Alguns discursos, proferidos com nova roupagem, tendem a nos dar uma noção de inovação aliada a trabalho. Parece até que as coisas tomaram novo rumo, que a continuidade na reconstrução vai seguir, dessa vez abrindo novas frentes de atuação, que tiveram que ser postas em segundo plano frente a prioridades inadiáveis.
Com alguma memória, lembramos que a prioridade do Presidente Eurico Miranda foi reconduzir o Vasco às fontes de recursos financeiros, através das obtenções de certidões negativas de débito, entre outros acordos que permitiram ao Vasco sair do cenário de ruínas, destruição e abandono, para a reconstrução de suas atividades desportivas. Fato também que as crescentes cobranças de dívidas que apareciam toda semana impediram um melhor investimento no futebol, algo que começou a ser remontado de verdade somente em 2017, com muito esforço para fazer o Vasco chegar em situação melhor, como podemos ver hoje disputando a Libertadores, aumentando sua receita de forma direta e indireta.
Com toda a guerra feita ao Vasco a partir do 2º semestre de 2017, um dos resultados foi a falta de entrada de recursos, exposta em janeiro, antes da transição presidencial. Soluções foram buscadas, ainda que afetassem a manutenção do elenco do futebol profissional para regularizar as pendências financeiras geradas no período final.
Em resumo, tudo foi conduzido com muito trabalho e muita luta para a reconstrução do Vasco. O caminho estava trilhado, os muros erguidos, os esportes disputando títulos e o clube funcionando. Nada fora do comum, vemos como a melhor resposta em termos de gestão e trabalho a se dar aos que cobram o melhor para o clube: muito esforço, seguir o caminho e conduzir as melhorias, sustentando as palavras de continuidade de reerguimento do Vasco,
No entanto, parece que vemos sendo adotada uma postura defensiva, de desculpas, com discurso extremamente prejudicial ao Vasco, que expõe o clube publicamente, afugentam jogadores e investidores, tornando ainda mais difícil a tarefa de recolocar o Vasco em seu patamar merecido.
O natural e recomendado, em qualquer tipo de instituição, é mostrar confiança e otimismo. No nosso caso, reforçar a competitividade da nossa equipe para fazer uma grande Libertadores no aspecto esportivo (ao invés de dizer “time do Eurico”, por exemplo). Já no âmbito financeiro e institucional, bastaria um simples discurso de trabalho e confiança na força do nome que o Vasco tem para superar as dificuldades que ainda se apresentam, mas que as condições seguem melhorando. Isso sim é trazer os desconfiados para perto, chamar o torcedor para se associar e mostrar que o Vasco vai se portar como gigante que é.
Porém, causou estranheza ver que a primeira medida foi desbloquear os usuários das redes sociais que por algum motivo estavam impedidos de comentar nas páginas do Vasco. Não vejo que grande melhoria nos traz, mas tudo bem. Se acham que a forma de aproximar o torcedor do clube é abrindo a página pra ganhar campanhas de “vomitaço”, boa sorte. Agora, para os jogos em casa, vemos a sala da presidência passar a ser chamada de camarote. O mais importante local de trabalho administrativo do clube tendo nova conotação. Poderíamos ter melhores novidades, mas tudo bem. Prioridade deve ser mesmo dizer que respiramos “novos ares”, sem charuto.
Minha expectativa, na verdade, já que falaram tanto em modernidade, era que fizessem um grande planejamento trienal para continuar a reconstrução do clube, com novas frentes de melhorias sendo abertas, principalmente no que tange a organização da gestão, redesenho de processos, otimização dos recursos, etc. Infelizmente, além dos incêndios a apagar, algumas ações tomadas soam como simples plano de manutenção do poder a longo prazo e desculpas antecipadas.
A nova diretoria escancara para a imprensa uma suposta dívida de R$ 26 milhões com o FGTS. Logo depois de fechar um único empréstimo de jogador, sem realmente mudar nada no clube, já se trabalha de modo político e não em prol da instituição, com o intuito não de tomar as rédeas para ajudar o Vasco, mas já começar com desculpas, antes de qualquer ação realmente administrativa.
O CASACA! já mostrou com documentos a real situação com o FGTS, mandando o devido recado para jogar menos para a imprensa e mais para o próprio clube. Trabalhar com ações e não com discursos, encontrando soluções e não entregar desculpas logo no início de fevereiro. A pergunta que fica sem resposta é: em que a divulgação gratuita de uma suposta dívida ajuda o Vasco? Ainda mais sem a devida confirmação, conforme o CASACA! rebateu devidamente com documentos.
Estranha-se muito que a primeira preocupação e consequente ação da nova diretoria seja se desvencilhar da última administração através dos fatos descritos acima. Todos nós sabemos da quantidade de trabalho que o Vasco demanda, ainda mais na situação de continuação da sua reconstrução. Se formos pensar no que beneficia única e exclusivamente o Vasco, vamos encontrar muitos outros assuntos atuar.
Já sabemos, desde a época do Dinamite, dos seríssimos problemas que essa estratégia (se é que se pode chamar assim) causa. Preocupa-se em mostrar uma nova imagem, sem realmente realizar o que deve ser feito. Contam que estão trabalhando 24 horas olhando tudo, mas ao invés de ações, ficam se limitando a fazer denúncias que acabam não se mostrando verdadeiras, confrontados os documentos. Há que se entender que na grande maioria das vezes o que se precisa é de trabalho ininterrupto, que quase nunca interessa aos holofotes da imprensa, mas que traz resultados, mesmo quando tudo e todos lutam contra. Um dos exemplos de resultado está aí, com o Vasco novamente estampado nos jornais esportivos de todo o continente.
SV,
Fábio Ferreira