Nota

O que vem de baixo

 

Mário Celso Petraglia é um velho personagem do futebol brasileiro. Não exatamente pela notoriedade na condução do seu clube, o Atlético do Paraná, mas pelo desejo incontido de aparecer a qualquer custo e, principalmente, por bater ponto em fatos polêmicos. E isso vem de longa data – o que faz dele um símbolo daquilo que critica, logo, um ícone da hipocrisia. Sim, Petraglia se perpetua em seu clube com mãos de ferro, garganta de aço, mas ínfimos resultados. Porém, seu momento estrelar foi em filme de vilões.

Em mais um capítulo de sua saga pela notoriedade, resolveu agredir. A respeito do Vasco, usou as seguintes palavras:

“São Januário acabou. Política, econômica, financeira e patrimonialmente”.

Na véspera da comemoração da “Resposta Histórica”, o maior documento do futebol brasileiro em todos os tempos, produzido exatamente pelo clube que “acabou”, carta que mudou os parâmetros sociais do esporte e permitiu que 100 anos depois figuras como esta pudessem receber holofotes vez por outra, pode-se dizer o seguinte a respeito de mais um de seus arroubos:

1 – Em 2004, o Vasco impediu o título brasileiro do Atlético PR. São quase 14 anos. É possível compreender tanto rancor, visto que times médios raramente obtêm resultados. Mas, já deu. Muda o disco.

2 – Petraglia enxerga-se como galáctico. O maior gestor de todos os tempos. Poderia nos explicar como permitiu a construção de um estádio no qual o sol não entra, origem da necessidade de grama sintética da Arena da Baixada. Lógico, valendo-se de importante fatia de recursos públicos, cerca de 150 milhões de reais.

3 – Nunca foi esclarecida a relação do Sr. Ivens Mendes, ex-presidente da Comissão de Arbitragens, com Petraglia. Transparente, talvez ele pudesse nos ajudar agora, 20 anos depois de que Mendes prometeu uma “mãozinha” ao Atletico PR em partida disputada contra o Vasco pela Copa do Brasil de 1997. Para refrescar sua memória, reproduz-se parte do diálogo gravado entre os dois na época:

(Mendes)- Tem que sentar a borduna no Vasco aí. Eu se puder vou até falar com o juiz para dar uma mãozinha pra você.
(Petraglia)- Quem é que vem aí?
(Mendes)- Aí é o Godói, o Oscar. Até precisa falar com seus jogadores que esse Oscar é meio unha de cavalo.

Petraglia precisa se conformar com o fato de que dirige um clube médio, com pouca expressão e desprovido de massa torcedora significativa. Um dia, quem sabe daqui a uns 100 anos, consiga atingir algum percentual da importância que o Vasco tem para o cenário esportivo nacional. Hoje, ao se comparar ao clube de São Januário, é uma nulidade. Conforme-se, irmão. E vá pela sombra da Arena da Baixada.

 

CASACA!