Já deixei dito em outras colunas que meu caminho nesta terra é agora relativamente longo. Já passei por muita coisa, por muitos apertos e dificuldades, já estive em muitos lugares, já vi muita coisa. Igualmente, também deixei aqui minha indignação com a realidade nacional. Tudo se repete, praticamente quase sem modificações, não em círculos, mas numa espiral, voltada para baixo, num declínio constante de tudo, especialmente no que se refere aos valores fundamentais, como família, respeito ao próximo, etc.
Aqui se fala em “cidadania” como se fosse algo simples e corriqueiro; como se fosse algo que se conquistasse apenas porque se quer (querer é indispensável, mas não basta). Uma coisa é a palavra “cidadania”, que todo mundo pode e abre a boca para falar toda hora, o dia todo; outra coisa é o seu significado, sua abrangência. A toada, meus amigos, não é bem assim. A cidadania é como uma peça sinfônica de Beethoven. Todos os participantes têm de entender a partitura, têm de ter conhecimento do riscado, ou vira um samba do crioulo doido (perdão, não posso mais falar assim: então direi que vira um “samba do afrodescendente doido” – lógico que isto é uma brincadeira; amo as pessoas negras; embora branco, fui criado com elas, no meio delas, e sempre fui tratado com muito amor e carinho, jamais me senti diferenciado. Eu as amo com todo o meu coração, por isso me sinto à vontade para brincar com elas). Aliás, será que ainda posso dizer Neguinho da Beija-Flor? Ou terei de dizer Afrodescendentezinho da Beija-Flor…? Porra, é tanta babaquice, deixa isso pra lá!
Cidadania é uma condição a ser conquistada e mantida constantemente, adaptando-se continuamente às mudanças. E as mudanças sempre vêm. Sempre se muda tudo para manter a choldra sob o controle da elite. Quando a choldra começa a entender a regra, é hora de mudá-la (a regra): essa é a verdadeira regra. Para se alcançar a cidadania é preciso exigir-se isso dos governantes e das elites; e, e isto é imprescindível, é preciso que se esteja preparado para tal. E este não é o caso por aqui, lamentavelmente. Não é mesmo. Estamos muito longe do que se possa chamar de “cidadania”. É como falar sobre Deus, superficial e levianamente, como se faz todo o tempo. Quando não se tem a menor noção do que significa algo, fica muito difícil – quase impossível – chegar até ou mesmo ansiar por tal coisa. Há ainda um longo caminho, neste “patropi”, até que se atinja aqui tal condição, de cidadania. Aqueles que não quiserem enxergar tal situação estarão apenas enganando a si próprios.
Para se avaliar o grau de cidadania de qualquer povo ou comunidade (falo no termo universal, não no eufemismo utilizado para se referir ao antigo termo “favela”, como se faz aqui atualmente) deste planeta, há um modo relativamente fácil: basta que se veja a forma de atuar e o modelo de suas polícias, e a forma como a população lida com ela, e vice-versa. É fácil ou não? Outra forma de avaliação é ver o modo como funcionam a imprensa e o sistema judiciário: se ambos existirem tão somente para corroborar o poder econômico, em suma, para corroborar os interesses dos poderosos, no primeiro caso, para mentir, para inventar a realidade que lhe convenha, defender os interesses de seus anunciantes (privados ou públicos; estes últimos, apenas quando abrem bem os cofres) e atacar quem lhes atrapalha os interesses, e no segundo caso (o judiciário), se for lento demais e atingir com suas sentenças apenas os pobres, então isso significa que o nível de cidadania de tal povo ou comunidade é baixo. Que acham? Alguma semelhança?
Não é porque se conquistou um celular, internet, televisão a cabo (e geralmente, estes dois últimos, na base do “gato”), e outras maquininhas tais, que se consegue o respeito que o termo “cidadão” carrega consigo. Tanto isso é verdade que qualquer sujeito que possua algum poder transitório neste país faz e diz o que bem quer e entende.
Aqui temos de ouvir e ver, por conta da chamada “delação premiada”, um diretor de uma grande empresa monopolista da área de petróleo dizer que vai “devolver” (pasmem!) 100 milhões de dólares (fora o que ninguém nunca vai encontrar: imagine se um cara que se “dispõe” a devolver – repatriar é mais bonito, concordo – 100 milhões de dólares é alguém burrinho que coloca tudo em seu imaculado nome… Ah, tolinhos!), conseguidos por meio de propinas recebidas de empreiteiras cartelizadas (observem isto: entre um valor de licitação 15% abaixo ou – observem agora isto com muito mais atenção – 20% acima de um chamado “preço técnico”, calculado pela citada empresa, a mesma do diretor ladrão, talvez calculado por alguém tão ladrão quanto ele, ou talvez ainda mais). E vejam que o termo licitação tem a ver com “tornar lícito”. (Bem, não vou dar nenhuma dica quanto ao nome dessa empresa, pois não quero polêmica desta vez; só vou dizer que tal empresa processou, em corte internacional, um famoso jornalista em – que coincidência! – 100 milhões de dólares porque ele disse, sem provas, que os diretores dessa citada empresa recebiam propinas, de dezenas de milhões de dólares, de empreiteiras e afins, e as mantinham em contas no exterior, melhor dizendo, em paraísos fiscais). Prometo que não vou dizer nada, mas, ah, se eu fosse a viúva de tal jornalista… Processava de volta, a tal empresa, na hora! E pediria umas dez vezes mais! Afinal, uma vida não tem preço… E o tal jornalista morreu em decorrência do processo. Ops! Deixe-me ficar calado, que em boca calada não entra mosca.
E pensar que os renomados “famosos quem” e doutores em mercado e assuntos econômicos da mídia passaram os últimos anos dizendo que os preços dos combustíveis no Brasil estavam mantidos fantasiosamente baixos por conta de interesses eleitoreiros da presidente da república. Bem, como vimos, sua vontade foi atendida: os preços dos combustíveis subiram, não tanto quanto desejavam os doutores da mídia e os acionistas da dita empresa (fica claro que os interesses dos citados não estão em comunhão com os nossos, não é verdade? Parece mesmo que a mídia e eles estão de um mesmo lado, e nós, do outro, não é?). E o que foi dito pelo tal diretor, durante audiência na comissão, foi feito na maior cara de pau possível. E ainda houve quem elogiasse sua “coragem”. Meu Deus, contando isso lá fora, ninguém acredita!
Agora, além de tudo isso, vem um aumento de algo próximo de 50% (aguardem e verão!) nos valores de energia elétrica – que, logicamente, junto com o aumento do preço dos combustíveis, irá impactar todos os preços industriais e os demais preços na cadeia de distribuição. E o governo, em vez de fazer um ajuste nas contas públicas (nos gastos), em vez de diminuir de tamanho, faz ajustes fiscais e aumenta os preços que tem sob seu controle (outro absurdo em qualquer chamado sistema de mercado). Aqui se paga multa caso se consuma energia elétrica monopolizada acima de um determinado patamar! Parece piada, mas não é. Imaginem o dono da única quitanda do bairro cobrando multa caso você comprasse acima de dez quilos de batatas por mês! “Gente, vocês estão comendo batatas demais! Vocês têm de aprender a comer menos batatas! Por isso, já que tenho tal poder e prerrogativa, vou multar (cobrar mais de) vocês!”. É dose pra leão. Normalmente, em qualquer dita “economia de mercado”, não se cobra mais, mas, ao contrário, se dá um desconto para qualquer coisa comprada em maior quantidade, ou no atacado, não é verdade? Logo, vivemos um paradoxo capitalista infernal neste país maluco. Os dirigentes, em vez de proverem condições e produzirem conforto para o povo, exploram-no. Mas o que é isso! Onde estamos! Que país é esse?! E ainda querem dizer que vivemos num país capitalista! Deus meu! Eu disse que estávamos em areia movediça, não disse? Assim como aconteceu na gestão do MUV, aí está o pico do monte Everest de merda surgindo na economia do Brasil. E vem mais por aí. Aguardem.
Sou do tempo em que o Maracanã era do povo; não este estádio bonitinho, elitizado, feito para uma minoria de torcedores burgueses, que procuram se comportar como se fossem europeus (não o são nem nunca o serão, até porque isso aqui não é a Europa) e estivessem assistindo a partidas da Champions League.
Aqui todas as tendências e ideias que vêm de fora são rápida e completamente absorvidas. Primeiramente a imprensa, representante dos interesses das elites, tanto a nossa quanto as dos países do chamado “primeiro mundo”, especialmente dos Estados Unidos e Europa, prepara o terreno para as “mudanças necessárias” (aquelas a que, quem se contrapõe, é um retrógrado). Depois vêm os governantes e os dirigentes e as implantam. É sempre a mesma cantiga. Vai ser duro de mudar.
E isso tudo ocorre por conta do velho e incorrigível complexo de vira-lata que o Brasil insiste em não perder. Não que eu ache que o torcedor comum não mereça respeito, até porque eu sou um torcedor comum. Não é isso. Banheiros bem aparelhados e limpos, em bom número e com boa distribuição ao longo do perímetro do estádio; lanchonetes bem distribuídas – e com preços honestos – já seria mais do que suficiente; e não esta veadagem e exploração que ora se vê. E eu lá faço questão de me sentar que nem um babaca em uma cadeira acolchoada e ser servido com bebidas e quitutes, pagando uma baba por isso, para permanecer no estádio por apenas duas horas!? Vamos parar com essa conversa pra otário, cacetada, porque vascaíno que é vascaíno não é otário! Porra, eu quero é gramado bom (chovendo ou não!), boa arbitragem e bom futebol! E quero que o meu time possa jogar bem e vencer! Qual o problema de sentar a bunda no cimento por duas horas se o time está jogando bem e deitando e rolando em cima da mulambada!? Já viu algum torcedor do Vasco reclamar da bunda achatada quando o seu time vencia os jogos contra nossos antigos fregueses rubro-negros? Eu nunca vi. A boa, inseparável e velha almofadinha resolvia tudo. Que saudades do também bom e velho Maracanã!
Alegria dos empreiteiros amigos de sempre – e daqueles “outros” que também se beneficiaram com o superfaturamento da tal “modernização” -, este Maracanã atual é mesmo coisa de tricolores! Bonitinho, mas ordinário e caro! No fundo, todo tricolor é um rubro-negro criado pela avó! Não passam de um bando de traíras ingratos, não passam de um bando de frescos! E todo rubro-negro é um soberbo mal-acostumado: no fundo, todo rubro-negro é um vascaíno que perdeu o rumo e a noção das coisas!
Falando da rivalidade com a praga. Eu sempre digo aos rubro-negros que, como tudo nesta vida, essa rivalidade entre Vasco e flamengo tem seu lado bom e seu lado ruim. O lado bom que é o Vasco, e o lado ruim que é o flamengo! Deus do céu, será que alguns nunca vão entender o que busca o Presidente Eurico quando trabalha a (boa e não violenta) rivalidade acirrada com a praga da Gávea? Será difícil entender que a mídia (vide consórcio e outros benefícios históricos) sempre quis e quer colocar o clássico das duas prostitutas coloridas como sendo “o grande clássico carioca”, independente da genética que une as duas moçoilas? Será que não vão entender a genial cabeça do grande vascaíno que luta por um Vasco verdadeiramente gigante, que não aceita ser colocado em segundo plano relativamente ao flamengo e ao Corinthians? Não entendem que é isso o que a Vênus Platinada mais anseia: um pé no Rio, outro em São Paulo? Moçada, acorda! Este é o ponto central: rivalidade entre nós e a praga! Isso é o que acende a nossa torcida, que a fez e continua fazendo gigante por todo o Brasil! Por isso, o Vasco é o clube que a mídia bandida tenta derrubar desde sempre, todo o tempo – exceto quando a mídia tinha ao seu lado o MUV e o Dinamite, pois eles mesmos se encarregavam de tal “serviço”.
O Vasco não tem motivo algum por que temer a praga rubro-negra. Não mesmo! O contrário é que deveria ocorrer! Nossos jogadores têm de ter tal consciência, têm de entrar em campo imbuídos de tal confiança, e tudo passará a ser diferente. Temos fatos e estatísticas que jamais serão alcançadas por eles. Houve um período em que éramos o próprio inferno na vida deles! Daí o ódio instilado no coração dos nossos fregueses de outrora (Roberto Marinho sofreu muito durante esse período, daí seu ódio ao Vasco). Temos a maior goleada (7×0); temos a maior série invicta (foram 23 partidas seguidas, de 13/05/1945 a 25/03/1951, em que os mulambos rubro-negros ficaram sem uma única vitoria sobre nós, e vejam que foram 17 vitórias e 06 empates); e nesse período tivemos – nada mais, nada menos! – 10 vitórias seguidas (isso mesmo, dez vitórias seguidas!). Isso, eles nunca vão conseguir devolver! Por isso, eu sempre digo a eles: “Calados! Conheçam a história antes de vir falar comigo, que isso aqui é o Vasco!”.
Tomamos um gol no domingo que nada tem a ver com a prática do futebol! PQP, isso é futebol, não water polo! Tudo bem, nosso goleiro não se ligou o quanto deveria, mas a filha da puta da bola para na grama encharcada e sobra justamente para um ex-jogador vascaíno meter uma pancada pra dentro do nosso gol! Com damos azar contra essa praga, meu Deus! Durma-se com um barulho desses! Bem, se “roubado é mais gostoso”, “cagado” deve ser ainda melhor. Mas a moleza está acabando. Agora precisam de uma ajuda de São Pedro (involuntária, pois São Pedro é do lado do bem) e, principalmente, da ineficiência da drenagem para nos vencer! Queria ver se tivesse ocorrido o contrário, se o gol fosse contra o queridinho! Todos da imprensa iriam dizer que era uma vergonha jogar num campo naquelas condições! Que o queridinho tinha sido prejudicado pelos administradores do estádio e pela federação! Que tinha dedo do Eurico naquilo ali! Que ele e a federação se mancomunaram com São Pedro! Que a partida deveria ser interrompida e anulada! Que o torcedor merecia respeito e não poderia ficar à disposição pelo tempo que dirigentes, árbitros e cartolas da federação bem entendessem! Que isso jamais aconteceria numa país sério! Que o consórcio era o responsável por aquela vergonha que se via no campo!
Mas o prejudicado foi o Vasco. Aí, ninguém disse nada. (Repararam como os “imparciais” da imprensa foram buscar com as câmeras, no meio daquela multidão, uma pequena confusão nas cadeiras? Será que era porque o Eurico estava ali próximo, mesmo que apenas de braços cruzados, assistindo passivamente a tudo? Será que esperavam que ele se manifestasse ou se envolvesse de alguma forma? Ainda bem que o Eurico não se envolveu de forma alguma, nem se manifestou, ou teriam dito que era algo deliberadamente provocado por ele para tumultuar a partida e tentar interrompê-la ou até mesmo anulá-la). Parece piada, mas não é.
Porra, agora falando sério, como bem disse o Cosenza, cadê a drenagem de primeiro mundo? E se tivesse chovido assim na final da Copa? Numa final de Copa, a imprensa diria que o campo de domingo estava perfeito para a prática de futebol? Não? Ah, tá!
Por isso eu digo e repito:
Com Eurico Miranda e Casaca! Sempre! Por um Vasco novamente gigante!
Saudações Cruzmaltinas!!!
Dudi Carvalho