Um clube deve receber financiamento superior a todos os demais, inclusive aquele advindo de nosso caixa. Este deve ser o time nacional. A marca brasileira. O “modelo de gestão”. Mas um modelo que, a despeito da propaganda em contrário que fazemos, não deve e não pode ser seguido, a começar pela disparidade oceânica entre as verbas destinadas por nós ao time nacional e aos demais clubes. Outros dois ou três clubes, com financiamentos “artificiais” (leia-se, mecenato ou tudo aquilo que escapa ao tal modelo do tal clube que priorizamos) devem fazer o papel de coadjuvantes, de modo que haja chances eventuais e quase sempre improváveis do time nacional não sagrar-se campeão, valorizando, assim, nossos produtos, os campeonatos. Os outros times todos devem imediatamente tornarem-se empresas, de modo que uma gestão “racional” possa não só propiciar lucros aos seus proprietários, como também fazer-lhes entender de uma vez por todas o seu lugar de figurantes, de luxo ou não, nos campeonatos, o que lhes fará empresarialmente compreender que tentativas de disputar títulos não são senão loucuras keynesianas que não trarão nada mais que frustrações, endividamentos e novos rebaixamentos.
Esta é a proposta, em parte dita, em parte revelada, da Globo e consortes para o futebol brasileiro. É isso o que ela diz, mesmo sem dizê-lo no todo. Não à toa, hoje ela “disponibilizou” um de seus ideólogos sapatênis para o ex-Botafogo de Futebol e Regatas, e particularmente acharia até justo se ela arcasse ao menos em parte com o seu salário, afinal, propaganda também requer investimento, e pode trazer retorno.
Quanto às histórias centenárias desses clubes e as imcomensuráveis paixões de seus torcedores de várias gerações, são questões que devem ser o quanto antes diluídas nas “águas gélidas do cálculo egoísta”, para citarmos aqui dois alemães de antanho.
É preciso resistir. Antes que o que resta de futebol acabe. Pra sempre.
Felipe Demier
Fora globo! fora do Brasil! vai queimar 👶 lá na Pqp!