“Dois pesos e duas medidas”.
Em quantas ocasiões isso é ouvido quando o assunto da pauta na imprensa é o sucesso ou insucesso de Vasco e Flamengo?
Mais uma vez foi o visto após a justíssima e incontestável derrota rubro-negra há alguns dias, frente ao Liverpool.
Já houve comparação de manchetes dos órgãos globais, da época e de hoje, surgidas em mídias sociais.
Uma situação das mais embaraçosas foi criada para o grupo Globo, que mantém empregado seu diretor de esportes, após desfile dele, vestido de rubro-negro, na redação do jornal isento, e demite o fotógrafo, por ter mostrado não só o ridículo da cena, como a falta de compostura de quem supostamente comanda a área esportiva de um órgão imparcial.
Ainda chegará o dia em que o Extra publicará após uma vitória que leve o rubro-negro a uma final com o Vasco, a comemoração de um atleta do clube da Gávea em foto e um “Pintou o Vice”.
Talvez o jornal “O Globo” crie uma manchete igual para celebrar um título do Flamengo, como fez em 2003 com o Vasco.
Bastará, para tal, cremos, que o clube da Gávea vença um campeonato com brigas nas imediações do gramado no primeiro tempo da partida decisiva e duas expulsões (não em decorrência disso), independentemente do antológico gol da vitória ter valido o ingresso, tal a beleza do lance.
A manchete “Flamengo campeão na final da vergonha” virá mesmo assim. Vamos esperar (sentados).
Antes que outros debates constrangedores se deem em programas esportivos globais, com tentativas de se justificar o injustificável, fica uma sugestão:
Seria preferível que pedissem, em nome do grupo Globo, simplesmente sinceras desculpas (mesmo que não sejam sinceras as desculpas) à torcida vascaína, seu corpo funcional e diretor da época, admitindo uma parcialidade, que, temos todos certeza, deixará de existir a partir de agora.
Por outro lado, seria, também, de bom tom admitir ter sido um exagero dos mais primários afirmar ter o Flamengo jogado “de igual para igual” com o Liverpool de Firmino.
Mas, vamos ao incontestável e que trouxe em pesquisa recente a reação dos vascaínos nas mídias sociais, realizada sobre a maior atuação brasileira em decisões intercontinentais ou mundiais contra os europeus nos últimos 30 anos.
Diga-se de passagem a atuação do Vasco em 1998, só está abaixo daquelas protagonizadas pelo São Paulo contra o Barcelona (1992) e do Palmeiras frente ao Manchester United-ING (1999), em termos comparativos.
A atuação do Flamengo está bem abaixo das citadas acima, das outras duas decisões disputadas pelo São Paulo, da atuação do Grêmio em 1995 (que jogou mais de uma hora com 10 em campo), do Corinthians em 2012 e é mais parecida com a do Cruzeiro em 1997.
Sim, porque a equipe mineira perdeu na oportunidade boas chances de gol com o placar ainda em branco, mas sucumbiu, fundamentalmente, no segundo tempo, diante de uma equipe alemã mais coesa e organizada em campo.
É superior a atuação rubro-negra de 2019 apenas a do Grêmio em 2017, Internacional-RS em 2006 (ambos jogaram por uma bola e os colorados tiveram a sorte dela surgir e ser aproveitada), e a do Santos, em 2011, que tomou o maior passeio de um clube brasileiro, em confrontos decisivos, no decorrer de toda a história dos intercontinentais/mundiais.
Dito isso, comparemos, então, Vasco x Real Madrid (1998) e Flamengo x Liverpool (2019).
Primeiro a decisão da Copa Intercontinental de 1998.
Chances claras de gols:
Vasco 6 x 5 Real Madrid (considerando os gols marcados).
O Vasco dominou o segundo tempo, a partir do gol de empate assinalado por Juninho Pernambucano (que na época era só Juninho).
O Real Madrid criou três de suas cinco reais chances (incluindo o gol) antes de o Vasco empatar.
Depois do gol de empate cruzmaltino o time brasileiro criou mais cinco chances reais de marcar, uma delas com Mauro Galvão, assinalando um gol com a mão (a pelota ultrapassou a linha fatal), mas sem a paralisação do lance, porque nem bandeirinha nem árbitro viram o toque irregular do zagueiro vascaíno ou a bola entrar.
As outras chances foram com Felipe (três) e Ramon (uma), esta última já com o Real Madrid vencendo por 2 x 1.
Vinte e um anos depois tivemos a decisão do Mundial Interclubes, protagonizada por Flamengo e Liverpool.
Como foi a diferença de produção das duas equipes?
Chances claras de gols:
Liverpool 9 x 3 Flamengo (considerando o gol marcado).
O Flamengo teve domínio territorial durante parte do primeiro tempo, sem criar uma única chance real de gol, após início estonteante do Liverpool.
As três chances rubro-negras se deram uma no segundo tempo (defesa do goleiro para escanteio num chute de Gabriel) e duas no segundo tempo da prorrogação (Gabriel e Lincoln).
O Liverpool teve 9 chances claras.
Duas no primeiro tempo.
Quatro no segundo tempo.
Duas no primeiro tempo da prorrogação.
Uma no segundo tempo da prorrogação.
Saliente-se que uma outra chance do Liverpool foi perdida no primeiro tempo da prorrogação. O jogo seguiu, pois a bola sobrou para o Flamengo, mas com a emissora considerando ter havido impedimento e vantagem dada ao time rubro-negro, por isso tal oportunidade não foi contabilizada aqui (confiando no olho clínico da Globo sobre o lance, sem criar polêmica).
Ressalte-se ainda que o Liverpool teve duas faltas frontais, próximas à risca da área, em seu favor, não marcadas. Uma no primeiro tempo e outra no lance que ensejaria a expulsão do Rafinha, já nos acréscimos da etapa final, caso fosse assinalada.
Não consideremos aí, nos dois jogos citados, chutes para fora (de fora da área), chutes prensados pela zaga, chutes de fora ou dentro da área nos quais o goleiro agarra firme, o que sugere (nos casos vistos), que se deixasse a bola passar seria frango (chute de fora da área do Ramon contra o Real Madrid, em 1998, bicicleta do Gabriel e chute de Arnold da meia direita da área, amortecido pela zaga, antes de chegar às mãos do goleiro, em 2019).
Também não há como dizer que houve uma chance real de gol sem complemento da jogada, o que ocorreu várias vezes no confronto de sábado último, com as duas equipes, como também aconteceu em ataque do Vasco contra o Real Madrid em 1998.
Nove a três é o triplo de chances criadas de uma equipe em comparação à outra e dois terços das chances reais do Flamengo vieram com o time atrás do marcador.
A maioria das chances do Vasco se deram quando o jogo diante do Real Madrid estava empatado.
O Vasco de 1998, se comparado ao Flamengo de 2019, mostrou-se em outro patamar no confronto intercontinental. Algo inquestionável.
E olha que nem há menção nesse texto a Vasco x Manchester United-ING de 2000, com Romário e Edmundo em campo.
Aí já é outra dimensão.
Sérgio Frias
o clube criado do apêndice do flumerdense sempre foi e sempre estará no #otropatamáducheirinho, no quesito vice eles são imbatíveis, VICE ETERNO
Sérgio, gostaria de saber sua opinião sobre a Copa Rio de 1953 e o Torneio de Paris de 1957, ambos vencidos pelo Vasco ao derrotar São Paulo e Real Madrid, respectivamente. O Vasco não deveria pleitear junto à FIFA o reconhecimento destes títulos como sendo mundiais assim como o Palmeiras faz em relação ao título de 1951?
Feliz Natal aos membros do Casaca! e seus familiares e aos vascaínos, especialmente os de raíz e que não se deixam enganar pela flapress.
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Olá Marcelo,
Na minha visão em se validando a Copa Rio de 1951, que entendo como algo justo, as disputas realizadas no Rio de Janeiro em 1952 e 1953 também devem ser reconhecidas. A meritocracia esteve presente nos critérios dos países escolhidos.
As três competiçoes fizeram parte do calendário da CBD à época.
O torneio de 1957 serviu de inspiração para a criação do Mundial Interclubes, segundo algumas fontes de consulta, mas não teve no seu bojo a escolha por meritocracia, em relação a 50% dos seus participantes, embora Vasco e Real Madrid tenham sido chamados supostamente por esse critério.
É uma discussão aí mais filosófica, porque as lacunas deixadas entre 1951 e 1959 fizeram com que vários torneios intercontinentais fossem realizados no período, mas sem que a meritocracia estivesse necessariamente presente neles, como ocorreu na Pequena Taça do Mundo da Venezuela e no Torneio de Paris, que teve em 1958 a presença do… Flamengo, com convite feito três dias após o Vasco ter sido Campeão do Torneio Rio-São Paulo.
A competição em Paris tinha como partícipe dela o Racing daquela cidade, campeão francês uma única vez até ali, em 1936 e da Copa da França pela última vez em 1949.
O clube esteve presente em todas as edições, desde a primeira, até 1963 e não era por mérito, mas simplesmente por ser o organizador do torneio.
Um outro convidado em 1957 foi o alemão Rot-Weiss Essen, que fora 28º colocado no geral na Liga Alemã de 1956.
Considero a vitória uma das maiores da história do Vasco e uma autêntica disputa intercontinental de vulto, sim, mas nós próprios não a valorizamos tanto, à época, como fizemos em relação à conquista da Taça Teresa Herrera, que deu nome, inclusive, a uma das chapas concorrentes nas eleições seguintes do clube.
Abraço,
Sérgio Frias
Deu asco a reação da imprensa mulamba. Mas sinceramente, não esperava outra coisa. Qualquer visão imparcial, sabe que o Liverpool dominou o jogo inteiro. De toda forma, aquele sábado, foi um dos mais felizes da minha vida!