Gilmar Ferreira é um daqueles da imprensa esportiva que resumem seus comentários aos resultados do futebol. Se o clube, o time de futebol do clube, vai bem, a administração é um sucesso. Se vai mal, é um fracasso. Não é de hoje que o superficialismo reinante nas redações dá o tom do dito jornalismo esportivo. Uma lástima.
Na sua coluna no jornal Extra de ontem, o superficial Gilmar ataca com os seguintes comentários rasos:
1 – O time de futebol do Vasco vive uma “crise técnica” desde que conquistou a Copa do Brasil em 2011;
2 – O que aconteceu para que aquele time campeão fosse desmontado em pouco mais de seis meses?
3 – Desde a saída de Rodrigo Caetano em 2011 o time de futebol do Vasco não consegue equilíbrio entre direção e departamento de futebol.
4 – A dispensa de Marcinho, a suspensão de Bernardo e a derrota na disputa por Emerson Sheik mostram que o respeito desejado está longe.
Primeiro, correção à distorção.
Caetano saiu em 2011, mas retornou em 2014. O Vasco fez uma campanha pífia na série B sob seu comando administrativo, gastando fortunas salariais em atletas que não chegaram a render o mínimo. Se o dito sucesso de 2011 era por sua presença, o que houve em 2014?
Agora, a análise, ligeiramente mais profunda do que a do superficial Gilmar.
A partir de 2009, sob a batuta de Caetano e o mal falado equilíbrio existente por sua presença, o Vasco passou a pagar salários irreais aos atletas. Por outro lado, expandia sem limites calotes em todas as direções, inclusive tributários. A má gestão era tão latente que o clube celebrou contrato com uma empresa pública e, em função do não recolhimento de impostos e obrigações, não podia dela receber porque não dispunha das necessárias certidões. Pergunta-se, então: que equilíbrio era este? Que gestão profissional era esta?
Da mesma forma, foi montado o elenco de 2011. Este, com outro elemento: aquele era um ano eleitoral e o Vasco, no dia 30.1.2011, estava na zona de rebaixamento do Campeonato Estadual. Para quem prefere, o pior início de estadual da História do clube.
Foi com este cenário tenebroso nos primeiros meses daquele ano e a preocupação com as urnas que foi montado o elenco daquela Copa do Brasil e Brasileiro, repleto de “visão profissional” e “equilíbrio”. Mais do mesmo: salários exorbitantes, a custa de muitos calotes paralelos. Uma preocupação única com resultados do futebol, talvez contando-se exatamente com os louros concedidos pela superficialidade de “analistas” como Gilmar Ferreira.
Este profissionalismo de fachada, celebrado pelo jornalismo de perfumaria praticado por cidadãos como Gilmar Ferreira, foi a tônica de toda a administração Dinamite. Administração “profissional e equilibrada” que conseguiu êxitos e proezas como deixar uma conta de água de 10 milhões de reais e 700 milhões em dívidas, 500 milhões a mais do que a dívida encontrada em 2008.
Ainda assim, compondo o elenco com alguns jogadores que se encontravam desmotivados no ano passado e algumas apostas em atletas com nível salarial ao alcance do clube, a nova diretoria montou um time que foi Campeão Estadual de 2015. Então, que crise técnica incessante é esta? O Vasco conquista um título e dois meses depois descobre-se que permanece numa crise técnica desde 2011? Ou o surrado discurso de que o Estadual não vale nada (só vale para os outros) também é mantido pelo superficial Gilmar?
Por fim, diz o vestal Gilmar que o Vasco, ao rescindir com Marcinho, suspender Bernardo e “perder” a disputa por Emerson Sheik mostra que está longe do respeito que diz ter alcançado. Bem se vê que este sujeito realmente entende muito de profissionalismo. Marcinho não foi dispensado, pediu para sair. Ninguém joga em um time de futebol ou trabalha em uma empresa daquelas que os perfumados adoram sem ter vontade de trabalhar. Por isso, concordou-se com a sua saída. Bernardo é reincidente em comportamentos inadequados. Aliás, foi a “profissional e equilibrada” diretoria anterior que adquiriu os seus direitos econômicos por 3 milhões de reais. Quanto a Emerson Sheik, estes jornalistas conseguem se contradizer em meio parágrafo. Costumam pregar que atletas caros, com certa idade e com casos de indisciplina e mau comportamento não são adequados para clubes, especialmente aqueles que precisam se recuperar financeiramente. É exatamente o caso de Sheik. Mas, para Gilmar, que surfa a onda dos oportunistas e precisa dar vazão ao seu ódio pessoal nutrido pelo “ditador com boa vontade”, o Vasco perdeu a disputa pelo atleta. Fazer o quê? A mentalidade é tacanha.
Rodrigo Caetano faz parte do passado e saiu do Vasco pela porta dos fundos. Seu sucesso foi pueril e calcado em saúde financeira de fachada. Cobra na Justiça mês de salário não vencido através do mesmo advogado que conseguiu adiar as últimas eleições, três meses a menos no processo de recuperação e saneamento hoje necessário. Advogado, este, da atual oposição. Relações profissionais e equilibradas.
Mas há uma solução. Uma luz no fim do túnel. Talvez, para o seu lugar, Gilmar Ferreira pudesse ser contratado. Afinal, ele tem visão profissional e equilibrada. Sua passagem pelo Sistema Globo de Rádio não nos deixa mentir.
CASACA!