Desde 1997 em rigorosamente todas as eleições realizadas em São Januário nos posicionamos em chapas diferentes. O Casaca! da mesma forma.
Muito é dito na política do Vasco sobre pessoas, mas pouco se conhece delas.
Todo o quadro social conhece bem hoje o grupo bicolor, cínico ou sonso, falsamente austero, pequeno em atitudes, que resolveu “decapitar” antigos companheiros de luta, quando esses saíram da linha movediça na qual se encontra atolado o MUV, desde que assumiu o Vasco em 2008, contando 10 anos de poder, com uma lacuna, na qual o clube reduziu sua dívida, ganhou mais títulos e taças e venceu mais vezes seus adversários diretos do Rio de Janeiro, reconstruiu patrimônio, pagou em dia em aproximadamente 90% da totalidade do período, obteve certidões positivas com efeito de negativas no mesmo percentual de tempo, reavivou Basquete, Remo, sua base e sua relevância institucional, tendo sido deixado na Taça Libertadores da América em 2018.
Por outro lado, digo, com tranquilidade, que o quadro social conhece outros atores políticos aparentemente muito, em função das massificações falsas de discursos pré-formatados e engolidos com a mesma tranquilidade que o Vasco engole hoje a situação de distanciamento em relação ao principal rival e se deixa enganar (ainda alguns poucos e muitos robôs) com os mais descabidos discursos.
Um tiro no pé político se dá quando se faz o que se fez na sexta-feira última, mas a imaturidade política leva a isso. Não vamos nos ater às justificativas de quem não as tem para qualquer punição e se vê obrigado a usar de pirotecnia para se justificar. Mas quem já fumou o estatuto para golpeá-lo, convenhamos, tem desculpa para tudo.
A imaturidade política, voltando, encontra-se alicerçada às questões pessoais e infantis, que, pondo o Vasco em plano secundário, dão vazão ao absurdo cometido contra dois conselheiros natos do clube, infringindo preceitos, inclusive, constitucionais, que tangenciam o contraditório e a ampla defesa para criar um gozo político de decidir algo que satisfaz às pequenezas de muitos, ou ao desconhecimento frontal do estatuto e do modus operandi por décadas do Vasco de outros.
Vale ressaltar para quem desconhece, que na gestão última, em outubro de 2020 (meses depois dos fins dos trabalhos da Junta Deliberativa), alegou o clube na ação 0176177-1-2020.8.19.001, proposta por dois associados (os quais obtiveram êxito no pedido) e distribuída à 27ª Vara Cível, que sócios gerais com três meses de inadimplência (na verdade mais de três meses pelo estatuto) são eliminados do quadro social, cabendo-lhes carência para voltar e possibilidade disso a partir de anuência do Conselho de Beneméritos (art. 43 caput e seu parágrafo único). O fato foi devidamente registrado por mim na reunião da última sexta-feira, em questão de ordem levantada na ocasião.
A questão aqui não é a probabilíssima reversão disso na Justiça, mas sim o ganho de tempo sem alguns opositores ferrenhos da gestão nela, tempo no qual não se tem dois votos contra o atual estado de coisas no Vasco.
Roberto Monteiro Soares foi adversário político meu e nosso (Casaca!), junto ao grupo que lidera (Identidade Vasco), durante anos a fio, mas na eleição de 2014, sob minha desconfiança prévia, o vi comportar-se como um digno representante do Vasco na qualidade de presidente da mesa. Mas não por conveniência, pois sua chapa era candidata à eleição e terminaria em terceiro lugar. Nada foi feito por ele no intuito de melar ou tumultuar o processo. Já sabendo do resultado preocupou-se o magistrado daquela eleição em elaborar a ata com todos os cuidados, a fim de que nenhum vagabundo fosse à Justiça questionar o resultado lídimo daquele pleito, o qual, repito, só lhe desfavoreceu, bem como desfavoreceu seu grupo, quanto ao numerário de votos.
Os anos passaram e, na minha cabeça, aquilo não foi menor.
Veio a eleição de 2017 e novamente em chapas distintas fomos para a disputa de votos em São Januário. Houve um racha da chapa vencedora e dali saíram, para o segundo turno, dois péssimos candidatos, na minha visão, para gerir o Vasco. O menos péssimo venceu e ambos acabaram abraçados no golpe dado contra o Vasco em novembro último, após o primeiro salvar o segundo de sindicâncias, junto com o grupo bicolor, apesar de um suposto regurgitar inicial de seus adeptos, ditos amarelos, logo após a derrota mais infantil de um candidato a presidente na história do Vasco, em janeiro de 2018.
Depois disso, eu, finalmente, tive uma conversa com Roberto Monteiro e depois muitas outras. Não concordo com tudo o que ele acha e ele não concorda com tudo do que eu entendo, discordo de algumas coisas que ele entende e ele discorda de algumas coisas que eu acho. E assim nos entendemos nos últimos três anos e tanto, respeitando a posição alheia e convergindo no que há para convergir.
Mais uma vez em 2020 seguimos caminhos diferentes nas eleições, mas fomos, ambos, institucionais no pleito. Na hora de os homens se mostrarem homens e dos covardes se mostrarem crianças imaturas.
O conteúdo de tudo, de lá para cá, já está devidamente sedimentado na cabeça dos vascaínos. Em esmagadora maioria, apesar do silêncio ensurdecedor da mídia convencional, num posicionamento meramente protocolar, indigno de sua força, diante do estapafúrdio que se viu e se vê no clube.
Meu lamento profundo pelo cometido contra Roberto Monteiro Soares e Edmilson José Valentim dos Santos (não menos injustiçado), coincidentemente pertencentes a um mesmo grupo, composto, embora adversário, por nomes outros de relevo e que terão por parte do Casaca! todo o apoio para o que for necessário, a fim de que esse mal ao Vasco, por extensão, não perdure por muito tempo.
Finalmente, ao Roberto Monteiro:
Aquilo que teu pai te deu, vagabundo nenhum vai tomar.
O tempo é o senhor da razão.
Sérgio Frias