Roberto foi ídolo de inúmeros torcedores vascaínos, da maioria das crianças de várias épocas e tem registrado seu nome na história do Vasco por seus feitos como atleta. Não tanto pelos títulos, que não foram muitos em quase 20 anos (atuando à vera três Cariocas e um Brasileiro, mais outro Carioca jogando pouco), mas pelos inúmeros gols marcados e tantas vezes que atuou em times sem a devida qualificação, com ele próprio despontando para levar o Vasco a vitórias.
Tempos em que a Federação do Rio era dominada pela dupla Fla/Flu e o futebol carioca também dominado pelos dois clubes até aparecer um tal de Eurico Miranda e acabar com a festa.
Para que se tenha uma ideia, mais da metade dos títulos estaduais ganhos por Roberto foram no período a partir do qual Eurico Miranda passou a comandar o futebol do clube e mesmo não havendo espaço para Dinamite no Campeonato Brasileiro de 1989, o dirigente fez questão de pôr nele a faixa de campeão no dia da entrega delas em São Januário, afirmando Dinamite aos microfones recebê-la com satisfação porque sabia que para Eurico ele, Roberto, jamais havia saído do Vasco.
De fato, Eurico fora garantidor de várias renovações de seus contratos ao final de carreira com oposições internas a isso, inclusive em 1990, quando voltou do empréstimo da Portuguesa, ocasião na qual Roberto afirmou que se o Flamengo lhe fizesse boa proposta atuaria no rubro-negro, sem o menor problema, 10 anos, praticamente, após o ocorrido em 1980.
O próprio Eurico, como todo o Vasco sabe e a história registra, foi o responsável pela vinda dele Roberto, da Espanha, quando o Vice-Presidente de Futebol, Antônio Soares Calçada, queria apenas receber o valor restante da venda do atleta ao Barcelona-ESP e não o jogador de volta, que, por sua vez, na qualidade de profissional, só não fechou com o Flamengo e foi atuar na Gávea exatamente porque Eurico interveio e se virou na Espanha, deblaterando com empresários e convencendo Roberto a voltar para o Vasco.
Mas Roberto, como dizíamos, teve vários registros emblemáticos na história do clube. Seus mais de 600 gols como profissional o fizeram ser, entre várias outras coisas, o maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro e o maior artilheiro do confronto diante do maior rival.
Roberto tornou-se político e, através dos vascaínos, obteve inúmeras reeleições para cargos eletivos da política geral, sem a esmagadora maioria se preocupar se fazia bons ou maus mandatos como Vereador ou Deputado Estadual. Votava-se no ídolo, como numa espécie de reconhecimento por tudo o que fizera nos gramados.
A grande bobagem de Roberto foi se meter na política do Vasco e pela via não adequada. Primeiro falando em ser presidente do Vasco num ato que fora promovido pelo clube em 2001 para dar força exatamente a quem estava administrando, evento para o qual foi convidado com um fim e deu entrevistas visando outro.
Dali por diante, o desentendimento ocorreu e Roberto aceitou ser um veículo do MUV para assumir o clube.
Tivesse ele gerido o Vasco de forma menos que catastrófica teria aceitação da torcida, que lhe pegou no colo inúmeras vezes e o reelegeu com 93% dos votos, após ter ele rebaixado o clube pela primeira vez na história do futebol vascaíno e depois ter rebaixado o Vasco nas cotas de TV, o que traria ao Flamengo, ao longo dos anos, o vislumbre de supremacia visto hoje, pela progressão geométrica de ganhos, a partir daquele, supremacia, diga-se de passagem, freada entre 2015 e 2017, quando virou saco de pancadas do Vasco, apesar de duas vitórias no último ano, a ponto de obter metade dos títulos do rival no período e apenas 1/4 de taças oficiais no futebol profissional.
Roberto andou dando entrevistas não com versões, mas com mentiras, a respeito da situação em que pegou o Vasco. Isso não se faz. Não é correto, não é justo, não é digno da idolatria que trouxe vascaínos a acreditarem nele em campo.
Não se diz que pegou o Vasco com o clube podendo fechar. Antes de tudo é risível o dizer, mas, além disso, agressivo à história do próprio Vasco à época.
O Vasco, assim como Flamengo, Botafogo, Fluminense, São Paulo, Corinthians, Grêmio, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Internacional, Palmeiras, Santos, ou seja, todos os grandes, possuía dívidas, mas não estavam equacionadas da boca para fora e sim na prática, com recursos a serem utilizados, dinheiro novo a ser feito e com a garantia de quem assumia de que a partir dali surgiria uma fila de investidores.
O Vasco foi assumido em julho de 2008 com salários em dia e assim se mantinha por quatro anos consecutivos, com problemas nesse período em duas, três ocasiões. No 2º semestre de 2008 já havia atraso de salários e durante 6 anos e 5 meses isso foi recorrente no clube, tal qual é agora, diferentemente do que foi a gestão última de Eurico Miranda durante 2 anos e 8 meses, que pagou, também, os meses em atraso deixados pela gestão do próprio MUV/Dinamite, o que, por sinal, a gestão atual não fez em relação a duas folhas da gestão antecessora no decorrer do ano seguinte (uma de salário e, também, a gratificação natalina).
A falta do respeito ao princípio da continuidade administrativa, desdenhada por Roberto à época e por Campello em 2018, difere daquilo que fora feito por Eurico Miranda em 2001 (assumiu o clube com 18 meses de cotas adiantadas, meses de salários atrasados e muitos meses de direitos de imagem atrasados, fora pendências outras, oriundas do calote do banco ao clube desde julho de 2000) e quando reassumiu o clube no final de 2014, ocasião na qual não falou em Vasco fechando, mas sim fechou os pagamentos necessários em 25 dias para obter certidões positivas com efeito de negativas e começou a acertar salários, recuperar o patrimônio, destruído ou abandonado pela gestão anterior, recuperar a base e ainda reconquistar o Campeonato Carioca, após 11 anos.
Aliás, sobre Campeonato Carioca, é importante ressaltar que essa “mole” competição de ganhar, teve Roberto como atleta nela por 15 edições, antes de Eurico assumir o futebol do clube, e mais 6 outras oportunidades com ele, Roberto, na presidência. No total o Vasco venceu duas. Duas em 21 oportunidades.
Com Eurico Miranda, Vice-Presidente de Futebol do clube, segundo, primeiro vice ou presidente, o Vasco conquistou 9 títulos em 26 oportunidades. Nesse período Roberto Dinamite, como atleta, conquistou 3 títulos em 6 oportunidades.
O Vasco, deixado por Eurico Miranda em junho de 2008, tinha um custo mensal, total, próximo a 3,5 milhões de reais, mas foi reassumido no final de 2014 tendo que girar com valores entre 10 e 12 milhões mensais.
O MUV, junto a Dinamite, assumiu o Vasco em julho de 2008, sabendo que teria disponível 3 milhões de reais no dia 30 (primeira parcela da venda de Phillippe Coutinho), com rendas de bilheteria até o fim de junho liberadas (sem penhoras) e com o caminho (ensinado e seguido) para obter antecipação de cotas de TV (a direção sucessora pegou o clube com 9 meses de cotas adiantadas, metade do que Eurico Miranda pegara o Vasco em janeiro de 2001 e deixou o Vasco com praticamente nada a receber entre 2015 e 2016), sem ter que passar pela Globo, via Clube dos 13, que o Vasco inacreditavelmente implodiria 3 anos depois, sob as orientações do Flamengo e pelo bem do futebol carioca.
O MUV assumiu o Vasco sem nenhum título protestado e o deixou com mais de 100 em 2014, assumiu o Vasco com atletas de sua base 100% ou praticamente isso vinculados ao clube (percentuais de direitos econômicos) e saiu com ela fatiada em percentuais consideráveis, em vários e vários casos. Souza, Alex Teixeira e Alan Kardec eram ativos do clube (Alex Teixeira com multa de 100 milhões de reais), atletas preparados para jogar e serem negociados, como foram, a partir de 2009, Pablo e Jean, titulares da equipe, no meio do Campeonato Brasileiro de 2008, assim como Morais, emprestado e no ano seguinte vendido ao Corinthians, entre outros.
O Vasco tinha, além de sua base, atletas no elenco que o mantinham em oito rodadas no Campeonato Brasileiro de 2008 na nona posição (oitavo lugar em pontos, uma posição atrás pelo saldo de gols), seu ataque era o sétimo da competição e sua defesa tinha nove outras atrás dela, o clube já estivera na zona da Libertadores em uma das 8 rodadas iniciais, se dera ao luxo de atuar com 10 reservas frente ao Botafogo, no Engenhão, por disputar concomitantemente a semifinal da Copa do Brasil, competição na qual foi eliminado nos pênaltis, em São Januário, para o futuro campeão, enquanto seu futuro presidente comentava por uma emissora de TV a outra semifinal entre Corinthians x Botafogo, e há 108 rodadas não frequentava a zona de rebaixamento, sendo dos clubes cariocas nos pontos corridos quem menos vezes havia estado no Z4, ao longo do período e em nenhuma oportunidade no 2º turno da competição.
O Vasco tinha contratos para além do fim da temporada com praticamente toda a sua base, atuante no time de cima, e apostava a cada ano em outros na maioria curtos, um ou outro mais longo e assim fazia desde o surgimento da Lei Pelé, que trazia riscos de contratos longos assinados quando uma aposta não dava certo. Esse caminho que fez o Vasco ter elenco, ser campeão, chegar à final estadual e nacional, ganhar turnos, brigar por Libertadores e chegar na Sul-Americana (onde fora deixado em 2008), manter-se sem ninguém à sua frente no confronto direto estadual e pagar em dia seus compromissos, inclusive acordos quebrados tão logo a administração sucessora assumiu o clube.
Roberto, a solução não é mentir e distorcer, fazendo mais do mesmo do que se vê por aí na internet, em mídias sociais, por gente interessada nisso, por motivos inconfessáveis, fora alguma ingenuidade aqui e ali. A distorção politiqueira da história do clube serve a um propósito, mas certamente o propósito não é o bem do Vasco e exatamente por isso é necessário refutar com fatos o dito, para que não fique pelo não dito.
Eurico está morto, mas morreu com muitas homenagens, com reconhecimento daquilo que fez para o clube e, em sua função, para o futebol brasileiro. Ele saiu por cima, com o Vasco classificado à Libertadores, tendo diminuído a dívida do Vasco, apesar de quase triplicada pela gestão antecessora (a sua) em 6 anos e 5 meses, consagrou-se como o dirigente com maior número de taças oficiais ganhas na história do Vasco, tornou ao largo de 26 anos o Vasco superior no confronto e em títulos oficiais a todos os seus adversários desse estado, tem no seu currículo a maior invencibilidade da história do clube em jogos oficiais e a maior do século (junto a Corinthians e Cruzeiro), o reconhecimento de um Campeonato Sul-Americano com status de Libertadores, recorde de vitórias consecutivas na Taça Libertadores (junto ao Cruzeiro), vitórias em todas as decisões de taça contra o Fluminense (9), antigo algoz, além de ter batido de mão cheia no Flamengo, uma vez na Páscoa e outra a uma semana do Dia das Crianças.
Nesses 26 anos, o Flamengo não ganhou nenhuma Libertadores e apenas um título brasileiro e o conquistou quando o Vasco permitiu, após ter sido o clube roubado em São Paulo (um gol seu mal anulado) e, contra as previsões midiáticas, jogado de forma digna contra o São Paulo na última rodada da fase semifinal, com orientação do próprio Eurico Miranda para tal.
Eurico Miranda e você poderiam ter sido os amigos que foram durante anos, pois ele, contra muitos no Vasco, só buscou fazer o bem a você, tratou-o de forma diferenciada, nos bons e maus momentos, se indispôs com dirigentes, em especial Calçada, por sua causa e mesmo com toda a oposição interna proporcionou a que você tivesse um final de carreira digno e um início de vida pública alvissareiro.
Cá para nós, ir à mídia se lamuriar de algo que “implodiu” (no caso o Vasco), por total incapacidade administrativa e até desídia, comprovada pela forma como foi transformando o clube até deixá-lo no estado em que foi visto no final de 2014, aproveitando-se do fato de que não há contraponto de quem critica, porque está morto, não é uma atitude de artilheiro, mas um gol contra, primeiro porque está distorcendo os fatos, portanto, repetimos, a história do Vasco, e segundo porque está, mais uma vez, traindo, desta vez post mortem, a quem te deu a mão e você pagou com traição.
Mude, Roberto. Para melhor.
Sérgio Frias
Em relação ao Roberto fica o que disse cazuza… Meus heróis morreram de overdose…
Roberto se iguala a Pelé. Bom com os pés, péssimo nas declarações.
Cá entre nós, esse cara foi meu ídolo também, mas jamais o vi chorar por uma derrota do Vasco. Nunca! E quem viveu a época desse sujeito no Vasco, por mais ídolo que nós o considerássemos, deve se lembrar muito bem como eram difíceis as renovações de contrato. Nessas horas, ele só pensava nele e nunca no Vasco. Me lembro muito bem da sua presença em programas de televisão, jogando a torcida contra o clube quando estava sem contrato. E na minha opinião, nunca teve tanto amor pelo Vasco assim; estava sempre cavando para sair. Me recordo de vê-lo como ídolo do Vasco e dizer que sonhava jogar no Internacional de Porto Alegre. Hoje vejo que é inacreditável eu ter saído quase na porrada com flamenguistas para defendê-lo!