Nesta semana de final contra o Botafogo, serão lembradas vitórias históricas frente ao alvinegro da zona sul. Começamos com o jogão de 27 de abril de 1986, válido pela 1ª rodada da Taça Rio.
O Vasco havia sido campeão da Taça Guanabara no domingo anterior, com uma vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo. Já o Botafogo, vinha de uma invencibilidade de 8 partidas. Um grande jogo , cheio de emoção e golaços. Assim descreveu a partida o jornal “O Globo” do dia seguinte:
“Foi um belo jogo e uma grande vitória do Vasco. Jogando um futebol digno do titulo de campeão da Taça Guanabara, que conquistou na semana passada, a equipe dirigida por Antônio Lopes derrotou o Botafogo por 3 a 2, quebrando assim uma invencibilidade de oito jogos do seu tradicional adversário (o único que o derrotara no primeiro turno). Romário fez o primeiro gol da partida, Helinho empatou para o Botafogo e novamente Romário desempatou para o Vasco, ainda no primeiro tempo. No segundo, Mauricinho fez o gol mais bonito da partida – driblando vários adversários e o goleiro Luis Carlos — e Antônio Carlos diminuiu a diferença para o Botafogo. Após a partida, nos vestiários, os dois técnicos concordavam em um ponto: fora uma grande partida.”
Jornal “O Globo” – 28/04/1986
Jornal “O Globo” – 28/04/1986
“VASCO VENCE BOTAFOGO COM GRANDE EXIBIÇÃO”
“Campeão da Taça Guanabara, o Vasco iniciou o segundo turno do Campeonato Estadual (Taça Rio), dando mais uma grande alegria à sua torcida: derrotou o Botafogo – único time a vence-lo no primeiro turno – por 3 a 2, ontem, no Maracanã, com uma grande atuação, num jogo muito corrido e de belos gols, dois dos quais de Romário, artilheiro absoluto do campeonato.
Apesar da chuva, que deixou o campo muito escorregadio, Vasco e Botafogo fizeram uma das melhores partidas do campeonato, explorando bem a velocidade de seus ataques. O Vasco mereceu a vitória principalmente pelo que mostrou no primeiro tempo, mas o Botafogo nunca se entregou e tentou até o fim chegar ao empate, o que quase conseguiu, no último minuto.
O Vasco começou melhor, atacando seguidamente pela direita, com Paulo Roberto e Gersinho trabalhando bem as jogadas com Mauricinho, que aos cinco minutos arriscou um chute perigoso a gol. Aos 11, num cruzamento alto de Paulo Roberto, Luis Carlos fez boa defesa a córner, mas aos 15 o Vasco marcou o primeiro gol, em cabeçada de Romário. O Botafogo, forçando o jogo pela esquerda, empatou aos 18 minutos, com Helinho, também com gol de cabeça, mas o Vasco, mais aplicado e veloz nos avanços, seguiu criando boas oportunidades. Numa delas, aos 27 minutos, Paulo Roberto, cobrando falta, acertou o travessão de Luís Carlos. Aos 30, porém, o Vasco fez 2 a 1, no 14° gol de Romário no campeonato. E o jogo praticamente poderia ter sido liquidado no primeiro tempo, se Luis Carlos, com o pé, não fizesse uma defesa sensacional aos 42 minutos, numa penetração de Mauricinho.
Com a vantagem no marcador, o Vasco, no segundo tempo, modificou um pouco seu estilo, passando a explorar mais os contra-ataques. Depois de ter tomado uma bola no travessão, aos 2 minutos, num córner batido fechado por Édson, o Vasco esteve por marcar um minuto após, numa enfiada de Roberto para Gersinho. Mas Luis Carlos saiu do gol com precisão e a bola foi para fora. Aos 10, no entanto, em outro lançamento precioso de Roberto, Mauricinho fez 3 a 1, no mais belo gol da partida.
O Botafogo não se entregou. Ao contrário, passou a forçar mais as jogadas de ataque e a criar boas oportunidades, a primeira delas aos 13 minutos, com Paulo Sérgio tirando de soco um centro do Édson, A bola sobrou para Ademir, na pequena área, mas Donato prensou o chute e a bola foi para fora. Aos 18, Paulo Sérgio fez outra grande defesa numa cabeçada de Paulinho. O Vasco voltou a ameaçar aos 19, num chute de Josenilton para fora, mas o Botafogo continuou forçando. Aos 37, num chute de Marinho, Paulo Sérgio fez uma defesa difícil, e aos 41, em falta cobrada por Édson, o goleiro do Vasco voltou a brilhar, desviando a bola para córner. Aos 43, finalmente, o Botafogo diminuiu para 3 a 2, num chute longo de Antônio Carlos, e quase chegou ao empate aos 45, em cabeçada de Osvaldo rente à trave esquerda. Mas acabou perdendo, além da partida de ontem, uma invencibilidade de oito jogos. “
Jornal “O Globo” – 28/04/1986
Jornal “O Globo” – 28/04/1986
Jornal “O Globo” – 28/04/1986
A ficha técnica do jogo e as notas atribuídas aos jogadores cruzmaltinos:
O Jornal do Brasil do dia seguinte ao clássico, destacava as grandes atuações de Romário, Mauricinho e Paulo Roberto:
“Todos saíram alegres do Maracanã. Os torcedores do Vasco cantaram a vitória (3 a 2) e os gols de Mauricinho e Romário (dois). Os do Botafogo, apesar da derrota, festejaram a luta – desordenada é certo – da equipe que perdeu também a invencibilidade de oito jogos. O Vasco, campeão da Taça Guanabara, dominou a partida, graças principalmente a grande atuação de Paulo Roberto, Mauricinho e Romário”
Jornal do Brasil – 28/04/1986
João Saldanha diz em sua coluna que “o time do Vasco é superior e o jogo nada teve de difícil”:
Jornal do Brasil – 28/04/1986
As notas dos atletas, segundo o Jornal do Brasil:
Jornal do Brasil – 28/04/1986
Os gols da partida:
Após o fim do campeonato carioca de 1986, conquistado pelo freguês da Gávea, estourou o escândalo das “papeletas amarelas”.
O fato, em poucas palavras, ocorreu devido a um conflito político interno no Clube de Regatas do Flamengo que fez ficar evidente na época que o clube destinava parte de suas receitas para a compra de árbitros e adversários. As provas (notas fiscais* de cor amarela – daí o nome do episódio) da picaretagem surgiram nesse ano, mas o esquema em si ninguém sabe quando começou.
O escândalo ocorreu durante a administração do presidente George Helal com valores que pode ter chegado a 4 milhões de cruzados – quantia igual gasta na época pela equipe rubro negro pelo atacante Kita. Apos as denuncias, o conselho deliberativo do clube queria saber onde tinham sido gastos os 300,00 mil cruzados depositados na conta do vice presidente de esportes amadores, Leo Rabelo.
Duas versões surgiram na época: a do vice presidente Leo Rabelo que garantiu que o dinheiro fora usado para pagamentos a atletas amadores e profissional, mas não apresentou recibo provando o que dissera em sua defesa. Helal, que numa reunião com dirigentes do Flamengo reafirmou que o dinheiro fora entregue ao diretor de árbitros da Federação, Paulo Antunes, resolveu dar um ponto final ao caso: “Os 300,00 mil cruzados foram distribuídos como doping positivo para incentivar os clubes pequenos contra nossos rivais”. Foi uma saída esperto do dirigente. Como subornador de árbitros, Helal seria incurso no artigo 288 no Código Brasileiro Disciplinar de Futebol e estaria eliminado do esporte. Como aplicador de “doping positivo”, passaria para o 289 e sua pena seria de 90 a 360 dias. Mais um fato imoral e ilegal da vergonhosa história rubro-negra.
“O Presidente do Flamengo, George Helal, acabou admitindo ontem – ainda que indiretamente – que os Cz$ 300 mil desviados das contas do clube foram usados para subornar árbitros durante o último campeonato estadual”
Jornal O Globo – 03/10/1986
Revista Placar – 13/10/1986
Outras vitórias do Vasco em 27 de abril:
Vasco 2 x 1 Palmeiras-RJ (Amistoso 1919)
Vasco 2 x 0 Bonsucesso (Carioca 1930)
América-RN 2 x 3 Vasco (Brasileiro 1974)
Vasco 3 x 0 São Cristovão (Carioca 1977)
Vasco 4 x 0 Deportivo Galícia-VEN (Taça Libertadores 1980)
Vasco 1 x 0 Olimpia-PAR (Taça Libertadores 1990)
Vasco 4 x 1 Nacional-AM (Copa do Brasil 1995)
Vasco 1 x 0 São Caetano (Brasileiro 2003)
Bons tempos em que até o Juiz era do Casaca!!!
Será parente do nosso Luis Cosenza ?
NÃO TENHO DÚVIDAS!
O Horta, o Márcio Braga e o Eurico que Falhou (Augusto Montenegro) já reclamavam à época.