Dando continuidade a semana de vitórias do Vasco sobre o Botafogo, o jogo de hoje, realizado há exatos 48 anos, traz uma vitória do Gigante da Colina por 2 a 0 frente ao rival alvinegro.
O Vasco vinha de 9 vitórias seguidas e defendia sua invencibilidade sobre um Botafogo que até então não havia conhecido a derrota neste campeonato.
O clássico também ficou marcado por ter batido, à época, o recorde nacional de arrecadação, para um público de 154 mil torcedores. O jornal “O Globo” destacou este feito em sua primeira página:
“Mais de NCz$ 384 mil rendeu ontem, no Maracanã, o choque entre Vasco e Botafogo, que lideravam , invictos, o campeonato carioca. Trata-se de novo recorde nacional: o clássico Santos x Corinthians , disputado há oito dias no Morumbi, em São Paulo, não chegou aos NCz$ 279 mil. O Vasco venceu por 2×0, goals de Bougleuax e Nei, um em cada tempo, mantendo assim a invencibilidade; o Botafogo está agora com 4 pontos perdidos”
Jornal “O Globo” – 29/04/1968
Na página principal da edição esportiva, destaque para imagens do “clássico milionário” e a belíssima arrecadação do confronto:
“BATIDOS TODOS OS RECORDES DE RENDA DO BRASIL”
“Felizmente para o futebol carioca, o Maracanã continua do mesmo tamanho, comportando mais gente do que qualquer estádio do mundo. Assim, na tarde de ontem, quando jogaram Botafogo e Vasco, foi quebrado o recorde de renda de certames regionais que estava há oito dias em poder dos paulistas que em Santos x Corinthians, no Morumbi, tinha alcançado NCr$ 278.894,00. E o geral — renda de logos internacionais—era de Brasil x Polônia, em 66, com NCr$ 334.810,00. A marca bandeirante foi batida com sobras, pois pelas bilheterias do Maracanã e as da venda antecipada passaram NCr$ 384.695,75, superior portanto em mais de cem mil cruzeiros novos. E a geral também. O público – longe dos números do Fla-Flu de 63 ou de Brasil x Paraguai de 54 — foi o seguinte: pagaram ingresso — 124 435; não pagaram: crianças — 24.570; diversos (jornalistas, rádio, tevê, deputados estaduais, federais, carteiras da FCF e CBD, autoridades estaduais e federais; enfim todos os que podem) — 5 716. Total de públito: 154.721. E ainda caberá mais, depois de amanhã por exemplo, quando quase todo mundo terá recebido o ordenado e se a ADEG colocar ingressos para valer à venda. E para os leitores, o flagrante colhido ontem de helicóptero, com o Maracanã cheio de gente, momentos antes do início do encontro”
Após o apito final, a festa vascaína começou dentro do Maracanã e seguiu para as ruas:
“Explosão, explosão, só a da torcida do Vasco, faltando dez minutos, arreliando a vida dos botafoguenses, com o “Tá chegando a hora”, ou, o que foi muito pior, recordando-lhe outras tardes e noites amargas, “Um, dois três,”Botafogo é freguês”. A alegria dos líderes invictos, ostentando suas onze vitórias em onze compromissos, campanha inédita, espalhou-se pelas ruas. A multidão vascaína, não ligando ao frio, à fome, à dificuldade de condução.”
Algumas imagens da grande partida:
O treinado vascaíno Paulinho comentou sobre a invencibilidade da equipe no campeonato, e Brito desabafa após a vitória:
“UM GRANDE VENCEDOR”
“Nessas dez vitórias consecutivas no certame carioca um nome não pode ser esquecido, o de Paulo Baltar, preparador físico dos cruzmaltinos. O Vasco terminou o jogo inteiro, enquanto no outro lado, os botafoguenses sentiam a dureza da partida: – Não posso deixar de elogiar a conduta da equipe. Tenho recebido apoio de Paulinho e do Dr. Marcozzini, o que tem facilitado bastante. Estou feliz com a exibição de hoje, pois tínhamos condição para mais alguns minutos.”
“A CAMISA”
“Quando o jogo terminou, Brito correu em direção da torcida do Botafogo e mostrou a camisa do Vasco. Logo depois, trouxe Bianchini e repetiu o mesmo gesto: – O Vasco também tem camisa. Durante a semana andaram contando vantagens e inclusive dando números para a vitória. Ouvíamos e liamos tudo sem dar resposta. Hoje, ela veio e está ai no delírio de nossa torcida e no marcador de 2 x 0. Ganhou quem jogou mais e quem jogou mais foi o Vasco”
De 1953 a 1986 o jornalista e cartunista Otélo manteve nas páginas do “Globo” a coluna “Pênalty”, com divertidos comentários sobre o futebol, principalmente o Campeonato Carioca e a seleção brasileira. Às segundas-feiras, a coluna publicava duas seções que ficaram célebres — o Diploma do Sofredor e o Placar Moral. Neste dia, Ótelo colocou como placar moral , Vasco 3 a 0. E claro, não faltou o diploma para ser entregue para o torcedor rival:
Melhores momentos do jogo:
Outras vitórias do Vasco em 28 de abril:
Bonsucesso 1 x 2 Vasco (Carioca 1929)
Barreira 0 x 1 Vasco (Carioca 1996)