Quatro jogos em São Januário e nenhuma vitória. Esta é a realidade mais preocupante do Vasco hoje, pois seu estádio deixou de ser o tradicional caldeirão de outrora, longe, muito longe da panela de pressão que se fazia contra os mais diversos adversários, independentemente das condições técnicas deles.
Por outro lado, o comportamento do time cruzmaltino no jogo de ontem, após tomar o primeiro gol do Cruzeiro, demonstra o estado de nervos dos atletas, a intranquilidade de seu treinador e evidencia o cenário inaceitável posto em seus rostos, além da falta de condições emocionais para reagirem.
O que se viu após a equipe sair atrás no marcador foi desorganização e insegurança. De todos, menos da torcida presente, que ainda se uniu na segunda etapa para tentar empurrar o time desde as arquibancadas.
Sem muitas opções no ataque, Doriva escalou a dupla de frente, na prática, com Jhon Clay e Gilberto. A instabilidade do substituto de Riascos – impedido de atuar por ser atleta do Cruzeiro – tem como contraponto certa criatividade, responsável por boas jogadas do ataque cruzmaltino até a primeira meia hora de partida.
Neste período, os laterais do Vasco não se apresentaram como se impunha diante do esquema escolhido e quando o fizeram o ineficiente Biancucci não lhes serviu de forma adequada, muito menos quaisquer dos volantes, com uma ou outra jogada de exceção.
A escalação de Caucaia e Biancucci nos lugares de Lucas e Julio dos Santos não são justificáveis, seja pela produção de ambos contra o Atlético-PR na rodada anterior, seja pela produção dos outros dois, que já mostraram futebol suficiente para serem primeiras opções no elenco atual, ainda carente de reforço.
Sem Rafael Silva no banco de reservas, machucado, e diante da péssima relação da torcida com Yago, praticamente queimado, o gol do Cruzeiro aos 37 minutos da primeira etapa não deveria ocasionar uma mexida na estrutura tática da equipe, imediatamente depois.
Com a saída de Diguinho, Lucas deveria naturalmente substituí-lo e para a segunda etapa a entrada de Julio dos Santos no lugar de Caucaia era algo até certo ponto óbvio, pois ele, junto a Madson, são responsáveis por uma das mais contundentes jogadas ofensivas do time. A alteração demorou cerca de 10 minutos e quando Julio entrou, logo no minuto seguinte o Cruzeiro ampliou em falha lamentável do goleiro Charles, que leva os mais afoitos a pensarem no retorno de Jordi, o que pode causar uma ciranda entre os dois até a volta de Martin Silva.
Pior que a demora pela participação de Julio no jogo, foi seu posicionamento em campo, hora na meia-esquerda, hora centralizado, sem a devida aproximação com Madson.
A inoperância de Biancucci na partida e o vazio na direita fizeram com que Luan passasse a ocupar aquele setor, mas já não havia cobertura, concentração, nada.
E quanto a Jhon Clay, o mesmo que começara bem? Foi recuado mais para a meia em função da entrada de Yago (veloz mas pouco objetivo) e caiu muito de produção. Acabou substituído por Thales, quando o jogo ainda estava 0 x 2, tendo sido transformado o Vasco num bando em campo até o fim da partida.
Uma menção honrosa a Rodrigo pelo belíssimo gol de falta.
A desorganização do time pareceu ontem ser um reflexo de tantas mexidas e mudanças táticas do seu treinador, independentemente de alguns desfalques.
Diante do atual quadro, o Vasco – que na visão da maioria precisava apenas de um reforço para a criação no meio campo, uma vez que Marcinho e Dagoberto não atuaram nesta temporada da forma como se esperava – pode vir a carecer de mais, conforme os atletas forem sentindo a pressão oriunda dos maus resultados.
A notícia boa é o fato de o desastre ter ocorrido no começo da competição. Que se inicie a reação.
Sérgio Frias