Em matéria veiculada pelo site Globoesporte.com (Blog Dinheiro em Jogo) há uma tentativa de justificar a dinheirama derramada a favor de Flamengo e Corínthians, em detrimento dos demais clubes do Brasil, desde 2011.
Como é dito no próprio texto, o atual presidente do Flamengo, Eduardo de Mello e suas defesas do protecionismo indecente e descarado a Flamengo e Corínthians por parte da Rede Globo, deram o mote para a matéria que ao invés de favorecer os queridinhos da mídia, pelo contrário os expuseram.
O presidente rubro-negro já havia dado bandeira ao declarar ser favorável à disputa pelo Flamengo da quarta divisão do Campeonato Paulista (pela lei do esporte), junto ao Barcelona (Capela), Internacional (de Bebedouro), Palmeirinha (de Porto Ferreira), Atlético (de Assis), Grêmio (de Presidente Prudente) e à Portuguesa paulista (a outra, de Santos), porém não imaginava que encontraria numa tentativa de defesa a seu clube por terceiros, mais clarividência do escárnio que é a situação dos queridinhos da mídia carioca e paulista.
O amparo referente à indecente divisão de cotas no futebol brasileiro percorreu o caminho da comparação.
Sabe-se que o modelo inglês é o mais justo dentre todos, e nele contam-se três fatores para o pagamento aos clubes: igualitário (50% do valor total); resultado esportivo (25% do valor total) e número de partidas transmitidas (25% do valor total). Diante disso tem-se uma diferença de um ponto percentual entre os clubes que ganham mais (Manchester United e City) e o quarto colocado, Chelsea.
Ocorre que as maiores torcidas da Inglaterra, pela ordem, são: Manchester United , Liverpool e Arsenal. Como os resultados esportivos contam mais e a presença na TV também depende deles, a distância entre o primeiro e segundo colocados em tamanho de torcida chega a 2% quanto ao valor a ser recebido. Enquanto o Manchester United recebe mais (junto ao xará City e o Chelsea), o Liverpool é o quinto no critério e o Arsenal o quarto. O Chelsea é a quarta torcida da Inglaterra e o Manchester City a oitava.
A defesa do processo de “espanholização” do futebol brasileiro não poderia ter como parâmetro a Inglaterra e o ocorrido na Espanha ruboriza, então que tal dar uma ajudinha ao Flamengo, maior beneficiado com o reajuste global há quatro anos, mas muito mais próximo ao rebaixamento neste período que do título brasileiro (SALVE LUSA!)?
A ideia, então, foi utilizar exemplos de divisões nas cotas de TV do futebol italiano e francês (agora vai!).Como nos referidos futebóis o caminho de “espanholização” tem lá seus percalços, vamos aos fatos:
Na Itália, embora a Internazionale, segundo clube mais popular do país, tenha quase o dobro de torcida que o quarto colocado, Napoli (17,4 a 9,2%), o adversário sulino recebe cinco pontos percentuais a mais nas cotas (16 a 11).
Já na França a coisa piora um pouquinho mais para a torcida Fla/Fiel (Dinamite neles!). O Olympique de Marseille é a maior torcida do país com 16 pontos percentuais, seguido do Lyon, com 15, mas quem recebe mais da TV é o PSG (terceiro no critério “popularidade” com 5), que abocanha 14% do total contra 13 e 9% dos outros dois, pela ordem.
O ponto abrangido no texto, que arrefeceria o absurdo favorecimento a Flamengo e Corínthians, é a discrepância entre os maiores recebedores das cotas e o grupo a seguir, pois a diferença percentual de Flamengo e Corínthians chegaria a “apenas” três pontos percentuais de outros clubes logo atrás de ambos, enquanto na Itália e França a distância seja maior.
Há dois fatores que precisam ser salientados, mas parecem obscurecidos. A nova divisão de cotas por vontade global tem apenas quatro anos de existência e da forma como os contratos foram assinados só tende a aumentar a diferença entre os clubes a partir do ano que vem, até 2018.
Por outro lado, o Flamengo, por exemplo, não possui mérito esportivo algum para se manter no lugar onde está. Não ficou entre os dois melhores do Brasil desde a mudança de critérios em 2011 até hoje, enquanto o Corínthians apenas em 2011 fez jus ao recebimento de valores maiores (para o ano subsequente), levando-se em consideração a meritocracia.
Conclui-se de tudo isso que quanto mais se tenta defender algo injusto e aviltante como plausível, mais se aproxima uma reação dos aviltados, afinal a miopia tem limite e no Vasco ela é passado.
Casaca!
Pesquisa:
http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/dinheiro-em-jogo/1.html – Percentual das cotas de TV 2013/2014 ou 2014 (Brasil)
http://sinopsedofutebol.blogspot.com.br – tamanho das torcidas – dados de 2013