No dia 25 de janeiro de 1953, o Vasco (convidado por ser o atual campeão carioca) fazia sua estréia no Quadrangular Internacional do Rio de Janeiro contra a equipe argentina do Boca Jrs. Os outros participantes do torneio foram o Racing Club (vice-campeão argentino de 1952) e o Flamengo (vice-campeão carioca de 1952). Após empatar com Boca (4 a 4) e Racing (3 a 3), o Vasco goleou os rubro-negros por 5 a 2, levando o título invicto. Esta seria a primeira de três conquistas internacionais do Gigante da Colina neste ano. As outras seriam o Torneio Internacional de Santiago, disputado em abril e o Octogonal Rivadavia Correa Mayer, entre junho e julho. Este último, com aval da FIFA e tendo peso de campeonato mundial de clubes.
Assim descreveu a peleja o jornal “O Globo” do dia 26/01/1953:
“Depois do empate da noite de sábado entre Flamengo e Racing na abertura do Torneio Quadrangular, tivemos na tarde de ontem, no Maracanã, um novo empate, entre o campeão da cidade, o Vasco da Garna, e o Boca Juniors. Com a diferença apenas que o empate de ontem foi mais cheio de altos e baixo, mais acidentado, e no qual o team local mereceu elogios e fortes reprovações. Elogios porque realmente teve o mérito do espirito lutador, partindo duas vezes em busca do empate sensacional, depois de estar com o match praticamente perdido. Assim esteve o Vasco inferiorizado em 2 a 0 no primeiro tempo e logo no inicio do segundo tempo chegou ao empate de 2 a 2. Tornou o Boca Junior a colocar dois goals a frente, com o placar de 4×2, e voltou o campeão carioca a reagir, nessa altura já com dez homens apenas, pelo justíssima expulsão de Jorge, para chegar ao empate finai de 4 a 4.
Um empate que foi um prêmio ao grande estorço dos cruzmaltinos e deve ter servido corno uma lição ao quadro argentino, que depois dos 4 a 2, se descuidou, caindo muito de produção, confiado por certo não só nos dois gols de diferença, como na circunstância posterior de estar o adversado reduzido a dez homens.“
A MARCHA DO PLACAR
O Score foi aberto pelo Boca aos oito minutos de jogo. Numa carga dos argentinos, em que a bola andou de pé em pé na área cruzmaltina, Haroldo falhou, dando um chutinho de infantil. A bola caiu nos pés de Rolando, que rápido atirou alto no centro do goal, vencendo Barbosa. Aos 35 minutos surgiu o segundo gol do Boca. Numa carga cerrada dos visitante, o center Rolando atirou forte em gol. Barbosa defendeu parcialmente, largando a bola e Montano, entrando, mandou o couro às redes, fixando o placar de 2 a 0, que foi o final do tempo.
No segundo período, o Vasco deu a saída e de pronto, com uns 15 ou 20 segundos de jogo, Vavá, entrando pelo centro da área, numa bola lançada por Ademir, atirou magnificamente com o pé esquerdo, de virada, no canto do gol de Carletti. Cresceu o Vasco e, pouco depois, aos seis minutos, Ademir, rodando com a bola na entrada da área, atirou alto e forte no gol, vencendo novamente Carletti. Com 2 a 2 no placar, parecia que o Vasco iria tomar o rumo da vitória, mas eis que aos nove minutos Chico, recuando em perseguição ao ponteiro Navarro, aplicou-lhe um foul de “carrinho”. O próprio Navarro cobrou alto sobre a área e Rolando, saltando, golpeou de cabeça no centro da meta de Barbosa, assinalando o 3º gol do Boca. E logo depois, aos 11 minutos, numa bola lançada dentro da área Navarro, entrando rapidamente, desviou o couro de Barbosa, que saíra ao seu encontro, e assinalou o quarto gol do Boca. O toque do ponteiro foi tão leve, tão de fininho, que a bola entrou na meta lentamente, preguiçosamente.
Com 4×2 o Boca tranquilizou-se e o Vasco desesperou-se. Dai o foul violento de Danilo em Montano aos 12 minutos, seguido da agressão de Jorge em Maurino. Expulso Jorge, com Ipojucan recuando para médio esquerdo, o jogo caiu de movimentação. Mas aos 33 minutos, num córner cobrado por Chico, Ademir saltou bem de cabeça e marcou o terceiro gol. Chico saiu logo depois desse gol e entrou Sarno de half, voltando Ipojucan ao ataque na ponta direita, com Sabará na ponta esquerda. E o Vasco passou o atacar mais, até que aos 41 minutos, conseguiu o tento do empate final, de pênalti. O lance nasceu de uma bola chutada por Vavá em gol e em que Ademir correu para entrar no keeper Carletti. O zagueiro Colman, precipitadamente, quando viu Ademir correr sobre o arqueiro tentou agarrar o avante vascaíno, puxando-o pelo braço. Não o conseguiu totalmente, mas desequilibrou Ademir, e o sr. Mário Vianna prontamente assinalou o pênalti. Ipojucan cobrou a falta máxima de maneira interessante, balançando o corpo mas atirando certeiro ao fundo das redes. E com 4 a 4 no marcador, terminou a peleja.
FICHA DO JOGO:
QUADRANGULAR INTERNACIONAL DO RIO DE JANEIRO (25/01/1953)
CR VASCO DA GAMA 4 x 4 BOCA JRS
LOCAL: Maracanã
ÁRBITRO: Mário Viana
CR VASCO DA GAMA:
Barbosa, Augusto e Haroldo; Eli, Danilo e Jorge (Ipojucan) (Sarno); Sabará, Ademir, Ipojucan, Vavá e Chico.
CA BOCA JRS:
Carleri,Olman e Otero (Bendasi); Lombardo, Mauricio e Péscia; Navarro, Montano, Rolando, Gil e Gonzalez.
GOLS: Rolando (8 do 1º tempo), Montano (11 do 1º tempo), Vavá (1 do 2º tempo), Ademir (6 do 2º tempo), Rolando (9 do 2º tempo), Navarro (11 do 2º tempo) e Ipojucan 45 do 2º tempo).
Fonte: História Cruzmaltina
Eu assisti esse jogo pela televisão! Todos lá em casa vibraram muito. Foi sensacional. O gol de penalty de Ipojucan foi com uma paradinha. Ele que inventou a paradinha e não o Pelé…
Atenção, pularam o gol de Ademir na “ficha do jogo”. Esse torneio mexeu com o Rio de Janeiro.
CASACA de parabéns com essas recordações!