Ano passado, no dia seguinte à tunga de arbitragem sofrida pelo Vasco na partida contra o São Paulo no Morumbi, o jornalista Bruno Voloch surgiu em seu blog no site Yahoo para dizer que mesmo com um pênalti marcado a seu favor o Vasco não havia conseguido vencer o São Paulo. Afirmou ainda que o time cruzmaltino havia sido ajudado pela arbitragem pela marcação da penalidade máxima, embasando sua opinião na crítica ao árbitro feita pelo goleiro do São Paulo no intervalo da partida, quando o atleta afirmara que o pênalti só fora marcado pela reclamação veemente do clube carioca após a partida anterior diante da Chapecoense.
Dias antes, o jornalista havia feito uma conta interessante de “elas por elas” em relação ao referido jogo Vasco x Chapecoense da rodada anterior.
Disse ele que o gol de Rodrigo havia sido feito nas mesmas circunstâncias que o da Chapecoense um pouco antes (segundo sua análise, mal anulado, quando na verdade a falta sobre Luan fora clara). O “elas por elas” se encerrava com a admissão de que não havia sido pênalti o marcado contra a Chapecoense e que o não marcado a favor do Vasco, de fato ocorrera.
Levando-se em conta não ser desprovido de inteligência o leitor, o “elas por elas” não faz sentido algum, uma vez que viu no gol do Vasco e no gol anulado da Chapecoense lances idênticos (embora não tenham sido) e, com isso teria o Vasco dois prejuízos capitais no final do jogo, que o levariam à vitória da mesma forma, caso não ocorressem.
Voloch, na ocasião, acabou deixando a impressão de ter usado o espaço no qual publica seus textos, para, com um jogo de palavras, tornar o “elas por elas”, conveniente enredo do seu texto.
Ele que exatamente a 21/09/2015 dizia estar o Vasco já virtualmente rebaixado, após a vitória contra o Sport na oitava rodada (10 pontos em 12 feitos pelo time cruzmaltino na ocasião), não havia se manifestado em outros garfos sofridos pelo clube, por descuido, talvez.
Uma semana depois da vitória cruzmaltina sobre o Campeão Brasileiro de 1987, tratou os dois gols do Vasco contra o Flamengo como discutíveis. na virada por 2 x 1, diante do rival. O primeiro, após falta clara cometida por Emerson Sheik em Andrezinho, quase que num ato contínuo ao passe feito pelo meia vascaíno na direita e muito bem marcada pelo árbitro Leandro Vuaden. Aliás Emerson Sheik é expert neste tipo de lance, dando uma chegada faltosa e muitas vezes maldosa no adversário, como já havia feito no primeiro tempo em cima de Madson, após a bola já não estar mais em disputa, levando inclusive cartão amarelo no lance. O segundo, depois de uma lambança do lateral Jorge, que cabeceou contra seu próprio braço, escancarado, por sinal, em cobrança de escanteio no ataque do Vasco.
O único lance discutível daquele clássico ocorrera no primeiro tempo, quando Luan chutara uma bola para o gol amortizada pela mão de um rubro-negro em jogada bem entendida pelo árbitro como legal.
Voltando à escrita de Bruno Voloch no dia seguinte ao empate do Vasco contra o tricolor do Morumbi, de fato, o Vasco teve um pênalti marcado contra o São Paulo aos 43 minutos do 1º tempo. Pênalti claro, diferentemente do que analisou Voloch. Quem o cometeu, Matheus Reis, nem era mais para estar em campo, pois fizera duas faltas para amarelo em cima de Madson antes (ambas por trás e marcadas), tendo sido punido em apenas uma com cartão.
Matheus Reis foi tardiamente expulso pelo cometimento do pênalti e o Vasco desceu para o intervalo com 11 atletas contra 10 do adversário e 1 x 1 no placar, após o craque Nenê ter convertido a cobrança.
Começa o segundo tempo e mais um pênalti claro ocorre na área do São Paulo logo aos dois minutos. Julio dos Santos cabeceia para o meio da pequena área, onde Luiz Eduardo, com os braços esticados corta a bola usando-os para isso.
Desta vez, a penalidade não foi marcada, mas apesar do erro da arbitragem, não pontuado por Voloch, o time cruzmaltino marcaria pouco depoois o segundo gol, com Rodrigo, após cobrança de escanteio efetuada pelo craque Nenê.
Depois disso o Vasco perdeu várias oportunidades de ampliar, Rafael Silva cabeceou uma bola na trave, com Rogério Ceni, já batido, e o próprio Rogério fizera várias defesas no decorrer daquele período, bem como outras no primeiro tempo, transformando-se num dos destaques do clássico.
Bruno Voloch via com a vitória do Vasco, mais um passo largo para o que talvez entendesse como desconfortável, diante de um vaticínio pretérito: testemunhar o Vasco de Eurico Miranda, com a reação mais espetacular da história dos Campeonatos Brasileiros, estar cada vez mais próximo de se livrar do descenso.
Não podemos acreditar na cegueira alheia como parâmetro. Claro que ele havia visto a mão na bola de Willians do Cruzeiro dentro da área contra o Vasco, seis rodadas antes e a inacreditável manutenção do zagueiro Bruno Rodrigo em campo com 36 minutos do 1º tempo na mesma partida, após cometer falta por trás em Herrera, quando este avançava para o gol adversário, sendo poupado o zagueiro cruzeirense, por já ter tomado cartão amarelo anteriormente.
Ele também enxergou, muito provavelmente, o pênalti claro de Nino Paraíba sobre Jorge Henrique na partida contra o Avaí, em Santa Catarina, bem como a penalidade mal marcada a favor do time da casa, desperdiçada por Léo Gamalho. No seu blog, entretanto, o jogo passou batido. Algo curioso, afinal uma semana antes ele próprio falara dos dois gols vascaínos, tratando-os como discutíveis, no Clássico dos Milhões.
Outros garfos sofridos pelo Vasco antes ele, por certo, nem mais lembrava, pois a vibrante mudança de atitude do time comandado por Jorginho tomava proporções antes inimagináveis não só para ele, como também para muitos outros jornalistas descrentes até então.
No dia seguinte daquele São Paulo x Vasco, entretanto, expôs de forma mais clara quão confuso estava com a reação cruzmaltina.
O Vasco tomou o gol de empate naquele jogo, em lance no qual Ganso, do São Paulo, fez falta clara em Bruno Gallo, rigorosamente na frente do árbitro, quando o volante vascaíno se posicionava para tentar cortar o cruzamento da direita. O gol ilegal deixou muito límpido outro garfo contra o Vasco naquele campeonato. Era simplesmente o terceiro seguido, em três jogos.
O campeonato seguiu sem que a convicção de muitos prosseguisse intacta com relação à queda do Vasco.
Após o jogo contra o Coritiba na última rodada do returno quedou-se inerte o jornalista. O Vasco foi garfado em Curitiba e o Figueirense, seu adversário direto, favorecido em Santa Catarina. De forma absolutamente clara.
Concluímos ter havido por parte de Bruno Voloch uma grande má vontade com o Vasco no decorrer da reação do clube no Campeonato Brasileiro. Ora, quando abordou o tema arbitragem o fez de forma díspare daquilo que de fato ocorria, rodada a rodada, questionando o que não havia para questionar, deixando de questionar o que era altamente questionável, omitindo-se em vários momentos nos quais o Vasco era francamente prejudicado pelas arbitragens.
Não respondemos a ele na época, mas guardamos seus dizeres e suas omissões.
Eis que dois dias após o claríssimo garfo da arbitragem contra o Vasco em São Januário, na partida contra o Santos, válida pela Copa do Brasil, ele ressurge, tratando a revolta de milhões de vascaínos como “choro”, simbolizado naquilo que o presidente do clube declarou no dia seguinte à partida.
No jogo, o Vasco não teve um pênalti claríssimo a seu favor marcado, aos 15 minutos do primeiro tempo e tomou um gol, o segundo, em lance irregular, no qual, primeiro houve uma falta perigosa para a equipe cruzmaltina não marcada, próxima à área, depois um impedimento no lançamento feito na esquerda e por fim um outro atleta impedido, que evidentemente influenciou no lance, a ponto de Rodrigo, por trás dele, tentar de carrinho impedir que a bola chegasse até o adversário.
De forma infeliz, comparou a reclamação legítima do Vasco com um episódio lamentável, no qual o Flamengo foi beneficiado pela arbitragem, o que o ajudou a ganhar do Botafogo na decisão da Taça Guanabara de 2008, cerca de um ano após já ter também conquistado de forma indevida o Campeonato Carioca de 2007, com a anulação de um gol legal marcado por Dodô no último lance da segunda partida decisiva.
Terá Bruno Voloch escrito algum texto dizendo estar sendo o Flamengo favorecido pela arbitragem no Campeonato Brasileiro de 2016? Não encontramos.
Talvez não seja de seu interesse falar de arbitragem, dependendo da ocasião. Mas o que impressiona é a forma como tocou no tema, errando de forma clara na análise, quando se dispôs a tocar no assunto.
Parece ter sido, entretanto, de seu interesse ridicularizar o Vasco e quem o defende, afinal não há como diminuir a gradação dos prejuízos causados ao Vasco, diante dos inúmeros e continuados erros de arbitragem sofridos pelo clube no ano passado, bem como os vistos na última quarta-feira contra o Santos.
Tornou-se hábito, pelo visto, essa análise superficial, independentemente do quantitativo de vezes nas quais o clube foi ou é lesado, o que é, acima de tudo, lamentável.
Casaca!