No comercial que passa nos canais ESPN, o presidente do Vasco diz que pretende implementar processos no clube para que possa a instituição almejar voos maiores. Dentro desse pequeno trecho de chamada televisiva para o programa de entrevistas, o presidente, na verdade, quer dizer que quer estruturar o funcionamento do Vasco.
Finalmente a palavra “processo” parece ganhar contornos de operação, eficiência e gestão, ao invés de nos remeter a liminares, sentenças, mandados de segurança, entre outros termos jurídicos.
De fato, esse movimento é extremamente necessário para o desenvolvimento da instituição, por ajustar todas as engrenagens de funcionamento, permitindo efetividade nas ações administrativas, e que tem profundas consequências na performance e resultados esportivos.
Não custa lembrar que, nos últimos anos, ao Vasco não foi possível sequer começar a trilhar esses caminhos. Com o patrimônio dilacerado, o mandamento era recuperar o patrimônio, negociar inúmeras dívidas não pagas e entrar em acordos com os programas de governo, equacionando mais dívidas.
O passo seguinte para o avanço e melhoria do Vasco começou a acontecer no último ano de gestão. Com (pelo menos quase) todos os incêndios apagados, o CASACA! passou a atuar de forma brilhante no Departamento Jurídico, Médico e de Marketing, além da Vice-Presidência do Conselho Fiscal.
No entanto, quando se fala em processo, pra ficar bem na fita da imprensa, talvez se esqueça de que esse não seria, talvez, o primeiro passo para implementar as tais mudanças de gestão, com governança visando a eficiência na administração do clube.
Algumas coisas vão para muito além desses válidos princípios da gestão institucional. São lições que, embora até sejam mencionadas pelos professores de gestão de pessoas (ainda que em comentários soltos em uma sala de aula), se aprendem de verdade no cotidiano de uma instituição, seja em um clube como o Vasco, seja em uma empresa.
Uma delas vimos nessa semana, no que se refere à demissão do técnico do sub 20, Marcus Alexandre. Foram 20 anos de dedicação ao Vasco, sendo os 3 últimos aqueles que marcaram ainda mais sua trajetória. Atuou de forma decisiva na formação de atletas com grande futuro no Vasco e também conquistou títulos, quebrando longo jejum, ainda que títulos na base não seja prioridade.
Voltando ao tema de gestão, é simples entender que o comando de um setor ou de uma instituição muda de tempos em tempos. Seja presidente, CEO ou CFO, quando se muda a ponta da cadeia de comando, é natural que se queira implementar sua metodologia, inserir pessoas de confiança, enfim, realizar o projeto que tem em mente. Isso é natural, não há o menor problema.
O grande problema é a substituição das pessoas. Para algumas, não há dano em substituí-las, pela função que exercem. No entanto, para outras, pela criticidade do cargo, tem que ser cuidadosamente pensado, para que qualquer possível choque não influencie negativamente determinado setor.
Há um problema maior ainda, que é como lidar com aqueles que excediam em suas funções, ou seja, que fazer com os profissionais que entregam resultados de excelência? Claro que o projeto que se tem (presumindo que se tenha) não pode atrasar. Porém, é preciso que profissionais de excelência tenham espaço. Como se pode prescindir de um profissional tão bem avaliado interna e externamente em prol de uma reformulação? Ora, que se encontre um lugar para esse profissional atuar. É o mínimo que se deve fazer.
Por essas questões é que a tal implementação de processos seja algo bom para dizer em uma entrevista da ESPN, mas que na realidade, a execução já começa cheia de erros. Talvez, porque não se saiba mesmo o que vem a ser e como implementar governança, alinhamento e revisão de processos, entre outras palavras de ordem do jargão corporativo.
Dessa forma, o tal processo que se refere não passa de uma melhoria que se quer implementar, mas não sabe o que seria, muito menos como fazer ou onde chegar. É algo que causa tanto barulho na imprensa que se chega até a colocar como chamada no comercial do programa de entrevista, mas que na realidade, com palavras ao vento, se torna algo sem qualquer identidade, sem a menor condição de ser levado adiante, onde parece faltar conhecimento para a implementação de mecanismos de eficiência de gestão.
Diga-se de passagem, existem vários passos a serem dados antes para que se chegue de fato ao processo operacional. A notícia ruim, é que os tais processos são apenas a metade do caminho da gestão. Mas para a imprensa, isso já serve como manchete. Eles também não entendem desse assunto e só se interessam em matar a concepção de futebol que alguns, como o CASACA!, defende.