História
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Um outro São Januário para 100.000 pessoas

Stadium do Club Vasco da Gama (planta geral) Pedro Paulo Bastos, architecto
 
Muito se tem debatido acerca da demolição do atual Estádio Vasco da Gama, inaugurado a 21 de abril de 1927.
 
A sua bela história, a união dos dirigentes e associados para a sua construção, feita de sacrifício e superação, está inscrita para sempre na memória vascaína.
Sua bela fachada, em estilo neocolonial e tombado pelo município, deverá ser mantida no caso de modernização do complexo esportivo da antiga rua Abílio, atual General Almério de Moura.
 
No entanto, o estádio atual não foi o único projeto apresentado aos vascaínos.
Um outro “São Januário” foi proposto como Stadium Vasco da Gama.  Mais complexo, fachada elaborada, com anel completo, entrada monumental para as arquibancadas, piscinas, quadra de tênis, ginásio etc.
 
Iremos, portanto, transcrever abaixo o texto original do esboço do projeto proposto em fins de 1925 para o Gigante da Colina, pelo periódico “Architectura do Brasil”:
 

   Stadium do Club Vasco da Gama (fachada) Pedro Paulo Bastos, architecto.

 
O STADIUM DO CLUB VASCO DA GAMA
 
O espirito sportivo está se desenvovendo cada vez mais entre nós. Breve estara inaugurado o prado de corridas do Jockey Clube, e já outra possante agremiação, como é o Club de Regatas Vasco da Gama, inicia, no bairro de S. Januario, a construcção de um gigantesco stadium, digno, pelas suas proporções, da nossa Capital.    Por emquanto só podemos publicar o esboço do grandioso projecto elaborado pelo Architecto Pedro Paulo Bastos.    O edifício occupa 274 metros de frente sobre a rua Abilio e estende-se entre as ruas S. Januario e Ricardo Machado, ficando limitado nos fundos pela rua Bomfim.    O eixo da planta geral corresponde a uma recta perpendicular ao alinhamento da rua Abilio.    Occupa a bacia do Stadium, propriamente dito, quasi 2/3 do terreno sendo, a sua forma determinada por quatro rectas parallelas duas e duas e concordadas por quatro arcos de circulo, de raio egual a 35 metros, internamente.    As archibancadas abrangem 27 metros de projecção horizontal em volta do campo de athletismo, comprehendendo na parte destinada aos socios 36 filas de cadeiras com o espaçamento de 0m,75, e 56 no restante com espaçamento de 0m,50 permittindo assim uma lotação de cerca de 100.000 pessoas.    A inclinação das archibancadas fixada, segundo as construcções recentes deste genero, por meio de uma curva logarithimica, leva em conta a posição dos observadores, os quaes de qualquer uma das filas poderão avistar um mesmo ponto, convenientemente escolhido, dentro do campo de athletismo.    O espaço reservado para o football observa as dimensões estabelecidas pela Liga, tendo mais nas cabeceiras respectivamente, dois campos de baskett-ball e dois para tennis, que servirão unicamente nos campeonatos.    Circumdando o campo principal desenvolve-se a pista para corridas a pé com uma extensão de 480 metros em linha recta.    A circulação, tanto do publico como dos socios, é feita em volta da bacia por meio de tres passagens; uma na base, com 1m,75 de largura, outra no meio, com 2m,20 (que será aproveitada para collocação de camarotes) e a ultima correspondendo á pergula que se vê na fachada principal.  As entradas dão diretamente nestas tres passagens podendo o publico conforme quizer, ter acceso a qualquer parte das archibancadas por meio de escadaras internas, sem ter de percorrer as filas de cadeiras.    Esta organisação é observada nos estabelecimentos congeneres da America do Norte com o fim de facilitar o transito.    O escoamento rapido do Stadium é garantido pelas mesmas vias destinadas ao ingresso e mais por quatro grandes passagens descobertas dirigidas segundo as flexas dos arcos de concordancia do perimetro e por duas outras, collocadas nos centros das cabeceiras, como se vê na planta geral.    A elevação apresentada corresponde sómente a um trecho de 114 metros de archibancada, sob a qual serão collocados os serviços das partes athletica e social.    A primeira, situada no andar terreo, consta das accomodações destinadas aos dois teams, visitante e residente.    As do residente mais amplas, com grande dormitorio com capacidade para 32 pessôas; pharmacia de urgencia; serviço de copa; toilletes; rouparia; vestuario; banheiros e apparelhos sanitarios tem uma entrada independente e communicação subterranea exclusiva para o campo.    Ahi encontram-se igualmente, a parte destinada aos juizes, com entrada independente e communicação tambem directa, para o campo; secção infantil de athletismo e escotismo; policia de campo; bar e restaurante; para o publico e para os socios.    A parte social, situada no segundo pavimento, comprehende dois salões destinados ás reuniões sociaes e outro da directoria; toilletes; etc.    Completando o conjuncto da planta geral, existem os annexos do Stadium; á esquerda, pela rua S. Januario, ha grandes campos de tennis; á direita, além de campos de athletismo, fica collocada uma grande piscina descoberta de 30 metros por 40 metros, marginada lateralmente por archibancadas, e um stand de tiro com cabines para os atiradores.    Foi projectada, deste lado, uma grande avenida, que vai desembocar na cabeceira do campo, e terá para ornamental-a, as estatuas dos athletas mais notáveis.     Na parte opposta á fachada principal, dando para a rua Bomfim, ergue-se um portão monumental onde ficarão collocadas as borboletas que dão ingresso as archibancadas geraes.* *grafia original da época.
 
Fonte: Memória Vascaína

2 comentários sobre “Um outro São Januário para 100.000 pessoas

  1. Fora do tópico. Como alguns torcedores são fora da realidade nos comentários no site Netvasco. São horrorosos . O que Zinho disse sobre Juan ou se o calor pode ser prejudicial ao rival. São pérolas ditas por torcedores que não sabem nada sobre futebol, planejamento e Vasco da Gama.

  2. Espetacular o material resgatado e ainda também espetacular o projeto. Infelizmente nao colocado em prática talvez pela dificuldade financeira da época, possivelmente foi colocado em prática o projeto mais barato e que os torcedores do Vasco poderiam se cotizar para construir, sem ajuda de governo, sem facilitacões, com a garra de grandes vascaínos.
    Vale observar como seria fácil as esferas de governo preparar o entorno para um deslocamento confortável da torcida vascaína, mas não ao contrário, deixaram o desenvolvimento desordenado da região, ficando ruas estreitas com a comunidade da Barreira do Vasco crescendo, de forma que hoje até para remover é muito dificil.
    Esperamos que surja um projeto bom e viável e que o municipio possa também fazer sua parte para que possamos ter a mobilidade necessária para a demanda a ser criada.

    Abracos.

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