Rio, Estadual, enfim, taças, títulos.

Sérgio Frias

Tragicômico

Os que estão se posicionando contra a reforma do estatuto atual agem de forma, no mínimo, retrógrada e nós do Casaca! estamos muito à vontade a respeito disso, pois fomos a favor dela desde o princípio deste mandato quando ela se reuniu pela primeira vez, como já éramos antes e fomos a favor de todas as alterações estatutárias feitas em Conselho Deliberativo nessa gestão.

Os críticos de outros grupos, seis, sete, nove, mandaram emendas das mais variadas (10 anos para alguém presidir o clube, 3 anos para votar, fechando mais ainda o quadro eleitoral), achando que numa lógica de reforma o grande obstáculo seria a aprovação de eleições diretas.

A lição dada a esses seis, sete, nove grupos, que levam, juntos, ao Conselho Deliberativo dezenas de votos, foi dada pelo todo do próprio Conselho Deliberativo, o qual aprovou por unanimidade as eleições diretas, mas, claro, sabendo que tal mudança deveria acolher medidas preventivas em defesa do Vasco, como, por exemplo, fazer com que candidatos à direção do clube tenham, ao menos um mandato de Conselho Deliberativo para poderem vir a geri-lo e isso valendo não para agora, mas sim apenas em 2023.

Houve uma reunião no Conselho Deliberativo há cerca de um mês, com vários grupos falando que eram favoráveis a 80% do estatuto ou mais, todos favoráveis à reforma como um todo, com alguns ajustes a serem feitos apenas.

Diferentemente da maioria, o Casaca! fez uma reunião aberta anterior, da qual participaram pessoas do grupo e fora do grupo para tecerem e ouvirem de nós as críticas inerentes ao que não estava de acordo com o sentido popular do Vasco, entre outros aspectos.

Fomos, por princípio, contrários à extinção do sócio geral, ao prazo de três anos para dar direito a voto (o que fecha aos poucos o quadro social) e entendemos como uma possibilidade de flexibilização do tempo para elegível, que passou, no último texto, oito para sete anos.

Também nos preocupamos com a facilitação para a migração de sócio geral para proprietário ser aplicada na prática, fomos contra medidas que poriam o sócio à mercê da administração, podendo serem eles eventualmente punidos por “atentar contra a boa imagem do clube”, tal era a subjetividade disso. Isso, também, foi retirado do texto final.

Surgiu emenda de última hora, de um desses seis, sete, nove, dezoito grupos dizendo que os sócios não poderiam ser punidos por atitudes racistas fora do clube!!! Até isso. E estamos falando de Vasco!

Claro que essa emenda deve ter vindo sem que as pessoas tivessem dimensão do que estavam propondo emendar, mas é uma forma de se perceber a falta de cuidado, de medição das consequências.

Também entendemos que a atitude tomada pelos seis, sete, nove grupos é de total desrespeito ao trabalho de quase uma dezena de homens, de várias correntes políticas no clube, que se esmeraram em fazer com que a reforma saísse e contemplasse tudo que fosse possível, com discussões sobre o tema e inúmeras reuniões.

Não abrimos mão de todas as responsabilidades cabidas aos gestores, bem como dos itens relativos à aprovação das contas, a fim de que isso não proporcione segunda época a quem preside, como aconteceu nos tempos do MUV, quando se buscava politicamente a aprovação das contas, não se conseguia e aí elas eram reformadas (para inglês ver).

Tivemos como resultado disso uma declaração de um dos vice-presidentes do clube à época dizendo que o Vasco devia 250 milhões de reais em janeiro de 2012, quando se viu no ano seguinte que o valor era mais que o dobro e em 2014 chegou a quase o triplo daquele numerário supostamente real dito anos antes.

Mas isso não foi discurso para a internet, ou conversa fiada não posta em prática. Nós registramos nossas discordâncias em ata com emendas no próprio dia marcado para a votação. Todas elas tinham, como tem, o condão de não elitizar o clube.

Contra o fim da categoria sócio geral – que naquele plenário já foi posto no ano passado por gente da situação (deve ser parte de um desses seis, sete, nove dezoito grupos que são contra a reforma do estatuto) como o antigo sócio torcedor dos anos 70, o que é um absurdo, pois uma coisa nada tem a ver com a outra e o sócio geral no Vasco existe desde 1900 – buscamos uma medida conciliatória caso houvesse seu encerramento.

Nossa proposta, então, foi a de que se reduzisse a um salário mínimo o teto para cobrança da joia de sócio proprietário, o que inibiria a diminuição do quadro social do clube e, pelo contrário, fomentaria um título, transmissível a terceiros, inter vivos ou causa mortis, por um valor, de fato, popular, visto que o título de sócio proprietário é um bem e a condição de sócio geral um direito. Ninguém transmite sua condição de sócio geral para outrem.

Da mesma forma, brigamos para a manutenção do período atual de carência para voto, primeiro entendendo que o direito em relação a 2020 não poderia ser modificado de jeito algum e segundo considerando que o prazo para que o associado tenha direito a voto como está no atual estatuto é suficiente, mas, mais uma vez buscamos uma forma de acordar um período maior de carência, desde que no decorrer do segundo ano de gestão, o que pode ser, evidentemente, debatido e resolvido ainda em plenário. Maio, junho, por exemplo, ou até um pouco antes, mas do segundo ano de gestão.

O grupo Sempre Vasco apresentou na última reunião da comissão de reforma do estatuto sobre o tema, irredutibilidade, no que diz respeito ao prazo, considerando o atual como correto. Temos a mesma opinião, mas se esse prazo aumentar dois, três meses, algo assim, é uma catástrofe? Claro que não.

Buscamos e permaneceremos nessa busca, para que o clube cumpra seu atual estatuto e que os sócios gerais que somaram mais de três meses de atraso possam pagar seu débito, conforme prevê o estatuto atual no artigo 42, de forma clara e concisa. Tentamos e continuaremos tentando isso através de uma disposição transitória em plenário.

Por sinal, sobre essa situação, tivemos dezenas de pessoas dois tais 6, 8, 9 grupos, concordando com a gestão em não permitir que pessoas pertencentes a essa modalidade de sócio paguem o seu débito e sejam reincorporadas ao clube.

Esses mesmos grupos que abrem a boca em defesa do sócio geral, contrariam seu discurso pelo voto proferido contra os próprios, mesmo sabedores, e isso foi elucidado em reunião do Conselho Deliberativo, o que está previsto no artigo 42 do estatuto hoje em vigor.

À época o sócio geral era algo menor para os tais 6, 8, 9 grupos (pelo menos na prática do voto), tinham, para gente desses grupos, que ser até considerados eliminados (o que o estatuto proíbe) pela inadimplência superior a três meses (três meses contados pela administração em 71 dias até, conforme conviesse a quem está lá).

E a cara de pau do dia é uma suposta preocupação dos conselheiros dos 6, 8, 9 grupos com o Sócio Geral? O mesmo que diminuíram em falas e discursos, inclusive contrariando o estatuto do Vasco? Pera lá.

Há, também, interesse do atual presidente do clube que esse estatuto não saia e os motivos devem ser perguntados a ele próprio. A justificativa oficial é a de que não é o momento. E a real? Deve ser porque também está preocupado com os sócios gerais.

Uma outra questão que vimos levantada nos discursos de alguns dos 6, 8, 9 grupos políticos do Vasco é a de que haja urna eletrônica para o associado de fora do Rio poder votar.

Em primeiro lugar haver votação dos associados de fora do Rio não presencial é, também, pleito nosso e há formas de se fazer isso sem urna eletrônica. Tem de se discutir o modus operandi disso para que seja acertado o meio pelo qual isso se torne algo prático.

Um pleito do grupo Sempre Vasco foi levantado na última reunião de reforma do estatuto, sobre a remuneração dos dirigentes. Não é novidade alguma. Foi apresentado isso pelo Casaca! lá no início da discussão pela reforma do estatuto.

E sabem por que o Casaca! pode apresentar isso? Porque o Casaca! esteve três anos junto à direção do Vasco e seus membros não ganharam um centavo nela. Trabalhamos de GRAÇA, pura e simplesmente.

Entendendo ser isso passível de remodelação foi posta a emenda e publicado isso no próprio Casaca!, mas não foi proposto numa gestão em que éramos situação e sim o contrário, ou seja, para benefício até mesmo de quem atualmente gere o clube.

Finalmente sobre o Conselho de Beneméritos. É nítido que se pretende acabar com tal conselho no clube.

O motivo de haver Conselho de Beneméritos no Vasco é exatamente para trazer equilíbrio ao Conselho Deliberativo.

Pouco importa se alguém acha A desequilibrado, B atabalhoado, C causador de tumultos, D bom ou ruim.

O fato é que como não há comprometimento com busca por cadeiras a cada eleição entre essas pessoas, elas podem tomar as medidas que acharem adequadas por livre e espontânea vontade, sabedores todos que mesmo numa eleição indireta esse poder não teria condição alguma de sozinho virar o resultado de um pleito, tanto é que o corpo se viu em janeiro de 2018 obrigado a votar entre dois candidatos da chapa vencedora, quando nenhum deles era de preferência da grande maioria.

A eleição direta, portanto, só é questão se não há anteparos para evitar qualquer um de querer gerir o clube sem jamais ter participado de qualquer poder dele (nem mesmo como conselheiro).

A tentativa, portanto, de acabar com o Conselho de Beneméritos, no caso fazendo com que ele vá diminuindo até não poder mais influenciar nas votações de Conselho Deliberativo, traria como resultado apenas e tão somente a que a situação mantivesse uma proporção de 4/5 com número superior a 150 pessoas e, com isso, usasse a máquina para passar por cima de tudo, aprovasse tudo que quisesse, gerisse como quisesse e fizesse do Vasco o que bem lhe conviesse. Porque a prática seria essa.

Até mesmo uma questão levantada com relação a um poder demasiado do presidente do Conselho Deliberativo, também foi excluída do texto final, embora tal retirada, em nossa opinião, possa fazer com que 60 assinaturas sejam utilizadas o tempo inteiro para impedir o clube de andar, com solicitações e mais solicitações de reuniões do próprio conselho. De qualquer forma não está mais lá.

A questão primordial disso tudo não é os 10%, 15% que o Casaca! não concorda, como outros grupos diziam em plenário não concordar, a questão reside no fato de que se quer reformar estatuto estando no poder, nos moldes que convenham a quem estiver e, para isso, joga-se de forma desavergonhada para a galera.

Essa história de compromisso com o Vasco, discursos, palavras ao vento, precisam ser comprovadas na prática.

O Casaca! comprovou como oposição ou situação que age dentro de preceitos claros e não desviou deles, não desviou de rumo, muito menos de conceito. Concordar ou discordar é de cada um.

Agora, jogar para a galera, em conluio, por interesses menores, como se fosse uma grande preocupação com o Vasco manter tudo como está, após tantos discursos em plenário de ótimo estatuto em 80, 90%, aí é conversa para boi dormir.

Sérgio Frias

Dirigentes Sub

O ocorrido na noite de ontem foi uma das páginas mais infelizes escritas pelo Vasco na história do clássico contra seu principal rival.

Não se deve crer que o clube poupou jogadores para a disputa da partida diante do Boavista, por mais que o atual treinador queira justificar algo nesse sentido.

Não se quer crer que o Vasco optou pela solução dos reservas para “equilibrar” o confronto em favor do rival e não se pode conceber que tenha escalado uma equipe claramente desentrosada para entrar em campo no lugar da principal, por algum receio de que viesse a ser derrotado pelo Flamengo.

Ora, o Flamengo já perdeu para um time todo reserva do Botafogo (1997), empatou com outro do Vasco com 10 suplentes (1998) e já deu lá seus inúmeros vexames históricos, mas nunca deixou se levar pela lógica do Vasco numa disputa oficial.

E nenhuma vez que o Flamengo apresentou um time B contra o A do Vasco saiu-se vencedor. Temos como exemplo a Copa Rio de 1993, disputada em meio à segunda fase do Campeonato Brasileiro daquele ano. Pelo contrário, naquela competição oficial o Vasco não deu o benefício ao clube da Gávea de adiar duas partidas entre ambos por causa do calendário rubro-negro. Eles que se virassem. Se viraram e perderam os dois jogos. A taça está lá na sala de troféus de São Januário.

Em outra determinada oportunidade o Vasco já fora da disputa de um Torneio Quadrangular, em 1960, poderia em vencendo o Flamengo dar o título ao Campo Grande e o vice ao rubro-negro da Gávea. Até então, naquele torneio, os dois clubes haviam atuado com equipes juvenis, mas no último jogo, exatamente diante do seu principal rival, a equipe cruzmaltina surpreendeu com uma formação na qual constavam vários profissionais e derrotou o adversário por 3 x 0, placar construído na primeira etapa.

Não podemos chegar à conclusão em 2020 que os dirigentes de 1960 e 1993 estavam errados e devemos respeitar primordialmente a torcida vascaína, que depois de muitos anos se fez presente no Maracanã em maior número que a do rival ontem.

O movimento dos torcedores cruzmaltinos no fim de 2019 (associação em massa) teve foco no ocorrido, em termos principalmente de imagem e mídia, em favor do rubro-negro, como se fosse dito na entrelinhas que o adversário passara a ser hegemônico no Rio de Janeiro.

A resposta do clube à sua torcida, oportunizando a que o Flamengo tivesse uma chance muito maior que a do Vasco para vencer o primeiro confronto do ano entre ambos, ainda mais com um jejum de vitórias que segue desde 2016, é a prova cabal de que o clube e, mais especificamente, seu futebol estão sendo geridos por curiosos, inaptos ou vascaínos derivados, sazonais.

A partida, com uma pequena noção de divulgação, marketing e motivação do torcedor, deveria ter marcado a estreia de German Cano na equipe, deveria ter sido trabalhada para assustar o adversário e não tranquilizá-lo com a escalação apresentada, poderia ter dias antes ocorrido um refutar do Vasco à atitude do Flamengo, quanto à sua conduta no que diz respeito às transmissões de seus jogos, pois o fato prejudica a torcida do Vasco e, inclusive, os assinantes do pay-per-view.

O Vasco poderia, enfim, usar tudo a seu favor, marcar uma vitória contundente, quebrar um tabu e trazer seu torcedor a orgulhar-se e defrontar-se com seu rival nas ruas, da forma mais jocosa e deliciosa possível para arrefecer suas decepções últimas.

As crianças vascaínas chegariam no colégio mais alegres e, também, orgulhosas, o Vasco se aproximaria mais de uma classificação para a semifinal da Taça Guanabara e empurraria seu adversário para baixo na tabela, correndo o risco de não chegar aos play-offs do turno, o dia seguinte para todo e qualquer vascaíno seria, em suma, mais feliz.

A irresponsabilidade do que foi feito, expondo Vasco, torcida, atletas, todos ao ridículo, deu no que deu.

Da mesma forma que o Vasco há três meses escrevera uma das páginas mais bonitas da história do clássico diante do rival, neste último Vasco x Flamengo desenhou uma das mais vergonhosas com uma derrota justa (apesar do começo muito bom), chutando apenas uma vez em direção à meta adversária no segundo tempo.

Não é só lamentável, não é apenas um acinte aos torcedores do clube, mas, principalmente, a atitude tomada é uma cusparada na história do Vasco e dos que a construíram.

Estamos, talvez, na época da “evolução”, onde evoluir é seguir o caminho que a lógica rubro-negra manda percorrer.

O mesmo Vasco, que implodiu a I Liga em dois anos, recentemente, após tanto bater no Flamengo e levá-lo à lona por duas temporadas seguidas, no confronto direto, hoje era capaz de seguir o clube da Gávea em busca da extinção do Campeonato Carioca e até solicitar ao solícito (quem sabe) rubro-negro um convite para disputar a II Liga ou coisa que o valha.

Desastroso é o mínimo que se pode dizer do resultado obtido, diante daquilo que foi feito pela direção cruzmaltina e por outros gênios do departamento de futebol.

Pensar grande e agir como pequeno não é a senda do Vasco. Longe disso.

Sérgio Frias

Princípio administrativo ferido, consequências sofridas

Os salários do Vasco estão em atraso há 16 meses. Há 16 meses atrasa-se o pagamento de salários no Vasco.

Um atleta sai do Vasco com valor de venda ou liberação entrando no clube e é cobrado, posteriormente, salários e gratificações enormes, do próprio atleta, alvo da venda, como ocorreu com Desabato (3 milhões de grana recebida pela venda).

Até o Anderson Martins, que recebeu sua rescisão, cobra o clube sem que o jurídico venha a público e esclareça, até baseando-se na própria fala do atleta à época. Cheguem-se a quem sabe que houve o pagamento e converse-se sobre.

Quem recebe salário e não é do futebol convive há quase um ano com a realidade de três, quatro meses de salários atrasados.

Ajuda de custo no Vasco é devida, dependendo de quem a receba, por seis, oito, nove meses.

É claro que ia dar nisso. No que está dando.

Todo mundo leu que o Vasco pôs 150 mil sócios novos no clube, todo mundo viu que o dinheiro serviria para pagar salários, dito pelo presidente do clube.

O meio esportivo sabe que o Vasco ficou impedido de inscrever jogadores até ontem, porque não conseguiu algo que é menos de 0,5% do seu orçamento para 2020.

O Vasco ficou devendo o pagamento do Profut por 10 meses, fica notório que compra e não paga (areia, gente!), acorda e não cumpre e ainda sofre revelia em vários processos, como neste inacreditável do não pagamento de areia.

Também é notório que foi o clube que mais demitiu funcionários sem pagar seus direitos (mais de 95% dos 300 não receberam suas verbas rescisórias de pronto).

Além disso, mais de uma centena executou o clube por não cumprimento de acordo via sindicato e há muitas pessoas na fila para verem suas execuções saírem.

O valor devido, por exemplo, para um funcionário que saiu com o clube devendo a ele 30 mil reais há 18 meses, pode hoje ultrapassar o triplo disso com execução, multas, juros, correção, etc…

Claro que isso chegaria onde está chegando.

O clube está sendo tocado de maneira completamente irresponsável e é assim desde o princípio, quando não cumpriu o princípio da continuidade administrativa com mais de 60 milhões limpos recebidos nos primeiros três meses de gestão (56 milhões limpos só do Paulinho).

A lógica perversa de largar o débito do passado, os acordos do passado, algo que ficou por pagar, que é a lógica distinta do que fez a gestão anterior, leva a isso.

O público vascaíno tem que cobrar isso. Que o gestor cumpra esse princípio, porque se não cumprir vai dar problema. Não há como não dar.

Pode demorar um ano, dois, três, mas vai dar problema.

A teimosia de bater em quem fez o certo e absolver quem levou o Vasco para esse buraco sem fundo é o maior prejuízo que o torcedor do Vasco dá ao clube.

Ele próprio tenta, tira do bolso, se movimenta, doa, faz campanha, participa de crowdfunding, quer resolver o problema, se associa, divulga, mas não consegue ir para o ponto central porque está viciado num discurso que deveria ter morrido quando o polo desse discurso morreu, ou nem começado se ele próprio enxergasse baseado nos fatos e não nas versões sobre eles criadas pelos detratores do clube.

Não há mal nenhum em reconhecer que aquilo era o certo (entrar pagar os salários atrasados obter certidões, cumprir acordos, tapar buracos deixados) e que o feito por essa gestão foi errado, que o feito pelo MUV era errado e que se faça um exame de consciência geral, sem inverter, buscar inverter, querer inverter uma lógica que é óbvia.

Você assume o clube pagando o que ficou para trás e é mais premente, cumprindo o acordado e equilibrando seus gastos dentro daquela realidade. E, na esmagadora maioria das vezes, não vai ter dinheiro da venda de um Paulinho para receber em três meses, como esse completo incapaz e sua equipe de planilhas recebeu em 2018.

E mais. A partir de 2021 a ordem é entrar quem capte, quem consiga mudar uma realidade que deveria ter sido modificada numa sequência lógica há mais de 10 anos, pois bastaria para o MUV dar continuidade ao trabalho de equacionamentos do clube, iniciado pós torniquete financeiro e de maneira definitiva em 2004, que já estava, portanto, no seu quarto ano quando chegamos a junho de 2008.

Mas a interrupção abrupta, com discursos de palanque, ações de picadeiro e soluções heterodoxas prevaleceu em nome de um posicionamento político e consequentes rebaixamentos moral, esportivo, financeiro e, por conseguinte, institucional do clube.

Pois é. Mas tinham que fazer diferente…

E na época era só continuar cumprindo o que se pagava, porque salários estavam em dia, acordos eram honrados, o clube não estava inundado em penhoras, como encontrado em 2014, vide receitas de bilheteira intactas, não havia título algum protestado, era partícipe do Ato Trabalhista, da Timemania, e funcionava.

Houve a troca de poder, a lição dada, mas quem sucede não aprende. Faz o mesmo, vai pelo mesmo caminho e um processo de reestruturação é jogado novamente no lixo agora para fazer política em cima de quem morreu (claro que não sabiam que ele iria morrer quando agiram da forma como fizeram nos primeiros meses de 2018).

Mas qual o resultado prático disso? O que se conseguiu com isso? Com ele, Eurico, vivo ou morto, o que adianta somente machucar uma gestão ou o gestor em detrimento do próprio clube? O que se ganha com isso?

Se não há reflexão, em nome da teimosia, haverá mais e mais prejuízos ao Vasco e todos vamos sofrer.

O princípio da continuidade administrativa é imperioso, já as soluções fora disso fadadas ao fracasso.

Sérgio Frias