Era o quinto jogo de Vasco e Flamengo no Torneio Municipal de 1938, em sua primeira edição naquele ano. A competição ainda seria disputada sob a mesma nomenclatura em mais sete ocasiões (1943, 1944, 1945, 1946, 1947, 1948, 1951) e faria grande sucesso no futebol carioca, principalmente nos anos 40 do século passado.
O Fluminense seguia invicto na competição com quatro vitórias em quatro jogos e havia vencido Botafogo, Flamengo e Vasco, além do Bangu na primeira rodada. O São Cristóvão vinha atrás com quatro partidas disputadas e dois pontos perdidos, tal qual o Botafogo, mas que havia disputado apenas três jogos. Já o Vasco perdera três pontos no certame até ali, nas quatro vezes em que foi a campo.
O Flamengo estava na penúltima colocação com 6 pontos perdidos, posicionado na tabela à frente apenas do Madureira. A equipe rubro-negra sentia e muito a falta dos craques Domingos da Guia e Leônidas da Silva naquele certame.
A partida, realizada em campo neutro, tem uma presença numerosa de torcedores e já começa movimentada com o rubro-negro abrindo o placar a um minuto de jogo com Waldemar. O lance é iniciado por Fausto que dá a Jarbas na esquerda. O ponta centra, Waldemar domina, invade a área, aproveita-se da indecisão da zaga vascaína e chuta para o fundo do filó, assinalando o primeiro gol da tarde.
Pouco depois, Médio dá ao ponta Valido que perde excelente oportunidade. Mas a resposta do Vasco não tarda, com um chute violento de Bahia, que obriga Alberto a fazer excelente defesa.
O empate do Vasco se dá aos 20 minutos, quando Zarzur em investida pela meia esquerda entrega para Luna na extrema. O ponta cruzmaltino recebe completamente desmarcado e fatura. Alguns jornais afirmaram categoricamente que o atleta estava em posição de impedimento. Foram eles “A Noite”, “Correio da Manhã e “O Globo”. O “Jornal do Brasil” foi menos enfático. Disse parecer haver impedimento no lance, mas terminou por julgar ter errado o árbitro na validação do tento. Por outro lado, o “Diário Carioca, o “Diário da Noite”, a “Gazeta de Notícias” e “O Jornal” não citaram a suposta irregularidade. O “Diário de Notícias” qualificou como desastrada a arbitragem de José Ferreira Lemos (o “Juca”), mas não citou qualquer lance específico, enquanto o diário “O Imparcial” dizia ter ela sido absurda, mas pontuando momentos de desacerto entre o apitador e o bandeirinha, sem citar qualquer erro considerado capital para o jogo.
Logo em seguida o vascaíno Orlando atira violentamente e a pelota bate na trave. Pouco tempo depois, Providente arremata e o goleiro cruzmaltino Joel defende.
O Vasco desempata aos 31. Fantoni recebe e avança, Jocelino tenta impedir a progressão do atleta vascaíno mas falha e Orlando fica com a bola, após a disputa de seu companheiro com o adversário, finalizando com sucesso para as redes.
O Flamengo volta a carga e Providente é empurrado por Oswaldo quando tenta aparar de cabeça uma bola na área. O suposto pênalti é mencionado apenas pelo jornal “A Noite”. Outros nove diários ignoraram o lance.
O rubro-negro pressiona. Valido bate escanteio e Providente, de cabeça, acerta a trave. No rebote Waldemar toca com precisão, vazando pela segunda vez a meta vascaína aos 38 minutos. Clássico empatado novamente.
Logo após a saída de bola, Jocelino comete falta no setor defensivo de seu time. Zarzur bate e Fantoni cabeceia. A bola toca na quina da trave e entra. Está desempatada a peleja. Vasco 3 x 2. E nem houve tempo para nova saída de bola.
O Vasco volta do intervalo com Aziz no lugar de Zarzur, mas quem está melhor em campo é o Flamengo.
Jayme passa a Waldemar que atira violento. A bola bate na defesa e vai à córner. No lance seguinte Valido recebe, dribla três e entrega a Jarbas. O ponta bate violento, Joel tenta deter o tiro, mas falha. A bola passa por debaixo de seu corpo e vai morrer no fundo da rede, num autêntico frango. Três a três.
O jogo é lá e cá. O Fla tem a chance da virada em cobrança de falta, mas Joel defende o chute de Waldemar.
Volta o Vasco a fazer pressão. Aos 20 minutos, Fantoni entrega a Orlando. O ponta recebe sem marcação, dá seis passos com a bola e bate certeiro fazendo 4 x 3.
Dois minutos depois, novo ataque cruzmaltino. Bahia atira em gol e acerta a trave, mas no rebote Luna cabeceia faturando o quinto tento do Vasco e o último do jogo. Segundo o jornal “Correio da Manhã” Bahia estava impedido. Os outros nove diários não tecerem nenhum comentário sobre qualquer irregularidade naquele lance.
Placar final, Vasco 5 x 3 Flamengo.
Na narrativa da partida os jornais “Diário da Noite” e “O Jornal” afirmaram ter sido um dos dois gols anulados do Vasco, legal. Houvera um de Gabardinho, considerado por vários diários como corretamente invalidado. Na ocasião a partida estava em patada em 3 x 3. O outro, feito por Fantoni foi citado também pela “Gazeta de Notícias”, mas considerado bem anulado, diferentemente da opinião externada pelo “Diário da Noite” e “O Jornal”. Teria ocorrido quando a contagem era de 3 x 2 a favor do Vasco.
Pesquisando ao todo 10 jornais fica a sensação de que as polêmicas da época relacionadas à arbitragem, saíam do campo e chegavam às redações dos jornais cariocas.
Jornal do Brasil (24/05/1938)
Correio da Manhã (24/05/1938)
Diário da Noite (23/05/1938)
A Noite (23/05/1938)
O Globo (23/05/1938)
Outras vitórias do Vasco em 22 de maio
Vasco 4 x 2 Mackenzie (Carioca – 2ª Divisão 1921)
Vila Isabel 2 x 5 Vasco (Carioca 1927)
Vasco 3 x 2 Bonsucesso (Carioca 1932)
Vasco 5 x 3 Flamengo (Municipal 1938)
IFK-SUE 0 x 11 Vasco (Amistoso 1959)
Vasco 4 x 1 Cruzeiro (Amistoso 1960)
Vasco 3 x 1 São Paulo (Brasileiro 2005)