O trabalho evidente de reconstrução do Club de Regatas Vasco da Gama se mostrou tão claro e com tantos resultados favoráveis ao longo dos últimos três anos, a ponto de se tornar algo ridículo qualquer menção contrária a isso.
Futebol e Arbitragem
De um elenco no qual se tinha Martin Silva (Charles), Nei, Rodrigo (Douglas Silva), Luan (Rafael Vaz), Henrique, Guinazu, Sandro Silva, Bernardo, Montoya, Rafael Silva e Thales como pilares, Jordi, Lorran, Jhon Cley, Yago, Renato Kayser e Marquinhos do Sul como destaques das divisões inferiores, temos hoje um de outro nível e com a base repleta de promessas, que em campo já demonstraram capacidade para não só assumirem a titularidade da equipe, mas também serem fonte de vultosos negócios para o clube.
O Vasco foi entregue em 2014, colocado em terceiro lugar na segunda divisão sem liderar nenhuma das 38 rodadas daquela competição e deixado em janeiro de 2018 na posição de classificado para a Taça Libertadores da América deste ano.
Sobre a falácia de obtenção da sétima vaga para a Taça Libertadores, isso é conversa para boi dormir. Haviam seis vagas para os clubes partícipes do Campeonato Brasileiro, independentemente de qualquer coisa, e o Vasco conquistou a quinta (não foi a quarta porque até derrota com gol de mão sofremos). Caso Grêmio e Cruzeiro, campeões respectivamente da Taça Libertadores da América e Copa do Brasil, ficassem abaixo do Vasco, o clube obteria sua classificação da mesma forma, portanto em nada o Vasco dependeu de Cruzeiro e Grêmio para se classificar à principal competição do continente. No ano de 2016, por exemplo, tanto Grêmio como a Chapecoense, campeões da Copa do Brasil e Sul-Americana, respectivamente, não figuraram entre os seis primeiros do Brasileirão. Com isso, Botafogo e Atlético-PR obtiveram a quinta e sexta vaga, da mesma maneira, só que ocupando quinto e sexto lugares, respectivamente.
De um clube que não conquistava o Campeonato Carioca há 11 anos e perdera na gestão MUV seis disputas de taça em seis possíveis, o Vasco passou a ser o papão de títulos no Rio neste triênio, afinal não só venceu dois Estaduais (um invicto), como ainda conquistou uma Taça Guanabara (assim como Botafogo e Fluminense) e uma Taça Rio. Ou seja, terminou o período com quatro conquistas contra uma de Flamengo, Fluminense e Botafogo, deixando os vices para outros.
Em todas as disputas diretas de taça o Vasco foi o vencedor, três vezes contra o Botafogo e uma diante do Fluminense.
No que tange ao tricolor das Laranjeiras, uma sequência impressionante de reversão das conquistas em confronto direto ocorreu a partir de 1988. Dali por diante foram oito disputas de taça e oito vitórias consecutivas do Vasco (1988, 1992, 1993, 1994 {duas vezes}, 2003 {duas vezes}, 2004), que, até então, perdera as sete últimas para o Fluminense (1948, 1973 {duas vezes}, 1976, 1980 {duas vezes}, 1984) e só derrotara o adversário uma única vez, na decisão do Torneio Municipal de 1946. No período do MUV uma disputa e uma derrota, na final da Taça Guanabara de 2012 (confronto direto sem vantagem de nenhuma equipe). Neste último triênio, nova vitória vascaína na Taça Guanabara de 2016, com o adversário precisando apenas do empate, mas sendo derrotado por nós por 1 x 0, gol de Riascos, novamente atleta do clube em 2018.
Em relação ao Botafogo, jamais o Vasco havia derrotado o adversário numa final de Estadual, em quatro oportunidades: 1948, 1968, 1990 (decisão polêmica) e 1997. Pois bem, foram duas vitórias seguidas, com três triunfos e um empate nos quatro jogos decisivos. Finais de turno em se tratando de estaduais, considerando a vitória de um dos lados na partida a garantia do título sem disputas extras (disputa extra que poderia ter ocorrido em 1977 quando o Vasco venceu, caso se desse o contrário), foi a primeira conquista do Vasco sobre o adversário. Derrotas na Taça Guanabara de 1997, Taça Guanabara de 2010, Taça Rio de 2012, Taça Guanabara de 2013. O erguimento da Taça Rio de 2017 quebrou o tabu.
Quanto ao maior rival, por cinco vezes houve disputa eliminatória contra ele. O Vasco venceu quatro (Estadual 2015, Copa do Brasil 2015, Estadual 2016, Taça Rio 2017), obtendo posteriormente o título em três das quatro ocasiões, e perdeu apenas uma (Taça Guanabara em 2017, dando a oportunidade de mais um vice aos rubro-negros).
No confronto direto contra os três outros grandes do Rio foi este o saldo:
Vasco 6 x 1 Botafogo
Vasco 6 x 4 Flamengo*
*Em jogos oficiais 6 x 3
Vasco 5 x 3 Fluminense
Algo a ser destacado, contrário ao Vasco ao longo do último triênio, foram as arbitragens.
Em 76 jogos do Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão (2015 e 2017), o clube não obteve um único ponto por ajuda da arbitragem. Foi prejudicado em incríveis 14 pontos no Brasileirão 2015 e em 7 no ano passado, com lances capitais (pênaltis não marcados a favor ou marcados equivocadamente contra o clube, transformados em gols, tentos mal anulados marcados pelo Vasco e ilegais dos adversários, validados).
Em 2015 o prejuízo na tabela chegou a 14 pontos em jogos contra Internacional (C) – 2 pontos, Sport (F) – 1 ponto, Atlético-MG (C) – 1 ponto, Cruzeiro (F) – 2 pontos, Avaí (F) – 2 pontos, Chapecoense (C) – 2 pontos, São Paulo (F) – 2 pontos, Coritiba (F) – 2 pontos. Contabilizados os 14 pontos teria o Vasco ficado em oitavo lugar no Brasileirão e não na décima oitava colocação, o que trouxe por consequência, a queda para a segunda divisão.
Já em 2017 os prejuízos caíram pela metade. O Vasco perdeu sete pontos em função da arbitragem nos seguintes jogos: Chapecoense (F) – 1 ponto, Flamengo (C) – 1 ponto, Santos (C) – 2 pontos, Corínthians (F) 1 ponto, Coritiba (C) – 2 pontos, em função de pênaltis cometidos sobre Alan Cardoso, pelo rubro-negro Everton Ribeiro, jogando vôlei, sobre Wagner e ainda sobre Ramon, sem nos esquecermos do gol feito com a mão por Jô, do Corínthians. Contabilizados os sete pontos a favor do Vasco, o clube teria terminado o Campeonato Brasileiro na terceira colocação, com o mesmo número de pontos que o segundo colocado.
Também na Copa do Brasil, outra competição organizada pela CBF, o Vasco teve vários prejuízos que desequilibraram as disputas de mata-mata nas quais foi eliminado do certame.
Em 2015, contra o São Paulo, o segundo gol tricolor, marcado por Luís Fabiano, hoje atleta do Vasco, foi ilegal, pois o centroavante tirou a bola das mãos de Martin Silva, quando o goleiro vascaíno a tinha em uma de suas mãos presa junto ao solo, lance por sinal muito parecido com o gol bem anulado do Manchester United-ING contra o Vasco no Mundial da FIFA de 2000, sendo na época protagonistas da jogada o arqueiro Hélton e o atacante Sheringham (que substituíra Solskajaer no intervalo). Além disso, na segunda etapa houve pênalti claro sobre Nenê não marcado pela arbitragem. Com a vitória tricolor por 3 x 0, que seria por um placar mínimo e sofrendo gol em casa, caso a arbitragem se comportasse com acerto, o Vasco lançou um time praticamente reserva no segundo confronto, o qual terminou empatado em 1 x 1.
Em 2016 contra o Santos foi muito escancarado o ocorrido contra o Vasco em São Januário no jogo de volta da disputa (o Santos havia vencido em seu estádio por 3 x 1). Na primeira etapa três lances polêmicos poderiam ter ensejado a marcação de pênaltis para o time da casa, um deles claríssimo, após cobrança de falta e toque na mão do zagueiro santista dentro da área, flagrante. Na segunda etapa, quando o Vasco buscava o terceiro gol para empatar a disputa (vencia por 2 x 1), uma falta não marcada nas proximidades da área santista a favor do Vasco iniciou a série de erros de árbitro e auxiliares no mesmo lance, com a não marcação de impedimento do ataque santista no contragolpe, em dois momentos diferentes. Três erros em apenas uma jogada deram à equipe paulista o segundo gol naquele empate com máculas ocasionadas por apito e bandeiras.
Ano passado, no jogo de ida da Copa do Brasil, em São Januário, o lance que oportunizou a abertura da contagem por parte do Vitória adveio de um pênalti em lance no qual, na origem, o atacante vascaíno Manga foi derrubado por um zagueiro e crendo na marcação da falta pôs a mão na bola, tendo o juiz ignorado a infração a favor do Vasco e marcado a outra, a favor do adversário. O gol de empate que selaria o placar final do primeiro jogo daquele confronto originou-se de um pênalti bem marcado contra o Vitória e na partida de volta a equipe baiana venceu por 1 x 0, classificando-se para a quarta fase da competição.
No que tange aos Estaduais, o Vasco, tal como ontem diante da Cabofriense, quando um pênalti não foi marcado a seu favor no início da partida, se viu prejudicado em número maior de vezes do que foi beneficiado.
Em 2015 nos jogos contra Barra Mansa, Fluminense, Botafogo e Friburguense, válidos pela Taça Guanabara, gols ilegais sofridos, pênaltis não marcados e gol legal invalidado foram todos contrários ao Vasco, tendo ainda ficado a dúvida se na segunda partida semifinal contra o Flamengo a bola cabeceada por Rafael Silva entrou ou não, quando o placar ainda era de 0 x 0.
Em 2016 o Vasco foi ajudado pela arbitragem na vitória sobre o Volta Redonda (2 x 0), através da marcação de um pênalti inexistente a seu favor, quando o jogo ainda estava empatado e na vitória diante do Madureira por 1 x 0, pela não marcação de um pênalti claro a favor do adversário, sendo que na ocasião o Vasco vencia o jogo.
No último Estadual disputado, um prejuízo e um benefício no clássico contra o Flamengo, válido pela primeira fase da Taça Rio (pênalti não marcado sobre Jomar aos 44 do 2º tempo e pênalti inexistente assinalado a favor do Vasco dois minutos depois).
Vê-se com isso que o equilíbrio entre erros e acertos nos jogos promovidos pela FFERJ passam longe do absurdo desequilíbrio visto nas partidas promovidas pela CBF, exceto às da segunda divisão, onde erros e acertos estiveram perto de se equipararem.
Por falar em segundona, aquela competição – rechaçada por todos nós, até pela forma como o Vasco foi atirado nela pelas arbitragens, independentemente de qualquer questionamento sobre ações administrativas no curso do Brasileirão de 2015 – teve o Vasco na liderança por 29 rodadas consecutivas (as primeiras 29), até o início de outubro e em nenhuma das 38 figurou o clube fora da zona de classificação para a primeira divisão do ano seguinte, mas independentemente disso os últimos 55 dias da equipe foram abaixo da crítica, acumulando em tal período 4 vitórias, 2 empates e 5 derrotas, o que levou a uma mexida geral no elenco ao fim do campeonato e a um investimento maior para a temporada seguinte com 16 contratações entre o final de 2016 e julho do ano passado.
Finalmente, em 2017 o Vasco apresentou um elenco mais caro e com atletas trazidos de qualidade inquestionável em várias posições. Breno, Anderson Martins, Ramon, Wagner, Kelvin, Luís Fabiano, entre outros, aumentaram a folha e compromissos do clube com parceiros ao longo do período. Se Gilberto, Paulão, Jean, Bruno Paulista, Wellington, Escudero, Muriqui, Manga Escobar e Andres Rios deram ou não conta do recado, o mercado os tinha como atletas de nível, oriundos de grandes clubes ou com propostas, sondagens de outros grandes clubes. A exceção foi Lucas Rocha, zagueiro já dispensado.
Por não ter vendido Paulinho nas duas janelas possíveis, agora em janeiro com o tempo mais apertado é verdade, e por ter sido vítima de sabotagens nos últimos meses de gestão por opositores ao Vasco, o clube não pôde fazer investimentos maiores em contratações e trouxe jogadores dos quais se espera um pouco mais (Erazo, Fabricio, Desabato, Rildo, Riascos) e outros que são incógnitas, casos de Rafael e Thiago Galhardo, além de Luís Gustavo. Perdeu-se um ótimo zagueiro, um lateral direito contestado e um meia pouco convincente em mais de 30 oportunidades nas quais este último atuou pelo Brasileirão do ano passado. Duas outras contratações ficaram alinhavadas e podem ter prosseguimento com a nova gestão. Caso isso ocorra e os atletas ora machucados possam voltar em plena forma teremos um time competitivo para essa temporada.
O que esperamos em termos de futebol nesse próximo triênio é que haja o mesmo número de conquistas obtidas entre 2015 e 2017 (ou mais), uma arbitragem neutra nos jogos do Vasco válidos por competições organizadas pela CBF, como houve nas partidas válidas pelos Estaduais no mesmo período, a manutenção da supremacia nos confrontos contra o trio da zona sul carioca e também a supremacia em títulos, comparando-se aos outros três.
Aguardar ou exigir que se iguale ou se bata o recorde de partidas oficiais invictas de toda a história do clube, como ocorrido entre novembro de 2015 e junho de 2016 (34 jogos) seria um pouco demais, afinal foi uma marca que superou 100 anos de história do clube, ultrapassando de uma vez só as maiores de Atlético-MG, Flamengo, Internacional-RS e Palmeiras, além de igualar as de Cruzeiro e Corínthians, obtidas, como no caso do Vasco, no atual século.
Presente e Futuro
Encontra-se hoje o Vasco muito melhor estruturado do que em 2014, com mais de 20 milhões a receber em menos de 10 dias (verba suficiente para pagar as folhas até janeiro, inclusive, e devolver o adiantado pelo parceiro, emprestado para acertar parte do referido montante esta semana), mais um montante represado, ainda sem ter o clube em 2017 tido a oportunidade de levantar adiantamentos junto à Rede Globo, que serviriam num primeiro momento para pagar outros valores devidos (fora salário), grande oportunidade de crescimento dos sócios-torcedores e obtenção de mais verbas focadas no patrocínio para outros pontos do manto cruzmaltino (fora ações próprias da gestão que chega) e também sendo todos sabedores ser a venda de um ou dois atletas da base ao longo da temporada fator de tranquilidade à gestão atual no que concerne ao pagamento de compromissos durante o ano.
Não é fácil, não é simples, desde dezembro de 2014 nunca foi. Minha opção em duas votações (novembro e janeiro) foi pela continuidade da reconstrução e tendo na responsabilidade administrativa seu norte, apostando ser essa a visão da eleita, como o discurso de posse do novo presidente assim ratificou. Claro que minha preferência se evidencia. Eurico Miranda é meu candidato à presidência do Vasco, desde antes de eu ter idade para votar (Eurico 86 – O Vasco acima de tudo permanece colado no vidro da janela de meu quarto no apartamento onde residi e hoje mora apenas a minha mãe). Ele, com ou sem o cargo, atuando em função executiva no clube, cumpriu de maneira exemplar seu dever nos triênios dos quais participou dessa forma, tornando-se a figura viva com maiores serviços prestados ao Vasco, entre todos.
Que a nova gestão atue sem medo de prever o melhor, porque o Vasco é movido a desafios, como foi a classificação à Taça Libertadores do ano passado, mas com trabalho no lugar de loucuras, com unicidade no lugar de divisões tolas e inúteis, sem temor de se ter ou não o aval da imprensa e sabedores todos que querer gerir o Vasco é um direito, ninguém é compelido a isso, mas administrá-lo com respeito à sua história, seus homens e comprometimento com seu futuro, uma obrigação.
Sérgio Frias
Parabéns pelo texto! É um belo resumo desta gestão do presidente Eurico!
Assino em baixo, Sérgio!
Perfeito Sérgio, confesso que doeu na alma não ver Eurico na presidência do Vasco por mais esse triênio, mas como você escreveu, administrá-lo com respeito à sua história, seus homens e comprometimento com seu futuro é uma obrigação!! E que essa nova gestão o faça!! Forte abraço!
Belo relato e explicação dos fatos. Parabéns.
Muito boa matéria.Cumprimentos caro sr Sérgio Frias.
Excelente. Um verdadeiro documento histórico.Justiça tem que ser feita para todos que contribuíram para essa vitoriosa trajetória vascaína. E não se pode esquecer:Contra tudo e contra todos.
É isso aí meu xará. Resumo oportuno e verdadeiro sobre a verdade dos dos fatos.
Concordo com tudo. Sou Eurico porque desde que começou a mandar no futebol, só me trouxe alegrias e títulos. Gostaria que ele tivesse sido eleito. Mas é assim a vida.. mesmo não ganhando ajudou a derrotar esse CAVALO PARAGUAIO.. Um paraquedista bancado pela Globo conforme foi o Dinamite. Sou Vascaíno de DNA.. torço agora para que o Campello tenha pleno exito em sua administração e que não seja capacho da globo, como esse amarelão golpista Aécio Brant Neves…
ESSAS VERDADES PRECISAM SER LEVADAS AO CONHECIMENTO, PRINCIPALMENTE, DOS DETRATORES E DOS MAL INFORMADOS. PERFEITA A NARRATIVA.
Ano que vem é o ano da Renovação nos contrato nas Cotas de Televisão para os clubes.
Só quero ver se o Alexandre Campello terá a coragem de perguntar a Venus Platinada, quanto é que o CLUB de REGATAS VASCO da GAMA, irá receber quanto a MULAMBADA e os GAMBÁS?
Xará, não espero muita coisa dessa gente. Pelo tímidos passos, e ainda usando justificativas em vão não vão chegar a lugar nenhum. Se quer ser criativo, chamem o que tem de oposição hoje a eles e pergunta quem quer colocar a mão na massa e compartilha o poder no Vasco. Trabalhar ao invés de ficar com viés preconceituoso e jogando para mídia. A hora é de trabalho duro, pois a fase “eleitoral” já terminou.
Se a mídia publicar algo sobre estes esclarecimentos, vão dizer que é chororô.