O Coritiba havia sido Campeão Brasileiro uma única vez, no ano de 1985. Lela, um dos destaques do time na ocasião, fez gols importantes, entre eles o da classificação alviverde para as oitavas-de-final da competição, no último minuto da partida disputada no Couto Pereira diante do já eliminado Santos.
A equipe praiana sucumbiu no fim, mas triste mesmo ficou a galera do Fluminense, esperançosa ainda pelo Bicampeonato Brasileiro, caso o Coxa tropeçasse em casa naquela rodada derradeira da fase de classificação. Um sonho que seu ex-atleta Lela, mal aproveitado pelo Flu em 1982, fez virar pesadelo, com direito à tradicional careta, marca característica de suas comemorações a cada gol marcado.
Naquela quarta-feira à noite em São Januário, quase 26 anos depois, seria realizada a primeira partida decisiva da Copa do Brasil. Vasco e Coritiba jamais haviam ganho aquele troféu e o Vasco não conquistava um campeonato há 8 anos, diferentemente do Coxa, Bicampeão Paranaense, invicto inclusive naquele ano e tendo construído um recorde de jogos sem perder difícil de ser batido na década: 29 partidas oficiais, entre elas uma goleada em casa diante do Palmeiras por sonoros 6 x 0.
Camisa por camisa a do Vasco tinha mais peso, mas tratava-se de uma decisão inédita e a finalíssima seria em Curitiba. Era recomendável ao Gigante da Colina, portanto, vencer em casa a fim de ter mais tranquilidade para jogar no sul.
Tinha o Vasco um bom elenco, no qual destacavam-se Fernando Prass, Dedé, Felipe e Diego Souza, embora coadjuvassem bem a equipe outros nomes, entre os quais o filho de Lela, Alecsandro.
Já a equipe paranaense, dirigida por Marcelo Oliveira possuía alguns nomes de destaque como Rafinha e Anderson Aquino, mas sua força vinha mesmo do conjunto. Um time bem distribuído em campo e com um contra-ataque muito veloz.
A partida começa truncada, com o Vasco buscando brechas para penetrar na área inimiga e o Coritiba apostando nos contragolpes para surpreender o adversário.
Aos 17 minutos Jonas investe pela direita do ataque, entrega a Bill, que gira o corpo e bate de esquerda, próximo à área. Fernando Prass defende parcialmente e no rebote Allan alivia o perigo.
Aos 20 chega pela primeira vez o Vasco, após passe magistral de Felipe para Diego Souza, nas costas da defesa paranaense. O meia recebe na área, o goleiro Edson Bastos dá combate, enquanto Lucas Mendes, esperto na jogada, chega na cobertura. Apertado no lance Diego Souza ainda consegue girar para em seguida arrematar rasteiro, porém sem muita força. Bastos estica o braço e manda à córner.
O jogo chega ao intervalo sem outra chance clara de gol para quaisquer dos lados. O time comandado pelo treinador Ricardo Gomes precisaria ser mais enfático no segundo tempo para conseguir a vitória.
Iniciada a etapa derradeira o panorama pouco mudou. O Vasco tomava a iniciativa, o Coritiba aguardava a chance de contra-atacar.
Aos 5 minutos tudo muda. Bernardo gira pelo meio e entrega a Diego Souza, que abre na direita a Allan. O centro na primeira trave encontra a cabeça de Alecsandro, que se antecipa à zaga para marcar o gol vascaíno fazendo estremecer o estádio de São Januário. O centroavante cruzmaltino comemora tal qual o pai fazia, com uma careta até mais dócil. Vasco 1 x 0.
A equipe coxa branca, em desvantagem, arrisca mais nas manobras ofensivas. Aos 16 minutos Léo Gago faz lançamento para a área e Bill ganha de Anderson Martins e Dedé para em seguida bater de esquerda à queima roupa, mas Fernando Prass pratica ótima defesa, rebatendo a pelota, afastada da área em seguida por Anderson Martins.
A partida é pegada, movimentada. As faltas começam a se suceder e numa delas, com a barreira postada no centro da meia lua, Bernardo bate de curva e quase acerta o alvo. A bola chega a tocar na rede, mas pelo lado de fora. Eram decorridos 39 minutos na ocasião.
Já no período de acréscimos o Coritiba constrói seu ataque mais perigoso no jogo. O goleiro Edson Bastos da intermediária de seu campo estica na direita e encontra Leonardo (que substituíra Bill). Ele recolhe e toca no meio para Rafinha fazer grande jogada. O meia-atacante consegue se desvencilhar de dois adversários e cruza da direita, por baixo, na primeira trave. Anderson Aquino tem a chance, mas atira fora, ante à chegada da defensiva vascaína no lance.
Pouco depois o árbitro encerra o espetáculo e o Vasco põe uma das mãos na taça. Para conquistá-la na semana seguinte precisaria novamente da ajuda de Alecsandro, que com gols e caretas estava próximo de escrever seu nome na história de uma conquista inédita para o clube.
O Globo (02/06/2011)
Outros jogos do Vasco em 01 de junho:
Carioca 2 x 4 Vasco (Carioca 1924)
Goytacaz 1 x 2 Vasco (Amistoso 1952)
Santos 2 x 3 Vasco (Torneio Rio-SP 1957)
Combinado de Trondheim-NOR 0 x 11 Vasco (Amistoso 1961)
Seleção da Austrália 0 x 1 Vasco (Torneio Internacional da Austrália 1985)
Casaca!