Política
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A desfiguração do Vasco: Crise institucional impacta o presente e ameaça o futuro do clube

Muito além dos fatos

Escrever sobre algo abstrato normalmente não atinge o público em geral, não por sua incapacidade de abstrair, mas porque não é o mais comum, diante de tanta coisa que sai em tanto lugar.

No contexto atual o Vasco é um clube, que até dezembro do ano passado se apresentava como falido, entusiasta de uma recuperação judicial, oferecendo-se para o mercado, a fim da entrega do seu futebol e anunciando num lapso de seis dias, por contratados, o tamanho de sua dívida aumentado em 200 milhões de reais, ao longo do primeiro ano da atual gestão com controle sobre o futebol (nas mãos do CRVG desde maio).

O Vasco já quebrou seu recorde de jejum por títulos e precisa ganhar algum em 2025, mas o assunto não norteia a torcida com tal exigência, porque ela se acostumou a não cobrar títulos estaduais, ora por achar que é fácil, ora por perceber que não o é.

Falando de basquete, o Vasco, por sua essência, jamais entregaria um jogo ao Flamengo, dando-lhe a bola para atacar, mas hoje pode ser uma estratégia para que o “coitadismo” interno ganhe a simpatia externa nas causas.

Largar um jogo em protesto, ou nem jogar, em protesto, é uma coisa. Buscar-se á, nesses casos, nos tribunais, algo ou a indignação ficará registrada, sabendo o adversário que não nos derrotou na quadra, nas águas, no gramado, onde seja, não por receio do clube de lutar, mas sim por discordar de condições de jogo, de garfos, do não cumprimento de regulamentos ou de normas de segurança, expressos na legislação esportiva, muitas vezes, diga-se, para enfeitar, como se viu no episódio do jogo contra o hoje Athletico-PR, lá em 2013.

O Vasco, por preceito não mostra soberba contra clubes menores, podendo-lhes ajudar.

O ocorrido diante do Madureira no meio da semana é mais uma demonstração de como o clube está desfigurado, institucionalmente.

O Vasco mostra-se como uma caricatura de si próprio hoje, dizendo-se falido, vendendo-se, soberbo com os pequenos e históricos clubes do Rio e tíbio quando se defronta com um grande.

Não é culpa de A, de B, ou de C, pois não há cognição possível para se chegar a essa realidade, por tantos, pois a realidade do clube para os tais tantos é apenas um recorte daquilo que se consegue ver.

O fato é que se muitos, de fora, enxergam o Vasco como coitado, por dentro o clube é visto como inviável.

Diante disso, a torcida não tem força para cobrar, optando por usar toda a sua energia para demonstrar seu amor ao clube, mas sem acreditar, no fundo, que o Vasco tenha a força que realmente possui, daí que se venda, que entre em concordata, que faça força para confrontar o Madureira e que deixe o Flamengo ganhar, porque foi injustiçado, por mais que nada disso tenha unanimidade entre os vascaínos. Aliás, ainda bem.

Então não há solução? Então alguém tem solução? Então qual é a solução? As soluções existem, mas dão trabalho, impõem desgastes, ensejam cobranças e trazem risco de imagem para os que apostam na grandeza do Vasco, gerindo-o.

E quão mais longe de cobranças por resultados, de responsabilidades próprias e até mesmo de administrar o Vasco estiverem os eleitos para tal, mais confortáveis se sentem. Daí a suposta inviabilidade do clube, vendida aos torcedores como mantra, enquanto se busca a venda do coração dele como objetivo, desfigurando o termo (ou verbo) gerir, substituindo-o por entregar.

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