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Eu não aguento mais

Não dá. Definitivamente não dá. Eu não suporto mais isso.

Esse desgraçado desse Eurico ganhou a eleição no Vasco e daí deu tudo errado para nós.

Quando soube daquela situação ridícula do clube em novembro, com ginásio caindo aos pedaços, banheiro fedendo, lixo no estádio, muro derrubado, etc…. através de um amigo meu, que é Fluminense e foi posto pela Cruzeta (algo assim) para votar num tal grupo amarelo, não imaginei mesmo ser possível que aquele sujeito, fumador de charuto, fosse dar um jeito no Vasco.

Tenho um amigo vascaíno que torce contra o Vasco comigo, mas me dá muito azar. Na partida de Manaus, no ano passado ele estava viajando, de férias, no jogo da chuva ele ficou preso no trânsito, mas nas outras sete aquele pé frio sem meia estava lá. Resultado: nenhuma vitória. Nenhumazinha. E eu que estava acostumado a ver o Vasco apanhar de tudo quanto era jeito e gargalhar daquele banana sentado ao lado de alguns heróis da nação. O Vasco era de dar pena.

O meu amigo tricolor (somos muito ligados hoje) também não gosta do Eurico. Disse para mim que antes dele era Fla e Flu, Flu e Fla. O Vasco freguês e na hora decisiva mais freguês ainda. Aí veio aquele barrigudo e começou a dizer que o Flu era isso, aquilo e aquilo outro. E ainda tivemos de nos dobrar a ele para não jogarmos a Série B. Era um gesto de civilidade tricolor votar nos tais amarelos na última eleição. Aliás o que faz o sujeito se vestir de amarelo numa eleição do Vasco? Bom. Problema lá deles. Banana, amarelo, tudo a mesma coisa.

Eu pensava que esse temor pela volta do Eurico era uma bobagem. Ele jamais reverteria a situação do Vasco. Em três meses já estaria de pires na mão, com salários atrasados. Nem as tais certidões tinha.

Mas hoje confesso que abri uma página na internet mandada por esse amigo tricolor e fiquei tentado a pagar 1500 pratas para colocar algum daqueles caras de sorriso amarelo no Vasco dentro em breve. A eleição tinha de ser agora. Em um ou dois meses no máximo. Soube que aquela galera ali foi a mesma responsável por manter o Dinamite no Vasco até além do mandato dele, duas vezes, foi linha auxiliar, fez casadinha na Justiça. Os caras são um barato. São acima de tudo anti-Eurico (iguais a mim).

Semana passada já havia perdido a confiança em tudo, a derrota de ontem à noite foi mais um retrato do que é meu time e ainda tenho de soprar velinha de aniversário pelo jejum contra o Vasco. Não dá. Definitivamente não dá.

Ninguém melhor que nós sabemos das armações no futebol. Caso Lusa, papeletas amarelas. Eu torci muito para o Vasco cair. Aquele meu amigo vascaíno idem. Ele vive num tal de Netvasco fazendo fakes para atacar o Eurico. Resumindo: o cara parece flamenguista.

Mas realmente a garfada das arbitragens ano passado contra o Vasco saltou aos olhos. Achei bem feito. Foi uma festa minha e dele. O cara é cruel. No último jogo disse: “tem que ser roubado de novo. Roubado é mais gostoso”. Eu interrompi dizendo: “esta frase é minha”. E ambos gargalhamos. Mas, na boa, se tivéssemos sido garfados em metade dos 14 pontos do Vasco cairíamos. Como hoje estou fulo da vida, parto também para falar algumas verdades.

Mas, como dizia, recebi o tal vídeo e notei faltar o meu rosto lá. Uniformizado e pedindo mudanças. Será que dá mesmo para tirar o Eurico? Eu bancaria fácil uns 200 vascaínos e 100 rubro-negros (ou o contrário) para votar contra ele. Se não dá para ser o Dinamite de novo que seja qualquer um. A questão minha é enfraquecer o Vasco. E os caras lá daquele grupo tem ódio dele.

Meu amigo tricolor, eleitor daquele pessoal, disse que o motivo principal do vídeo ter saído foi o despeito por outro, no qual Eurico é ovacionado em Cariacica-ES pelo povão vascaíno. Aliás, detesto povo. Não que seja racista. Sou só elite branca.

Convenhamos. Se essa porcaria desse Eurico não tivesse voltado ao Vasco, jamais jogaríamos naquele estádio. Ok, tenho inveja do estádio do Vasco sim (hoje é dia de confissões), mas meu amigo vascaíno disse ser a maioria da turma dele contra clássicos em São Januário também. Estou bem acompanhado. Por sinal, daquela trupe quase ninguém viu o último Vasco x Flamengo lá. Torceram contra de casa mesmo.

Ser humilhado pelo Vasco da forma como estamos já passou da conta. Já deu. Quero aderir à campanha de sócios do Vasco e votar em qualquer um que seja contra o Eurico. Estou de saco cheio. Não aguento mais apanhar.

Chega!

Fora Eurico!

Volta pra lá, Rodrigo Caetano!

Eu quero meu título carioca de volta!

Geral é do ódio! Tamu junto!

Artur Petrond Júnior (gozado sistematicamente pelo Gilberto Edmário Lucas Vaz)

Cerca de 500 torcedores receberam o Vasco na chegada em Vitória

A torcida vascaína deu mais uma demonstração de grandeza no fim da manhã desta sexta-feira (18/03). Mais de 500 cruzmaltinos compareceram ao Aeroporto Eurico de Aguiar Salles, em Vitória, capital do Espírito Santo, para receber a delegação do Gigante da Colina. Antes mesmo do desembarque, os torcedores se aglomeraram e transformaram o saguão num verdadeiro caldeirão.

O presidente Eurico Miranda, os jogadores e membros da comissão técnica foram recepcionados com músicas que costumam ser entoadas na Colina Histórica. Felizes com a recepção calorosa, os atletas distribuíram autógrafos, posaram para fotos e fizeram a alegria dos presentes. Tetracampeão mundial com a Seleção Brasileira, o treinador Jorginho foi bastante assediado. O mesmo vale para o zagueiro Luan e o meio-campista Nenê.

Em primeiro lugar na Taça Guanabara, o Vasco duela neste sábado (19), às 16 horas, com o Boavista. A partida será realizada no estádio Kléber Andrade, em Cariacica (ES). Antes do confronto, na tarde desta sexta-feira (18), o elenco cruzmaltino realizará um treinamento no palco do jogo. A atividade será iniciada às 16 horas.

Fonte: Site Oficial do Vasco

RESUMÃO do CASACA! no Rádio #667

Caro ouvinte, estamos fazendo uma experiência para avaliarmos a aceitação do público à postagem de resumos do Programa CASACA! no Rádio. Nesta semana, destacamos seis momentos principais e os colocamos disponibilizados abaixo para que você tenha uma versão mais condensada do que foi abordado no nosso programa desta semana. Confira:

CLIQUE NO TÍTULO DO TRECHO QUE VOCÊ QUEIRA OUVIR

CLIQUE AQUI PARA OUVIR O PROGRAMA NA ÍNTEGRA

 

Intimado pela Fifa, Vasco paga R$ 2 milhões ao Málaga-ESP por Sandro Silva e se livra de perder 6 pontos na Série B

De acordo com informação do jornalista Marcus Vinícius, da Rádio Tupi, o Vasco foi intimado pela Fifa a pagar, em 24 horas, R$ 2 milhões ao Málaga, da Espanha, em cobrança relativa à contratação de Sandro Silva durante a administração Roberto Dinamite. O Vasco efetuou o pagamento e se livrou de começar o Brasileiro da Série B com 6 pontos negativos. A informação foi veiculada durante o programa “Show do Apolinho” do dia 09/03/2016.

Fonte: Netvasco

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Comentário do Casaca!

Confirmado sim. Isso é apenas um exemplo de toda a irresponsabilidade feita contra o Vasco por parte da gestão MUV/amarela ao longo dos anos no clube, como linha de ação ou auxiliar.

Um detalhe que precisa ser dito. O Vasco recebeu a determinação de pagar o valor em 24 horas, sob pena de ser punido no âmbito esportivo.

Mas os amarelos mantiveram Dinamite até quando puderam. Pura e simplesmente em nome do ódio. Contra o clube, contra seus preceitos, a favor do calote e de barbaridades perpetradas contra o Vasco.

Vocês deviam pagar por isso, mas quem o faz é aquele que você tentam criticar para, quem sabe, voltarem um dia para fazer a festa contra o Vasco. 

Irresponsáveis.

Casaca!

Colégio Vasco da Gama completa 12 anos

 

O Vasco é tradicionalmente um clube que se preocupa com questões sociais. Desde que foi campeão carioca jogando com negros, em 1923, e quando teve o primeiro presidente mulato de uma agremiação esportiva no Rio, ao eleger Cândido José de Araújo, em 1904. No dia 08 de março de 2004, há 12 anos, o Gigante da Colina dava um passo enorme na educação esportiva, ao inaugurar o Colégio Vasco da Gama, escola de Ensinos Fundamental e Médio que funciona dentro de São Januário, exclusivamente adaptada para atletas do clube, com calendários especiais para treinos, competições e viagens.

Responsabilidade social é uma característica muito presente no DNA do Gigante. A educação e formação através do esporte é uma dos principais objetivos da escola, totalmente administrada pelo clube. Alex Teixeira e Philippe Coutinho, que hoje brilham no exterior, são exemplos de jogadores que estudaram na escola cruzmaltina. E não é só de resultados esportivos vive o Colégio. Nos últimos anos, alunos vêm sendo aprovados em universidades públicas e instituições militares. O trabalho sério de diretores e professores existe para garantir o futuro e a formação dos futuros defensores das cores do Vasco.

 

Fonte: Site Oficial do Vasco

Mais um mico rubro-negro

 

A papelada sobre o recurso do Flamengo no Supremo Tribunal Federal estava nas mãos do ministro Marco Aurélio Mello desde 12 de maio de 2015. Caberia ao magistrado decidir se o processo sobre a divisão do título brasileiro de 1987 poderia ser julgado no STF, num “juízo de admissibilidade de prequestionamento e repercussão geral”, após o repasse do Superior Tribunal de Justiça, onde o Sport ganhou a causa como único campeão. Dez meses depois, o recurso extraordinário 881864 finalmente foi analisado. E o ministro, declaradamente torcedor do clube carioca, manteve a causa a favor dos pernambucanos, negando seguimento ao caso na maior instância do poder judiciário do país.

Eis a íntegra da decisão.

“Em 1/3/2016: A coisa julgada possui envergadura maior, não assumindo a posição de instituto a envolver simples interpretação de normas ordinárias. Trata-se de garantia inerente a cláusula do Estado Democrático de Direito, a revelá-la ato perfeito por excelência, porquanto decorre de pronunciamento do Judiciário. Ocorre que o título executivo judicial implicou a proclamação do Sport Clube como campeão do torneio brasileiro de 1987. Resolução da Confederação Brasileira de Futebol não podia dispor em sentido diverso, sob pena de ganhar, nos campos administrativo, cível e desportivo, contornos de rescisória. O acórdão do Superior Tribunal de Justiça impugnado é nesse sentido. Ante o quadro, nego seguimento ao recurso.”

Transitado em julgado em abril de 2001, o caso foi “reaberto” após o ato administrativo da CBF, em 2011, declarando os dois clubes rubro-negros como campeões, de campeonatos paralelos, à parte da coisa julgada. O Sport, claro, recorreu, uma vez que na decisão favorável ao clube o Fla foi, na verdade, o terceiro colocado do Brasileiro. Ganhou rapidamente e obrigou a entidade a desfazer o ato, com o rival se mexendo na justiça para reverter a decisão.

No fim das contas, Mello fez o óbvio, num caso decidido na Justiça Federal, com recursos no Tribunal Regional Federal e no Superior Tribunal de Justiça, sempre com o mesmo resultado. Para algo diferente, só rasgando o caso.

Com o despacho, o caso mais polêmico do futebol nacional está encerrado? O Flamengo, no papel dele, acha que não e informou que irá recorrer. Onde…?

Fonte: Diário de Pernambuco

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Resumo do caso, oriundo de um postante do Diário de Pernambuco, Cássio Zirpoli:

Cronologia jurídica do Campeonato Brasileiro de 1987

08/09/1987
Através de uma reunião na CBF, os clubes do Módulo Amarelo conseguiram mudar o regulamento do Campeonato Nacional, criando o cruzamento entre os dois grupos – Verde e Amarelo – para ser conhecido o campeão brasileiro.

11/09/1987
Início da Copa União (Módulo Verde, para a CBF, com a Taça João Havelange): Palmeiras 2 x 0 Cruzeiro.

13/09/1987
Enfim, o telex circular de nº 062 foi enviado pela CBF ao Recife (após a CBF protelar a publicação da fórmula já acordada), com o artigo sexto do regulamento do Brasileiro: “O campeão e o vice-campeão das Taças João Havelange (Verde) e Roberto Gomes Pedrosa (Amarelo) disputarão, em quadrangular, o título de campeão e vice-campeão brasileiro de 1987, ficando de posse da Copa Brasil 87 (troféu) e classificados para representar a CBF na Taça Libertadores da América de 1988″.

13/09/1987
Começa o Módulo Amarelo (Taça Roberto Gomes Pedrosa), com quatro partidas. O América/RJ desistiu e a competição teve apenas 15 times, contra 16 do Verde.

13/12/1987
Com um gol de Bebeto, o Flamengo bateu o Internacional por 1 x 0, no Maracanã, e conquistou a Copa União. O Fla se declarou tetracampeão nacional.

13/12/1987
Na Ilha do Retiro, um incrível empate por 11 x 11 na decisão por pênaltis do Módulo Amarelo, entre Sport e Guarani. De maneira pra lá de incomum, os dirigentes dos dois clubes dividiram o título e encerraram as cobranças. Posteriormente, o Guarani (citado na súmula por abandono) abriu mão do título – para o jogo não ser impugnado – e em 22 de janeiro a CBF deu o troféu do módulo ao Rubro-negro.

14/01/1988
A 10ª Vara da Justiça Federal (JF) acatou a ação cautelar solicitada pelo Sport para que nem o Conselho Nacional de Desportos (CND) nem a CBF aceitassem qualquer deliberação do novo Conselho Arbitral do Brasileiro de 1987 – convocado pelo Flamengo – para mudar o regulamento da competição, salvo se essa deliberação fosse por unanimidade.

15/01/1988
Dia histórico no caso, com a realização do Conselho Arbitral dos clubes para votar a modificação do regulamento do Brasileirão, excluindo o cruzamento dos dois módulos e confirmando o título do Flamengo. Dos 32 times inscritos, 29 compareceram e votaram. E apenas Sport, Guarani, Náutico, Cruciúma, Joinville, CSA e Treze votaram contra a mudança – suspenso pela CBF, o Santa Cruz se absteve de votar. O placar foi de 375 x 104 para o Clube dos 13. Apesar isso, o número foi suficiente para manter o quadrangular, pois apenas a unanimidade mudaria o formato da competição. Porém, o CND, presidido por Manoel Tubino (falecido em 2008), declarou o Fla como campeão, por entender que bastava ter a maioria na votação. Uma ação contraditória, pois uma resolução do próprio CND afirma que era necessária a unanimidade (artigo 5º da Resolução nº 16/86).

24/01/1988
O Sport vence o Internacional por WO, na abertura do quadrangular final. Respeitando a tabela, o time rubro-negro entrou em campo, na Ilha, assim como o trio de arbitragem, e esperou o adversário durante 30 minutos.

27/01/1988
Mais um WO no Recife. Dessa vez contra o Flamengo, principal expoente contra a causa leonina. Apesar da certeza de que o Fla não apareceria, 38 torcedores do Leão pagaram ingresso. Após aguardar durante meia hora, o árbitro Ulisses Tavares deu a vitória ao Sport, pontualmente às 22h. A sirene da Ilha (hoje desativada) tocou.

07/02/1988
Após o empate por 1 x 1 em Campinas, em 30 de janeiro, o Sport venceu o Guarani por 1 x 0, na Ilha do Retiro, com um gol do zagueiro Marco Antônio, e conquistou o título brasileiro de 87 no campo. Só então a tradicional “taça das bolinhas” (símbolo oficial do Campeonato Brasileiro entre 1975 e 1992) foi entregue ao capitão Estevam Soares, assim que a partida acabou.

10/02/1988
O Sport entrou na 10ª Vara da Justiça Federal (primeira instância) com uma ação ordinária declaratória pedindo o reconhecimento do título, substituindo a ação cautelar que manteve o regulamento com o cruzamento dos módulos. O documento foi contra a União Federal (na figura do CND), CBF, Flamengo e Internacional. Juiz do caso: Antônio Bruno de Azevedo Moreira.

02/07/1988
Sport e Guarani estreiam oficialmente na Taça Libertadores da América, representando o país como campeão e vice do Brasileirão do ano anterior.

25/10/1988
Ação cautelar pedindo a proibição de circulação e comercialização do álbum de figurinhas da Copa da União de 1988 (da editora Abril), que tinha o Flamengo como o campeão de 1987. O Sport ganhou a causa e os álbuns foram retirados das bancas de todo o país.

02/05/1994 (Justiça Federal)
Sentença da 10ª Vara da Justiça Federal/PE proferida pelo juiz Élio Wanderley de Siqueira Filho, confirmando o título de 1987 para o Sport. O processo de número 00.0004055.0 teve 11 páginas. Abaixo, um trecho do texto original.

“Para declarar válido o regulamento do Campeonato Brasileiro de Futebol Profissional de 1987, editado pela diretoria da CBF; declarar ainda necessária a aprovação da integralidade dos membos do Conselho Arbitral da dita entidade para a sua modificação, determinando a CBF e a União Federal (Conselho Nacional de Desportos) que se abstenham de ordenar a convocação, convocar ou acatar a decisão do Conselho Arbitral, tendente à modificação do citado regulamento, sem a deliberação unânime de seus membros, concluindo, por determinar que seja reconhecido o demandante (Sport) como campeão brasileiro de futebol profissional do ano de 1987, pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF)”.

24/04/1997 (TRF)
Sentença do Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região/Recife, negando a apelação requerida pela União, nos termos do voto do relator, o juiz Abdias Patrício.

23/03/1999
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Waldemar Zveiter, não julgou o mérito do caso, aceitando a sentença original da 10ª Vara. E negou seguimento ao agravo da União, que não atendeu aos requisitos exigidos pelo Códico de Processo Civil (CPC). Assim, a maior instância da justiça brasileira manteve o Sport como único campeão brasileiro de 1987.

16/04/1999
Às 10h41, o processo foi baixado do TRF/5ª, sendo transitado em julgado. A União foi condenada a pagar as custas do processo. Como era um valor simbólico, os dois advogados do Sport abriram mão do pagamento.

16/04/2001
Fim do prazo para o Flamengo entrar com uma ação rescisória, que era a única hipótese para tentar modificar a decisão judicial definitiva, apresentando uma nova evidência no caso. Não conseguiu. Caso encerrado.

21/02/2011
A CBF ignora decisão judicial e proclama dois campeões brasileiros em 1987, através da resolução da presidência nº 02/2011, considerando dois torneios paralelos oficiais naquele ano, indo de encontro à Justiça, que considerou os dois módulos como uma só competição. Para anular a decisão, Sport teve que provocar a Justiça novamente.

27/05/2011
Num documento de seis páginas, o juiz Edvaldo Batista, da 10ª vara da Justiça Federal, no Recife, decidiu em primeira instância pela revogação da decisão da CBF. Ou seja, a proclamação de dois campeões brasileiros durou 94 dias.

26/07/2011
Em carta enviada à direção da CBF, o departamento técnico da Fifa afirmou que não lhe cabia julgar a polêmica de 1987. Essa foi a curta resposta ao pleito dos dirigentes de Sport e Flamengo, que enviaram representantes à sede da Fifa, na Suíça.

19/08/2013
Após longa batalha de recursos em relação à resolução da CBF de 2011, o Fla enfim consegue levar a disputa sobre o reconhecimento da confederação ao Superior Tribunal de Justiça. O Mengo busca um recurso para que o STJ julgue o mérito sobre os torneios paralelos, em uma nova ação na justiça.

03/12/2013
A terceira turma do STJ começa o julgamento sobre a oficialização ou não da resolução administrativa da CBF, de 2011. Dos cinco ministros, apenas um votou, a favor do pleito carioca. A sessão foi suspensa após pedido de vista do processo e o julgamento deve recomeçar em fevereiro de 2014.

08/04/2014
A terceira turma do STJ julga por 4 votos a 1, novamente a favor do Leão. A relatora Nancy Andrighi foi a primeira (e única) a votar no Flamengo. Em seguida, Sidnei Beneti, João Otávio de Noronha, Paulo de Tarso Sanseverino e Ricardo Villas Bôa Cueva votaram no Sport como único campeão. No julgamento, o clube foi representado pelo então vice-jurídico, Arnaldo Barros

12/03/2015
Responsável por matérias constitucionais, o Supremo Tribunal Federal foi acionado pelo Flamengo como recurso interposto sobre a decisão do STJ. O recurso foi aceito no primeiro “juízo de admissibilidade de prequestionamento e repercussão geral”, a normativa máxima para que um recurso extraordinário do STJ seja aceito no Supremo.

20/04/2015
O ministro Marco Aurélio Mello foi sorteado para fazer o juizo de adminissibilidade no STF, recebendo o caso em 12 de maio.

04/03/2015
O ministro Marco Aurélio Mello nega o recurso extraordinário do Flamengo, negando o seguimento do caso no Supremo Tribunal Federal. Logo, manteve a decisão do STJ, com o Sport como único campeão brasileiro de 1987.

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Comentário do Casaca!

E ninguém pára, esse chororôô! Chora o presidente, chora o advogado, chora o torcedor!

Casaca!

1993 – O Bi da Garotada

 

Aposta na base: essa foi a receita do Vasco no ano de 1993, quando foi em busca da conquista do seu 4º Bi Campeonato Estadual na história.

E começou bem a disputa da Taça Guanabara, marcando 10 gols nos dois primeiros jogos: 4×1 no Bangu e 6×0 no América de Três Rios. Porém não conseguiu manter o ritmo e acabou perdendo pontos bobos para equipes menores, como no empate contra o Olaria e derrotas para Americano e Entrerriense. Mas deixou boa impressão nos clássicos, vencendo o velho freguês rubro-negro por 2×1, o Botafogo por 2×0 e empatando com o Flu em 1×1.

Porém estes resultados não foram suficientes, e o Fluminense acabou se sagrando campeão do 1º turno, garantindo uma vaga na final. Agora só restava vencer a Taça Rio e confrontar o tricolor nas finais.

Depois de 5 vitórias seguidas nas primeiras rodadas do 2º turno, a equipe foi surpreendida pelo imprevisível Bangu, que dentro do Maracanã, nos derrotou por 1×0.

O gol da vitória foi marcado aos 47 do 2º tempo, tendo a equipe cruzmaltina apenas 9 homens em campo. O resultado diminuiu os ânimos do torcedor.

Na partida seguinte, vitória fácil contra o Bonsucesso por 3×0. Então viria a decisiva partida seguinte, contra o rival da Gávea, que naquele momento, brigava cabeça a cabeça com o Vasco pela liderança do turno.

No domingo, dia 16 de maio de 1993, o Maracanã recebeu mais de 50 mil torcedores para aquela final antecipada da Taça Rio. Faltavam apenas 4 rodadas para o final, e quem vencesse, abriria 2 pontos de vantagem contra o rival. Era vencer ou vencer !

E a vitória veio, com um gol de Pimentel. O caminha para o título da Taça Rio estava traçado.

Jornal O Globo 17/05/1993

Faltava apenas uma rodada. Sem sustos, o rubro-negro venceu o São Cristóvão por 3×0. Só restava ao Flamengo torcer por uma derrota do Vasco, o que deixaria os dois times com o mesmo número de pontos e forçaria uma partida extra para decidir o returno.

Já o Gigante da Colina enfrentaria o Fluminense no domingo jogando pelo empate, mas, segundo o regulamento, já estava classificado para as finais do Carioca mesmo se perdesse, pois conquistara o maior número de pontos da competição até ali e só poderia ser igualado pelo Flu, caso o tricolor vencesse o clássico.

Porém, uma informação divulgada horas antes do início da partida, no dia 6 de junho, traria um sobressalto: uma interpretação do regulamento, originada na Gávea e reverberada com entusiasmo por setores da imprensa, sugeria que o Vasco só teria sua vaga na decisão garantida caso empatasse com o Flu, pois a derrota o deixaria com o mesmo número de pontos ganhos na soma do turno com o tricolor. E segundo a interpretação rubro-negra, somente os campeões dos dois turnos poderiam disputar a final.

Ocorre que o regulamento previa as finais disputadas por 2 ou 3 clubes. Era sabido que a razão pertencia ao Vasco, mas aquela era uma forma de tentar desestabilizar a equipe e ao mesmo tempo, motivar o Fluminense. Porém a tática do arco-íris não deu resultado: empate em 1×1, mesmo com Valdir (autor do gol) sendo expulso logo no início do 2º tempo. Vasco na finalíssima.

A melhor de 3 começaria no dia 10 de Junho. E começou bem para o Vasco: vitória por 2×0, com gols de Valdir, que teve sua presença garantida nas finais através de uma ação de Eurico Miranda nos bastidores. A taça estava nas nossas mãos, pois bastava um empate na partida seguinte, eliminando a necessidade de um 3º jogo.

Três dias após a vitória vascaína, diante de um público de 56 mil pessoas, sendo 80% de torcedores cruzmaltinos, o que se viu no Maracanã foi uma atuação polêmica do árbitro José Roberto Wright, que anulou dois gols de Bismarck, um por impedimento quando este estava no máximo na mesma linha do zagueiro tricolor antes de empurrar a bola para as redes, e outro por alegar que o atacante vascaíno tenha empurrado um defensor tricolor. E para completar, deixou de marcar um pênalti em Valdir. Wright chegou a fazer menção de apontar a marca do cal, mas voltou atrás, marcando apenas escanteio. Final de jogo, vitória tricolor por 2×1.

Jornal do Brasil 14/06/1993

A finalíssima do Campeonato Estadual de 1993 foi marcada para a quarta-feira seguinte, dia 16 de junho. Mais de 80 mil torcedores compareceram ao Maracanã. Ao Vasco, bastava o empate, mas a equipe jogaria desfalcada de três jogadores: Jorge Luís, Leandro Ávila e Geovani.

O jogo começa tenso e com algumas faltas duras. Como o empate lhe satisfazia, o Vasco entrou cauteloso. Aos 40 minutos da primeira etapa, um lance que poderia tranquilizar de vez os vascaínos: após chute de Valdir, Marcelo Barreto levanta os braços de forma imprudente e toca na bola. O árbitro Daniel Polmeroy marca pênalti, desperdiçado por Bismarck, que chuta por cima do travessão.

Na segunda etapa, logo aos 9 minutos, Carlos Alberto Dias e Julio César trocam gentilezas e acabam expulsos.  Com 10 contra 10, o jogo fica mais aberto, e em dois lances seguidos, o tricolor quase abre o placar. Porém o Vasco se mostra perigoso nos contra-ataques. Valdir e Hernande passam a infernizara a zaga adversária, criando várias chances de gol.

Os últimos minutos são nervosos, e desesperados por não conseguir mexer no placar, os jogadores tricolores passam a entrar com violência nas disputas de bola. O centroavante Vágner agride o zagueiro vascaíno Alê. Alex parte pra cima do atacante tricolor. Tudo isso longe dos olhos da arbitragem.

Fim de jogo e começa a confusão. Vágner é cercado pelos vascaínos e ao invés de correr para o túnel do Fluminense, vai na direção contrária. é perseguido então pelo time inteiro do Vasco. Após o espetáculo de corrida e fuga, vem enfim a merecida festa. Pela primeira vez o Vasco ganhava um campeonato Estadual em confronto direto com o antigo algoz, atualmente freguês de caderno. Perdera em 1976 e 1980. Novos tempos a vista.

Este foi o segundo passo do Vasco rumo ao inédito Tri-Estadual. Mas esta é uma outra história.

  

Jornal O Globo 17/06/1993

Fonte de pesquisa : Livro “Todos contra ele”, “O Globo” e “Jornal do Brasil”

Mitos e Romances do futebol: o centenário de Bernardo Gandulla

Gandula […] O mesmo que gandulo.

Gandulo […] Garoto. Vadio. Tratante […] (FIGUEIREDO, 2010 [1913], p. 936).

O futebol se apresenta como um dos campos mais favoráveis ao surgimento de mitos e para a “romancialização” de fatos históricos. Nessa direção caminhou a terminologia carioca e brasileira quanto à nomeação dos indivíduos que ficam à beira do gramado nos dias de jogos auxiliando a entrega e a devolução de bolas, os famosos gandulas. No cenário esportivo brasileiro construiu-se a idéia de que o termo surgiu através de um ex-jogador do Club de Regatas Vasco da Gama: Bernardo Gandulla. Nesse 1º de março de 2016, Gandulla completaria 100 anos. Assim, como forma de homenagear tanto a passagem do jogador pelo Clube quanto a essa folclórica página da história vascaína, iremos tratar do surgimento do “gandula”.

Bernardo Gandulla

Data de nascimento: 1º de março de 1916 (Buenos Aires, Argentina)

Data de falecimento: 07 de julho de 1999 (Buenos Aires, Argentina)

De acordo com o mito construído, ao menos em uma das facetas, Gandulla ficaria sempre na reserva e para demonstrar a sua qualidade técnica corria para buscar as bolas que saíam e as repunha em jogo com destreza. Contudo, para surpresa de muitos, a referida expressão era antecessora à vinda do referido jogador para o Vasco e de uso comum no futebol da então Capital Federal. A palavra “gandula” é o feminino de “gandulo”, que significava “garoto”, “vadio” ou “tratante”. No contexto da sociedade carioca do início do século XX, o termo poderia ser utilizado de múltiplas maneiras. Por exemplo, como meio de se referir a pessoas de mau caráter (Correio da Manhã, 1906, p. 02) ou a fatos insignificantes:

Em poucos minutos aquelle trecho de rua ficou, tal como uma praça de guerra. Não havia motivo para tanto. Era um caso “gandula”, vagabundo, sem nenhuma importância. Uma luta entre dois homens, que ficou resolvido atoinha… (A Rua, 03 de maio de 1927, p. 6)

Ainda poderia fazer referência a materiais doados pelo estado aos militares e que depois eram vendidos:

Uma gandula quer dizer, na gíria de quartel, um objecto entregue á praça […] – calça, botinas ou blusa, de que elle se desfaz, para apurar dinheiro (Correio da Manhã, 14 de outubro de 1909, p. 4).

 

No campo esportivo carioca, desde as primeiras décadas, o termo “gandula” era utilizado para se referir aos jovens (“garotos”) que ficavam à beira do gramado ajudando a repor as bolas para o jogo:

Sujeitava-me então á condição de “gandula”. Nem todos sabem o que significa a palavra “gandula”. Cabe, pois sobre ella, uma ligeira explicação: “gandula” é aquelle garoto que fica atraz do goal, para devolver a bola, quando for atirada fóra do campo, por algum “errado”… (Diario da Noite, 05 de agosto de 1933).

 

Nesse sentido, se a expressão “gandula” já existia e era aplicada como gíria do futebol carioca, servindo de apelido e nome de clube, muito antes do jogador argentino Gandulla vir para o Vasco, como construiu-se o “mito Gandulla”?

Expliquemos…

No ano de 1939, o Vasco caminhava para completar três anos sem conquistar o título de “Campeão da Cidade” (Campeão Carioca), jejum que seria findado em 1945, através do “Expresso da Vitória”. O clube já possuía São Januário, era uma das maiores instituições esportivas do país e contava com uma grande massa de torcedores e sócios que pressionavam os diretores do Gigante da Colina para melhores resultados. Adotando uma política de contratação de jogadores estrangeiros, os dirigentes vascaínos, encabeçados pelo presidente Pedro Novaes, trouxeram vários atletas uruguaios e argentinos para constituírem a equipe. É nesse cenário que Gandulla aparecer para fazer parte da história do futebol vascaíno e brasileiro.

Por ocasião da Copa Roca de 1939, Gandulla esteve na cidade do Rio de Janeiro fazendo parte da delegação argentina. Embora não tenha atuado na referida competição, pois, era reserva de Moreno, treinou em São Januário e despertou o interesse dos dirigentes vascaínos. Retornado para a Argentina, Gandulla casou-se em 27 de fevereiro de 1939 (A Noite, 28 de fevereiro de 1939, p. 17). Estando apalavrado com o Vasco, logo após contrair matrimônio, embarcou para o Brasil a bordo do vapor “Conte Grande”, junto de outros atletas platinos e do técnico uruguaio Carlos Scarone:

BUENOS AIRES, 28 (U.P.)

Seguiram para o Rio de Janeiro, a bordo do “Conte Grande”, os footballers Dacunto, Gandulla, Emeal, Aguinelli e Della Torre.

Em Montevidéu, embarcarão Villadonica e Carlos Scarone. Este ultimo actuará como technico do Vasco da Gama (1º de março de 1939, p.7).

 

A onerosa “embaixada platina” do Vasco despertou a atenção e gerou bastante desconfiança nos torcedores e na imprensa.

REFORÇO ARGENTINO PARA O VASCO DA GAMA

Mais tres elementos argentinos vêm de ingressar no Club de Regatas Vasco da Gama. Trata-se dos discutidos players Gandula, Emeal e Dacunto.

Para adquirir esses novos elementos gastou o club cruzmaltino cerca de cem contos de reis. Desse modo será o quadro da camisa preta composto de vários elementos estrangeiros. (Gazeta de Noticias, 08 de março de 1939, p. 14).

O Sr. Pedro Novaes, Presidente do Vasco, ao lado de Gandulla, quando da assinatura do contrato

A Noite, Rio de Janeiro, 07 de março de 1939, p. 8

Para que se tenha uma noção da entrada de jogadores estrangeiros no Gigante da Colina, ao menos nove atletas de fora do país passaram pelo clube no ano de 1939, além dos técnicos uruguaios Carlos Scarone e Ramon Platero (campeão com o Vasco em 1923 e 1924). Foram eles: Agnelli (ARG), Calocero (ARG), Dacunto (ARG), Emeal (ARG), Figliola (URU), Gandulla (ARG), Menutti (ARG), Servetti (URU) e Villadonica (URU).

Noite, Rio de Janeiro, 07 de março de 1939, p. 24

Entretanto, foram as contratações de Bernardo Gandulla, Raul Emeal e José Dacunto, jogadores do Ferrocarril del Oeste/ARG, que movimentaram o futebol carioca. A vinda desses três atletas ficou marcada por um conflito entre o Vasco e o Ferrocarril/ARG. O clube argentino alegou que, por não ter dado o “passe” aos jogadores, eles não poderiam atuar pelo Vasco. Por sua vez, o Gigante da Colina contava com o fato de que esses atletas estrangeiros já tinham os seus contratos vencidos e, portanto, estariam livres para atuarem em qualquer clube. A polêmica se alastrou, envolvendo a imprensa dos dois países, as respectivas entidades nacionais (CBD e AFA) e a própria FIFA. Após meses de disputas fora dos gramados, o que incluiu o campo judiciário dos países envolvidos, os jogadores tiveram as suas situações definitivamente regularizadas e os “passes” custaram mais de 126 mil contos de réis aos cofres vascaínos, uma verdadeira fortuna à época. Os “vascaínos-argentinos” ficariam o ano de 1939 em São Januário.

A despeito da solução extracampo, Gandulla, e também Emeal, eram constantemente escalados. A estreia de Gandulla foi em 23 de abril, diante da equipe do Fluminense. No decorrer do ano, após essa data, o Vasco jogou outras 30 vezes. O jogador argentino jogou nada menos que 29 partidas, atuando como titular da equipe vascaína em quase todas. Nestes 29 jogos, totalizou-se 10 vitórias, 8 empates e 11 derrotas, Gandulla anotou 10 gols.

O Globo Esportivo, Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1939, p. 5

Clique aqui e confira a tabela de jogos disputados por Gandulla.

Em questão de números, a passagem de Gandulla foi regular e suas participações eram inconstantes, sendo destaque em alguns jogos e tendo a sua técnica ressaltada. Mas, se levarmos em conta o esforço para a contratação deste e dos outros dois jogadores argentinos, os resultados foram extremamente abaixo do esperado pelos vascaínos.

O “estardalhaço” da imprensa com a vinda dos estrangeiros, especialmente de Gandulla, que foi catapultado pelos conflitos institucionais na disputa do “passe” dos atletas, contribuiu para que o nome jogador servisse de anedota, ora como “munição” para as críticas da imprensa e ora como elogios. Ao fim e ao cabo possibilitou-se a “romancialização” de um termo já preexistente e o surgimento de um mito. Na citação abaixo, o cronista faz referência ao jogo Vasco 5x 1 América (29/10/1939), em que Gandulla atuou bem e marcou dois gols:

Cuidado, pois, snrs. botafoguenses e rubro-negros, a “ala léro-léro” não é apenas uma miragem…

Os Gandullas sabem fazer goals. E que goals […] (Sport Illustrado, Rio de Janeiro, 09 de novembro de 1939, p. 3).

No ano seguinte, Gandulla saiu do Vasco para o Boca Juniors, equipe que disputou o “passe” do jogador durante boa parte de 1939. Antes do início do campeonato de 1940, a Liga de Futebol do Rio de Janeiro deliberou sugerindo que os clubes tomassem providência para que os “gandulas” fossem implantados:

Oficialização dos “gandulas” e medidas para melhorar o padrão do futebol brasileiro

Diante do que ficou resolvido na reunião dos técnicos, o senhor João Teixeira de Carvalho, assistente da Liga de Futebol, tomou as seguintes deliberações as quais entrarão logo em vigor:

[…]

  1. f) – Que se sugira aos clubes filiados, para maior rapidez do jogo, a conveniencia de destacarem, como no tenis, garotos para apanharem as bolas nos fundos dos campos (Diario de Noticias, Rio de Janeiro, 25 de maio de 1940, p. 12).

O Rio de Janeiro era a capital do Brasil, os fatos que ocorriam na cidade ecoavam para todo o país. Assim, sendo o Vasco um dos maiores clubes nacionais, suas ações eram notadas pelas demais regiões brasileiras. De certa forma, a “oficialização dos gandulas” acabou influenciando para que surgisse o “mito Gandulla”, baseado no jogador vascaíno que tanto “deu o que falar”, mesmo que se soubesse à época que o jogador argentino não foi o motivo para a nomeação dos auxiliares de reposição de bola no Rio de Janeiro:

“A Gazeta”, de São Paulo, publicou: “Os Gandulas” – A Liga Carioca pretende oficializar os “gandulas”. São os meninos que, na Europa, ficam atrás das metas para apanhar a bola e que aqui tambem foram colocados no Estadio do Pacaembú, quando do “Toneio Relâmpago”. A denominação de “gandula” nasceu das atitudes do jogador argentino do mesmo nome, cuja passagem, pelo Vasco, se tornou notoria por ir apanhar todas as bolas que saiam e, pondo o couro debaixo dos braços, dirigia-se ao árbitro para reclamar qualquer coisa, com ou sem motivo…Esses cariocas…” O confrade paulista está equivocado. O termo “gandula” tem mais de 20 anos de uso no Rio e não foi sugerido por nenhum jogador desse nome. Naturalmente, o colega pretendeu romancear… Sem a menor idéia de imitar os europeus, os cariocas se utilizavam dos “gandulas”, principalmente nos campos antigos, quando eram circundados por muros baixos, para terem de volta a bola, sem grande perda de tempo, sempre que alcançava a rua. Ignoro como nasceu a palavra “grandula”, mas posso garantir não ser exata a origem assinalada pelo citado jornal. Alem disso, o jogador Gandula não se tornou conhecido pela atitude que lhe foi atribuida […] (Diario de Noticias, 30 de maio de 1940, p. 12).

Se não foi através do Vasco que o termo surgiu, foi através deste que ele se nacionalizou. Com o passar do tempo, a expressão “gandula” ultrapassou os limites da cidade do Rio de Janeiro e foi adotado por todo país na esteira da popularidade do Vasco. Hoje, 77 anos após a vinda de Gandulla para o Clube, o jogador é lembrado como aquele que “batizou” os ajudantes de reposição de bola nos jogos. No futebol, a verdade histórica e o mito se confundem, se misturam, e formam a riqueza cultural desse esporte que tanto amamos.

Fontes

  1. a) Dicionário

FIGUEIREDO, Cândido. Novo Diccionário da Língua Portuguesa. Portugal: Gutemberg Ebook, 2010 [1913]. Disponível em:

. Acessado em: 25 mar 2015.

  1. b) Jornais e Revistas

A Noite;

A Rua;

Correio da Manhã;

Diariode Noticias;

Gazeta de Noticias;

Jornal do Brasil;

O Imparcial;

O Paiz;

Sport Illustrado;

Texto: Walmer Peres Santana (Historiador)

Centro de Memória do Club de Regatas Vasco da Gama

Fonte: site do CR Vasco da Gama