No dia 10 de abril de 1994, o Vasco estreava com vitória no quadrangular final do Carioca de 1994, com uma vitória diante do Botafogo, em dia de William e Carlos Germano. Assim descreveu o jornal “O Globo” o que aconteceu naquela tarde no Estádio Mário Filho:
“O baixinho William andou um bom tempo jogado pelos cantos de São Januário. Foram quatro meses de isolamento. Primeiro, uma contusão; depois, pouco caso com ele na renovação do contrato. Posto à venda, foi oferecido por ai até em troca por outros jogadores. Ninguém apareceu. Em meio ao ostracismo ao qual o levaram, ele bem que avisou: “Sou bom de bola e futebol não se esquece”. O sábio Jair Pereira, ao assumir o comando técnico do time, mostrou que sabe das coisas e o recuperou. Pois na vitória de 1 a 0 de ontem do Vasco sobre o Botafogo, William mostrou suas garras.
Ele andou perturbando o goleiro Vágner até onde pôde. Chutou cara a cara, Vágner defendeu; usou seu passes e lançamentos, ninguém aproveitou. Até que veio aquela falta de Wilson Gottardo em Valdir. Yan ainda se preparou para a cobrança. Mas o pequeno armador chegou mais para perto e avisou: “Essa é comigo”. Estava coberto de razão.
Emoção demais. William acabara de fazer 1 a 0 e o tri já era cantado pela arquibancada vascaína. Veio o pênalti. Roberto Cavalo chutou mal, bola nas mãos de Carlos Germano. Nova jogada de perigo do Botafogo, Marcelo chutou e Carlos Germano evitou novamente o gol.
As duas torcidas deliravam. A do Vasco buscou a quem recorrer. E recorreu aos céus. Lembrou-se dos momentos dramáticos do Fluminense e não se incomodou ao imitar a torcida rival: “A bênção, João de Deus…”, cantou, em agradecimento, num gigantesco coro ouvido por todo o Maracanã.
O jogo continuou corrido, com emoções a todo instante, mas o Vasco pareceu mesmo abençoado. Venceu. Agora tem quatro pontos (tinha dois de bonificação, um pela melhor campanha e outro por ser o primeiro em seu grupo na fase de classificação), dois a mais do que o Flamengo e três a mais do que o Fluminense.
Comovente o Botafogo. Entrou de camisa preta, rasgando a sua tradição. Queria surpreender. Nílton Santos, uma de suas glórias do passado, apelou para a superstição: “Ataquem primeiro para o lado a direito da tribuna, se nos couber escolher o campo”. pediu. Limitado, seu time é. Mas é guerreiro, bom de briga. Com dois minutos de jogo deu um aviso ao Vasco. Eduardo, de longe, mandou uma bola rasteira na trave direita de Carlos Germano.
Valdir respondeu, mas encontrou Vágner atento e bem colocado. O Vasco insistiu. Gottardo empurrou Torres dentro da área. O árbitro Léo Feldman não marcou o pênalti. Os primeiros sustos passaram. Os times se encolheram e se estudaram. Queriam chegar logo ao gol.
Um intervalo nas emoções. Os jogadores respiraram, retomaram o fôlego e pronto: dai até o fim não deu para descansar. Ao provocar sua expulsão, Ricardo Rocha deixou o Vasco em situação dramática. Tanto que os vascaínos só respiraram no apito final. Mas continuam invencíveis: “Tricampeão!”, cantavam eles. ”
Numa equipe que contava com Dener, Valdir, Ricardo Rocha entre outros, destaque especial para William e Carlos Germano, que obtiveram as melhores notas da equipe cruzmaltina:
Outras vitórias do Vasco em 10 de abril:
Botafogo 3 x 6 Vasco (Amistoso 1927)
Vasco 2 x 0 Nacional-COL (Libertadores 1975)
Vasco 2 x 1 Botafogo (Brasileiro 1985)
Vasco 4 x 3 Atlético-PR (Copa do Brasil 1997)
Vasco 1 x 0 São Paulo (Copa do Brasil 2002)