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Vasco hoje (05/06/2013) – Luz por entre as trevas

 

O ano de 2013 para o Vasco se mostrava problemático.

O clube vivia atolado em dívidas, sem crédito e com receitas bloqueadas, fruto dos calotes seguidos dados pela gestão da hora, que deixara para trás o pagamento de impostos, o cumprimento dos acordos firmados pela gestão anterior e por ela própria, além de descalabros administrativos das mais variadas espécies.

Com isso, o Vasco perdeu ao final de 2012 vários atletas sob contrato, que com três meses de salários atrasados ou mais entraram na Justiça do Trabalho contra o clube, ou fizeram acordo para pousaram em outras agremiações. Foram os casos de Fernando Prass, Jonas, Auremir, Nilton e Alecsandro.

Para completar os desmandos, o clube anunciou uma espécie de presidente de fato no início daquele ano, que em matéria veiculada pela Revista Veja apareceu como representante do Vasco junto aos três mandatários dos outros grandes do Rio de Janeiro. Roberto Dinamite, presidente eleito pelos associados um ano antes, não saiu na foto.

A esta altura o clube tinha seu parque aquático coberto por tapumes, ginásio abandonado, sua base treinava em Itaguaí, os salários permaneciam atrasados e a perspectiva era de uma piora no decorrer da temporada, como de fato ocorreu.

No Campeonato Estadual um fracasso retumbante, mesmo após um bom momento vivido na Taça Guanabara, quando chegou à decisão, jogando pelo empate, mas tomou um gol a 11 minutos do fim, perdendo o título para o Botafogo.

O returno demonstrou toda a fragilidade do time, já comandado por Paulo Autuori, que substituíra Gaúcho, após duas derrotas seguidas nos jogos iniciais, diante de Volta Redonda e Nova Iguaçu.

Mesmo com um novo treinador o Vasco empatou com o Olaria em 0 x 0, perdeu de 3 x 0 do Botafogo e na última rodada foi derrotado pelo Madureira, em Conselheiro Galvão, por 1 x 0. Vitórias apenas contra Friburguense e Quissamã em São Januário. O clube terminou o turno em 13º lugar entre 16 concorrentes.

E veio o Campeonato Brasileiro.

As contratações para a temporada até ali não agradavam. O novo gerente de futebol, Renê Simões, trazido no final do ano anterior, era contestado por ter contratado atletas como Michel Alves, Nei, Elsinho, André Ribeiro, Yotun, Sandro Silva, Filippe Soutto, Fabio Lima, Alisson, Thiaguinho, Robinho, Leonardo, entre outros. Por outro lado, após confusão sua com Felipe, um dos poucos nomes de peso no time, sobrou para o craque vascaíno, desligado do clube logo a seguir.

Em meio a tudo isso, Dedé, uma das referências do elenco, foi negociado para o Cruzeiro e com o dinheiro oriundo da transação nem mesmo os salários foram postos totalmente em dia.

No início do Campeonato Brasileiro o Vasco já demonstrava quão difícil seria a competição para ele. Apesar da vitória por 1 x 0 sobre a Portuguesa de Desportos na estreia, logo na segunda rodada o time foi goleado pelo São Paulo por 5 x 1 e no terceiro compromisso voltou a perder, desta vez vencido pelo Vitória-BA, mas também francamente prejudicado pela arbitragem.

Para o duelo contra a forte equipe do Atlético Mineiro, válido pela quarta rodada, embora o mando de campo fosse do Vasco, o estádio de São Januário não estaria apto a receber o encontro, pois havia sido cedido à FIFA, em virtude da Copa das Confederações, que seria realizada entre os dias 15 e 30 de junho daquele ano. Com isso, a partida diante da equipe mineira foi marcada para Volta Redonda.

O Galo vivia um momento especial naquela temporada. Classificado às semifinais da Taça Libertadores, contava com uma equipe das mais competitivas do país, havia conquistado o Bicampeonato Mineiro, derrotando na final o grande rival, Cruzeiro, e era em tese o favorito naquele confronto.

Mesmo sem Rever, Junior Cesar, Ronaldinho Gaúcho, Tardelli e Bernard, o quadro Carijó teria em campo o goleiro Victor, o lateral direito Marcos Rocha, o zagueiro Leonardo Silva, além de Richarlyson, Pierre,Josué, Luan, Guilherme e o perigoso centroavante Jô.

Já o Vasco entraria em campo com Michel Alves no gol, Nei improvisado de lateral-esquerdo, Carlos Alberto de atacante – após dois meses sem atuar –  e o garoto Alisson no meio, auxiliado por Pedro Ken. Edmilson, teoricamente o homem gol do time, ainda estava devendo. Não era uma escalação lá muito animadora.

Mas o futebol se define dentro e campo e nas quatro linhas a história narrada foi outra, bem diferente da prevista.

Aos 3 minutos, após falta cobrada em direção à área, Carlos Alberto cabeceou para excelente defesa de Victor, no reflexo.

Aos 9 foi a vez do Atlético levar perigo à meta vascaína, em cabeçada fraca do atacante Luan, defendida por Michel Alves, que por pouco não deixou a bola passar por entre as pernas, livrando-se de sofrer um autêntico frango.

Dois minutos depois, Carlos Alberto chutou rasteiro, tirando tinta da trave. Lance de grande perigo.

Depois disso só deu Galo.

Aos 14, Luan obrigou Michel Alves a praticar boa defesa e aos 36 e 43 minutos o goleiro trabalhou para evitar, em duas cabeçadas de Jô, a abertura da contagem.

O empate acabou sendo um bom negócio para o Vasco na primeira etapa, dado o volume de jogo dos mineiros.

Iniciada a fase derradeira, o equilíbrio em campo foi a tônica nos 10 minutos iniciais, mas a partir daí o jogo voltou a esquentar.

Aos 14 minutos Pedro Ken obrigou Victor a intervir, pós chute por baixo.

Logo a seguir, Alecsandro, que entrara no intervalo, na vaga do apagado Guilherme, cabeceou com precisão, mas teve Michel Alves no caminho para salvar a cidadela cruzmaltina.

Aos 19, Dakson, que substituíra Carlos Alberto três minutos antes, cabeceou e Victor brilhou novamente, mantendo o placar ainda em branco no clássico.

Mas aos 24 minutos de luta não houve jeito. Alisson, que pertencia ao rival Cruzeiro e estava emprestado ao Vasco, tabelou com Wendel, recebeu de volta e bateu com perfeição, no canto, inaugurando o placar.

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Aos 33 Dakson cabeceou para ótima defesa de Victor, que evitou o segundo.

O Atlético, então, partiu para cima em definitivo e Alecsandro perdeu duas grandes chances, aos 41 e 42 minutos. O ex-vascaíno não se mostrava com sorte naquela noite.

Aos 46, Luan, livre, chutou em cima do goleiro, após receber bom passe de Jô.

Finalmente aos 48 minutos Abuda foi lançado em posição de impedimento, avançou e bateu na saída do goleiro, fechando o marcador. Vasco 2 x 0.

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Terminada a peleja a lamentação atleticana pelas chances desperdiçadas e por algo insólito na tabela de classificação: o Galo, um dos melhores times do Brasil no momento, de tanto poupar atletas caía para a lanterna da competição.

Quanto ao Vasco, em meio à crise, a vitória foi revigorante, mas muito trabalho haveria de ser feito para tornar a equipe de Paulo Autuori minimamente confiável.

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O Globo (06/06/2013)

Outros jogos do Vasco em 05/06:

Combinado de Willemstad-Curaçao 1 x 2 Vasco (Amistoso 1957)

Ferroviário-CE 0 x 4 Vasco (Amistoso 1960)

Vasco 4 x 1 Udinese-ITA (Amistoso 1983)

Vasco 1 x 0 Americano (Carioca 1988)

Casaca!

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