O Acre vive mais um ano de cheias históricas dos seus rios. Em Rio Branco, capital do estado, onde será realizado o duelo entre Rio Branco e Vasco, pela primeira fase da Copa do Brasil 2015, a situação é crítica. A enchente atinge mais de 51 mil pessoas e 24 bairros da cidade, e o jogo que seria disputado na quarta-feira (4), na Arena da Floresta, foi adiado pela CBF. O Vasco já foi comunicado e ainda não há uma nova data para a partida. Na medição das 8h (do Acre) desta segunda-feira (2), o rio atingiu 17,79 metros, a maior marca da história.
– Todos se mostraram totalmente solidários a causa e entenderam perfeitamente o adiamento da partida. Vivemos um momento muito difícil no Acre e realizar o jogo seria realmente inviável. A decisão foi tomada por nós, mas todos os envolvidos estão de comum acordo – informou o presidente do Rio Branco, Illimani Suares.
A Arena da Floresta, local onde será disputado o jogo, fica localizada no Segundo Distrito da cidade, a cerca de 5km do Centro, onde o rio divide os dois distritos. A praça esportiva possui três pontos de acesso: ponte Juscelino Kubitschek, ponte/avenida Amadeo Barbosa e Via Verde.
A primeira opção, segundo a Defesa Civil Estadual, foi interditada por conta do nível do rio e dos ‘balseiros’, como são chamados na região os pedaços de árvores e outras vegetações arrastados pelas águas do Rio Acre. O monitoramento é feito diariamente para evitar o acúmulo. Neste domingo (1º), a ponte foi interditada para pedestres e veículos. O acesso na Avenida Dr. Pereira Passos, uma das opções de saída da Arena, foi tomada pela água e também está interditada.
Em 2014, a ponte Juscelino Kubitschek, ou ponte metálica, como é conhecida, foi interditada por conta da operação da Defesa Civil para retirada de balseiros. A interdição durou cerca de dois dias.
Quatro unidades de saúde e 15 escolas da rede pública municipal encontram-se atingidas pela inundação, comprometendo o atendimento básico de saúde e o ano letivo.
Público
Procurada pela reportagem, a diretoria do Rio Branco não soube informar a quantidade de ingressos já vendidos para o jogo de quarta. O clube colocou 8 mil bilhetes à venda – a capacidade da Arena da Floresta é de 13 mil torcedores sentados, mas houve uma limitação em cumprimento às recomendações da promotora de Justiça de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Acre (MP-AC), Alessandra Marques.
Os ingressos, que custam R$ 45 (meia) e R$ 90 (inteira), estão sendo vendidos antecipadamente desde o dia 23 nos seguintes pontos: rede de Supermercados Araújo e CT José de Melo. O Rio Branco espera esgotar as entradas.
Famosos em campanha
No fim de semana, vários famosos entraram na campanha “Acre Solidário”. O atacante Alan Kardec, do São Paulo, o narrador esportivo Galvão Bueno e vários famosos gravaram vídeos e postaram nas redes sociais para pedir ajuda ao estado. Emocionado com a situação crítica da terra natal, o lutador acreano Francimar Bodão disse não conseguir dormir em entrevista ao GloboEsporte.com.
Torneio Início cancelado
O tradicional Torneio Início, que ocorre sempre uma semana antes do início do Campeonato Acreano, foi cancelado devido às cheias. Clubes como Alto Acre, de Brasileia/Epitaciolândia, e Amax, de Xapuri, tiveram a pré-temporada prejudicada pela enchente em seus respectivos municípios.
A estreia das duas equipes, que se enfrentariam na 1ª rodada do estadual, foi adiada pela Federação de Futebol do Acre (FFAC). A Amax entra em campo no dia 8 contra o Rio Branco no estádio Florestão, e o Alto Acre pega o Atlético-AC no dia 11, na Arena da Floresta.
Na história
Essa não é a primeira vez que a cheia dos rios atingem as cidades do Acre. Em Rio Branco, por exemplo, as enchentes ocorrem quase anualmente entre os meses de janeiro e abril, período de chuvas na região.
A pior enchente em volume de água do Rio Acre, que corta a capital, tinha sido em 1997, quando atingiu 17,66 metros. Recentemente, em 2012, o rio marcou 17,64 metros – agora terceira maior marca da história. Na época, a cheia atingiu mais de 100 mil pessoas.
Cheias históricas
Na semana passada, as cheias dos rios acreanos chegaram a atingir quase 40 mil pessoas de cinco cidades (Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri, Tarauacá e Rio Branco). Uma das mais críticas foi a de Brasileia, que enfrentou a maior enchente da sua história – o manancial atingiu nível de 15,46 metros no dia 24, desabrigando 2,2 mil.
Xapuri e Rio Branco decretaram situação de emergência e o município de Brasileia, a 232 km da capital, decretou estado de calamidade pública no início da última semana. O prefeito da capital, Marcus Alexandre, decretou calamidade pública neste domingo (1º).
Fonte: GloboEsporte.com