Marcos Luiz disse:
“Antes a campanha do divida zero pagava uma conta e aparecia outra em seguida. Agora que fecharam os vazamentos. Não vejo o porque do clube não incentivar ou assumir a campanha.
Isto abreviaria o tempo de pagamento das parcelas e aliviaria os cofres do clube.
Uma nota desta já incentiva o torcedor a participar, tanto que o movimento aumenta. Imagine uma convocação oficial do clube.
No fundo a torcida não sabe o caos financeiro que o clube se encontra.”
______
Todas as ações voluntárias da torcida em prol do clube são bem vindas para o Vasco.
O movimento mencionado, próximo das eleições, quis ouvir os candidatos para saber sobre qual seria a medida em relação à situação fiscal do clube. Aquele que ganhou não precisou dar entrevista para RATIFICAR na prática, o que já fizera em sua gestão anterior.
Não dá para imaginar que quem está fora do clube deve nortear quais são as premissas do Vasco.
Poderia haver um Vasco Calote Zero só para consertar as peripécias do MUV, desde o não cumprimento de acordos anteriores àquela gestão, passando por calotes contumazes, apesar da dinheirama que entrou no Vasco até a conta bater à porta pelas irresponsabilidades, no final de 2012.
A verdade, meu caro, nua, crua, cristalina é que o Vasco até junho de 2008 não precisava de um movimento como este para cumprir seus compromissos. Não foi fácil sanear o clube a partir de 2004 até aquele ano, havia sim dificuldades, mas os credores recebiam, o Vasco mantinha-se com crédito na praça, mantinha em dia salários, mantinha-se no primeiro grupo das cotas de TV, mantinha-se na primeira divisão a despeito da queda de clubes àquela altura menores, como Corínthians.
O público vascaíno ingenuamente caiu no conto da mídia, nos contos do MUV e de seus penduricalhos, e não só permitiu a que o Vasco fosse gerido da maneira como foi, mas que aquele modelo ainda ganhasse de brinde uma reeleição.
A questão fiscal chamou mais a atenção porque quando o assunto é na esfera governamental não há jeitinho que dê jeito, mas o grande problema do clube hoje são “n” dívidas de curto prazo, mais de 100 milhões, receitas da TV comprometidas até o ano que vem, várias confissões de dívidas feitas no apagar de luzes da gestão anterior, tudo com a devida irresponsabilidade de quem usou o Vasco para satisfazer anseios pessoais, políticos e contrários à saúde financeira da instituição.
Semanalmente no Vasco surge alguma surpresa. É uma dívida absurda de 10 milhões de reais com a CEDAE, são confissões de dívida inqualificáveis, 12 milhões a serem pagos ao Benfica já devidamente definidos pela FIFA em razão de o Vasco fazer o que fez em acordos, compras, empréstimos, isto é, pagar a primeira parcela e nada mais. Citei estes dois exemplos, mas há infindáveis outros. Ontem o brinde foi outra ação já na FIFA com a cobrança de 300 mil dólares pela aquisição de Guiñazu em 2013. Sabe quanto o Vasco pagou do valor combinado? Nada.
Alguém disse lá atrás, desse movimento mesmo, que não se queria enxugar gelo. Pois é. Enxugaram. Enquanto pagavam seus DARFs o calote continuava, tanto que é público e notório o fato de que quem conseguiu renovar as certidões no final do ano passado foi a gestão Eurico Miranda, obtendo em 20 dias mais de 14 milhões de reais, dez vezes mais do que aquilo até então captado pelo movimento.
Qualquer movimento com interesse de fato em ajudar o Vasco deveria fazer loas à atual direção, pela responsabilidade demonstrada apesar da situação caótica encontrada, mas lê-se uma nota deste grupo solicitando a que se continue a fazer pagamentos de DARFs, apesar da figura do atual presidente, ou algo assim.
Um movimento realmente preocupado com o Vasco, o futuro do Vasco e tendo exposto em sua cara tudo o que foi feito não só no quesito responsabilidade fiscal, mas, principalmente, RESPONSABILIDADE INSTITUCIONAL, deveria vir a público, aplaudir, defender a posição da direção do clube e humildemente solicitar saber como poderia ajudar, pois se havia antes qualquer dúvida a ser sanada em entrevista pré-eleitoral, a prática nas ações foi a melhor resposta.
Se numa gestão de bananas, omissos e irresponsáveis houve apoio, este foi aceito para que se tivesse menos trabalho ainda por parte da direção, que cuspiu na ideia (apesar do discurso de apoio), mantendo-se caloteira quanto às suas obrigações na área fiscal e terminando seus dias sem as certidões que, se fossem herdadas pela atual gestão, possibilitariam a que outras ações fossem tomadas no clube, já no início desta gestão.
O Vasco hoje honra aquilo que qualquer grupo deveria defender abertamente em suas mídias próprias, mas parece haver uma dificuldade grande de se retratarem os que falavam mal sem conhecer como estava sendo conduzido o clube até o golpe de 2008 – atormentados pelos discursos sem pé nem cabeça do MUV – bem como uma dose de humildade em reconhecerem que se não fosse Eurico Miranda se virar para conseguir 14 milhões de reais em menos de um mês no poder, o Vasco não teria certidão nem contrato renovado com a CEF apesar de toda a vontade de se ajudar o clube, presente em vários torcedores.
Não tem preço apoiar a direção do clube e brigar contra quem tenta internamente e externamente prejudicar ou diminuir o Vasco, mas tal luta, mesmo referendada pela responsabilidade da gestão Eurico Miranda, torna-se muito mais difícil para muitos que preferem mexer um pouco no bolso e dizer que estão colaborando.
Qualquer clube do país, com qualquer dirigente, que tivesse feito o realizado pelo Vasco até aqui em oito meses seria aplaudido de pé, mas no Vasco é diferente. Há sempre um “apesar de Eurico Miranda”, o algoz dos adversários do Vasco e muito em função disso, um personagem criado pelos próprios adversários do clube com o papel de algoz do próprio Vasco, o que é um contrassenso, uma estupidez, uma burrice, mas influencia desde os mais humildes até supostamente os mais cultos, por curto que seja o raciocínio destes quando o assunto em termos de Vasco perpassa por Eurico Miranda.
Sérgio Frias