Sérgio Frias
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O retorno da Supercopa Libertadores e o Vasco

Entre 1988 e 1996 a Supercopa Libertadores não teve o Vasco, primeiro Campeão Sul-Americano, na disputa.

Um título, que era a simbologia do modelo de disputa da Taça Libertadores da América, conquistado em 1948, no Chile, trouxe ao Vasco apenas 48 anos depois seu reconhecimento oficial.

A obra protagonizada por um plêiade de craques, como Barbosa, Augusto, Ely, Danilo, Ademir, Friaça, Lelé, Chico, entre outros, seria tratada como oficial na história do futebol deste continente, após trabalho dos mais elogiosos feito por Eurico Miranda nos bastidores, com ajuda do hoje professor doutor em história, Mario Angelo Miranda.

Mas um reconhecimento somente não bastava. Em que grau, em que altura, em que patamar destacar-se-ia aquele título emblemático?

Havia à época a Copa Conmebol, um torneio menor como é hoje a Copa Sul-Americana, disputada a princípio, ou no decorrer de todo o certame, conforme o caso, por equipes não classificadas para a Taça Libertadores da América.

Chegou a ocorrer a disputa no início de 1996 da Copa Master da Conmebol, protagonizada pelas equipes campeãs da Copa Conmebol entre 1992 e 1995 (Atlético-MG, Botafogo, São Paulo e Rosário Central-ARG). Caberia o Vasco ali?

Não.

O Vasco não só teve em 1996 seu título reconhecido, como foi relacionado para disputar a Supercopa Libertadores de 1997, competição da qual faziam parte apenas os campeões de Taças Libertadores da América.

A participação do Vasco, a partir daquela edição, conforme comprovado pelo documento oficial da própria entidade, punha o título conquistado no patamar que merecia o clube e seus heróis de 1948.

Com efeito, em 1997 o Vasco estreou na Supercopa Libertadores, diante do Peñarol-URU, em São Januário, a 20 de junho, uma sexta-feira à noite.

Antes do início daquela partida foram homenageados muitos dos campeões sul-americanos ainda vivos à época, levados ao gramado de São Januário por Eurico Miranda. Foram eles Barbosa, Augusto, Rafagnelli, Jorge, Friaça, Lelé, Chico, os suplentes Barcheta, Moacir, além de Flávio Costa, treinador daquela equipe, e Amilcar Giffoni, médico do clube na ocasião.

O primeiro gol vascaíno na Supercopa Libertadores foi marcado por Juninho numa cobrança de falta muito parecida com outra que o consagraria perante os torcedores cruzmaltinos no ano seguinte em Buenos Aires.

O Vasco, que perdia por 1 x 0, empatou com o já relembrado tento de Juninho e virou para cima dos uruguaios, com gols de Aguirregaray (Contra) no primeiro tempo e Pimentel fechando o marcador aos 7 minutos da etapa complementar.

Durante a competição a equipe cruzmaltina obteria ainda mais quatro vitórias, dois empates e três derrotas, sendo seu principal algoz o River Plate-ARG, que fora sua vítima em 1948 no jogo do título e, também, a seria na Taça Libertadores de 1998 e na Copa Mercosul de 2000.

A Supercopa Libertadores, extinta no mesmo ano da primeira participação do Vasco (1997), nada tem a ver com a Copa Mercosul incluída no calendário da Conmebol entre 1998 e 2001, junto à Taça Libertadores da América e a Copa Conmebol (disputada pela última vez em 1999).

Surgiria, então, em 2002 a Copa Sul-Americana, com participação de clubes brasileiros a partir de 2003, ocasião na qual a princípio o Vasco não foi colocado como um dos convidados, mas, via bastidores, acabou incluído pela CBF no certame, junto a Atlético-MG, Internacional e Palmeiras.

Dos oito participantes indicados pela entidade máxima do futebol brasileiro (seis melhores colocados no Campeonato Brasileiro do ano anterior mais dois por critério técnico, Cruzeiro e Flamengo), o número subiu para 12, fazendo parte dos convidados ainda não citados Corinthians, Fluminense, Grêmio, Santos, São Caetano, São Paulo.

Um dos motivos expostos pelo Vasco, além da conquista de dois outros títulos continentais, respectivamente em 1998 e 2000, foi a lembrança do obtido em 1948, oficializado em 1996. Daí a inclusão do Flamengo anteriormente ao Vasco na época ter causado um problema sério à CBF, que para não ter de voltar atrás quanto à inclusão do rubro-negro e negação disso ao Vasco, pôs mais quatro clubes na disputa, incluindo o próprio Vasco.

A competição voltará a ser disputada, ao que tudo indica, em 2020, com classificação para o Mundial Interclubes, caso vingue a ideia.

Segundo critérios expostos pela imprensa, a participação do Vasco estaria garantida pela conquista da Taça Libertadores da América de 1998, mas isso cria um problema eterno para a Conmebol, afinal a última edição da Supercopa Libertadores (que pode ser disputada mais de 20 anos depois com outra nomenclatura até), realizada em 1997, teve a participação de todos os campeões de Taça Libertadores até ali (como sugere vir a ser o modelo para o ano vindouro), incluindo o Vasco, que, segundo o documento datado de 1996, participaria da competição não só em 1997, mas sim desde 1997.

O patamar atingido pelo Vasco no futebol sul-americano, Bicampeão, com um dos títulos obtido de forma invicta e sem nenhuma partida disputada em casa, é referência no Rio de Janeiro e oportuniza ao clube chegar em 2020 com condições, por sua história vitoriosa, de alcançar o título maior do futebol mundial, a partir da conquista de uma das vagas para a competição que se busca fazer via FIFA.

Para um clube que conquistou há 19 anos a Copa Mercosul, de forma histórica e inigualável pelas circunstâncias, chegou à Taça Libertadores recentemente (há dois anos) e ainda obteve neste século a maior sequência de vitórias consecutivas na competição (junto a conseguida pelo Cruzeiro em 1976) participar de uma nova Supercopa Libertadores como convidado é o óbvio ululante, pois sem o Vasco a competição se tornaria capenga, tanto quanto avessa à meritocracia.

Sérgio Frias

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