Eu me finjo de imparcial, mas só critico o Eurico.
Eu cobro coerência nos argumentos dos “Euriquistas”, mas eu não sou coerente.
Eu cobro contratações de peso, mas não sou sócio e não serei um sócio torcedor em dia com as minhas mensalidades. Ou farei isso, desde que o time vença, seja campeão, dê olé. Não penso no clube por extensão, mas em mim mesmo e no meu próprio umbigo.
Eu cobro um timaço de futebol porque para mim o Vasco só serve como um time que me alegra quando estou triste, e que me proporciona poder zoar os outros. Aliás quando o Vasco perde eu acho um jeito de fingir que a derrota não me pertence. Ela é única e exclusiva do Eurico.
Eu cobro transparência nas contas, mas na época do Dinamite eu dizia que aquela “diretoria” não podia “dar armas” para o Eurico.
Eu disse que cair era bom para reestruturar o Vasco na gestão anterior, mas hoje, a despeito dos avanços administrativos e patrimoniais do Vasco, eu rebato tudo com “Eurico rebaixou o Vasco”.
Eu peço respeito aos oposicionistas que vão ao Vasco, mas me regozijei quando tomei conhecimento através da “mídia imparcial” de que o Eurico, na qualidade de presidente do Conselho de Beneméritos, teria sido “barrado” na secretaria do clube, após assumir o cargo (eleito com o dobro dos votos do candidato do Calçada) em 2010.
Eu dizia que o Vasco era prejudicado nas arbitragens por causa da “prepotência e arrogância” do Eurico; mas quando o Dinamite entrou e o mesmo acontecia, isto ocorria “porque Eurico mandava na FFERJ, na CBF e no Vaticano”. Ano passado, quando o Vasco foi indecentemente prejudicado pelas arbitragens ( o maior garfo da história do clube em Campeonatos Brasileiros) eu dsse que a culpa é do Eurico por ter contratado o Celso Roth.
Eu apoiei Roberto Dinamite porque não queria mais ser “vice, e dizia que tais vices eram culpa do Eurico; mas não desconheço que com Eurico no comando do futebol ou do clube o Vasco foi mais vezes campeão do que vice e em 14 das taças que ganhei (foram 49 no total em quase 24 anos) o Flamengo, rei dos vices (para meu desespero ruminante) ficou no seu devido lugar em relação ao Vasco.
Com Dinamite, devidamente apoiado politicamente por Calçada e afins, curti cinco vices e um campeonato, me tornei freguês do Botafogo e, em decisões, de todos os grandes. Colecionei 3 vitórias em 22 jogos contra o Flamengo e vi meu time perder 10 vezes para o rival. Meu desespero diante dos números obtidos por Eurico no Vasco, só não me enlouqueceram mais ainda porque criei um método para apagar isso, dizendo que o Campeonato Carioca não vale nada. Só valia para mim quando o Flamengo era campeão em cima do Vasco. Do Vasco gerido pelo Eurico, claro.
Sou meio cara de pau. Atribuo por exemplo as derrotas de 1999 e 2000 no Carioca a Eurico, mas o título do Centenário eu ponho na conta do Calçada, a quem chamo de “melhor presidente da história do Vasco”. Na verdade me embanano todo (termo adequado a mim), pois sei que quem montava os times era o Eurico, quem tinha obrigação de pagar era o Calçada, presidente do clube, mas quem conseguia contratos vantajosos para o clube, como o assinado com o Nations Bank era o próprio Eurico, à época deputado federal, deputado do Vasco como ele dizia e eu abominava.
Fico num mato sem alfafa, tentando elevar quem sem Eurico pouco arrumou no Vasco e com Eurico tomando a frente de tudo pôde enfim fazer parte das conquistas.
Em cerca de 40 anos sem Eurico no Vasco o pobre Calçada (várias vezes, vários anos vice de futebol, eminência parda no clube e ainda por três temporadas presidente) viu seu clube conquistar sete títulos de expressão (tenho irremediavelmente que valorizar o Campeonato Carioca agora). Eurico em quase 24 anos já mais que dobrou o número de títulos. Foram 15 oficiais, desde estaduais, e ainda fez reconhecer o de Campeão Sul-Americano de 1948, em 1996.
E lembrar que com Calçada na presidência, em 1983, o Vasco não se classificou para a primeira divisão do Brasileiro, pois conseguiu a façanha de terminar em sétimo no Campeonato Carioca (afinal valia ou não?) disputado em turno e returno, contabilizando o clube na ocasião simplesmente 8 derrotas, 8 empates e apenas 6 vitórias em 22 jogos. Não fosse o convite da CBF nós disputaríamos a Taça de Prata em 1984.
Curioso que costumo falar sobre a pior campanha em Campeonatos Cariocas da história do clube citando 2006 (aquele ano valia), quando o Vasco venceu 4 partidas, empatou 4 e perdeu apenas três. Um campeonato mais do que enxuto com apenas 11 jogos na fase de classificação (5 num turno e 6 no outro).
Na ocasião, o clube somou o mesmo número de pontos que o campeão Botafogo na fase regular e mais dois pontos que o vice-campeão daquele ano, Madureira, além de ter ficado na frente do Flamengo e terminado também com o mesmo número de pontos que o Fluminense na competição. Não importa. Mesmo sabendo que faltaram apenas dois pontos em cada turno para o Vasco ir às finais, a conjuntura que levou o clube à nona colocação por força do regulamento sobrepõe ao bom senso, algo aliás deixado por mim lá no início do pasto há mais de 10 anos.
Mas, continuando:
Eu digo que os “Euriquistas” colocam o Eurico acima do Vasco, mas para mim qualquer candidato é bom desde que não seja o Eurico. Ou seja, eu coloco a minha aversão ao Eurico acima do Vasco.
Como já disse nesse texto, sou cara de pau nato. Eurico ganhou do meu candidato com 1.200 votos de diferença. Uma vitória incontestável e acachapante. Eu cobrava legalidade nas eleições, porque segundo meu conhecer político do clube Eurico só ganhava uma eleição, se fosse fraudada.
Durante o processo político motivei meu gado a acreditar que não eram eleitores os que tinham nome registrado, matrícula, mensalidades pagas. Do alto do meu devaneio os tratei como “fantasmas”. Precisava vê-los para ter certeza. Não era possível depois de todo o meu esforço em denegrir Eurico Miranda, o histórico da sua trajetória pelo clube e até mesmo ferir a história do Vasco em função da minha doença patológica, eu, o bovino, simplesmente não tivesse sido levado a sério.
Tentei partir para a ignorância (sindicância), usando o estatuto e burlando-o ao mesmo tempo. Fiz os administradores correrem riscos de uma enxurrada de ações contra si próprios e não simplesmente contra o Vasco por abuso de poder ou de idiotice, mas me mantive firme. Alfafa a tiracolo busquei impedir o direito de 3.000 sócios votarem (cerca de 1/3 deste pessoal favorável ao voto no ódio ao Eurico, diga-se de passagem).
Não deu certo. Parti para torcer pelo adiamento das eleições, a fim de garantir um segundo lugar, apostando que o discurso do ódio prevaleceria contra qualquer projeto de Eurico Miranda ou de um adversário dele em benefício do Vasco. Fiquei animado novamente quando soube que haveria um recadastramento de sócios no clube. De volta a vã esperança de que se pudesse impedir a vitória esmagadora do meu totem nas eleições.
Como sou nas horas vagas, além de bovino, uma zebra de pijama, entendi que a ação de meus representantes amarelos para impedir o voto dos sócios pagantes que não haviam se recadastrado traria um enorme prejuízo ao quantitativo de votos do favoritíssimo ao pleito. Não me passou pela cabeça que o grupo menos atingido seria exatamente o mais organizado e também não me dei conta de que boa parte da organização cabia ao Casaca!, que aliás, do alto do meu saber, imaginava estar morto, diante da massificação de meu discurso mugido.
Eu acho que o Estatuto deve ser obedecido e que uma oposição é saudável, inclusive para fiscalizar a administração do clube, mas em 2010, quando Eurico ganhou a eleição para Presidente do Conselho de Beneméritos eu disse que tal poder deveria ser extinto. Só porque o Eurico passou a ser o Presidente daquele Poder.
Eu atribuí o rebaixamento de 2008 à “herança maldita” deixada por Eurico: Phillipe Coutinho, Alan Kardec, Souza, Alex Teixeira, entre outros outros, mas hoje a culpa do rebaixamento é SÓ do Eurico.
Eu acuso os “Euriquistas” de mudança de discurso, mesmo quando fatos novos os fazem ponderar; mas quando sou eu que mudo, eu digo que “o sábio muda de idéia, o idiota não”.
Eu falo que o Eurico rebaixou o Vasco e critico o programa Casaca no Rádio, mas quando o Casaca mostra os inacreditáveis “erros” de arbitragem sofridos pelo Vasco no Brasileiro de 2015, eu, acuado, xingo seus integrantes de “baba-ovos do Eurico”. É o que me resta. Para mim, quando os argumentos acabam, sobram os xingamentos.
Eu critico o rebaixamento do Vasco em 2015, mas quando o Dinamite e o MUV estavam lá eu dizia que o Vasco podia cair até para a Série D, desde que o Eurico não fosse o presidente.
Eu acredito quando a mídia diz que “passados 6 meses da assunção do Eurico ao poder, a administração do Eurico, está “catastrófica”, mas quando ofereço o meu candidato, afirmo ser necessário a ele ao menos 10 anos para reerguer o Vasco.
Para mim, a ÚNICA qualidade que um candidato a presidente do Vasco precisa ter é ser contra o Eurico. Eu apoiei vários deles em apenas um ano, pois o Vasco a meu conceito só existe se o Eurico não estiver lá. Um deles criticou o Eurico, mas quando foi para seu lado eu o acusei de traidor. Sabe como é? O ditado “os sábios podem mudar de ideia” só vale se for eu quem o fizer, se for o outro é traição.
Para mim o Vasco é laboratório de experiências e aventuras; por isso a única solução que eu aponto hoje para todos os problemas do clube está “no candidato que mais tiver chance de tirar Eurico”, não importando seu passado, sua história, seu projeto de governo ou suas propostas (ou a verossimilhança delas).
Por isto tudo, por minha “coerência, retidão e firmeza no discurso”, eu peço o voto dos sócios do Vasco, mesmo sequer conhecendo as categorias aptas ao exercício daquele.
Prazer, eu sou “bovino”.
Amigos, este é o panfleto imaginário de um “opositor” apresentando seus argumentos e propostas para a “solução mágica” de todos os problemas do Vasco: Apenas, e tão só apenas, TIRAR EURICO. Eu, Sérgio Coelho, obviamente não compactuo destas ideias. Mas trago os argumentos de quem arrota coerência, mas se retroalimenta mesmo é de ódio.
Meus sentimentos, “loosers”, traduzindo para o português (perdedores) e para o “bovinês” (vices).
Até a próxima.