Fiscalizando a AGO 2023
No contexto das eleições realizadas em 11 de novembro de 2023, desempenhei o papel de fiscal de chapa, representando, desta vez, a chapa branca. Assumi minhas responsabilidades pela manhã na Sede do Calabouço, supervisionando os procedimentos no ponto de votação designado para pessoas com prioridade até o encerramento da votação.
Durante o processo, observei a presença de centenas de associados no Calabouço, com o objetivo de reduzir as possibilidades de fraude em seus votos, especialmente devido à triagem de identidade realizada na sede. No entanto, tal medida de verificação não foi aplicada nas votações não presenciais, que careciam de um reconhecimento mais seguro, como a biometria, reconhecimento facial, assinatura via certificado digital ou qualquer protocolo que assegurasse a identidade do eleitor associado ao e-mail utilizado.
A convocação da eleição foi feita em um formato híbrido, mas sua execução foi estritamente online, uma vez que não foram disponibilizadas urnas físicas para os associados que optaram pela votação presencial. Em vez disso, apenas computadores (notebooks) conectados à rede de internet estavam disponíveis na sede.
Os associados presentes nas filas demonstravam significativa desconfiança, impulsionada por problemas sistêmicos, tais como congelamento da interface, mensagens de erro e falhas no sistema. Isso resultava em esperas constantes, aguardando a intervenção do suporte técnico por parte dos operadores das máquinas, minando a suposta facilidade de uso do sistema.
A emissão de comprovantes de votação não se concretizou, sendo justificada pelos operadores como um problema de integração entre o sistema eleitoral e as impressoras do clube. A única opção viável foi o envio do comprovante por e-mail. Contudo, o endereço eletrônico indicado como destinatário do comprovante de voto não correspondia aos endereços dos associados. Os operadores explicavam que se tratava do endereço de e-mail da empresa operadora do sistema, destinada a reencaminhar o comprovante para os endereços dos associados. Na prática, porém, os associados não recebiam os comprovantes e, na cabine de votação, expressavam sua insatisfação. Eram orientados pelos fiscais da assembleia a tentarem votar novamente pelo link da votação em seus celulares particulares, de modo a visualizarem o comprovante em suas telas.
A maioria dos idosos presentes enfrentavam dificuldades ao usar o mouse e tentavam tocar na tela do notebook, como estão habituados às urnas eletrônicas de processos eleitorais governamentais ou máquinas bancárias (caixas eletrônicos), que geralmente possuem tela sensível ao toque (touch screen). Todos esses indivíduos eram obrigados a declarar seus votos aos fiscais da assembleia, que os representavam no sistema por meio do mouse, sob a supervisão ótica do fiscal de chapa. Esse procedimento comprometia o sigilo do voto, gerando desconforto e nervosismo em alguns desses eleitores mais idosos.
Embora tenha minhas opiniões acerca desse formato de votação, abstenho-me de expressá-las neste texto, uma vez que este relato busca exclusivamente descrever os fatos presenciados durante minha função de fiscalização na Assembleia Geral Ordinária do Club de Regatas Vasco da Gama.
Pedro Henrique Sampaio